sexta-feira, 6 de julho de 2018

UMA BREVE HISTÓRIA DO CRISTIANISMO





Imagine como você explicaria para um extraterrestre que por acaso venha nos visitar, o fanatismo religioso e seus efeitos nocivos no cérebro das pessoas, inclusive de crianças com a capacidade intelectual ainda em formação, que são obrigadas pelos pais a frequentarem igrejas, onde são submetidas a uma lavagem cerebral através de um método malicioso sempre aprimorado todos os dias por diversos séculos?

As religiões são responsáveis pela lavagem cerebral de milhões de crianças jovens demais para distinguir entre a realidade e as fantasias de sua comunidade. Catedrais, procissões, cânticos e rituais podem deixar impressões duradouras em suas mentes ainda em formação. Mais tarde, o desejo de pertencer a um grupo e o medo do ostracismo e isolamento as mantém fiéis, evitando que encarem as suas próprias dúvidas, descartando-as como um comportamento socialmente inaceitável.


Ninguém, em toda a história da humanidade, ao sofrer lavagem cerebral, veio a aperceber-se disso. Na maioria dos casos, após sofrerem-na, vão apenas defender apaixonadamente seus manipuladores, dizendo que esses lhe ‘mostraram a luz' ou ‘mudaram suas vidas miraculosamente'”



VÍDEO RETIRADO DA INTERNET

As crianças aprendem que:
 -Todos são igualmente insignificantes e sem merecimento diante de Deus.
-Você nasceu em pecado e é pecaminoso por natureza.
-Não pense, não pergunte. Acredite. -Quem é você para questionar o padre, o pastor, o rabino?
-Se você tem algum valor, não é por causa de alguma coisa que você fez ou fará, mas porque Deus te ama.
-Submissão ao que você não pode compreender é o fundamento da moralidade.
-Não tenha vontade própria. Auto-afirmação é o pecado do orgulho.
-Nunca pense que você se pertence. -Em caso de conflito entre sua opinião e a das autoridades religiosas, é nas autoridades que você deve acreditar.

Que auto-estima elas terão? Que tipo de sociedade pode resultar disto? (Nathaniel Branden, _The Six Pillars of Self-Esteem_,Bantam Books, (New York, 1994), p. 295-296)


"Se há uma lição que a história demonstra em cada página, é: mantenha suas crianças longe dos sacerdotes e pastores, ou eles os farão inimigos da humanidade".





Como justificar e deixar claro para o nosso visitante alienígena que esse condicionamento das pessoas se dá através da classe dominante da religião cristã (Padres, Pastores, Bispos, Cardeais) com o apoio dos governos através de suas leis protecionistas?







O Cristianismo atinge a cifra alarmante de aproximadamente 2.180.000.000 (Dois bilhões e cento e oitenta milhões) de seguidores, segundo a CNBB. Um terço da população mundial. Em cada três pessoas no mundo, uma se diz cristã. Mas também é verdade que não existe uma única pessoa no mundo cristão que siga os ensinamentos do seu Mestre.

Esta religião ensina que existe um Deus onipotente, onisciente e onipresente, que não teve começo nem terá fim. Esse Deus mora em algum lugar físico (há bastantes controvérsias entre os Cristãos) no infinito, chamado Céu, ainda não localizado pelo James Webb Space Telescope (JWST . (1)


ESSE DEUS TEM SENTIMENTOS HUMANOS.

Arrependimento é o segundo sentimento humano de que a bíblia nos fala. Esse Deus que deu origem ao mundo e tudo que nele existe, em seis dias sentiu-se exausto e no sétimo dia descansou – primeiro sentimento humano. Criou o primeiro homem, Adão e a primeira mulher - Eva. Essa primeira família celestial e que deu origem a toda humanidade, mostrou-se oscilante. A descrição bíblica apresenta o homem com personalidade débil incapaz de dizer – não – aos argumentos subversivos de Eva e culminou com a transgressão da primeira regra divina comendo do fruto proibido com o incentivo de uma serpente que andava de pé e falava hebraico.

Isso é o que a bíblia me diz, certamente os cristãos a vê com outros olhos por que foram acostumados a ouvir e ensinados a não questionar a doutrina repetida por séculos e aprimorada todos os dias.

A minha mente está condicionada a não aceitar mistérios como respostas. Há pessoas, como eu, que não se sentem satisfeitos com a resposta: "Foi Deus".

Voltemos ao assunto:

Essa família deífica foi um desastre, embora se diga que tudo que Deus faz é perfeito. A humanidade representada por quatro pessoas, três homens e uma mulher revelou-se bandoleira, gentalha. O primeiro homicídio ocorreu por motivo fútil, inveja praticado logo pelo neto de Deus.

Dessa primeira ninhada (Adão, Sete, Enos, Quenã, Maalael, Jarede, Enoque, Matusalém, Lameque e Noé), o Deus dito onisciente que sabe tudo, o Deus misericordioso que é só amor, além de não saber o que tinha feito ou o que ia acontecer, Irou-se contra a sua criação e matou tudo que respirava protegendo apenas uma família, a de Noé, e um casal de cada espécie dos animais impuros (2) e sete casais de animais limpos. O que sobrou o Deus dito benevolente e piedoso, matou todos afogados em um grande dilúvio, que encobriu o monte Evereste em 6,858 m. Pinguins, ursos, gatos, cachorros, cabras, girafas, cavalos, papagaios, bichos preguiça, tamanduás, Leões, tatus, homens, crianças e todas as mulheres, inclusive as grávidas e crianças ainda em gestação ou de peito foram todos afogados pelo Deus dito misericordioso

Essa história horripilante poucos cristãos acreditam e os que fingem acreditar formulam respostas evasivas, para justificarem sua crença.

- Como, quando e onde surgiram os negros e asiáticos se a família de Noé (Sem, Cão e Jafé) era branca? Para onde escoou todas as águas que cobriram “toda a terra”?

Cristão sem argumento ou razão vale-se de citação ou bordão.

A estratégia usada pelos religiosos em larga escala para impedir perguntas sobre o dilúvio ou qualquer outro fato controverso citado pela bíblia é a interrupção abrupta do questionador com respostas irracionais, débeis para justificar o injustificável com argumentos de que para Deus tudo é possível, inclusive fazer uma pedra tão grande e pesada que NÃO possa levanta-la, ou ainda com a maior simplicidade dizendo que para recolher um casal de cada espécie bastaria que Deus tenha ordenado as parelhas que deveriam entrar na arca de Noé.

Através da leitura imparcial e desapaixonada da bíblia, se deduz que Deus pensava que matando a humanidade acabaria com o pecado no mundo. Ledo engano, o pecado voltou com mais intensidade ainda, então Deus faz planos de pessoalmente vir conviver na terra junto com o povo descendente de Noé que Ele salvou do dilúvio. Engravida uma moça adolescente sem nem sequer perguntar a ela se aceitava ter um filho Dele. E o pior, essa moça era casada com um velho. Quase destruiu o casamento ainda nos primeiros meses de união, mas um “anjo” enviado por Deus convenceu o ancião que sua mulher ainda permanecia virgem. E assim, Deus engravidou Maria, casada com José, homem de idade avançada, e nasceu dela que mesmo depois do seu nascimento permaneceu virgem. (3) Isso é o que a bíblia me diz, essa é a história falsa, desleal, farsante e hipócrita repetida milhares de vezes ao dia por quase dois mil anos.

Acreditam os budistas, que quando Buda nasceu uma estrela repentinamente apareceu no céu para alumiar a divina providência. Nisso os Cristãos também creem, embora haja imprecisão no relato do Novo Testamento. A estrela apontava para Belém, levando os Reis Magos ao erro, porquanto Jesus supostamente nascera em Nazaré. (4)

Nenhum cristão duvida da existência da estrela, mesmo aqueles que sabem o tempo aproximado da criação de uma estrela e o tempo gasto para sua luz para chegar a terra. (5) Muitos fenômenos naturais foram descritos pelos escritores da época, menos este. Pompeia, por exemplo, destruída pelo vulcão Vesúvio no ano 79 da nossa era está vastamente documentada, mas ninguém escreveu sobre este astro.

Para os que acreditam nessa estrela, a acham que as estrelas que anunciaram as vindas de Krishna e Confúcio não passam de um mito, está na hora de clicar no xisinho na parte superior direita desta página.


MASSACRE DOS INOCENTES

Todo cristão acredita que o Rei Herodes matou todas as crianças com menos de dois anos de idade, por temer ao “Deus” recém-nascido. (6)

Por analogia, fato semelhante aconteceu no Egito. Milhares de primogênitos foram mortos, com o gravame de que os egípcios foram mortos pelo próprio Deus.

Todos os cristãos creem que Jesus escapou da carnificina protegido por seu pai Deus, que é ele mesmo. Noticia o Novo Testamento que a Sagrada Família teria fugido com Jesus para o Egito, não se sabendo de notícias por cerca de 30 anos, quando Jesus reapareceu segundo os Evangelhos Canônicos, pois há outros evangelhos que falam da infância de Jesus, a exemplo do Evangelho de Tomé. (6)

“Não há nenhum relato, em qualquer fonte antiga, sobre o que ficou conhecido como “O Massacre dos Inocentes” quiçá ordenado pelo rei Herodes às crianças em Belém, ou em seus arredores, ou em qualquer outro lugar. Nenhum outro autor, bíblico ou não, menciona isso”, diz o teólogo americano Bart D. Ehrman no livro Quem Foi Jesus? Quem Jesus Não Foi?

OS ANOS MISTERIOSOS DE JESUS

Merece um estudo comparativo entre a bíblia judaica e o Novo Testamento. Para suprir um vasto período de tempo da história dos judeus o escritor bíblico optou por dar vida longa a seus personagens. Adão teria vivido 930 anos e alcançado até Lameque, pai de Noé. Sete teria vivido 912 anos, Matusalém 969 anos e Noé 950 anos. Subtraindo 950 da data atual, Noé teria participado da Primeira Cruzada contra os mouros com 27 anos e ainda estava vivo nos falando da tomada de Constantinopla pelos turcos, como tinha escapado da peste bubônica, descrevendo o embarque de Cristóvão Colombo rumo as Américas com apenas 427 anos, assistido as duas grandes guerras mundiais, o homem chegando à Lua, etc.

Quanto ao Novo Testamento, seus escritores não souberam preencher a lacuna do tempo em que aparentemente Jesus teria ficado desaparecido.

A única referência à juventude de Jesus citada nos evangelhos canônicos,  O Evangelho de Lucas, que diga-se de passagem, não conheceu Jesus, nos conta que, aos 12 anos, ele viajou com os pais de Nazaré a Jerusalém para celebrar o Pessach, a Páscoa judaica. Quando José e Maria retornavam a Nazaré, perceberam que Jesus tinha ficado para trás. Procuraram o garoto durante 3 dias e decidiram voltar ao Templo, onde o encontraram discutindo religião com os sacerdotes. “E todos que o ouviam se admiravam com sua inteligência” (Lucas 2:42-49).

Isso é tudo. Jesus só volta a aparecer no relato bíblico já adulto, por volta dos 30 anos, ao ser batizado no rio Jordão por João Batista.  Mas essa falha gritante na descrição do Deus criado no Concílio de Nicéia parece não fazer a menor importância para os crentes seguidores de Jesus.

Emilio Bossi, referindo-se a esta passagem, estranha a atividade da mãe. Se o filho nascera milagrosamente, e ela não o ignora, só poderia esperar dele uma sequência de atos milagrosos. Mesmo a sua presença no templo, entre os doutores, não deveria causar preocupação à sua mãe, visto saber ela que o filho não era uma criança qualquer, e sim um Deus. Lucas diz que os samaritanos não deram boa acolhida a Jesus, o que muito irritara a João. Contudo, João, o Evangelista, diz que os samaritanos deram-lhe ótima acolhida e, inclusive, chamaram-no de salvador do mundo.


O BATISMO DE JESUS

João Batista existiu, há relatos escritos fora da bíblia, mas não existe o batistério de Jesus.

A Bíblia diz que João Batista foi morto por volta de 30 d.C., no início da vida pública de Jesus. Josephus, contudo, diz que Herodes matou João Batista durante sua guerra contra o rei Aertus da Arábia, em 34 – 37 d.C.

É dito no Novo Testamento, que Jesus entrou triunfante em Jerusalém onde obteve 100% da aprovação em seu favor. O Deus misericordioso assim não se mostrou, usando de violência física para expulsar os vendilhões do templo, derrubando suas bancas e surrando com açoites de chicote os transgressores os chamando de ladrões. Este fato não chamou atenção de Flavius Josephus, Filon de Alexandria, Tiberíades e mais algumas dezenas de escritores da época. Mas os cristãos acreditam na veracidade da descrição bíblica. Além de creem, os cristãos justificam essa brutalidade, alegando que a conduta de Jesus, neste caso, estaria correta e corresponde exatamente aos seus atributos.

Lutero era um sábio e estava coberto de razão ao afirmar que a "A Razão deveria ser destruída em todos os cristãos. Ela é o maior inimigo da Fé. Quem quiser ser um cristão deve arrancar os olhos de sua Razão"

 Por tudo isso é que o Papa Pio XII, em 1955, falando para um Congresso Internacional de História em Roma, disse: “Para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé, e não à história”.

A inconsistência das histórias contidas no Novo Testamento é de uma bestialidade que denota estupidez. O que leva alguém a acreditar que um Deus nascido de uma virgem, depois de fazer vários milagres inclusive ressuscitando mortos, curando surdos e cegos tenha sido condenado a morte cruel e violenta?



Como pode alguém acreditar que na hora da morte deste Deus a terra tremeu, o Sol perdeu o brilho deixando a Terra toda no escuro, e das fendas abertas no solo, mortos foram ressuscitados. Um fato extraordinário e esquisito de elevado grau de incredibilidade ficaria sem registro dos escritores abaixo relacionados?


                Arrian
                Plutarco
                Apollonius
                Hermógenes
                Appian (Apião)
                Damis
                Aulus Gellius
                Apião da Alexandria
                Philo Judaeus
                Petronius
                Juvenal
                Quintilian
                Silius Italicus
                Phlegon
                Pausanias
                Dio Chrysostom
                Favorinus
                Seneca
                Dion Pruseus
                Martial
                Lucanus
                Statius
                Phaedrus
                Florus Lucius
                Columella
                Lysias
                Theon de Myrna
                Plinio o Velho
                Paterculus
                Persius
                Justus de Tiberius
                Epictetus
                Ptolemi
                Valerius Maximus
                Quintius Curtis
                Valerius Flaccus
                Pompius Mela



VEREDICTO BI-MILENAR

   * Veredicto através dos 20 séculos desta Era Comum :
   Estes escritores, que viveram ao tempo da suposta "vida de Jesus"
deixaram uma livraria extensa, Judaica e Pagã literatura, nas quais não há uma única menção de "Jesus" ou dos seus "apóstolos" e "discípulos".

Inapropriado é acreditar que depois de três dias morto, tornou a viver, passou quarenta dias na terra entre os viventes tendo finalmente subido aos céus por uma “janela” que lhe foi aberta.

O Novo Testamento não fala da reação dos judeus ao verem Jesus ressurreto. Caifás e Anás seus algozes parecem não tomarem conhecimento da ressurreição de Jesus que anda livremente com seus apóstolos em Jerusalém sem ser notado ou perseguido pelos judeus durante quarenta dias.  

Somente uma fé ingênua se implanta em bases não históricas.

A Religião persegue, tortura e queima quem discorda dela. A Ciência e a Filosofia nunca mataram ninguém, apenas buscam descobrir as leis da natureza (Robert G. Ingersoll)

Esta religião, o Cristianismo, foi responsável pela tentativa da destruição de todas as religiões do mundo civilizado, inclusive não admitindo dissidências. O Cristianismo se impôs pela violência, matando impiedosamente a todos aqueles que se opunham a aceitar a nova religião na conquista de outros povos. Foram dois mil anos de crimes, terror e repressão, mergulhou toda a Europa em uma profunda recessão que durou mil anos, conhecido como o Período das Trevas e até a presente data vem se opondo contra o desenvolvimento e o progresso da ciência.

O maior mistério da humanidade é sem dúvida, a religião. O que é que leva uma pessoa aparentemente saudável a acreditar em Deuses protetores e Demônios  acusadores, cruéis e desalmados, ultrapassando não só a lógica, mas aparentemente até a sanidade mental?

O alienígena indignado com a força da religião no cérebro das pessoas indaga - Como pode um indivíduo normalmente equilibrado tornar-se tão apaixonado por uma fantasia, uma impostura que, mesmo após esta ter sido exposta à luz clara do dia, ainda se agarra a ela -- na verdade,  se agarra ainda mais fortemente a ela?


Leitura Sugerida


 Recomenda a leitura dos livros e sites quando indicados como fontes. Os posts contidos neste blogger são apenas apontamentos de estudo.



(1) O INFERNO É UM LUGAR FÍSICO - Bento XVI diz que o inferno existe e não está vazio

O INFERNO EXISTE E É ETERNO:

08.02.2008 - O papa Bento XVI afirmou que
O INFERNO É UM LOCAL FÍSICO que existe e não está vazio, ao contrário do que seu antecessor, João Paulo II, dizia. "O inferno, de que se fala pouco neste tempo, existe e é eterno", já havia afirmado o pontífice no ano passado.

Em um encontro que marca o início do período da quaresma, o Papa mandou um recado para os católicos, dizendo que a salvação não é imediata nem chegará a todos, de acordo com o jornal La Repubblica.

No ano passado, ele já havia afirmado que "o inferno, do qual se fala pouco nestes tempos, existe e é eterno", ressaltou o site do jornal El País. Em 1998, João Paulo II esclareceu conceitos sobre céu, inferno e purgatório. Para ele, o inferno não era um local, mas "a situação de quem se afasta de Deus". 

O termo “Céu”, no sentido de “Paraíso”, significa para o católico o lugar e a condição da suprema bem-aventurança, da suprema felicidade. Se Deus não tivesse nos dotado de corpo físico, mas nos criado apenas como puros espíritos, então o Céu não “precisaria” ser um lugar: seria apenas como o estado dos anjos, que se regozijam na Presença de Deus, o Puro Bem, a Pura Felicidade, a Plenitude do Ser.

Mas acontece que o Céu é também um lugar porque nele estaremos de corpo e alma, na integridade do nosso ser. Lá encontramos a humanidade de Jesus, a bem-aventurada Virgem Maria, os anjos e as almas dos santos. Embora não saibamos dizer onde “fica” esse lugar, ou qual é a sua relação com o Universo, a Revelação não nos permite duvidar da sua existência.

Um puro espírito pode estar num lugar enquanto exerce uma ação sobre um corpo naquele lugar, mas, em si mesmo, o espírito vive numa ordem superior à do espaço. Já um ser “de fronteira”, feito ao mesmo tempo de corpo e de alma, está em um lugar devido à sua realidade que é também corpórea, física. É o caso específico do ser humano.

Ao falar do assunto em sua obra “L’Éternelle vie et la profondeur de l’âme” (1949), o teólogo e filósofo pe. Reginald Garrigou-Lagrange, O.P., nos recorda a doutrina confirmada pelo Papa Bento XII:

“As almas de todos os santos estão no Céu antes da ressurreição dos corpos e do julgamento final. Eles veem a Essência Divina por uma visão que é intuitiva e facial, sem a intermediação de qualquer criatura. Por causa desta visão, na qual desfrutam da Essência Divina, eles são verdadeiramente bem-aventurados: têm a vida eterna e o repouso eterno” (Denzinger, nº 530).

O Concílio de Florença (cf. Denzinger, nº 693) reafirma que as almas em estado de graça, depois de purificadas, entram no Céu e veem o Deus Trino como Ele É em Si mesmo, mas com um grau maior ou menor de perfeição conforme os seus méritos durante a vida terrena.



Papa diz que inferno ‘não existe’, afirma jornal italiano
SALVARMundo 29.03.18 15:42

Na véspera da Páscoa, o jornal italiano “La Repubblica” publicou uma conversa com o papa Francisco em que o pontífice diz “o inferno não existe; o que existe é o desaparecimento das almas pecadoras”.

Em comunicado, porém, o Vaticano negou. Disse que o papa recebeu Eugenio Scalfari, 93, fundador do jornal, para um encontro privado –não entrevista– e que as falas citadas no texto, não gravadas, não eram “transcrição fiel das palavras do Santo Padre”.

O papa pode ter feito um comentário sobre a série The Leftovers e Scalfari entendeu errado.


Ao todo, desde a criação de Adão até o grande Dilúvio, decorreram 1.656 anos. Durante esse tempo, viveu muita gente má. No céu, houve pessoas espirituais invisíveis, Satanás e seus anjos maus. Na Terra, viveram Caim e muitas outras pessoas más, inclusive alguns homens extraordinariamente poderosos. Mas houve também gente boa na Terra — Abel, Enoque e Noé. Na Parte 1, vamos ler sobre todas essas pessoas e acontecimentos.


(2) Animais Impuros

Terrestres rastejantes
Entre os animais rastejantes, são considerados impuros a toupeira, o rato e as diferentes espécies de lagarto, a lagartixa, o Geco, o crocodilo da terra e o camaleão.

Lista explícita
Estes são os animais considerados impuros segundo Levítico 11 [1]e Deuteronômio 14[2]:

Morcego
Camelo
Camaleão
Hyracoidea (damão)
Cormorão
Cuculidae (cuco)
Águia
Furão
Sapo
Abutre do Egito[3]
Milhafre[3]
Bubo ascalaphus[3]
Lebre
Gavião
Açor
Cisne
Garça
Gaivota
Abibe
Coruja buraqueira
Avestruz
Upupa Epops (Poupa)
Mocho-galego
Lagarto
Coruja de igreja ou coruja de celeiro
Mergulhão
Toupeira
Rato
Musaranho
Falcão da Noite[3]
Águia pesqueira
Abutre-barbudo
Strigiformes
Pelicano
Porco
Corvo
Caracol
Ciconiidae (cegonhas)
Porco doméstico
Tartaruga
Abutre

(4) A Bíblia, Jesus e a Estrela Maluca






Estrela mais próxima

(5) A Alfa Centauri é uma das estrelas mais brilhantes do céu austral e é o sistema estelar mais próximo do nosso Sistema Solar - encontrando-se a apenas 4,3 anos-luz de distância.
Idade: 6,8 ± 0,5 bilhões de anos

(6) Massacre dos inocentes

Crianças Massacradas por Herodes



(7) O Evangelho de Tomé

Observação: O vídeo e as fotos que ilustraram esta postagem foram retirados da internet.

domingo, 1 de julho de 2018

SATANÁS, NA VISÃO DE KHALIL GIBRAN




Por Khalil Gibran


Todos consideravam o Padre Samaan como seu guia no campo dos assuntos espirituais e teológicos, pois ele era autoridade e fonte de profundas informações sobre pecados veniais e mortais, muito versado nos segredos do Paraíso, Inferno e Purgatório.

A tarefa do Padre Samaan no Norte do Líbano era viajar de vila em vila, pregando e curando o povo da enfermidade espiritual do pecado e salvando-o das terríveis armadilhas de Satã. O Reverendo Padre travava uma constante guerra contra Satã. Os camponeses reverenciavam e respeitavam esse clérigo e estavam sempre prontos a comprar seus conselhos e orações com moedas de ouro e prata e em toda colheita sempre o presenteavam com os melhores frutos de suas lavouras.

Numa noite de outono, quando o Padre Samaan se dirigia para a sua solitária aldeia, ao atravessar aqueles vales e colinas, ouviu um angustioso grito que partia de um buraco, ao lado do caminho. Parou e olhou na direção da voz e viu um homem nu, deitado sobre o chão. Um fio largo de sangue corria de profundas feridas em sua cabeça e pelo peito todo. Este estava gemendo e implorando socorro, dizendo:

 "Salvem-me!! Socorram-me! Tenham piedade de mim, que estou morrendo!" O Padre Samaan olhou perplexo para o sofredor e disse para consigo mesmo: "Este homem deve ser um ladrão... Provavelmente tentou roubar os viandantes e fracassou. Alguém o feriu, e receio que, se ele morrer, me acusem de o ter matado."

Pensando assim, retomou a sua viagem, mas o moribundo o interrompeu de novo, gritando: "Não me abandone! Eu estou morrendo".

Então o Padre pensou duas vezes e empalideceu ao admitir que estava recusando um auxílio. E, lábios trêmulos, disse a si mesmo: "Ele há de ser, por certo, um dos loucos da floresta. Seus ferimentos causam-me medo ao coração; que farei? Por certo não se espera que um doutor espiritual cuide de feridas do corpo." O Padre Samaan deu mais uns poucos passos, quando o semimorto soltou um gemido que comoveria um coração de pedra, suspirando: "Chegue mais perto de mim. Venha, pois temos sido bons amigos desde há muito tempo... O senhor é o Padre Samaan, o Bom Pastor, eu não sou nem ladrão nem louco. Venha, e eu lhe direi quem sou."

O Padre Samaan aproximou-se do homem, ajoelhou-se e contemplou-o atentamente. Mas viu um estranho rosto de contrastantes feições: viu inteligência com velhacaria; fealdade com beleza, e maldade com brandura. Ele recuou, erguendo-se, de um salto, e exclamou: "Quem sois?".

Com a voz sumida o moribundo disse: "Não se receie de mim, Padre, pois temos sido grandes amigos desde há muito tempo. Levante-me, leve-me ao riacho próximo e limpe-me as feridas com o seu lenço". Mas o Padre perguntou: "Dizei-me quem sois, pois não vos conheço, nem mesmo me lembro de vos ter visto".

O homem respondeu com voz agonizante: "O senhor conhece a minha identidade. O senhor já me viu mil vezes e fala de mim todo dia. Sou mais caro ao senhor do que sua própria vida".

Mas o Padre o repreendeu: "Sois um impostor e mentiroso! Um moribundo devia dizer a verdade... Nunca vi o vosso rosto mau em toda a minha vida. Dizei-me quem sois ou me permitirei que morrais, encharcado na vossa própria vida que se esvai..."

O homem ferido moveu-se, vagarosamente, olhou dentro dos olhos do sacerdote, e brotou em seus lábios um místico sorriso. E em voz tranqüila, profunda e suave disse: "Eu sou Satanás".

Ao ouvir a palavra terrível, o Padre Samaan deu um grito que, de tão grande, sacudiu os mais longínquos recôncavos do vale. Então, abrindo os olhos espantados, lembrou-se de que as feições do homem agonizante coincidiam com as de Satanás, numa pintura religiosa pendente numa parede da igreja do vilarejo.

Tremeu, então, e gritou "Deus me mostrou a vossa infernal figura e me fez, com justiça, odiar-vos. Maldito sede para todo e sempre! A ovelha ferida deve ser sacrificada pelo pastor, para que ela não infeccione as outras."

Satanás respondeu: "Não se apresse, Padre, nem perca seu precioso tempo com palavras vãs. Venha e pense as minhas feridas rapidamente, antes que a Vida parta do meu corpo."

Mas o Sacerdote retorquiu: "As mãos que oferecem sacrifícios a Deus diariamente não tocarão num corpo feito das secreções do Inferno. Vós deveis morrer, amaldiçoado pelas línguas das Idades, pelos lábios da Humanidade, pois sois o inimigo do Homem, e é vosso fim confesso destruir toda virtude."

Satanás moveu-se, angustiosamente, erguendo-se sobre um dos cotovelos, e respondeu: ¿O senhor não sabe o que está dizendo, nem compreende o crime que comete contra si mesmo. Preste atenção, que lhe contarei a minha história. Eu hoje andava, só, por este vale solitário. Quando cheguei a este lugar, um grupo de anjos desceu para atacar-me e feriu-me seriamente. Não fosse por um deles, que portava uma espada flamejante de dois gumes, eu os teria posto a correr; mas não pude enfrentar a espada reluzente."

Satanás parou de falar por um momento, apertando a mão trêmula contra uma profunda ferida que tinha num dos lados. E continuou: "O anjo armado - creio que era Miguel - portou-se como um hábil gladiador. Se eu não me tivesse atirado a este chão amigo, ele me teria matado estupidamente."

Com ares de triunfo, o Padre ergueu os olhos aos céus e disse: "Bendito o nome de Miguel, que salvou a Humanidade de seu asqueroso inimigo".

Mas Satã protestou: "Meu desdém pela humanidade não é maior do que o seu ódio a si mesmo. O senhor está abençoando Miguel que nunca veio em seu auxílio... O senhor me está xingando na hora de minha derrota, embora eu fosse, e ainda seja, a fonte de sua tranqüilidade e felicidade... O senhor me nega a sua bênção e não me oferece a sua bondade, mas vive e prospera à sombra da minha existência. O senhor adotou, com a minha existência, uma desculpa e uma arma para a sua carreira, e usa o meu nome para justificar os seus atos. Não indica o meu passado que o senhor precisa do meu presente e meu futuro? Já atingiu o senhor os seus cálculos na acumulação da fortuna desejada? Acha o senhor impossível extorquir mais ouro e prata de seus seguidores, usando o meu nome como ameaça?"

"Não compreende o senhor que morreria de fome, se eu morresse? Que faria o senhor amanhã, se permitisse que eu morresse hoje? Que vocação, buscaria o senhor, se meu nome desaparecesse? Há décadas vem o senhor percorrendo estas aldeias, aconselhando o povo a que não caia nas minhas mãos. Todos têm comprado os seus conselhos com os seus pobres denários e com os produtos de sua lavoura. Que comprariam do senhor amanhã, se descobrissem que o seu cruel inimigo não existia mais? Sua profissão acabaria comigo, pois todos se salvariam do pecado. Como sacerdote não compreende o senhor que só a minha existência criou a minha grande inimiga, a Igreja? Este velho conflito é a mão secreta que tira o ouro e a prata do bolso dos fiéis e o deposita para sempre no bolso do pregador e do missionário.

Como permitiria o senhor que eu morresse aqui, quando sabe que com isto o senhor perderia, sem dúvida, o seu prestígio, a sua igreja, a sua casa, o seu meio de vida?"

Satanás permaneceu em silêncio por um momento e sua humildade converteu-se logo em confiante independência, e continuou: "Padre, o senhor é orgulhoso, mas ignorante. Contar-lhe-ei a história da crença; nela encontrará a verdade que reúne os nossos seres e liga a minha existência à sua própria consciência.

"No primeiro momento do começo do tempo o homem se pôs de pé, diante da face do sol, ergueu os braços e exclamou pela primeira vez: atrás dos céus há um grande Deus, amoroso e benevolente. Então o homem virou-se para o grande círculo da luz, viu a sua sombra sobre a terra e bradou: "Nas profundezas da terra há um demônio horrível que ama a iniquidade."

E o homem seguiu para a caverna, murmurando para consigo mesmo que estava entre duas forças antagônicas, uma em que deveria buscar refugio e outra contra a qual deveria lutar. E as idades passaram em procissão, enquanto o homem vivia entre duas forças, uma que ele abençoava, porque o exaltava, e outra que amaldiçoava, porque ela o amedrontava. Mas ele nunca percebeu o sentido de uma bênção ou de uma maldição; ele estava entre as duas, como uma árvore, entre o verão, quando a terra floresce, e o inverno, quando a terra é fria.

"Quando o homem assistiu à aurora da civilização, que é entendimento humano, a família, como uma unidade, apareceu. Então vieram as tribos, quando o trabalho foi dividido de acordo com a habilidade e a inclinação de cada um. Uns cultivavam a terra, outros construíam habitações, outros, ainda, teciam roupas, ou saíam à caça, em busca de alimento . Em seguida a arte da adivinhação apareceu na terra, e esta foi a primeira carreira adotada pelo homem sem maior urgência ou necessidade".

Satanás cessou de falar por um momento. E logo riu; a sua gargalhada sacudiu todo o vale; mas a sua risada o fez lembrar-se de suas feridas, e apertou o lado em que sentia dor. Ele procurou firmar-se e continuou: "A adivinhação apareceu e se desenvolveu na terra de uma maneira estranha.

"Houve um homem, na primeira tribo, chamado La Wiss. Não sei qual a origem do seu nome. Ele era uma criatura inteligente, mas extremamente ociosa, e detestava o trabalho do cultivo da terra, construção de habitações, criação de gado ou qual quer outra atividade que exigisse movimento ou exercício do corpo. E porque, durante aquela era, o alimento não se podia conseguir sem um trabalho árduo, La Wiss dormiu muitas noites de estômago vazio.
"Numa noite de verão, quando os membros do seu clã se reuniram ao redor da tenda de seu Chefe conversando sobre os trabalhos do dia, à espera da hora de dormir, um homem, de repente, deu um pulo, apontou para a lua e exclamou: "Olhem para a Deusa da Noite! Sua face escureceu, sua beleza se esvaiu, ela tornou-se numa grande rocha preta, pendente da cúpula do céu!"

"A multidão olhou para a lua, soltou um grito e tremeu de medo, como se as mãos das trevas lhe tivessem apertado os corações pois todos viram a Deusa da Noite tornar-se, vagarosamente, numa bola escura que mudava a fisionomia clara da terra e fazia com que os vales e as montanhas diante de seus olhos desaparecessem atrás de um negro véu.

"Nesse momento, La Wiss, que já tinha visto antes um eclipse, e compreendia a sua causa simples, deu um passo em frente, para valer-se dessa oportunidade.

"Ergueu-se no meio da multidão, levantou as mãos para os céus e em voz possante dirigiu-se aos circunstantes, dizendo: "Ajoelhai-vos e orai, pois o Deus Mau das Trevas está em luta com a Deusa Iluminadora da Noite. Se o Deus Mau a vencer, nós todos pereceremos; mas, se a Deusa da Noite triunfar sobre ele, permaneceremos vivos. Orai, agora, e adorai... Cobri vossos rostos com terra. Fechai os olhos e não levanteis a cabeça para os céus, pois quem vir os dois lutando perderá a vista e o juízo, ficará cego e louco pelo resto da vida!

Dobrai as cabeças e de todo coração incitai a Deusa da Noite contra o seu inimigo, que é, também, nosso inimigo mortal!"

"Assim La Wiss continuou a falar, usando muitas palavras de sentido hermético de sua própria invenção, as quais ninguém nunca tinha antes ouvido.

"Após esta astuciosa trapaça, quando a lua tinha voltado ao seu prévio esplendor, La Wiss ergueu a voz mais alto do que antes e disse, impressionantemente: "Levantai-vos, agora, e olhai para a Deusa da Noite, que triunfou sobre o seu maldoso inimigo Ela está reencetando a sua jornada entre as estrelas. Saiba-se que, por vossas orações, vós a ajudastes a vencer o Demônio das Trevas. Ela está satisfeita agora e mais brilhante do que nunca."

"A multidão ergueu-se e contemplou a lua, que brilhava em toda a sua plenitude. Os receios da multidão tornaram-se em tranqüilidade, e a confusão reinante converteu-se em alegria. Começaram todos a dançar e cantar, batendo com seus grossos bastões em lâminas de ferro, enchendo os vales com seu clamor e euforia.

"Naquela noite o Chefe da Tribo chamou La Wiss e disse-lhe: "Você fez uma coisa que nenhum homem jamais fizera. Você demonstrou o conhecimento de um segredo escondido que ninguém entre nós conhece. Refletindo a vontade de meu povo, você será o membro mais alto de nossa hierarquia, depois de mim. Eu sou o mais forte; você será o mais sábio e o mais letrado. Você será o medianeiro entre o nosso povo e os deuses, cujos atos e desejos deverá interpretar, e você nos ensinará aquelas coisas necessárias a conquistar-lhes as bênçãos e o amor."

"E La Wiss astutamente assegurou: "Tudo o que o Deus Humano me revelar, em meus sonhos divinos, trarei a vós, quando acordar, e podeis confiar em que agirei diretamente entre vós e Ele.

"O Chefe confiou em La Wiss e deu-lhe dois cavalos, sete vitelas, setenta ovelhas e setenta carneiros; e dirigiu-se a ele, dizendo-lhe: "Os homens da tribo construirão para você uma boa casa e dar-lhe-ão, ao fim de cada estação, uma parte da colheita, de modo que você poderá viver como um Senhor honrado e respeitado".

"La Wiss levantou-se para sair, mas o Chefe o interrompeu, dizendo: "Quem é aquele que você chama de "Deus Humano"? Quem é este Deus corajoso que luta com a gloriosa Deusa da Noite? Nunca tomamos conhecimento dele antes."

"La Wiss esfregou a testa e respondeu, dizendo:

"Meu honrado Senhor, antigamente, antes da criação do homem, todos os deuses viviam pacificamente, num mundo superior, além da vastidão das estrelas. O Deus dos deuses era o pai deles, sabia o que eles não sabiam e fazia o que eles eram incapazes de fazer. Ele conservava só para Si os segredos divinos que existiam além das leis eternas. Durante a sétima época da décima segunda idade, o espírito de Bahtaar, que odiava o grande Deus, revoltou-se. Ergueu-se diante de seu pai e disse: "Por que guardais só para vós mesmo o poder de grande autoridade sobre as criaturas, escondendo de nós os segredos e as leis do Universo? Não somos nós vossos filhos que acreditam em vós e participam convosco do grande entendimento e do ser perpétuo?

"O Deus dos deuses ficou enraivecido e disse: "Eu preservarei para num o poder primário, a grande autoridade e os segredos essenciais, porque eu sou o começo e o fim."

"Bahtaar respondeu: "A não ser que eu participe convosco de vosso poder e força, eu e meus filhos e os filhos de meus filhos nos revoltaremos contra vós."

"Neste instante o Deus dos deuses ergueu-se de seu trono dos céus profundos e desembainhou a espada, tomando o sol como um escudo; e com voz tonitruante, que sacudiu os recônditos da eternidade, exclamou, dizendo: "Descei, vós, rebelde, maldito, para o horroroso mundo inferior, onde existem as trevas e a miséria! Lá permanecereis exilado, vagando, até que o sol se torne em cinzas, e as estrelas era partículas dispersas!"

"Naquela hora, Bahtaar desceu do mundo superior para o mundo inferior, onde habitam todos os espíritos maus. Pelo que ele jurou, pelo segredo da Vida, que lutaria contra o seu Pai e seus irmãos, enganando toda alma que o amasse.

"Ouvindo isto, o Chefe franziu a testa e empalideceu. E perguntou: "Então o nome do Deus do Mal é Bahtaar?" "Seu nome era Bahtaar", disse La Wiss, "quando ele estava no mundo superior; mas, quando desceu para o mundo inferior, adotou, sucessivamente, os nomes de Belzebu, Satanásás, Balial, Zamil, Arimã, Mara, Abdon, Demônio e, finalmente, Satanás, que é o mais famoso."

"O chefe repetiu a palavra "Satanás" muitas vezes, com uma voz entrecortada que soava como o farfalhar de galhos secos ao perpassar do vento. E disse então: "Por que Satanás odeia os homens tanto quanto odeia os deuses?"

E La Wiss respondeu prontamente: "Ele odeia o homem porque o homem é descendente dos seus irmãos e irmãs". O Chefe exclamou: "Então Satanás é parente do homem!"

"Numa voz que era um misto de aborrecimento e confusão, ele replicou: "Sim, Senhor, mas ele é o grande inimigo que lhe enche os dias de miséria e as noites de sonhos horrorosos. Ele é o poder que dirige as tempestades para os seus telhados, traz fome às suas terras e doenças para as suas famílias e animais. Ele é um deus mau e poderoso. Ele é malvado e se regozija quando estamos tristes e chora quando estamos alegres. Precisamos, por meio de meus conhecimentos, examiná-lo detidamente, a fim de evitarmos os seus danos. Precisamos estudar o seu caráter, de modo a não trilharmos pelo seu caminho cheio de armadilhas."

"O Chefe descansou a cabeça no seu grosso cajado e suspirou, dizendo: "Aprendi agora o segredo íntimo daquele poder estranho que dirige as tempestades para as nossas casas e traz a pestilência sobre nós e o nosso gado. O povo aprenderá tudo o que aprendi agora e La Wiss será abençoado, honrado e glorificado por lhe revelar o mistério de seu poderoso inimigo e resguardá-lo do caminho do mal."

"La Wiss deixou o Chefe da Tribo e foi para o seu retiro, feliz pela sua astúcia e intoxicado do vinho de seu prazer e de sua fantasia. Pela primeira vez o Chefe e todos os da sua tribo passaram a noite rolando em suas camas, rodeados de fantasmas horrorosos, espectros temíveis e sonhos perturbadores.

Satanás cessou de falar por um momento, enquanto o Padre Samaan olhava para ele inteiramente confuso; e nos lábios do Padre brotou o sorriso doentio da Morte. Então Satã continuou: "Foi assim que a adivinhação apareceu nesta terra e foi assim a minha existência a causa de seu aparecimento. La Wiss foi o primeiro que adotou a minha crueldade como motivo para a sua vocação.

"Depois da morte de La Wiss esta ocupação espalhou-se por meio de seus filhos e aperfeiçoou-se até que se tomou uma profissão perfeita e divina exercida por aqueles cujas mentes se impregnem de sabedoria, cujas almas sejam nobres, cujos corações sejam puros e cuja imaginação seja fértil.

"Na Babilónia o povo curvava-se sete vezes em adoração frente ao sacerdote que me combatesse com os seus cânticos. Em Nínive, considerava-se o homem que pretendesse conhecer os meus mais íntimos segredos um elo de ouro entre Deus e o homem. No Tibete chamavam a pessoa que lutasse comigo "filho do sol e da lua". Em Biblo, Êfeso e Antioquia ofereciam-se vidas de crianças como sacrifício aos meus adversários. Em Jerusalém e em Roma havia os que colocavam as suas vidas nas mãos daqueles que se diziam meus inimigos e lutavam contra mim com todas as suas forças.

"Em toda cidade debaixo do sol meu nome era a mola dos sistemas de educação religiosa, artística e filosófica.

"Se não fosse eu, não se teriam construído templos nem se teriam erguido torres e palácios. Eu sou a coragem que dá resolução ao homem. Eu sou a fonte que provoca originalidade de pensamento. Eu sou a mão que move a mão dos homens. Eu sou Satanás... eterno. Eu sou Satanás que os homens combatem para que possam viver. Se eles cessarem de lutar contra mim, a preguiça amortecer-lhes-á as mentes, os corações e as almas, de acordo com misteriosas penalidades de seus incríveis mitos.

"Eu sou a tempestade muda e raivosa que agita as mentes dos homens e os corações das mulheres. Com medo de mim visitarão lugares santos, para condenar-me, ou lugares de pecado, para me agradarem, entregando-se à minha vontade. O monge que ora no silêncio da noite, para afugentar-me da sua cama, é semelhante à prostituta que me convida para a sua alcova. Eu sou Satanás, sem fim, eterno.

"Eu sou o construtor de conventos e mosteiros, em função do medo. Construo tavernas e casas de perdição em função do vício, do prazer barato. Se eu cessar de existir, o medo e o prazer serão abolidos do mundo e, pelo seu desaparecimento, os desejos e as esperanças cessarão também de existir no coração humano. A vida tomar-se-á vazia e fria, harpa de cordas partidas. Eu sou Satanás - eterno.

"Eu sou a inspiração da Falsidade, da Injúria, da Traição, do Engano, do Deboche, e se estes elementos fossem removidos deste mundo a sociedade humana tornar-se-ia um campo deserto em que nada medraria, senão espinhos de virtude. Eu sou Satanás eterno.
"Sou o pai e a mãe do pecado, e se o pecado desaparecesse os inimigos do pecado desapareceriam com ele, com as suas famílias e suas organizações.

"Sou o coração de todo mal. Desejaria o senhor a cessação do movimento humano pela cessação das minhas pulsações? Aceitaria o senhor o efeito, depois de destruída a causa? Eu sou a causa! Consentiria que eu morresse nesta solidão deserta? Desejaria romper os laços que existem entre o senhor e mim? Responda-me, Clérigo!"

Satã estendeu os braços, dobrou a cabeça para a frente e suspirou profundamente. A face tomou-se-lhe de um cinzento-azulado, e ele pareceu uma daquelas estátuas egípcias abandonadas pelos séculos às margens do Nilo.

Então fitou os olhos brilhantes no rosto do Padre Samaan e disse, balbuciante: "Estou cansado e fraco. Errei, usando as minhas forças esvaecentes para falar de coisas que o senhor já sabia. Agora faça o que lhe aprouver. O senhor pode levar-me para a sua casa e tratar-me as feridas, ou deixar-me morrer neste lugar."

O Padre Samaan estremeceu-se todo e esfregou nervosamente as mãos, e com ares de desculpas na voz, disse: "Sei agora o que não sabia há uma hora. Perdoai-me a ignorância. Sei que a vossa presença neste mundo provoca a tentação e que a tentação
é a medida com que Deus julga o valor da alma humana. É uma balança que Deus Todo-poderoso usa para pesar os espíritos. Estou certo de que, se morrerdes, a tentação morrerá e, com o seu desaparecimento, a morte destruirá o idealismo, que eleva e alerta o homem.

"Vós precisais viver, pois, se morrerdes, e os homens o souberem, seu medo do inferno desaparecerá, e eles deixarão de orar, pois nada seria pecado. Precisais viver, pois em vossa vida está a salvação da humanidade, do vício e do pecado.

"Quanto a mim, sacrificarei o meu ódio a vós no altar do meu amor ao homem."

Satanás deu uma gargalhada que sacudiu violentamente o chão e disse: "Como o senhor é um homem inteligente. Padre! E que conhecimentos admiráveis o senhor possui de fatos teológicos! O senhor encontrou, pelo poder de sua inteligência, uma finalidade para a minha existência que eu mesmo não tinha percebido antes, e agora compreendemos a nossa necessidade mútua.

"Aproxime-se de mim, meu irmão. As trevas estão cobrindo as campinas, e metade do meu sangue já se derramou nas areias deste vale, e nada sobra de mim senão os restos de um corpo alquebrado que a Morte arrematará, a não ser que o senhor me ajude."
O Padre Samaan dobrou as mangas de sua túnica, aproximou-se, pôs Satanás nas costas e caminhou para casa.

No seio daqueles vales, engolfados de silêncio e embelezados com o véu da escuridão, o Padre Samaan caminhou para a aldeia, as costas dobradas ao peso de sua carga. Sua batina preta e as longas barbas ficaram salpicadas de sangue que escorria sobre ele, mas caminhava afoito, lábios balbuciantes em fervente prece pela vida de Satanás agonizante...



Satanás, na visão cristã



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