quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O BARBEIRO ATEU







“Um homem foi cortar o cabelo e a barba. Como sempre acontece, ele e o barbeiro ficaram conversando sobre várias coisas, até que – por causa de uma notícia de jornal sobre meninos abandonados – o barbeiro afirmou: 

- Como o senhor pode ver, esta tragédia mostra que Deus não existe. 



- Como? 


- O senhor não lê jornais? Temos tanta gente sofrendo, crianças abandonadas, crimes de todo tipo. Se Deus existisse, não haveria sofrimento. 


O cliente ficou pensando, mas o corte estava quase no final, e resolveu não prolongar a conversa. Voltaram a discutir temas mais amenos, o serviço foi terminado, o cliente pagou e saiu.



Entretanto, a primeira coisa que viu foi um mendigo, com barba de muitos dias, e longos cabelos desgrenhados. Imediatamente, voltou para a barbearia, e falou para a pessoa que o atendera: 



- Sabe de uma coisa? Os barbeiros não existem. 

- Como não existem? – Insistiu o homem. – Porque se existissem, não haveria pessoas com barba tão grande, e cabelo tão desgrenhado como o que acabo de ver na esquina. 



- Posso garantir que os barbeiros existem. Acontece que este homem nunca veio até aqui. 



- Exatamente! Então, para responder sua pergunta, Deus também existe. O que passa é que as pessoas não vão até Ele. Se o buscassem, seriam mais solidários, e não haveria tanta miséria.”





Na época em que eu varava as madrugadas fumando e rebatendo os argumentos dos cristãos no quase-morto orkut, esse sofisma era apresentado cerca de três vezes ao dial



Mas vamos à sua "lição de moral". Afirmavam os teístas que nós, ateus, não acreditamos em deus porque não queremos assumir a responsabilidade de nossos erros? Isso é ilógico e incoerente, e vou te mostrar o porquê:


Se eu não acredito em deus, diabo ou qualquer ser sobrenatural, a única pessoa que posso responsabilizar pelos meus erros sou eu mesmo. Eu acerto, mérito meu. Eu erro, culpa minha. Se batalho para conseguir algo e consigo, isso é resultado do meu esforço. Se falho, é porque não me esforcei o bastante. Não tem a quem eu "culpar" ou "agradecer", já que ninguém "guia meus passos" e tampouco "escreve meu destino".

Ocorre o contrário, religiosos é que tem a mania de culpar pelos seus erros e fracassos outros além deles próprios ("foi o diabo que me levou a fazer isso", "é minha natureza humana imperfeita", "estava obsediado", "é a vontade de deus", "não era a vontade de deus"...) Quem mesmo é que "não quer assumir responsabilidade pelo seus erros"? Eu, que assumo o que faço de errado ou meus fracassos como resultado e culpa tão somente meus, ou vocês, religiosos, que acham que "não é vontade de deus" ou que "outro" (seja este "outro" o "diabo", "espíritos obsessores", "exús", etc...) os levou a agir assim?

Analise bem o que você afirma, e veja a quem realmente se aplica.

Por fim, os crentes falam que "a maioria sabe no fundo que existe deus", o que implica em erro de raciocínio. Primeiro porque, para "saber", algo tem que ser uma verdade comprovada, caso que a existência de qualquer deus não é. Ninguém "sabe", alguns acreditam, o que é diferente. E segundo, se eu sou um ateu, por definição, é porque não acredito em divindades. Você falar então que a maioria dos ateus "acredita em deus" é, por si só, um contra-senso.






domingo, 3 de novembro de 2013

BÍBLIA – INTERPRETAÇÃO SOLA FIDES E SOLA SCRIPTURA






É justamente por causa desse problema que alguns protestantes afirmam que os livros da Bíblia são auto-autenticáveis, isto é, pela simples leitura nos convence que pertencem à Bíblia. Ora, isto não funciona porque não podemos basear o cânon da Bíblia num simples "sentimento pessoal", já que nem todas as pessoas que crêem em Jesus possuem o mesmo cânon bíblico: o cânon protestante é diferente do cânon católico e ortodoxo; os mórmons e algumas outras denominações protestantes acrescentam seus próprios livros à Bíblia, da mesma forma que fizeram os primeiríssimos cristãos e também os judeus, que não concordavam sobre quais livros eram inspirados. Para um estudo mais aprofundado sobre este assunto, auxiliam os livros de Mark P. Shea ("Sob qual autoridade?" - "By Whatt Authority?") e Henry Graham ("De Onde nos Veio a Bíblia" - "Where we Got the Bible").


Os judeus não acreditavam na religião que estava fundada ou determinada por uma mera coleção de livros inspirados. Os sacerdotes e sumo-sacerdotes eram os professores da Lei, e os judeus acreditavam em várias coisas que não estavam incluídas no Antigo Testamento. De fato, se os judeus apenas seguissem o Antigo Testamento, eles não poderiam ter uma religião tão rica em tradição como ainda possuem.


Ao lado da doutrina da Sola Fides (justificação apenas pela fé), existe uma outra doutrina sobre a qual o Protestantismo está edificado, erguendo-o o derrubando-o: trata-se da Sola Scriptura. Esta frase latina pode ser traduzida como "somente as Escrituras", significando "somente a Bíblia basta". O que os protestantes querem demonstrar pela Sola Scriptura é que a Bíblia, e apenas ela, é a única autoridade infalível para a fé de uma pessoa. Qualquer coisa só pode ser aceita se estiver prevista na Bíblia; o que não estiver lá, não pode ser aceito como verdadeiro e, também, não pode ser tido como obrigatório. Qualquer coisa que não é encontrada na Bíblia é rotulada como "tradição" e é totalmente rejeitada, como se lê aparentemente - em Mateus 15.


É lógico que, dependendo da denominação protestante avaliada, a definição de Sola Scriptura pode variar. Mas, basicamente, é nisto que todas as maiores denominações protestantes acreditam. Porém, existem vários pontos em que a crença na doutrina de que "somente a Bíblia basta" acaba falhando. Se a Sola Scriptura é uma doutrina verdadeira, então:


O cânon da Bíblia (lista dos livros inspirados) deveria estar na Bíblia.

Cada livro da Bíblia deveria se auto-autenticar.


Os judeus deveriam acreditar na Sola Scriptura.


A própria Bíblia deveria ensinar a Sola Scriptura.


Os primeiros cristãos deveriam ter professado a Sola Scriptura.


Os analfabetos não poderiam obter a salvação.


As Escrituras deveriam se auto-explicar.


Jesus deveria ter ensinado essa doutrina.


A Bíblia deveria ser auto-suficiente.




Contudo, nenhum dos quesitos acima é verdadeiro.