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segunda-feira, 27 de maio de 2013

SEGUNDO MATEUS, JESUS CITA PROFECIA INEXISTENTE





Mateus 16,21-23: Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressucitaria ao terceiro dia. Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos:

Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!?

Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe:

Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!?

Em lugar algum dos escritos proféticos está escrito que o Messias viria para morrer e que ressuscitaria no terceiro dia após a sua morte.

Por outro lado, a negativa de Pedro “Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!?” é muito curiosa, pois demonstra que ele não possuía conhecimento desta profecia, pois, na realidade, ela não existe.

Entretanto vale a pena fazer um comentário. Em Oséias 5,15-6,4 encontramos o seguinte:

Regressarei à minha morada, até que se arrependam de seus pecados e me procurem, e em sua miséria recorram a mim. Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra.? (Oséias 5,15-6,4)

Nesta passagem do Evangelho de Mateus parece que Jesus de Nazaré recorre às fórmulas penitenciais como aquelas encontradas em I Reis 8,23-53; Jeremias 3,11-25 e no Salmo Hb 86 e, desta forma, tenta convencer aos discípulos de que também deveria ser perseguido e morto assim como aconteceu com muitos profetas de Israel.

Por outro lado, as expressões hoje e amanhã e ao terceiro dia ou depois de amanhã, que aparecem em Lucas 13,31-33 significam apenas um curto espaço de tempo. De forma análoga, observamos em I Pedro 3,8 o seguinte: Mais há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. (II Pedro 3,8) Expressões semelhantes às anteriores como por causa do triplo e do quádruplo crime de... estão presentes em Amós 1,3.6.9.11.13 e Amós 2,1.4.6. Esta expressão também designa apenas um breve lapso de tempo.

Embora os apologistas cristãos apliquem os textos citados à suposta ressurreição corporal de Jesus, os escritos do Novo Testamento não os citam. Também dentro deste contexto devemos lembrar da estada de Jonas (Jonas 2,1) no ventre de um peixe, em que está presente a expressão "três dias e três noites", expressão referenciada em Mateus 12,39-40.

Assim, está explicada a origem da ressurreição corporal ao terceiro dia conforme mencionada em Marcos 16,12-14, Lucas 24,13-27 e em I Coríntios 15,3-5. O que os apologistas fizeram foi utilizar passagens dos livros proféticos, como as mencionadas anteriormente, para tentar convencer aos seguidores de Jesus de que o mesmo tinha ressuscitado.

Mas o significado das expressões, tais como, em dois dias e ao terceiro dia diz respeito ao que ocorreria em um curto espaço de tempo, e não a uma ressurreição corporal ao terceiro dia. De forma mais clara observamos em Oséias 6,1-2 o seguinte:

Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença.?

Aqui percebemos claramente que não se trata de ressurreição corporal alguma, mas sim de levantar ou reerguer alguém em um curto espaço de tempo que, após um castigo ou um grande sofrimento pelo qual passou, quase faleceu mas que, logo em seguida, teve suas forças revigoradas por Javé através do Seu sopro divino revigorador.

Assim, ou Jesus tentou convencer aos discípulos de que também deveria ser perseguido e morto, assim como aconteceu com muitos profetas de Israel, ou ele tentou se passar por algum destes profetas para conseguir apoio do povo.