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sábado, 8 de junho de 2013

INQUISIÇÃO PROTESTANTE NO RIO GRANDE DO NORTE






Em 16 de junho de 1645, o Padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis estavam participando da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú - no município de Canguaretama (RN). O que motivou a chacina? A intolerância calvinista dos invasores que não admitiam a prática da religião católica: isso custou-lhes a própria vida.



A chacina de Cunhaú

O movimento de insurreição contra o domínio holandês já começara em Pernambuco, mas, na capitania do Rio Grande do Norte, tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença de uma só pessoa para que o clima se tornasse tenso: Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses. Ele chegara a Cunhaú no dia 15 de julho de 1645.

Rabe era um personagem por demais conhecido dos moradores de Cunhaú. Suas passagens por aquelas paragens eram freqüentes, sempre acompanhado dos ferozes tapuias, semeando por toda parte ódio e destruição. A simples presença de Rabe e dos tapuias era motivo para suspeitas e temores.

"Além dos tapuias, Jacó Rabe trazia, desta vez, alguns potiguares e soldados holandeses. Ele dizia-se portador de uma mensagem do Supremo Conselho Holandês, do Recife, aos moradores de Cunhaú.

No dia 16 de julho, Domingo, um grande número de colonos estava na igreja, para a missa dominical celebrada pelo Pároco, Padre André de Soveral. Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.

Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe, alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.

Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, dirigiram-se à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas por cumprir o preceito religioso, os fiéis não portavam armas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico.

O Padre André inicia a celebração. Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor, para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.

Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelo flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares.

Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, entre mortais ânsias se confessaram ao sumo sacerdote Jesus Cristo, pedindo-lhe, com grande contrição, perdão de suas culpas, enquanto o Pe. André estava 'exortando-os a bem morrer, rezando apressadamente o ofício da agonia" (Verdonk).


Chacina de Uruaçu

Três meses depois aconteceu o martírio de mais 80 pessoas, e sempre pelas mãos dos calvinistas holandeses. Entre elas estava o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento". Isso aconteceu na Comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante (a 18 km de Natal).

Contam os cronistas que as notícias dos graves e dolorosos acontecimentos de Cunhaú se espalharam rapidamente por toda a capitania do Rio Grande do Norte e capitanias vizinhas. A população ficou assustada e temia novos ataques dos tapuias e potiguares, instigados pelos holandeses.

Também desta vez tudo aconteceu sob o comando de Rabe, ajudado pelo chefe potiguar Antônio Paraopaba.

Os índios já tinham sido avisados das intenções dos dois e lá estava o chefe potiguar com os seus comandados: mais de duzentos índios, bem armados.

Logo que desceram dos batéis, os flamengos ordenaram aos moradores que se despissem e se ajoelhassem. A um sinal dado por eles, os índios, que estavam emboscados, saíram dos matos e cercaram os indefesos colonos.

Teve início, então, a terrível carnificina, descrita com impressionante realismo pelos cronistas portugueses. Nas descrições, nota-se o contraste entre a crueldade dos algozes e a resignação e o perdão das vítimas:

"Começaram a dar tão desumanos e atrozes tormentos aos homens que já muitos dos que padeciam tomavam por mercê a morte. Mas os holandeses usaram da última crueldade entregando-os aos tapuias e potiguares, que ainda vivos os foram fazendo em pedaços, e nos corpos fizeram anatomias incríveis, arrancando a uns os olhos, tirando a outros as línguas e cortando as partes verendas e metendo-lhas nas bocas..." (Santiago).

A descrição da morte de Mateus Moreira é o ponto mais expressivo de toda a narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio.

"Os algozes arrancaram-lhe o coração pelas costas, e ele morreu exclamando: 'Louvado Seja o Santíssimo Sacramento."




LIVROS PUBLICADOS SOBRE O TEMA

Ao longo dos 354 anos, historiadores, jornalistas e escritores têm feito freqüentes referências ao acontecimento. Três livros merecem destaque: Protomártires do Brasil, do Mons. Francisco de Assis Pereira; 

Terras de Mártires, da jornalista Auricéia Antunes de Lima; 

Mártires de Cunhaú e Uruaçu, do Pe. Eymard L.E. Monteiro.


Recomenda-se a leitura dos livros quando indicados como fontes. Os posts contidos neste blogger são pequenos apontamentos de estudos.
 

sexta-feira, 31 de maio de 2013

JEAN CAUVIN ( JOÃO CALVINO )




JEAN CAUVIN, VULGO CALVINO



João Calvino (Jean Cauvin.) foi um teólogo cristão francês, que apostatou a fé católica por volta de 1532.


A REFORMA CALVINISTA - CENÁRIO: A SUÍÇA DO SÉCULO XVI:

O grande pólo de onde o calvinismo foi irradiado para o restante da Europa foi a Suíça, dividida em províncias denominadas de cantões, aonde uma burguesia próspera vinha se desenvolvendo. Antes mesmo da chegada de Calvino um movimento reformista já se desenhava na região, liderados por UIrich Zwglio os primeiros protestantes suíços acreditavam em João Calvino, um francês, oriundo de uma família burguesa que se dedicava aos estudos jurídicos e ao pensamento humanista.


O calvinismo não encontrou em solo francês um ambiente apropriado para a sua propagação (os reis eram  católicos fervorosos e defensores da igreja de Roma. Somente mais tarde  o movimento huguenotes inspirado na pregação de Calvino se tornaria  uma das mais importantes facções religiosas do reino), assim sendo o  reformador acabou migrando para a Suíça, onde a pregação de Zwiglio e  o anseio da burguesia por novas idéias criavam um terreno apropriado  para a difusão do protestantismo. 

Como já foi dito no parágrafo acima, Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este cristão facínora de maus sentimentos começou a ser visto, gradualmente, como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre".

Vítima das perseguições aos protestantes na França, fugiu para Genebra em 1536, de perseguido, passou a perseguidor, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo Europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça.

"Após tomar conhecimento da verdadeira fé e de lhe ter tomado o gosto, apossou-se de mim um tal zelo e vontade de avançar mais profundamente, de tal modo que apesar de eu não ter prescindido dos outros estudos, passei a ocupar-me menos com eles. Fiquei estupefato, quando antes mesmo do fim do ano, todos aqueles que desejavam conhecer a verdadeira fé me procuravam e queriam aprender comigo - eu, que ainda estava apenas no início! Pela minha parte, por natureza algo tímido, sempre preferi o sossego e permanecer discreto, de modo que comecei a procurar um pequeno refúgio que me permitisse recolher dos Homens. Mas, pelo contrário, todos os meus refúgios se tornavam em escolas públicas. Em resumo, apesar de eu sempre ter pretendido viver incógnito, Deus guiou-me por tais caminhos, onde não encontrei sossego, até que ele me puxou para a luz forte, contrariando o meu caráter, e como se costuma dizer, me colocou em jogo. E, na verdade, deixei a França e dirigi-me para a Alemanha para que ali pudesse viver em local desconhecido, incógnito, como sempre tinha desejado."

A Igreja Calvinista ao lado da doutrina “Sola Fides” (justificação apenas pela fé) e da doutrina “Sola Scriptura”, (somente as Escrituras) sobre a qual o protestantismo está edificado tem o sentido de que apenas a Bíblia basta, desprezado a tradição  legada pelo magistério da Igreja Mãe (Igreja Católica Apostólica ROMANA). Para os calvinistas, vale o que está escrito na Bíblia, uma vez que não se pode mudar a palavra de Deus.

O que Calvino queria demonstrar pela “Sola Scriptura” é que a Bíblia, e apenas ela, é a única autoridade infalível para a fé de uma pessoa. Qualquer coisa só pode ser aceita se estiver prevista na Bíblia; o que não estiver lá, não pode ser aceito como verdadeiro e, também, não pode ser tido como obrigatório. Qualquer coisa que não é encontrada na Bíblia é rotulada como "tradição" e é totalmente rejeitada, como se lê aparentemente - em Mateus 15.

A estrutura da Igreja Calvinista compunha-se basicamente de duas comissões: a “Venerável Companhia” e o “Consistório”, composto de pregadores e 12 senadores leigos que tinham a tarefa de zelar pela disciplina, a semelhança da Inquisição Medieval, sendo esta mais agressiva em seus julgamentos. Esta comissão visitava as casas e servia-se de denuncia e espionagem paga, os réus gravemente culpados se persistissem no erro eram entregue ao tribunal. Este proferiu de 1541 a 1546 58 sentenças de mortes, a tortura era aplicada com freqüência. Enquanto a “Venerável Companhia” se encarregava de propagar os ensinamentos de Calvino.

O Consistório, instituição equivalente ao Tribunal Inquisitorial do Santo Ofício, da Igreja Católica perseguiu os humanistas, que eram pessoas livres de qualquer peia moral com o total apoio de Lutero, que juntos faziam pressão à Igreja de Roma.

A doutrina de Calvino no seu aspecto religioso inquisitorial era mais radical que os Luteranos, Anabatistas e Católicos. Enquanto Lutero pregava que Jesus é amor e a misericórdia, para Calvino era juiz supremo, sem apelo. A misericórdia divina da doutrina luterana foi substituída pela “lei” de Calvino. São as regras ditadas pela autoridade de Calvino que seus seguidores tem que acomodar-se para continuar vivos. Calvino não hesita em dizer que os eleitos são a minoria e os maus, os perversos a maioria, talvez todo iluminado pelo Divino Espírito Santo e pela leitura bíblica que diz ser o caminho estreito o da salvação e o largo o caminho que leva a danação eterna.

Provavelmente, a interpretação dos versículos 19 e 20, da Primeira Epístola aos Coríntios, por Calvino o levou a cumprir a risca a “palavra de Deus” . Começou a perseguição dos mais sábios, os mais inteligentes, tornando-se o inimigo número um da ciência, da arte e da literatura. O terror fez calar os sábios pela crueldade das punições a que eram submetidos os que não rezavam pelo mesmo credo. O médico Jerônimo Bolsec, parisiense tecendo comentários críticos sobre a doutrina da predestinação, foi exilado em 1551. O médico Miguel Servet não teve igual sorte. Simpatizante dos Anabatistas e contestando o dogma da Santíssima Trindade, foi condenado a morte por Calvino. Genebra foi transformada em uma oligarquia religiosa, o povo foi proibido de dançar, jogar, ir ao teatro enquanto a população mediante o sentimento de grande inquietação e ainda diante de um perigo real e iminente, assistiu impotente nada mais do que 58 execuções apenas nos primeiros 4 anos, segundo o historiador Preserved Smith historiador da Reforma Protestante.

Em 1559 a pena de morte foi estabelecida por Calvino em Genebra aos hereges, aos adúlteros, no ano seguinte a pena capital foi estendida aos católicos e uma terrível perseguição a feitiçaria. Na Escócia o catolicismo foi abolido por lei e os padres que não aderiram ao novo mandamento legal foram condenados à morte. Católicos que insistiam em permanecer na sua fé, foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros foram arrasados, saqueados e transformados em templos calvinistas. Tribunais religiosos foram criados para condenar católicos clandestinos. ( Westminster Review, Tomo LIV, p. 453 )

O tratamento injusto e cruel aos católicos, levou o protestante Teodoro Bessa, em 1554, a pedir o uso da força pública contra os católicos. Essa perseguição na Inglaterra e na Irlanda, foi denominada pela mais escancarada intolerância religiosa. Através de leis, foi instituído o enforcamento a quem divulgasse a fé católica e a pena de isolamento perpétuo a todos os sacerdotes, sendo ainda condenado a forca e esquartejado logo em seguida, quem violasse o isolamento. Foi criado também o confisco de terras adquiridas por católicos.

Mediante tamanha intolerância, os camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o catolicismo. Foram trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. Ao fim da guerra, as melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses protestantes e os católicos forçados à migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000 de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra criou uma rivalidade entre ingleses protestantes e irlandeses católicos.


Em 1555 o consistório de Genebra recebe do conselho da cidade o direito de excomungar. Durante dez anos Calvino reina como senhor supremo, sendo que para ele, há uma necessidade da igreja pregar a palavra de Deus.


A LIGAÇÃO COM A BURGUESIA.

O vínculo histórico entre o desenvolvimento de uma mentalidade capitalista e o ideário calvinista foi popularizado na academia  pela obra do sociólogo alemão Max Weber. “A Ética Protestante e o  Espirito do Capitalismo”, apesar de algumas polêmicas com os marxistas. Nas regiões onde o calvinismo e suas variações foram difundidos a burguesia prosperou, tal construção seria embasada por alguns aspectos da doutrina de Calvino.

A) A VALORIZAÇÃO DO TRABALHO:

A imagem que as sociedades do mundo antigo clássico e da medievalidade construíram sobre o trabalho, especialmente os manuais, foi em geral a mais depreciativa possível. A luta seria reservada as camadas menos abastadas e o ócio era valorizado pelas elites, este pensamento foi duramente criticado por Calvino que  apresentava o trabalho como a virtude humana mais apreciada por Deus, o apego a esta atividade era a redenção de todos os pecados.

Procuremos lembrar que grande parte dos burgueses do século XVI eram mercadores e portando trabalhavam dia-a dia, ao contrário dos nobres e cléricos católicos denunciados como ociosos pelos seus antagonistas.


B) A SALVAÇÃO SEGUNDO CALVINO:

O calvinismo colaborou para a expansão da tese da predestinação ao defender que a salvação poderia ser confirmada por alguns indícios como, por exemplo”, a vida regrada sem a ostentação das riquezas adquiridas (observe que a opulência era uma das características mais valorizadas pelo clero católico e pelos nobres, no quadro ao lodo podemos ver os trajes discretos de protestantes calvinistas):

O sucesso econômico seria fruto do consentimento divino. Convém ressaltar que a relação entre protestantismo e capitalismo não deve ser conduzida como uma relação de causa e efeito, não significa de modo algum que sem o primeiro o segundo não teria se consolidado, mas sim que o estímulo ao trabalho, ao enriquecimento e aos lucros criaria um ambiente adequado para a construção de uma nova sociedade.


 A Inglaterra protestante com os seus Puritanos e os Estados Unidos com as inúmeras variações desta doutrina seriam os maiores exemplos de países calvinistas prósperos.
 

BÍBLIA
TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA

1Co 1:19 – Porque está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes.

1Co 1:20 -    Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?





sexta-feira, 24 de maio de 2013

INQUISIÇÃO PROTESTANTE

"A Religião persegue, tortura e queima quem discorda dela. A Ciência e a Filosofia nunca mataram ninguém, apenas buscam descobrir as leis da natureza." (Robert G. Ingersoll) 


Quando falamos em inquisição, a primeira visão que nós temos é de  instrumentos feitos pela Igreja Católica Apostólica ROMANA para torturar hereges, ateus, bruxas, pagãos, protestantes, judeus, muçulmanos ou quem quer que seja que venha por em dúvida a fé cristã e os ensinamentos dotado de força coercitiva pela classe sacerdotal, com a finalidade de obter pelo tormento infligido, a confissão necessária e suficiente para levar alguém a ser queimado vivo pelo Tribunal do Santo Ofício.

Já vi e ouvi pastores evangélicos e protestantes culparem a Igreja Católica Apostólica ROMANA pelo terror que era a inquisição e esquecem que viveram 1500 anos sob o mesmo comando.

A pergunta que se segue é: - Quem são as pessoas que  torturavam e queimavam os dissidentes religiosos e perseguiam os mais sábios e onde estão hoje?

Nas igrejas – Respondo sem medo de errar.

Todos aqueles que durante três longos séculos queimaram vivos nas fogueiras seus opositores religiosos com base na Bíblia, que para eles é a palavra de Deus, estão nas Igrejas, Em todas elas, independente da placa que ostentam nos frontispícios de seus templos.

Vejamos alguns relatos históricos a respeito da Inquisição promovida pelos protestantes.

A Inglaterra foi "convertida" na marra porque o rei Henrique VIII queria se divorciar de Ana Bolena. Como a Igreja não consentiu, ele fundou a "sua" igreja obrigando o parlamento a aprovar o "ato de supremacia do rei sobre os assuntos religiosos". Padres e bispos foram presos e decapitados, igrejas e mosteiros arrasados, católicos aos milhares foram mortos. Qualquer aproveitador era alçado ao posto de bispo ou pastor. Tribunais religiosos (inquisições) foram montados em todo o país. (A História da Inglaterra. Leipzig, tomo I, página 54 ).

Os camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o catolicismo. Foram trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. Ao fim da guerra, as melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses protestantes e os católicos forçados à migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000 de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra criou uma rivalidade entre ingleses protestantes e irlandeses católicos.


Escócia: O poder civil aboliu por lei o catolicismo e obrigou todos a aderir à igreja "calvinista presbiteriana". Os padres permaneceram, mas tinham de escolher outra profissão. Quem era encontrado celebrando missa era condenado à morte. Católicos recalcitrantes foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros arrasados, livros católicos queimados. Tribunais religiosos (inquisições) foram criados para condenar os católicos clandestinos. ( Westminster Review, Tomo LIV, p. 453 )

Dinamarca: O protestantismo foi introduzido por obra e graça de Cristiano II, por suas crueldades apelidado de " o Nero do Norte". Encarcerou bispos, confiscou bens, expulsou religiosos e proclamou-se chefe absoluto da Igreja Evangélica Dinamarquesa. Em 1569 publicou os 25 artigos que todos os cidadãos e estrangeiros eram obrigados a assinar aderindo à doutrina luterana. Ainda em 1789 se decretava pena de morte ao sacerdote católico que ousasse por os pés em solo dinamarquês. ( Origem e Progresso da Reforma, página 204, Editora Agir, 1923, em IRC )

Suíça: O Senado coagido pelo rei aprovou a proibição do catolicismo e proclamou o protestantismo religião oficial. A mesma maldade e vileza ocorreram. Os mártires foram inumeráveis. ( J. B. Galiffe. Notices génealogiques, etc., tomo III. Página 403 )


ROMA em 6 de maio de 1527  cerca de quarenta mil homens espalharam na Cidade Eterna o terror, a violência e a morte. Eram seis mil espanhóis, quatorze mil italianos e vinte mil alemães, quase todos fanáticos luteranos. Gritavam: ”Viva Lutero, nosso papa!” Ávidos, incansáveis na busca das riquezas, os invasores assaltaram, estupraram, saquearam, incendiaram, trucidaram, jogaram crianças pelas janelas e as esmagaram contra as paredes. Grande parte da população foi dizimada. Conforme disse o historiador Maurice Andrieux, esse ataque a Roma “superou em atrocidade todas as tragédias da História, até mesmo a destruição de Jerusalém e a tomada de Constantinopla". Um banho de sangue correu pelas ruas da cidade, e por todo o lado se viam pilhagens, violações e torturas contra a população. 

Holanda: Aqui foram as câmaras dos Estados Gerais a proibir o catolicismo. Com afã miserável tomaram posse dos bens da Igreja. Martirizaram inúmeros sacerdotes, religiosos e leigos. Fecharam igrejas e mosteiros. A fama e a marca destes fanáticos protestantes chegou até ao Brasil.

Em 1645 nos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante ambos no atual Rio Grande do Norte cerca de 100 católicos foram mortos entre dois padres, mulheres, velhos e crianças simplesmente porque não queriam se "batizar" na religião dos invasores holandeses. Foram beatificados como mártires este ano.

Em 1570 foram enviados para o Brasil para evangelizar os índios o Pe Inácio de Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham a bordo da nau "S. Tiago" quando em alto mar os interceptou o "piedoso" calvinista Jacques Sourie. Como prova de seu "EVANGÉLICO" zelo mandou degolar friamente todos os padres e demais cristãos católicos mandando jogar os corpos aos tubarões (Luigi Giovannini e M. Sgarbossa in Il santo del giorno, 4ª ed. E.P, pg 224, 1978.

Alemanha: Na época era dividida em Principados. Como havia muito conflito entre eles, chegaram ao acordo que cada Príncipe escolhesse para os seus súditos a religião que mais lhe conviesse. Princípio administrativo do "cujus regio illius religio". Os príncipes não se fizeram rogar. Além da administração mundana, passaram também a formular e inventar doutrinas. A opressão sangrenta ao catolicismo pela força armada foi a conseqüência de semelhante princípio. Cada vez que se trocava um soberano o povo era avisado que também se trocavam as "doutrinas evangélicas" (Confessio Helvetica posterior ( 1562 ) artigo XXX ).

Relata o famoso historiador Pfanneri: "uma cidade do Palatinado desde a Reforma, já tinha mudado 10 vezes de religião, conforme seus governantes eram calvinistas ou luteranos" ( Pfanneri. Hist. Pacis Westph. Tomo I e seguintes, 42 apud Doellinger Kirche und Kirchen, p. 55)

Estados Unidos: Para a jovem terra recém descoberta fugiram os puritanos e outros protestantes que negavam a autoridade do rei da Inglaterra ou da Igreja Episcopal Anglicana. Fugiram para não serem mortos. Ao chegarem na América repetiram com os indígenas a carnificina que condenavam. O "escalpe" do índio era premiado pelo poder público com preços que variavam conforme fossem de homem maduro, velho, mulher, criança ou recém-nascido. Os "pastores" puritanos negavam que os peles vermelhas tivessem alma e consideravam um grande bem o extermínio da nobre raça.

Em Resumo: em nenhum país cuja maioria hoje é protestante foi convertida com a bíblia na mão. Foram "convertidos" a fogo e ferro, graças à ambição dos reis e príncipes. Exceção é feita no presente século onde a tática mudou. Agora o que ocorre é uma invasão maciça de seitas de todos os matizes, cores e sabores financiados pelos EUA. Pregam um cristianismo fácil, recheado de promessas de sucessos financeiros instantâneos ou quando não, promovem como saltimbancos irresponsáveis shows de exorcismos e curas às talagadas.



Lutero, fundador do protestantismo: Em 1525 escreve aos nobres:

"Matai quantos camponeses podeis: persiga, pegue, degole quem puder. Feliz se morreres neste intento; morrereis em obediência à Palavra divina". Mais de cem mil camponeses pereceram.

Na Saxônia protestante, a blasfêmia tinha pena de morte. Calvino mandou queimar Servet (médico católico que descobriu a circulação do sangue, e a quem eliminaram por "contradizer" à Bíblia com este descobrimento) e outros muitos.

Em 1560 o Parlamento escocês decretou pena de morte contra todos os católicos.

Aqui vão alguns artículos do código inglês para Irlanda:

"O Católico que ensina a outro católico o protestante será enforcado".

"Se um católico adquire terras, todo protestante tem o direito de despojá-lo".

"Desterro perpétuo a todo sacerdote católico; aqueles que o enganarem, sejam primeiro enforcados vivos e logo esquartejados".

As comunidades calvinistas de Paris, Orleans, Ruan, Leon, Angee em sínodo geral em 1559, decretam pena de morte aos hereges.

Na Alemanha foram queimadas mais de 100.000 bruxas. Até meninos de sete anos e anciãos moribundos. Um juiz somente, queimou em 16 anos, a 800 bruxas (uma média de 50 pessoas ao ano).

Isso sem contar o massacre de Passy, as atrocidades que eles cometeram na Inglaterra, nos Reinados de Henrique VIII e de Isabel, a Rainha "Virgem" com 11 amantes, no tempo de Comwell, etc. Mesmo na Revolução Francesa, os protestantes apoiaram as leis contra a Igreja Católica, que acabaram por levar centenas de milhares de católicos a morte na guilhotina, por fuzilamento e outros meios terríveis.

Um fator marcante na época da Inquisição Protestante foi a revolta dos cavalheiros (1522 ? 1523) que tinham aprovação de alguns Reformadores onde todos os elementos se uniram para por em prática as idéias de Lutero exigindo a ruptura com a Cúria Romana. Estes cavaleiros foram os primeiros a pegar em armas em 1522 a fim de acabar com os príncipes Eclesiásticos na Alemanha.

A crueldade foi especialmente severa na Alemanha protestante. As posições de Lutero, contra os anabatistas, causaram a morte de pelo menos 30.000 camponeses.

Calvino, pai dos presbiterianos, mandou queimar o espanhol Miguel Servet Grizar


Miguel Servet  foi um teólogo, médico e filósofo aragonês,  humanista, interessando-se por assuntos como astronomia, geografia, jurisprudência, matemática, anatomia, estudos bíblicos e medicina.

Servet foi o primeiro europeu a descrever a circulação pulmonar. Ele participou da Reforma Protestante e, posteriormente, desenvolveu uma cristologia não-trinitariana. Condenado por católicos e protestantes ele foi preso em Genebra e queimado na fogueira como um herege por ordem do Conselho de Genebra, presidido por João Calvino.  (The History and Character of Calvinism, p. 176. John T. McNeill, New York: Oxford University Press, 1954. ISBN 0-19-500743-3.)

Em seu julgamento pelo Conselho de Genebra presidido por Calvino, segundo a maioria dos historiadores, Servet foi condenado pela difusão e pregação do Antitrinitarismo e por ser contra o batismo infantil.

O procurador (procurador-chefe público), acrescentou algumas acusações como "se ele não sabia que sua doutrina era perniciosa, considerando que ela favorece os judeus e os turcos, por inventar desculpas para eles, e se ele não estudou o Alcorão, a fim de desmentir e rebater as doutrina e a religião das igrejas cristãs(...)".

Calvino acreditava que Servet mereceu ser morto por causa do que ele denominou como "blasfêmias execráveis."

Calvino consultou outros reformadores sobre a questão de Servet, como os sucessores imediatos de Martinho Lutero,  bem como reformadores de locais como Zurique, Berna, Basel e Schaffhausen, todos concordaram universalmente com sua execução. (Schaff, Philip: History of the Christian Church, Vol. VIII: Modern Christianity: The Swiss Reformation, William B. Eerdmans Pub. Co., Grand Rapids, Michigan, USA, 1910, página 780.)

  Em 24 de outubro Servet foi condenado à morte na fogueira por negar a Trindade e o batismo infantil. Calvino sugeriu que Servet fosse executado por decapitação, em vez de fogo, mais seu pedido não foi atendido. Em 27 de outubro de 1553 a pena foi aplicada nos arredores de Genebra com o que se acreditava ser a última cópia de seu livro acorrentado a perna de Servet.

Após o ocorrido Calvino escreveu:


Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemadores, pois nos tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Portanto se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória. (The History & Character of Calvinism, p. 176.)


Calvino teve um papel muito ativo na prisão e depois na condenação à morte de Michel Servet. Primeiro ele troca correspondência com ele e depois que o médico, fugindo da inquisição, chega a Genebra, manda-o prender. Calvino havia dito a seu amigo, o reformador Farel, que se Servet entrasse em Genebra, de lá não sairia vivo. 

O luterano Benedict Carpzov, foi legista brilhante e figura esclarecida, até hoje ocupando lugar destacado na história do Direito Penal. Mas perdia a compostura contra a bruxaria, que considerava merecedora de torturas três vezes intensificadas com respeito a outros crimes, e cinco vezes punível com pena de morte. Protestante fanático, afirmava, quando velho, ter lido a Bíblia inteira 53 vezes. Assinou sentença de morte contra 20.000 bruxas, apoiando-se principalmente na "Lei" do Antigo Testamento. Não compreendendo o verdadeiro significado da Bíblia, considerava o Pentateuco como lei promulgada pelo próprio Deus, Supremo Legislador. Carpzov, para condenar a morte, usava (Lv 19,31; 20,6.27; Dt 12,1-5), citava de preferência o Êxodo (22,18); "Não deixarás viver a feiticeira".

Outro famoso perseguidor de bruxas na Alemanha, foi Nicholas Romy, considerado grande especialista e que escreveu um longo tratado sobre bruxaria, teve sobre sua consciência a morte de 900 pessoas.

Em Bamberga, sob a administração de um bispo protestante, queimou-se 600 pessoas. Na Genebra protestante, foram queimadas 500 pessoas no ano 1515.




Credo dos Cavaleiros da Ku Klux Klan do Texas
Grupo fundado por “revelação divina” transmitida ao cristão protestante da Assembléia de Deus, Joseph Simmons.


"Nós, a Ku Klux Klan, reverentemente reconhecemos a majestade e supremacia de Jesus Cristo e reconhecemos sua bondade e divina providência. Erguemos nossos rostos para Deus nosso pai, reconhecendo que este país foi fundado como uma nação Branca sob seus propósitos tais como revelados na Sagrada Escritura."






A história registra que cristãos não mataram apenas Judeus e Muçulmanos, mas todos aqueles que não compartilhavam a sua fé, muitas mortes são registradas entre os próprios cristão.

Católicos mataram Luteranos, Luteranos mataram Anabatistas, Católicos e Calvinistas, Calvinistas mataram Católicos, Luteranos e Puritanos, estes quase foram dizimados na Inglaterra pelos cristãos seguidores da Igreja Anglicana, fundada pelo rei Henrique VIII e correram para os Estados Unidos, onde de perseguidos passaram a perseguidores e mataram mais de 3 milhões de índios incluindo crianças.

Em Salem, cerca de 150 pessoas foram presas e 20 mulheres foram condenadas a fogueira sob a acusação de bruxaria. Ainda em Salém, um dos homens, Giles Corey, morreu de acordo com o bárbaro costume medieval de ser comprimido por rochas em uma tábua sobre seu corpo até morrer, levando ao total 3 dias. O pastor puritano Cotton Mather foi o responsável pelas execuções.

Você pode dizer que isso é coisa do passado, mas não é. Na Irlanda, pais do Primeiro Mundo, vez por outra o noticiário enfoca mortes entre cristãos de denominação diferente em pleno século XXI, se as mortes não se sucederam com o furor de antigamente, é porque hoje os cristão não contam com o apoio do Estado.

Toda essa carnificina, todo sangue derramado, toda intolerância, os cristãos foram buscar suporte na BÍBLIA. Este livro causou mais ódio e perseguição que qualquer outro livro; mais sofrimento que qualquer doença. Sabemos que a Bíblia sempre foi a maior inimiga do progresso humano, da ciência, da cultura e do aprendizado; maior inimigo da moralidade, liberdade, e da justiça do mundo.    


O Papa João Paulo II, no ano 2000, pediu ao mundo desculpas pelos erros praticados pela Igreja Católica Apostólica ROMANA, Esse pedido é apenas o reconhecimento de uma culpa, de um erro praticado pelos Papas e demais dirigentes da Igreja Católica por 300 anos, de crimes, terror e repressão, não trás a reparação do dano causado as suas vítimas e famílias daqueles que foram queimados vivos nas fogueiras do Santo Ofício, mas faz cair por terra o discurso da infalibilidade papal.

Mas, qual o seguimento protestante que encabeçará uma desculpa ao mundo pelas atrocidades cometidas em nome do seu Deus Jesus?


Em ambos os casos, o que se vê é o ódio mortal aos que não comungam com a mesma fé e o esquecimento por completo da “regra de ouro” supostamente dita por Jesus – "Amai-vos uns aos outros".


Fontes
 VEIT, Valentim, História Universal, Livraria Martins Editoras, SP, 1961, Tomo II, pp. 248-249.


Benedict Carpzov, Practica Nova Rerum Criminalium Imperialis Saxonica in Três Partes Divisão, Wittenberg, 1635.

Nichólas Romy, Daemonolatriae Libri Tres, Lião, 1595; Colônia, 1596; Frankfurt, 1597.

Johan Christopher Froehlich von Froehlichsberg, De sorcelleria, Innsbruck, 1696; tradução: Animismes, Paris, Orent, 1964, pp. 62ss.

Cf.. Jacques Finné, Erotismo et sorcellerie, Verviers (Bélgica), Gerard, 1972; tradução de Charles Marie Antoine Bouéry, Erotismo e feitiçaria, São Paulo, Mundo Musical, 1973, p. 41.

W. Bommbeg, The mind of man: the history of man’s conquest of mental illness, 2ª ed., Nova Yorque, Harpel, 1959; tradução: La mente del hombre, Buenos Ayres, 1940.


sábado, 11 de maio de 2013

ROMA SAQUEADA, QUEM ERAM OS LADRÕES E ONDE ESTÃO HOJE.

      






       Saque de Roma. Os soldados protestantes massacram a totalidade da população de Roma, umas 40.000 pessoas, e pilham a cidade. O papa é salvo pelos guardas suíços. Ele se fecha com eles no Castelo de Santo Ângelo, enquanto a população é massacrada. Ele passou um grande medo. Os suíços ganham assim uma fama profissional no estrangeiro, o que se perpetua até hoje.

         Escreve o leitor Christian Salles longa carta (publicada no Caderno B de quinta-feira) para listar uma extensa série de massacres cometidos por protestantes contra católicos, em resposta a trecho de meu artigo em que relato o massacre dos cátaros e as cruzadas. O mais notório desses massacres foi a invasão de Roma em 1527. Diz o leitor: ‘A partir de 6 de maio de 1527 começa o saque de Roma pelas tropas de Carlos V, comandadas pelo duque de Bourbon. Cerca de 40 mil homens espalharam o terror, a violência e a morte. A horda dos invasores protestantes penetrou no Hospital do Espírito Santo e degolou os enfermos.’

         Terrível relato. Mas cabe lembrar que o espanhol Carlos V, que ordenou o ataque e o saque de Roma, era católico apostólico e romano e extremamente fervoroso. Os protestantes holandeses e alemães (a Holanda e parte da Alemanha estavam sob domínio espanhol) serviam a um soberano católico, que entrou em conflito com o papa Clemente VII, que só escapou porque buscou refúgio no castelo Sant’Angelo. Três anos depois, o mesmo papa coroava Carlos V imperador, os estados papais eram reconhecidos pelo monarca e tudo voltou à santa paz. Quem morreu, morreu em vão.

Francisco Javier Amérigo y Aparici
        Foi no dia 6 de maio de 1527 que cerca de quarenta mil homens espalharam na Cidade Eterna o terror, a violência e a morte. Eram seis mil espanhóis, quatorze mil italianos e vinte mil alemães, quase todos fanáticos luteranos. Gritavam: ”Viva Lutero, nosso papa!” Ávidos, incansáveis na busca das riquezas, os invasores assaltaram, estupraram, saquearam, incendiaram, trucidaram, jogaram crianças pelas janelas e as esmagaram contra as paredes. Grande parte da população foi dizimada. Conforme disse o historiador Maurice Andrieux, esse ataque a Roma “superou em atrocidade todas as tragédias da História, até mesmo a destruição de Jerusalém e a tomada de Constantinopla". Um banho de sangue correu pelas ruas da cidade, e por todo o lado se viam pilhagens, violações e torturas contra a população. Esse ataque a Roma "superou em atrocidade todas as tragédias da História", até mesmo a destruição de Jerusalém e a tomada de Constantinopla.



Igrejas são devastadas, soldados bêbados profanam o túmulo de São Pedro, mexem nos restos mortais do papa Júlio II, do qual lhe arrancam do dedo o anel. A cruz do imperador Constantino é arrastada na lama. Cibórios, missais, cálices de ouro, relíquias, crucifixos, alfaias, paramentos, vestes litúrgicas, o sudário de Santa Verônica, tudo isto anda de mão em mão, no meio dos bêbados e das prostitutas, por todas as tabernas da cidade. Os invasores roubam as tapeçarias de Rafael e transformam em manjedouras as capelas e as naves laterais da catedral de São Pedro. Bulas do papa, bem como os manuscritos do Vaticano, servem de colchões para o repouso dos cavalos.

       Montados em burros, os lansquenetes alemães aparecem vestidos de púrpura, com chapéus de cardeais e gritando: Viva o nosso papa Martinho Lutero!

         Os brutos iam violentando as virgens em cima das mães destas, e em seguida as próprias mães. Algumas mulheres punham termo à vida nas águas do Tibre, ou então, com os dedos, arrancavam os seus olhos.

       Nem as religiosas conseguiram escapar. Freiras são estupradas nos conventos, sobre os degraus dos altares, e se resistem, os monstros as degolam. Após a violência sexual, qualquer soldado tem o direito de novamente possui-las nos bordéis, em troca de dois ducados.

          E as leigas condessas, baronesas, marquesas, respeitáveis matronas saciam a luxúria dos vândalos até na presença de familiares, mas certos pais, a fim de eliminar estas cenas, não hesitam em matar as suas filhas.

           Os facínoras se valem de todos os meios para extorquir o dinheiro das vítimas: sangram as pessoas, chicoteiam, esmurram, deitam chumbo derretido pela boca, enterram lascas finas debaixo das unhas, queimam as carnes com tenazes aquecidas ao rubro. Dante Alighieri, se visse estas crueldades, poderia acrescentar na Divina comédia, ao seu Inferno, uma segunda parte, mais alguns cantos.

              Um nobre, chamado Gattinara, comunicou a Carlos V: "Neste exército [o dos invasores de Roma], não há nem comandante, nem soldados, nem obediência, nem regras... Os comandantes fazem o que podem, mas os lansquenetes se comportaram como verdadeiros luteranos."

         Centenas de cadáveres apodreciam ao ar livre nas ruas de Roma, a população diminuiu, outras centenas de cadáveres se afundaram ou ficaram boiando nas águas do rio Tibre. Durou oito dias o saque e várias semanas as brutalidades.

          A truculência dos lansquenetes e a eleição do papa Martinho Lutero, indignou os católicos em todo o mundo. Os apelos de Lutero a violência, durante a guerra dos camponeses, devem ter estimulado o furor insano dos soldados germânicos na capital da cristandade. Citamos aqui, as palavras do reformador, dirigidas aos príncipes da Alemanha: Esmagai! Degolai! Trespassai de todo modo! Matar um revoltoso é abater um cão danado. Um conselho adotado quando os lansquenetes luteranos se desembestaram pelas ruas de Roma.


Livro "Lutero e a igreja do pecado", do jornalista Fernando Jorge. Pág. 149-155. Editora Mercúrio.