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segunda-feira, 10 de junho de 2013

INQUISIÇÃO - ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA





Antônio José da Silva, brasileiro, carioca, filho de advogado João Mendes da Silva, assistiu a prisão e a deportação de sua mãe Lourença Coutinho para Portugal acusada de praticar em segredo o judaísmo.

O pai de Antônio decidiu então partir para Portugal, para estar próximo de sua mulher, levando o jovem António consigo.

Antônio José da Silva estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde se inscreveu em 1725/6. Interessado pela dramaturgia, escreveu uma sátira, o que serviu de pretexto às autoridades para prendê-lo, acusado de práticas judaizantes. Foi torturado, tendo ficado parcialmente inválido durante algumas semanas, o que o impediu de assinar a sua "reconciliação" com a Igreja Católica, acabando por fazê-lo em auto-de-fé. Finalmente libertaram-no.

Antônio José da Silva iniciou-se na advocacia mas acabaria por se dedicar à escrita, tendo-se tornado o mais famoso dramaturgo português do seu tempo.

Foi um escritor prolífico, tendo escrito sátiras, criticando a sociedade portuguesa da época. As suas comédias ficaram conhecidas como a obra do "Judeu" e foram encenadas frequentemente em Portugal nos anos 1730.

Sua obra teatral inspirava-se no espírito e na linguagem do povo, rompendo com os modelos clássicos e incorporando o canto e a música como elemento do espetáculo. Oito de suas óperas, publicadas em 1744, em dois volumes, na série que ostenta o título Theatro comico portuguez, foram recuperadas em 1940, pelo pesquisador Luis Freitas Branco.

Em 1737, António foi preso pela Inquisição, juntamente com a mãe e a esposa (Leonor de Carvalho, com quem casara em 1728, que era sua prima e também judia). A mãe e a mulher seriam libertadas posteriormente.

António José da Silva foi novamente torturado. Descobriram que era circuncidado. Uma escrava negra testemunhou que ele observava o Shabbat. O processo decorreu com notória má-fé por parte do tribunal e António José da Silva foi condenado, apesar de a leitura da sentença deixar transparecer que ele não seria, de fato, judaizante.

Como era regra com os prisioneiros que, condenados, afirmavam desejar morrer na fé católica, António José da Silva foi garrotado antes de ser queimado num Auto-de-Fé em Lisboa em Outubro de 1739 com 34 anos de idade. Sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria pouco depois.

A história deste autor inspirou Bernardo Santareno, ele próprio de origem judaica, a escrever a peça O Judeu.


Mais recentemente, a vida de António José da Silva foi encenada por Tom Job Azulay no filme O Judeu, de 1995. No filme, António José foi interpretado pelo ator Felipe Pinheiro, que faleceu ainda durante as filmagens.


LEITURA SUGERIDA
O PROCESSO


* Recomenda-se a leitura dos livros quando indicados como fontes. Os posts contidos neste blogger são pequenos apontamentos de estudos.