As beguinas eram prevalentemente
mulheres leigas caracterizadas por um forte espírito religioso. Mesmo não sendo
afiliadas a nenhuma ordem reconhecida, levavam uma vida monástica em suas
residências nas periferias das cidades e criaram verdadeiras comunidades, as
"beguinarias".
A primeira surgiu em 1170, em Liège,
espalhando-se então por toda a França, Alemanha e Países Baixos. É provável que
o primeiro núcleo fosse formado por mulheres de extratos sociais mais baixos
rejeitadas pelos conventos, onde tinham prioridade as noviças de família nobre.
Orientadas por alguns religiosos, as
mulheres pobres criaram, então, uma "ordem faça-você-mesmo" que
acabou por se tornar uma comunidade dedicada a levar sustento e caridade a
outras mulheres sozinhas não aceitas nos conventos. Como não eram freiras, as
beguinas podiam voltar às suas vidas normais a qualquer momento. Além disso,
não pediam esmolas; cuidavam de suas propriedades ou trabalhavam.
Os begardos, ao contrário, eram um
grupo de pregadores errantes que denunciavam as corrupções do clero e pregavam
uma vida fiel ao Evangelho e à experiência dos primeiros apóstolos. A autonomia
do movimento foi vista com grande preocupação por parte das autoridades
eclesiásticas, em especial depois que se aliaram aos Irmãos do Espírito Livre e
aos Franciscanos Espirituais.*
Os inquisidores deixaram de
distinguir entre os grupos, apesar de uma primeira tentativa de separar os
"bons" dos "maus". Clemente V, primeiro, e João XXII,
posteriormente, perseguiram-nos e os condenaram em um único processo como hereges
a partir de 1311. Muitos terminaram na fogueira, homens e mulheres.
Fonte de Estudo
*.
David Christie-Murray, I percorsi delle eresie. Milão, Rusconi,
1998, p. 166.