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domingo, 17 de fevereiro de 2013

ROBERT GREEN INGERSOLL (1833-1899)



Esta biografia foi preparada por Afonso M. C. Amorim.




Robert Green Ingersoll é muito pouco conhecido atualmente. Entretanto, ele era o mais famoso orador porta-voz político norte-americano do século passado. Talvez o mais conhecido norte-americano na era pós guerra civil.


Ingersoll nasceu em Dresden, Nova York em 1833. Seu pai era um pastor presbiteriano que mudava constantemente de congregação. Os Ingersolls deixaram Dresden quando o pequeno Robert era ainda um bebê de menos de quatro meses. Ingersoll ficaria famoso como morador da cidade de Peoria, Illinois; em Washington; e finalmente em Nova York. Entretanto, a casa de nascimento de Ingersoll persiste como o único local em que residiu que está aberta à visitação pública, como uma homenagem.


Ingersoll ingressou na vida pública em Peoria, Illinois, como advogado. Depois de relevantes serviços na guerra civil, ele serviu como procurador geral em Illinois. Politicamente ele se aliou aos republicanos, o partido de Lincoln, que naqueles dias eram a voz do modernismo. Os discursos inflamados de Ingersoll logo fizeram dele o mais requisitado orador em favor dos candidatos republicanos, e suas causas. Sua carreira como jurista foi destacada. Ele montou uma defesa bem sucedida de dois homens falsamente acusados no escândalo Star Route, talvez o mais controvertido processo político do final do século passado.

 
Mas foram seus discursos privados que o tornaram famoso. Em turnês freqüentes em percorreu os EUA de costa a costa e discursava perante platéias que lotavam casas de espetáculo, falando sobre tópicos que variavam de Shakespeare, ciência e religião. Numa época em que a oratória era a forma predominante de entretenimento público, Ingersoll era o inigualável mestre dos oradores americanos. Ingersoll era amigo de presidentes, de literatos famosos como Mark Twain, capitães da indústria, como Andrew Carnegie, e figuras destacadas nas artes. Ele era também admirado por reformadores como Elizabeth Cady Stanton. Outros americanos se consideravam seus inimigos. Ele se opôs energicamente contra os Direitos Religiosos de sua época. Ele foi um dos primeiros divulgadores dos trabalhos de Charles Darwin, e um incansável defensor da ciência e da razão. Mais ainda, ele defendia os direitos das mulheres e dos negros.

 

O NASCIMENTO E A JUVENTUDE DE INGERSOLL

Robert Ingersoll nasceu em 11 de Agosto de 1833, o mais jovem de cinco filhos de John e Mary Ingersoll. John Ingersoll era um pastor presbiteriano. Era um homem que acreditava, nas palavras de ElbertHubbard, que "tudo aquilo que desse prazer, não era totalmente bom". Segundo se dizia, era um pastor severo e independente. John Ingersoll pregava o abolicionismo tão energicamente, que freqüentemente as congregações o demitiam. Em Dresden ocorreu o mesmo; os Ingersolls deixaram a cidade antes de Robert ter completado quatro meses de idade. Mary Ingersoll morreu aos trinta e um anos de idade, quando Robert tinha ainda um ano e meio de idade. Reverendo Ingersoll e os cinco filhos continuaram a peregrinar. Durante a infância de Robert a família viveu em diferentes comunidades em Nova York, Ohio e Wisconsin. Robert recebeu pouca escolaridade formal. Ele viu pela primeira vez os bancos de uma sala de aula convencional quando tinha quinze anos, enquanto sua família estava residindo em Waukesha, Wisconsin.

Mais tarde ele iria afirmar que sua real educação começou quando ele estava esperando numa loja e encontrou um livro de poesias de Robert Burns.


Por fim a família veio para Seattle, Illinois. Nesta cidade, Robert Green Ingersoll, agora um rapaz, decidiu procurar seu destino. Ele tinha herdado a habilidade do pai na oratória, já tinha visto o suficiente sobre o que representava a vida errante de um pregador. Ele se praticou seguidamente a profissão das leis com dois advogados, e desta maneira, ele se qualificou para a prática da profissão.


OS ANOS EM PEORIA COM SEU IRMÃO EBON CLARK INGERSOLL

Ingersoll iniciou a prática da advocacia na cidadezinha de Peoria, Illinois. Seu escritório prosperou. Ambos os irmãos se tornaram ativos namilitância política local.


Em 1862 Robert Ingersoll ingressou no 11º Regimento de Cavalaria de Illinois, e chegou ao posto de Coronel. O Regimento de Ingersoll lutou com distinção na batalha de Shiloh durante a guerra da secessão. Logo em seguida Ingersoll foi capturado. Como geralmente ocorria com oficiais no início da guerra, Ingersoll foi colocado em liberdade condicional: foi libertado na condição de não lutar mais.

Ingersoll construiu a fama de orador durante e depois da guerra Em 1867, ele foi nomeado o primeiro procurador geral do Illinois. Este foi o primeiro - e o último - cargo público que ocupou. Os discursos de Ingersoll tiveram um papel fundamental na campanha congregacional do irmão Ebon. Em 1868 Ingersoll foi indicado representante político dos republicanos, mas não aceitou a missão quando foi proibido de discursar sobre temas polêmicos, como direitos das mulheres e religião.



INGERSOLL E A POLÍTICA


Ingersoll foi o mais conhecido orador político da América no século XIX. Em 1876 ele fez um discurso na convenção nacional republicana em Cincinatti, Ohio, nomeando James G. Blaine para a presidência. O partido nomeara, em vez disso, Rutherford Hayes, mas o discurso marcante de Ingersoll -- desde então conhecido como o discurso do Cavaleiro com plumas, foi considerado, durante as décadas seguintes como o discurso político da época. Candidatos procuravam avidamente os serviços de Ingersoll. Ele trabalhava para qualquer candidato presidencial republicano, de Grant a MacKinley. Entretanto, devido a seus pontos de vista controvertidos, Ingersoll nunca foi convidado a participar de cargo público por nenhum dos políticos cujos mandatos ele ajudou a conquistar.


INGERSOLL E A LEI


A prática da advocacia deu mais fama ainda a Ingersoll. Começando em1880, ele defendeu Thomas J. Brady e Stephen W. Dorsey, no famoso escândalo de Star Route. O caso Star Route que dizia respeito a corrupção em correios no interior, foi o escândalo Watergate daquela época. A nação assistia a habilidade do advogado conduzindo aquele que seria o mais longo julgamento da história americana. Depois de meses de batalha, Ingersoll conseguiu a absolvição dos seus clientes. Charges da época sugeriram que o julgamento fizeram de Ingersoll um homem rico. Na verdade ele foi pago apenas com um rancho no Novo México, de utilidade duvidosa.

 
Em 1886 Ingersoll se ofereceu para a defesa gratuita de Charles B.Reynolds, um proeminente livre-pensador que havia sido preso em Boonton, New Jersey, sob a arcaica acusação de blasfêmia. Reynolds foi indiciado, e Ingersoll pagou do próprio bolso os 50 dólares de fiança. Mas Ingersoll ironizou de tal maneira a idéia da blasfêmia num código de leis de uma sociedade livre, que desde então em poucos estados se viram outros processos por blasfêmia.


UM ORADOR FASCINANTE


Entre 1865 e 1899 Ingersoll percorreu todos os EUA em mais de doze turnês. Ele enchia os maiores teatros da época, cobrando um dólar deingresso. Ingersoll fazia discursos de três a quatro horas, de improviso. Nenhum outro ser humano foi mais visto e ouvido do que ele -- até o advento do rádio e TV. Seus assuntos variavam entre Shakespeare, Burns e religião, de política e questões morais, das vidas de famosos patriotas e cientistas. Entre seus mais conhecidos discursos, estavam "Os deuses","Fantasmas", "Humboldt", "Shakespeare", e "O que devemos fazer para sermos salvos?".

Ingersoll foi admirado por líderes contemporâneos em todos os campos de atuação. Entre seus admiradores, estavam o presidente James Garfield, poeta Walt Whitman, General Ulysses Grant, industrial-filiantropo AndrewCarnegie, inventor Thomas Edison, pastor Henry Ward Beecher. Samuel Clemens (Mark Twain), era particularmente impressionado com Ingersoll. Depois de ouvir um discurso de Ingersoll, ele escreveu à sua esposa Olivia Langdon Clemens: "Que órgão maravilhoso é o da fala, quando manobrado por um mestre!".

 

QUANTOS RETORNOS À TERRA NATAL


Ingersoll parece ter retornado à sua terra natal apenas uma vez. Ele discursou para 8000 admiradores em Yates County Fair em Penn Yan, duas milhas distante de sua região de nascimento, em 1º de Outubro de 1899. Em1951 em Geneva, N.Y., jornais publicaram a alegação de que Ingersoll havia retornado a Dresden cedo na sua carreira, fazendo um comovedor Dia de Recordações em 1866. Páginas manuscritas deste discurso com letra semelhante à sua existem até hoje. Se o relato de 1951 for comprovado,este pode ser considerado a primeiro discurso melodramático que se tornaram a marca registrada de Ingersoll em toda a sua vida. E o lugar se ajusta claramente ao seu lugar de nascimento.



AS RESIDÊNCIAS DE INGERSOLL DEPOIS DE DEIXAR PEORIA


Ingersoll morou também em Washington e Nova York. Nenhuma dessas casas resiste até hoje. Sua casa de tijolos aparentes em Nova York foi demolida nos anos 20 para dar lugar ao Hotel Gramercy Park. Os seus admiradores colocaram uma placa em sua memória quando o hotel foi inaugurado. Anos depois a placa foi vandalizada e teve de ser removida. O Comitê da Memória de Robert Green Ingersoll colocou uma nova placa na área externa do mesmo hotel em 1988.



MORTE E LEMBRANÇAS


Ingersoll faleceu de insuficiência cardíaca em 21 de Julho de 1899, na espaçosa casa de seu genro em Dobbs Ferry-on-Hudson, Nova York . Ele tinha 65 anos de idade A casa onde morreu permanece de pé, mas foi convertida em condomínio. Não está aberta ao público, e não possui nenhuma placa comemorativa. Ingersoll foi sepultado com honras militares no Cemitério Nacional de Arlington, Virginia, onde sua grande lápide ainda pode ser vista. Pouco tempo depois de sua morte, seus trabalhos completos foram reunidos e publicados pelo seu cunhado Clinton P. Farrell. A rica edição de 12volumes ficou conhecida como a Edição de Dresden, em homenagem à sua cidade de nascimento. A Edição Dresden foi reimpressa diversas vezes. As últimas edições contêm a biografia de Ingersoll feita por Herman Kittredge, formando um terceiro volume.



QUEM "BOB" NÃO ERA


Robert Ingersoll é freqüentemente confundido com dois outros famosos Ingersolls do século XIX. A companhia de Relógios Ingersoll vendia valiosos relógios de bolso ao preço de um dólar. Apesar de Robert e o fundador da companhia terem tido o mesmo ancestral, não havia outra conecção entre eles. Robert Ingersoll não tinha também nenhuma ligação coma Companhia Ingersoll-Rand, um fabricante de compressores e equipamentos de construção ainda em atuação até o presente.




FRASES DE ROBERT INGERSOLL




A inspiração da Bíblia depende da ignorância da pessoa que a lê".Robert G. Ingersoll político e professor Americano.


"Não acredito em nenhum deus, em nenhuma religião. Mas eu tenho um credo: sejamos felizes e façamos aos outros felizes. Não é muita coisa, mas é o suficiente para esta vida. Se houver outra vida, ao lá chegarmos pensaremos em alguma lei apropriada" Robert G. Ingersoll político e professor Americano.

A Religião persegue, tortura e queima quem discorda dela. A Ciência e a Filosofia nunca mataram ninguém, apenas buscam descobrir as leis da natureza (Robert G. Ingersoll)

“Se Cristo realmente disse “Eu não vim trazer a paz, mas a espada”, esta é a única profecia do Novo Testamento que se cumpriu.”

"A religião nunca será capaz de reformar a humanidade porque religião é uma escravidão". [Robert Green Ingersoll (1833-1899)].


"Deus disse aos judeus que matassem todos os hereges, todos os que adorassem outro deus. Então ele enviou seu filho ao mundo para pregar uma nova religião. Se os judeus o mataram, eles não fizeram mais do que cumprir seu mandamento e Deus não pode se queixar". [Robert Green Ingersoll].


"Quem seguisse hoje o que manda o Antigo Testamento seria preso como criminoso. Quem seguisse o Novo Testamento seria declarado louco". [Robert G. Ingersoll, Third Interview on Rev. Talmadge, 1882].



"Por que somos tão presunçosos a ponto de achar que um ser infinito precisa do nosso louvor?" [Robert Green Ingersoll].


"Parece-me que tudo o que é necessário para convencer uma pessoa razoável de que a Bíblia é uma simples invenção humana - uma invenção de bárbaros - é lê-la. Leia a Bíblia como você leria qualquer outro livro. Pense nela como você pensaria a respeito de qualquer outro. Tire dos olhos a venda do respeito reverente. Tire do coração o fantasma do medo e expulse do trono do seu cérebro a serpente da superstição. Leia então a Santa Bíblia e você se espantará por ter, algum dia, suposto que um ser de infinita sabedoria, bondade e pureza foi o autor de tal ignorância e tal atrocidade". [Robert Green Ingersoll (1833-1899), norte-americano, livre pensador, agnóstico, no livro "The Gods" ("Os deuses"), 1872].