Com o apoio de reis tiranos, a Igreja ávida por expandir o cristianismo,
torturou e matou milhares de povos oprimidos por seus colonizadores, com
especial destaque para a América Latina e África onde o apoio a captura dos
nativos para serem escravizados deixou centenas de mortos e povoados
inteiramente vazios.
BÍBLIA SAGRADA
NOVO TESTAMENTO
Efésios 1
1 Paulo,
apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso,
e fiéis em Cristo Jesus:
Efésios 6
5 Vós, servos,
obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade
de vosso coração, como a Cristo;
A Igreja, faminta por expansão, passou
a dedicar-se às conquistas coloniais. São os sacerdotes os primeiros
colonizadores da África negra. Encontramos padres, ao lado dos conquistadores
espanhóis, que massacraram os índios da América. Foram os padres que
organizaram o comércio de escravos.
Na verdade, foi o próprio Estado da
Igreja que ordenou, em 1344, a conquista das Ilhas Canárias. E, provavelmente,
foi o bispo De Las Casas, após a conquista da América, que sugeriu que os
indígenas, que não suportavam o trabalho massacrante e as doenças levadas pelos
colonos, fossem substituídos por africanos.1
Assim, desde o início de 1500, os
missionários da África começaram a organizar a exportação de escravos para a
América, equipando os navios "missionários" para tal fim.
Fala-se de dezenas de milhões de
ameríndios mortos em batalha ou aprisionados, exterminados por doenças e pelo
cansaço. O desastre foi tamanho que se calcula que, só no México, a população
tenha passado de 25 milhões de índios, em 1520, a menos de um milhão e meio em
1595.
Calcular o massacre ocorrido com o
comércio de escravos é impensável. Fala-se de pelo menos vinte milhões de
pessoas levadas para a América. A expectativa de vida delas, a partir do
momento do desembarque, era de sete anos. Mas, para cada negro que chegava à
América como escravo, nove prisioneiros morriam durante a captura, a viagem até
o porto de embarque ou a travessia.'
Portanto, pode-se falar em 190 milhões de
mortos. Mas a conta é bem mais dramática: as contínuas incursões dos
escravistas por quase trezentos anos destruíram a economia de vastas áreas da
África, privando populações inteiras de sua melhor mão-de-obra, o que fez
milhões de pessoas morrerem de fome, epidemias e exaustão. Era possível
percorrer centenas de quilômetros em meio às ruínas do que um dia foram
civilizações brilhantes e culturalmente evoluídas e não encontrar um único
sobrevivente, apenas ossos que brilhavam sob o sol.
O horror do colonialismo teve nos
missionários seus mais ferozes defensores. Estes se dedicaram a extirpar as
religiões tradicionais dos povos subjugados com a violência e a tortura.
Chegaram até a impedir que as crianças falassem sua língua-mãe, punindo-as com
castigos corporais.
E para entender como os padres
brancos podiam ser desumanos, basta lembrar que muitas vezes eram enviados às
missões sacerdotes manchados por crimes graves e que eram considerados indignos
para realizar seu ofício na Europa.
Eles abençoaram todas as formas mais
infames de apartheid. Em muitos países da África, por exemplo, os negros
eram proibidos de comercializar com os brancos ou de cultivar hortaliças ou
cereais nas áreas em que a monocultura dos latifundiários brancos era
obrigatória.
Plantar abóboras custava uma das mãos
na primeira vez, um pé na segunda e, na terceira, a cabeça. A razão de tanta
brutalidade era simples: assim, os nativos eram obrigados a se dedicar à
monocultura e a vender seu produto aos patrões brancos em troca de comida.
Então, se quisessem sobreviver, teriam de vender aos brancos sem poder discutir
o preço. Ou aceitavam ou morriam. E se analisarmos as condições em que muitos
países do Terceiro Mundo se encontram hoje, não poderemos deixar de ver, na
miséria e na violência atuais, a marca de séculos de exploração. Na escola, não
aprendemos nada sobre o colonialismo e o papel da Igreja nele.
Os ingleses, por exemplo,
especializaram-se no tráfico de drogas, vendendo enormes quantidades de ópio à
China. Por três vezes, o imperador chinês proibiu este comércio e, por três
vezes, canhoneiros ingleses bombardearam os portos chineses para impor sua
liberdade de vender droga. Foram as famosas Guerras do Ópio: em 1848, em 1856 e
em 1858. E tenham certeza de que o chumbo dos canhões era abençoado.
Finalmente, não podemos nos calar a
respeito do papel que a Igreja teve ao apoiar o nazismo, o fascismo, o
extermínio dos judeus, os massacres da Guerra Espanhola, e do suporte dado por
boa parte do clero cristão a todas as mais infames ditaduras do planeta.
Sacerdotes católicos abençoaram os torturadores e os esquadrões da morte no
Chile, na Grécia, no Peru, na Bolívia, na Argentina, na Indonésia. E mesmo o
papa Woityla mandou cartas demonstrando apreço e bênçãos a ditadores
sanguinários como Pinochet (que conheceu pessoalmente durante uma de suas
várias viagens).
NOTA
1.
Alguns autores afirmam que De Las Casas era contrário à escravidão dos
negros. A esse propósito, ver Fernando Ortiz, Contrapuento cubano dei tobaco
y del azucar, Biblioteca Ayacucho, Venezuela, 20/10/78.
Ver também Jacopo Fo, Laura Malucelli, Schiave ríbeli. 500 anni di
vittorie africane censurate dai libri di storia, Nuovi Mondi Edizioni,
Perugia, 2001, onde se conta, entre outras coisas, como os negros algumas vezes
conseguiram derrotar os brancos e como a nossa idéia da África e da escravidão é
uma concepção errônea, culpada de diminuir a gravidade dos horrores cometidos
pelos europeus.
SABER MAIS
Recomenda-se a leitura dos livros e sites quando indicados como fontes. Os posts contidos neste blogger são pequenos apontamentos de estudos.