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A religião baseia-se, penso eu,
principalmente e antes de tudo, no medo. É, em parte, o terror do desconhecido
e, em parte, como já o disse, o desejo de sentir que se tem uma espécie de
irmão mais velho que se porá de nosso lado em todas as nossas dificuldades e
disputas.
O medo é a base de toda essa questão:
o medo do mistério, o medo da derrota, o medo da morte. O medo é a fonte da
crueldade e, por conseguinte, não é de estranhar que a crueldade e a religião
tenham andado de mãos dadas.
Isso porque o medo é a base dessas
duas coisas. Neste mundo, podemos agora começar a compreender um pouco as
coisas e a dominá-las com a ajuda da ciência, que abriu caminho, passo a passo,
contra a religião cristã, contra as Igrejas e contra a oposição de todos os
antigos preceitos.
A ciência pode ajudar-nos a superar
este medo covarde com o qual a humanidade tem vivido por tantas gerações.
A ciência pode ensinar-nos, e penso
que também os nossos corações podem fazê-lo, a não mais procurar apoios
imaginários, a não mais inventar aliados no céu, mas a contar antes com os
nossos próprios esforços aqui embaixo para tornar este mundo um lugar adequado
para viver, em vez da espécie de lugar a que as igrejas, durante todos estes
séculos, o converteram.