“A Santíssima Trindade é um Mistério
para ser aceito, não para ser compreendido”, foi a voz de muitos sacerdotes ao
longo da Idade Média e que continua ressoando no século XXI.
Rios de tinta medieval, sem falar no sangue, foram gastos para explicar o “mistério” da Trindade. A controvérsia dividiu a cristandade ao meio por um século. O dogma da Santíssima Trindade até hoje não foi resolvido. Eles surgiram nos concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451).
Temos um Deus em três partes, ou serão três deuses em um?
Um amigo de debates do orkut, Bertoldo, explica o que é Trindade:
“É simples, Deus1 manda Deus2 para ser crucificado e depois manda Deus3 para anunciar que Deus1 é Pai de Deus2 e assim todos ficarem sabendo.
Depois Deus2 é crucificado e no terceiro dia ressuscita, depois de um período fazendo aparições ao estilo Ghost, Deus2 sobe para os céus, para se encontrar com Deus1, mas deixa dito que Deus3 vai voltar e no dia de Pentecostes Deus3 volta e dá aos seguidores a possibilidade de pregar o Evangelho e a conversão aqueles que aceitarem Deus2 como o caminho para Deus1 e que são convertidos por Deus3.
Ficou claro??
Deus1 = Senhor dos Exércitos
Deus2 = Jesus
Deus3 = Espírito Santo.
Formam o tri-uni mais conhecido como trindade.”
Bertoldo estava coberto de razão. O grande ponto da fé religiosa, sua força e sua glória, é que ela não depende de justificativas racionais.
Pregam os pastores protestantes que o universo foi feito por Deus, Jesus e o Espírito Santo e para justificarem seus argumentos citam passagens bíblicas onde “Deus fala”, segundo eles, na terceira pessoa do imperativo:
Gen 1:26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
Gen 3:22 Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal;
Gen 11:7 Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro...
O CRISTIANISMO CONTRADIZ A TEOLOGIA JUDAICA
“– D-us em três? A idéia cristã da trindade quebra D-us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mateus 28:19). Compare isto com o Shemá, a base da crença judaica: “Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D-us, o Senhor é UM” (Devarim 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D-us todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça (Tefilin – filactérios).
Esta declaração da unicidade de D-us são as primeiras palavras que uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes de morrer.
Na Lei Judaica, adorar um deus em três partes é considerado idolatria – um dos três pecados cardeais, que o judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se converterem.
O Espírito Santo também é invocado na leitura da Bíblia. Só os iluminados pelo Espírito Santo têm pleno discernimento da leitura da Bíblia. Segundo ainda os pastores protestantes e os padres da Igreja Católica, Deus capacita os escolhidos e lhes dão plena compreensão do Texto Sagrado. Neste norte, os pastores protestantes analfabetos das periferias das grandes cidades e do interior nordestino, sabem melhor interpretar a Bíblia que seus próprios autores (hebreus/judeus) que não precisam de tradução, foi escrita na língua deles, por eles, registrando usos, costumes e legislação da época em que fora escrita.
Estamos diante de uma incoerência imensurável. O que levam os cristãos a uma cegueira coletiva? Teria um Deus onipotente, onisciente e onipresente criado “pegadinhas” na Bíblia? Fazendo frases, versículos e capítulos ambíguos para confundir os não escolhidos e assim fazer com que eles creiam na mentira e permaneçam no erro? Sabiam os autores da bíblia a existência futura de um mito criado em Roma – Jesus - antes mesmo do seu nascimento? Acredito que não, do contrário o Velho Testamento teria lhe dedicado um livro inteiro falando a seu respeito. Só a ciência tem o poder de predizer o futuro.
VISÃO ISLÂMICA SOBRE A TRINDADE
“Deus: Só
existe um Deus verdadeiro, e seu nome é Alá. Ele é Onisciente, Todo-Poderoso e
Juiz Soberano. Contudo, ele não é um Deus Pessoal. Acha-se acima do homem em
todos os sentidos, não podendo ser conhecido como uma personalidade. O Islamismo
ensina a unidade da essência de Deus, excluindo explicitamente a doutrina da
Santíssima Trindade. Não aceita a divindade de Jesus nem o Espírito Santo. Os
muçulmanos não crêem na morte e ressurreição de Jesus nem na salvação por seu
intermédio.”
Quando uma pessoa sofre de um delírio, isso se chama insanidade. Quando muitas pessoas sofrem de um delírio, isso se chama religião.
E quanto ao Espírito Santo?
Não existe trindade no livro sagrado do
Judaísmo. Qualquer referência a Santíssima Trindade, são puras conjecturas,
juízos sem fundamento, impreciso. Como alguém pode ir buscar a trindade na
Bíblia, se os seus autores não acreditam em um Deus trino?
O mais intrigante ainda é o fato de que toda
comunidade cristã não se apercebe dos erros contidos nas pregações e por mais
que se tente demonstrar, por mais provas robustas que se apresentem, mais o
crente se apega, mais ainda às palavras ouvidas dos pastores nas igrejas e a
eles são agradecidos dizendo que aos pastores são agradecidos por terem lhes
mostrado a luz, pela libertação através da verdade.
Sem dúvidas, um
dos efeitos verdadeiramente negativos da religião é que ela nos ensina que é
uma virtude satisfazer-se com o não entendimento.
Ora, se o entendimento da Bíblia fosse dado
por inspiração do Espírito Santo, todos os pastores, formados em teologia ou
analfabetos, padres, bispos e cardeais, tinham o mesmo entendimento da Bíblia,
o que não é verdade. Há milhares de denominações de igrejas cristãs por todo o
mundo e cada templo tem a sua orientação própria da bíblia dada em nome Espírito Santo.
Quem se arvora em acreditar que de alguma
maneira, de algum modo, tropeçou na verdadeira mensagem contida na bíblia
quando teólogos do mundo inteiro não chegam a uma conclusão unânime?
Pessoas descrentes compreendem perfeitamente
a Bíblia, mas não a aceitam porque escolheram não acreditar em ilusões. A compreensão
é intelectual, mas a aceitação é subjetiva, individual, particular e não
depende de instrução para tanto. Há pessoas de pouco discernimento que, pela
primeira vez que vai a um culto evangélico, aceitam imediatamente a mensagem
que lhe foi repassada através de um método malicioso de evangelização, sem se
preocupar com os detalhes ou prova da existência de Jesus.
Na verdade, a Terceira Pessoa da Trindade
Cristã envolve nomes como Tertuliano, Ário, Atanásio de Alexandria, Constantino, Teodósio, Dioscorus, Eutiques e Pulcheria e abranje revolução, excomunhão, e até
morte.
Para os cristãos, a Santíssima
Trindade não pode ser derrubada pela Ciência (com suas provas e pesquisas),
pela História dos Concílios (com seus registros e evidências) e muito menos com
o exame racional do tema.
O que os pastores analfabetos
não sabem é que a Trindade não é crença exclusiva do Cristianismo, mas acredito
que os padres, os pastores com instrução mediana e os teólogos sabem e esconde
de seus fiés o fato de que a Trindade é uma crença pagã de Deuses antigos
absorvido pelo Cristianismo.
As trindades existiram em todas as religiões
antigas:
Na Suméria: Na, Em-Lil e Em-Ki
Na Acádia: Sin, Shamash e Ishtar
Em Mâri: Anat, Dagan e Addu
Na Babilônia: Marduk (Baal), Shamash e Adad ou Ea,
Istar e Tamus
Na Cananea: Baal, Vam e Môt
Na Índia: (trimurti) Brahma, Vishnu e Siva
Na China: Fu, Lo e Cho
No Egito: Osíris, Isis e Horus
Na Pérsia: Orzmud, Arimam e Mitra
Os Celtas: Voltan, Friga e Dinas
Na Grécia: Zeus, Demétrio e Dionísio
Tertuliano
Embora o que sabemos de
Tertuliano sejam escritos deixados por Eusébio de Cesaréia, em “História
Eclesiástica”, cerca de 100 anos após os acontecimentos, advirto aos leitores
prudência na leitura.
Quintus Septimius Florens Tertullianus,
conhecido como Tertuliano (160 - 220 ) foi um prolífico
autor das primeiras fases do Cristianismo, nascido em Cartago
na província romana da África. Ele foi um primeiro autor cristão
a produzir uma obra literária (corpus) em latim. Ele também foi um
notável apologista cristão e um polemista contra a heresia.
Embora conservador, ele organizou e avançou a
nova teologia
da Igreja antiga. Ele é talvez mais famoso por ser
o autor mais antigo cuja obra sobreviveu a utilizar o termo "Trindade"
(em latim:
Trinitas) e por nos dar a mais antiga exposição formal ainda existente sobre a teologia
trinitária. É um dos Padres latinos.
Algumas das idéias de Tertuliano não eram
aceitáveis para os ortodoxos e, no fim de sua vida, ele se tornou
um montanista.
Tertuliano introduziu na teologia latina, e na
da Igreja em geral, uma série de termos e conceitos provenientes do direito.
Concebeu a vida cristã e a salvação
à semelhança de um processo penal, em que Deus é o legislador, o Evangelho
a lei, quem obedece recebe a
compensação, quem desobedece torna-se culpado e é castigado. Tertuliano
introduziu ou consagrou algumas distinções importantes, como por exemplo a de
preceito e conselho evangélico.
A Trindade
O maior contributo de Tertuliano para a teologia foi a sua reflexão acerca
do mistério
trinitário. Criou um vocabulário que passou a fazer parte da linguagem
oficial da teologia cristã. Foi ele que introduziu a palavra “Trinitas”, como
complemento da “Unitas”. Segundo Tertuliano, Pai, Filho e Espírito
Santo são um só Deus porque uma só é a substância, um só estado (status) e
um só poder.
Mas, por outro lado,
distinguem-se, sem separação, pelo grau, pela forma e pela espécie
(manifestação). Tertuliano introduz assim o termo “pessoa”, (persona), para
significar cada um dos três, considerado individualmente. Este vocabulário
passou a vigorar, até hoje, para referir as realidades trinitárias.
No entanto, Tertuliano deixa transparecer
alguma influência subordinacionista. Ao falar da geração do Filho,
sem querer comprometer a sua divindade, admite uma certa gradação, desde uma
fase anterior à criação, em que o Logos de Deus se contempla a Si mesmo, para
passar a contemplar a economia salvífica, e é engendrado de forma imanente em
Deus, até à criação, em que a Palavra se realiza como tal ao ser
proferida.
Cristo é, assim, o primogênito do Pai,
gerado antes de todas as coisas, mas não é eterno. O
Filho é como que uma porção ou emanação do Pai.
Tertuliano, apesar de ter dotado
a teologia trinitária dum vocabulário preciso, e de ter procurado a exatidão,
não se livrou dalgumas ambiguidades e deficiências.
O ARIANISMO
O arianismo foi uma visão Cristológica
sustentada pelos seguidores de Arius, presbítero de Alexandria
nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus, que os igualasse,
fazendo do Cristo pré-existente uma criatura, embora a primeira e mais excelsa
de todas, que encarnara em Jesus de Nazaré.
Jesus
então, seria subordinado a Deus, e não o próprio Deus. Segundo Arius só existe
um Deus e Jesus é seu filho e não o próprio. Ao mesmo tempo afirmava que Deus
seria um grande eterno mistério, oculto em si mesmo, e que nenhuma criatura
conseguiria revelá-lo, visto que Ele não pode revelar a si mesmo. Com esta
linha de pensamento, o historiador H. M. Gwatkin afirmou, na obra "The
Arian Controversy": "O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo
ser se acha oculto em eterno mistério".
Por volta de 319 Arius começou a propagar que só
existia um Deus verdadeiro, o "Pai Eterno", princípio de todos os
seres. O Cristo-Logos havia sido criado por Ele antes do tempo como um
instrumento para a criação, pois a divindade transcendente não poderia entrar
em contato com a matéria.
Jesus, inferior e limitado, não
possuía o mesmo poder divino, situando-se entre o Pai e os homens. Não se
confundia com nenhuma das naturezas por se constituir em um semi-deus. Ário
afirmava ainda que o Filho era diferente do Pai em substância.
Essa idéia ligava-se
ainda ao antigo culto dos heróis gregos, dentre os quais para ele Jesus sobressaía com o
maior, embora apenas possuísse uma divindade em sentido impróprio. Como meio de
difusão mais abrangente de suas idéias, fê-lo sob a forma de canções populares.
Um primeiro sínodo, em Alexandria,
expulsou Arius da comunhão eclesiástica, mas dois outros concílios,
fora do Egito,
condenaram aquela decisão, reabilitando-o.
Arius procurou o apoio de companheiros que,
como ele, haviam sido discípulos de Luciano de Antioquia, em especial Eusébio, bispo de Nicomédia
(atual İzmit).
A luta que se seguiu chegou a ameaçar a unidade da Igreja e, ante o perigo de
fragmentar também o império, levou o imperador Constantino a enviar Ósio, bispo
de Córdoba, seu conselheiro particular, como
mediador.
O insucesso da missão levou-o a convocar, em
325, um concílio
universal em Niceia (atual İznik).No Primeiro Concílio de Niceia (325) a
maioria dos prelados, corroborada pelo próprio Constantino graças à influência
de Atanásio
(criador do termo "homoousios", siginificando "de
substância idêntica" – para descrever a relação de Jesus com o Pai),
condenou as propostas arianas, e declarou-as heréticas,
obrigando à queima dos livros que as continham e promulgando a pena de morte
para quem os conservasse. Definiu ainda o chamado "Símbolo de
Niceia". - Nele se afirmava que o
Verbo era o verdadeiro Deus, consubstancial ao Pai, possuindo em comum com Ele
a natureza divina e as mesmas perfeições.
As inúmeras dúvidas suscitadas
pelo Sínodo de Niceia reacenderam as lutas, com os prelados acusando-se
mutuamente de hereges. Várias fórmulas dogmáticas foram ensaiadas para
complementar a de Niceia, acentuando ainda mais as divisões, num conflito que
expôs cada vez mais as diferenças entre o Ocidente latino e o Oriente grego,
envolvendo disputas de primazia hierárquica e de política.
Desse modo, num novo sínodo
geral, celebrado na fronteira dos dois impérios, os ocidentais se congregaram
em torno do símbolo de Niceia e excomungaram os hereges. Os orientais, a seu
apoiaram as idéias de Árius e excomungaram não apenas os bispos apoiantes de
Niceia como também o próprio bispo de Roma.
Arius retornou a Constantinopla em 334, a chamado de
Constantino e, segundo a lenda, faleceu em 336 quando a caminho de
receber a comunhão novamente.
As ideias de Arius foram adotadas por Constâncio
II (337-361) sem que, entretanto, se impusessem à Igreja.
Difundiram-se entre os povos bárbaros do
Norte da Europa, quando da evangelização dos Godos, pela ação de Ulfila, missionário
enviado pelo imperador romano do Oriente. Os Ostrogodos
e Visigodos
chegaram à Europa ocidental já cristianizados, mas arianos.
Uma carta de Auxentius, um bispo de Milão do século IV,
referindo-se ao missionário Ulfila, apresentou uma descrição clara da teologia ariana
sobre a Divindade:
Deus,
o Pai, nascido antes do tempo e Criador do mundo era separado de um Deus menor, o Logos, Filho único de Deus (Cristo) criado pelo Pai.
Este, trabalhando com o Filho, criou o Espírito Santo, que era subordinado ao
Filho e, tal como o Filho, era subordinado do Pai. Segundo outros autores, para
Arius o Espírito Santo seria uma criatura do Logos (Filho).
A questão só seria debelada
quando, em fins do reinado de Teodósio, ao tornar-se religião oficial do
império, o cristianismo ortodoxo-romano
afirmou-se em definitivo.
Após o século V,
graças às perseguições, o movimento desapareceu gradualmente.
Séculos mais tarde, o nome
"Arianos" foi usado na Polônia para
referir uma seita Cristã Unitária, a irmandade polaca (Frater Polonorum). Eles
inventaram teorias sociais radicais e foram precursores do Iluminismo.
Atanásio de
Alexandria
Atanásio de Alexandria (Alexandria,
295 — Alexandria, 2 de maio
de 373), bispo de Alexandria, considerado santo pela Igreja
Ortodoxa e Igreja Católica (esta última reverencia-o também
como um dos seus trinta e três Doutores
da Igreja) e ainda um dos mais prolíficos Padres
gregos.
Santíssima
Trindade
Do ponto de vista doutrinal, foi perseguido
e exilado cinco vezes devido às acesas discussões que manteve contra
partidários do arianismo; para além disso, defendeu a consubstancialidade das Três Pessoas Divinas na Santíssima Trindade, tal como definido pelo Primeiro Concílio de Niceia, em 325, no Credo
Niceno.
INTRODUÇÃO À TRINDADE, Lynn Lorenzen, 2002, pag.16.
"Os imperadores se
consideravam guardiães da fé e por isso tomavam partido nos debates teológicos,
influenciando os resultados. Eram os imperadores quem convocavam os Concílios
de bispos para tomarem decisões relacionadas com a doutrina da Igreja, de modo
que a pressão para desenvolver a doutrina (Trindade) veio de fora da Igreja e
inicialmente para fins políticos.”
Constantino - Doutrina da Trindade
Flavius Valerius Constantius (285-337),
Constantino o Grande - Divergências teológicas relativas a religião recém
incorporada no Império Romano começaram a se demonstrar no império de
Constantino quando dois opositores principais se destacaram dos outros e
discutiram sobre se Jesus era um ser criado (doutrina de Arius) ou não criado,
e sim igual e eterno como Deus seu pai (doutrina de Atanásio).
A guerra teológica entre os adeptos de Arius
e Atanásio tornou-se acirrada. Constantino percebeu que seu império estava
sendo ameaçado por esta divisão doutrinal. Constantino começou a pressionar a
Igreja para que as partes chegassem a um acordo antes que a unidade de seu
império ficasse ameaçada. Finalmente, o imperador convocou um concílio em
Nicéia, em 325 AD, para resolver a disputa.
Apenas 318 bispos compareceram, o que
equivalia a apenas uns 18% de todos os bispos do império. Dos 318, apenas uns
10% eram da parte ocidental do império de Constantino, tornando a votação
tendenciosa, no mínimo. O imperador manipulou, pressionou e ameaçou o concílio
para garantir que votariam no que ele acreditava, não em algum consenso a que
os bispos chegassem.
A maioria dos bispos, pressionada por
Constantino, votou a favor da doutrina de Atanásio. Foi adotado um credo que
favorecia a teologia de Atanásio. Arius foi condenado e exilado. Vários bispos
foram embora antes da votação para evitar a controvérsia. Jesus foi aprovado como sendo “uma única
substância” com Deus Pai. É significativo que até hoje as igrejas ortodoxas do
leste e do oeste discordem entre si quanto a esta doutrina, ainda conseqüência
das igrejas do oeste não terem tido nenhuma influência na “votação”.
Dois dos bispos que votaram a favor de Arius
também foram exilados e os escritos de Arius foram destruídos. Constantino
decretou que qualquer um que fosse apanhado com documentos arianistas estaria
sujeito à pena de morte. O credo de Nicéia declara:
“Creio em Um só Deus, Pai Onipotente,
Criador do céu e da terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em Um
só Senhor, Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de
todas as coisas. Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem todas as coisas
foram feitas ...”
Mesmo com a adoção do Credo de Nicéia,
os problemas continuaram e, em poucos anos, a facção arianista começou a
recuperar o controle. Tornaram-se tão poderosos que Constantino os reabilitou e
denunciou o grupo de Atanásio. Arius e os bispos que o apoiavam voltaram do
exílio. Agora, Atanásio é que foi banido. Quando Constantino morreu (depois de
ser batizado por um bispo arianista), seu filho restaurou a filosofia arianista
e seus bispos e condenou o grupo de Atanásio.
Nos anos seguintes, a disputa política continuou,
até que os arianistas abusaram de seu poder e foram derrubados. A controvérsia
político/religiosa causou violência e morte generalizadas.
Em 381 AD, o imperador Teodósio (um
trinitarista) convocou um concílio em Constantinopla. Apenas
os bispos trinitaristas foram convidados a participar. 150 bispos compareceram
e votaram uma alteração no Credo de Nicéia para incluir o espírito Santo como
parte da divindade. A doutrina da trindade era agora oficial para a Igreja e
também para o Estado. Os bispos dissidentes foram expulsos da Igreja e
excomungados.
O
Imperador Teodósio convocou então um concílio geral na cidade de Éfeso. Tal
reunião foi marcada pelo autoritarismo de Dioscorus.
O concílio condenou os que diziam ter Cristo duas naturezas
(“que aqueles que dividem Cristo sejam divididos pela espada”)
No entanto o Imperador estava inflexível, e os legados papais
também, e uma comissão de dezoito bispos preparou novo decreto, em que Cristo tinha uma
pessoa em duas naturezas, que foi aceito relutantemente pelos participantes. E
este foi o concílio de Calcedônia.
Nos anos seguintes houve reações violentas. Jerusalém foi
invadida, pilhada e queimada, com muitos mortos, por um exército de monges em
favor de uma natureza só de Cristo.
Nestorius
Nestorius (386 –
451) foi um monge, oriundo da Anatólia, que se tornou arcebispo de
Constantinopla entre 10 de abril de 428 e 22 de junho de 431.
A Igreja nestoriana não é oficialmente denominada assim nem
seus adeptos gostam de chamá-la assim. Esse nome foi dado por seus oponentes
monofisitas, que também formaram e formam um outro ramo do cristianismo. Eles
se denominam “Igreja do Oriente”. Mas por comodidade continuaremos chamando-a
assim.
No entanto nessa mesma época estava se desenvolvendo o
pensamento diametralmente oposto, de que Cristo teria uma só pessoa, a divina.
Um dos campeões dessa doutrina era o monge Eutychius.
Nestório procurou se defender no Primeiro Concílio de Éfeso (431), mas só
conseguiu ser formalmente condenado como herege e derrubado de sua sé episcopal.
Depois disso, ele se retirou para um mosteiro,
onde ele defendeu a ortodoxia pelo resto da vida.
Apesar desta concessão, muitos dos que o apoiaram decidiram
deixar a igreja, no que ficou conhecido como cisma
nestoriano, e, nas décadas seguintes, se mudaram para a Pérsia.
O nestorianismo se tornou então a posição oficial
da Igreja Assíria do Oriente, que reconhece
apenas os dois primeiros concílios ecumênicos (Primeiro Concílio de Niceia e o Primeiro Concílio de Constantinopla).
Acreditava que em Cristo há duas
pessoas (ou naturezas) distintas, uma humana e outra divina, completas de tal
forma que constituem dois entes independentes. A sua crença tornou-se a base do
nestorianismo.
Nestorius havia considerado as duas naturezas de Cristo tão
distintas que ele considerou nelas duas pessoas separadas, unidas somente por
uma ligação moral como é a criada, por exemplo, entre o homem e esposa, pelo
casamento. No outro extremo, Eutychius e Dioscorus mantiveram que a união era
tão próxima, que eles ensinavam que, depois da encarnação do Filho e Logos, não
duas mas somente uma única natureza deveria ser mencionada; isto é, a divina,
que teria ou absorvido em si a natureza humana, ou havia misturado e se fundido
com ela.
Foi para condenar
este outro extremo de opinião, conhecido como Monofisismo, que o Quarto Sínodo
Ecumênico reuniu-se em Calcedônia em A.D. 451, no reino da Imperatriz
Pulcheria. Esse Sínodo emitiu um decreto que tanto reafirmou os pronunciamentos
do Terceiro Sínodo, que o Senhor é um e o mesmo, perfeito em divindade, assim
como em humanidade, e que duas naturezas existiram no Deus-Homem, como também
estabeleceu que essas duas naturezas estiveram unidas na única pessoa do Logos,
não só "sem distinção e sem separação," mas também "sem confusão
nem mudança," uma natureza não sofrendo nem aniquilamento nem alteração
pela outra.
Foi ainda um escritor fecundo, mas quase todos os seus
sermões foram queimados por ordem do imperador Teodósio II.
Os escritos que restaram estão em siríaco.
O Credo de Atanásio
O Credo (trinitário) de Atanásio foi
finalmente estabelecido (provavelmente) no século V. Não foi escrito por
Atanásio mas recebeu seu nome. Este é um trecho:
“Adoramos um só Deus em trindade ... O Pai é
Deus, o Filho é Deus, e o espírito Santo é Deus; e contudo eles não são três
deuses, mas um só Deus.”
Por volta do século IX, o credo já estava
estabelecido na Espanha, França e Alemanha. Tinha levado séculos desde o tempo
de Cristo para que a doutrina da trindade “pegasse”. A política do governo e da
Igreja foram as razões que levaram a trindade a existir e se tornar a doutrina
oficial da Igreja.
A Enciclopédia
Católica esclarece a questão, numa obra-prima do raciocínio teleológico:
Na unidade da
Divindade há três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, sendo que essas
Três Pessoas são distintas uma das outras. Assim, nas palavras do Credo de
Atanásio: “o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, contudo não
há três deuses, mas um só Deus.”
Como se isso não
estivesse suficientemente claro, a enciclopédia cita o teólogo do Século III
São Gregório, o Milagreiro:
Não há portanto
nada que tenha sido criado, nada que tenha sido sujeitado a outro na Trindade:
nem há nada que tenha sido acrescentado como se uma vez não tivesse existido,
mas entrado depôs: portanto o Pai jamais esteve sem o Filho, nem o Filho sem o
Espírito Santo: e essa mesma Trindade é imutável e inalterável para sempre.
Quaisquer que
tenham sido os milagres que deram a São Gregório seu apelido, não eram milagres
de lucidez. Suas palavras carregam o traço obscurantista característico da
teologia, que – diferente da ciência e da maioria dos outros ramos da sabedoria
humana – não mudou em dezoito séculos.
Como vimos, a doutrina trinitária resultou
da mistura de intriga, fraude, política, um imperador pagão e facções em guerra
que causaram mortes e derramamento de sangue.
O que prega Padre Paulo Ricardo da Igreja Católica -Remédio para curar o medo
OUTRAS
FONTES
ENCICLOPÉDIA
DA RELIGIÃO, M. A.Canney, pg 53.
"A
religião primitiva sempre batizava em nome do Senhor Jesus até o
desenvolvimento de doutrina da Trindade no 2° Século."
ENCICLOPÉDIA
DA RELIGIÃO, J. Hastings, Vol 2 pg 377-378-389.
"O
batismo cristão era administrado usando o nome de Jesus. O uso da fórmula
trinitariana de nenhuma forma foi sugerida pela história da igreja primitiva; o
batismo foi sempre em nome do Senhor Jesus até o tempo do mártir Justino quando
a fórmula da Trindade passou a ser usada”.
ENCICLOPÉDIA
DE RELIGIÃO E ÉTICA, pg. 384. "Não existe evidência na história da Igreja
Primitiva do uso dos três nomes."
ENCICLOPÉDIA
BARSA, 1998, vol. 15, pág. 214
"A
palavra Trindade não aparece no Novo Testamento, nem Jesus e seus seguidores
pensaram em contradizer o Velho
Testamento
que diz: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Dt 6: 4)".
ENCICLOPÉDIA
BRITÂNICA,11ª edição, Volume 3, pág. 82
"Sempre
nas fontes antigas menciona que o batismo era em nome de Jesus Cristo. A
fórmula batismal foi mudada do nome de Jesus Cristo para as palavras Pai, Filho
e Espírito Santo pela Igreja Católica no 2º Século."
NOVA
ENCICLOPÉDIA INTERNACIONAL, Vol. 22 pg 477
"O
termo ‘trindade’ se originou com Tertuliano, padre da Igreja Católica Romana”.
ENCICLOPÉDIA
CATÓLICA, 1913, Vol. 2, pg 365.
Mt 28,19
“Aqui o católico reconhece que o batismo foi mudado pela Igreja Católica”
NEW CATHOLIC ENCYCLOPAEDIA, 1967, vol. XIII, pg. 575.
“A
maioria dos textos do Novo Testamento revela o espírito de Deus como sendo
algo, não alguém; isto se vê especialmente no Paralelismo entre o espírito e o
poder de Deus."
NEW CATHOLIC ENCYCLOPAEDIA, 1967, Vol XIV, pg 299.
"A
formulação de um só Deus em três pessoas" não foi solidamente
estabelecida, decerto não plenamente assimilada na vida cristã e na sua
profissão de fé, antes do 4o século. Mas é precisamente esta formulação que tem
a primeira reivindicação ao título de dogma da Trindade. Entre os Pais
Apostólicos, não havia nada, nem mesmo remotamente, que se aproximasse de tal
mentalidade ou perspectiva".
NOUVEAU
DICTIONNAIRE UNIVERSEL, M. Lachâtre, vol. II, pg. 1467
"La
trinité platonicienne, même un simple réaménagement des anciennes trinités
datant de peuples antérieurs, semble être la trinité philosophique rationnelle
des attributs qui a donné naissance à l'hypostase trois ou personnes divines
enseignées par les églises chrétiennes."
(“A
trindade platônica, que em si é meramente um rearranjo de trindades mais
antigas, que remontam aos povos anteriores, parece ser a trindade filosófica
racional de atributos que deram origem às três hypostasis ou pessoas divinas
ensinadas pelas igrejas cristãs”).
ENCICLOPÉDIA
AMERICANA, Vol XXVII, pg 294
"O
Cristianismo derivou-se do Judaísmo, e o Judaísmo era estritamente unitário. O
caminho que levou de jerusalém a Nicéia dificilmente foi em linha reta. O
trinitarismo do quarto século de nenhuma forma refletiu o primitivo ensino
cristão sobre a natureza de Deus; foi ao contrário, um desvio desse
ensinamento".
DICTIONARY
OF THE BIBLE, John Mac Kenzie, 1965, pg. 899
"A
Trindade de pessoas dentro da unidade de natureza é definida em termos de
'pessoa' e de 'natureza', que são termos filosóficos gregos; na realidade esses
termos não aparecem na Bíblia. As definições trinitárias surgiram em resultado
de longas controvérsias, em que esses termos e outros, como 'essência' e
'substância', foram erroneamente aplicados a Deus".
BÍBLIA
DE JERUSALÉM, 10a edição, 2001, pg 1896
Mt
28,19 "Sabe-se que o livro de Atos fala em batizar "no nome de
Jesus"(cf. At 1,5 +; 2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a
associação do batizado às três pessoas da Trindade".
TRUE
CHISTIANITY - Rev. Steve Winter
ATOS
4:12 "Batismo em nome de Jesus. E em nenhum outro há salvação, porque
também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual
devamos ser salvos."
NA
AURORA DO CRISTIANISMO - APÓS O
NASCIMENTOS DOGMAS, 1998, Claude (Marie-Émile) Boismard
"A
declaração de que há três pessoas em um só Deus não pode ser encontrada em
lugar nenhum do Novo Testamento".
JESUS E
JAVÉ, Harold Bloom (Yale
University), pg 119
"Pretendo
aqui expor o mistério da Trindade, o melhor que posso fazê-lo. Ao mesmo tempo
que de um lado deixo clara a minha admiração pelo brilhantismo do conceito,
afirmo a minha perplexidade diante do atrevimento e do escândalo inerentes a
esse
mesmo
dogma".
ORIGEM
E EVOLUÇÃO DA RELIGIÃO, E. W. Hopkins
"A
definição ortodoxa final da "trindade" era em grande parte uma
questão de política eclesial"!
HISTÓRIA
DA CIVILIZAÇÃO, Will Durant, 2002, Ed. Record
"O
Cristianismo não destruiu o paganismo; ele o adotou. Do Egito vieram as idéias
de uma trindade divina, o Juízo final, a recompensa e castigo".
Quando
ainda não era papa, ele escreveu isso:
INTRODUÇÃO
AO CRISTIANISMO, Cardeal Joseph Ratzinger, 1ª Edição, 1968, pgs. 82-83.
"A
forma básica da nossa profissão de fé trinitariana (Mateus 28,19) tomou forma
durante o curso dos séculos segundo e terceiro em conexão com a cerimônia de
batismo. Medida em que seu lugar de origem está em causa, o texto (Mateus
28,19) veio da cidade de Roma.
O
batismo da Trindade e texto de Mateus 28,19, portanto, não se originou a partir
da Igreja original, que começou em Jerusalém por volta do ano 33. Era um pouco
como demonstra a evidência uma invenção posterior do catolicismo romano. Bem
poucos sabem sobre esses fatos históricos".
BÍBLIA
DE JERUSALÉM, pgs.2291 e 2292
"O
texto dos v v. 7-8 está acrescido na Vulgata de um inciso (aqui abaixo está
entre parênteses) ausente nos antigos manuscritos gregos, nas antigas versões e
nos melhores manuscritos da Vulgata, e que parece ser uma glosa marginal
introduzida posteriormente no texto: 'Porque há três que testemunham (no Céu: o
Pai, o Verbo e o Espírito Santo, e esses três são um só; e há três que testemunham
na terra): o Espírito, a água e o sangue, e esses três são um só'."
THE ORTODOX
CORRUPTION OF THE SCRIPTURES, Bart Ehrman, pg 45
"(O
Comma Johanneum) representa a ocorrência mais óbvia de corrupção motivada por
teologia em toda a tradição manuscrita do Novo Testamento".
SABER MAIS
HERESIAS ANTIGAS
ATANASIO
DIOSCORO
NESTÓRIO
EUTIQUES
PULQÉRIA