O patriarcado
primitivo e a primazia papal.
A classe dominante da Igreja Católica
Apostólica Romana, vem divulgando durante séculos, que os Papas, legítimos
sucessores de Pedro, sempre exerceram a sua autoridade suprema sobre a Igreja
Católica.
Para tirar a limpo essa falsa informação,
hoje resolvi escrever um pouco sobre os concílios. Uma breve síntese, apenas
para demonstrar na verdade, quem mandava na Igreja Católica.
O Primeiro Concílio Ecumênico realizou-se na cidade de Nicéia, no ano 325, convocado pelo
imperador Constantino Magno. Deliberou sobre o erro de Ário,
sacerdote de Alexandria, que se referia a Jesus Cristo somente como um homem
inspirado por Deus e não a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Assim as
idéias de Ário foram condenadas como doutrina errônea e foram criados os sete
primeiros pontos do Credo que professamos.
O Segundo Concílio Ecumênico realizou-se no ano 381, conhecido como Constantinopla I, que foi convocado pelo imperador Teodósio e que condenou outro erro grave de Macedônio, Arcebispo de
Constantinopla, que negava que o Espírito Santo fosse Deus, quer dizer, a
Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que é a base da fé cristã. Neste
Concílio completou-se o Credo - " Niceno-Constantinopolitano", o que
se professa até hoje.
O Terceiro Concílio Ecumênico realizou-se em Éfeso, no ano 431, convocado pelo imperador Teodósio
II, no seu nome e do imperador Valentiniano III do Império Romano Ocidental, para condenar Nestório, Arcebispo de
Constantinopla, que propagava a crença de que a Virgem Maria não era Mãe de
Deus, quer dizer da Segunda Pessoa de Deus, mas somente de um homem chamado
Jesus, mais uma vez negando a divindade do Senhor Jesus. De acordo com
Nestório, o homem chamado Jesus era simplesmente unido a Deus de modo
espiritual e não era necessariamente o seu Filho.
O Quarto Concílio Ecumênico realizou-se em Calcedônia, no ano 451, convocado pelo imperador
Marquiano, no seu nome e do imperador do
Império Romano Ocidental. Este Concílio julgou Eutiques, monge de
Constantinopla, que combateu Nestório de maneira equivocada, negando a
humanidade de Jesus que está bem clara nas Sagradas Escrituras. Esta doutrina
errônea chama-se Monofisitismo que vem do grego e significa "uma só
natureza". Neste Concílio foi definitivamente estabelecido que Jesus tem
duas naturezas, a Divina e a humana, sendo perfeitamente homem e Perfeitamente
Deus.
O Quinto Concílio Ecumênico,
Constantinopla II, realizou-se no ano 553. Foi convocado pelo imperador
Justiniano. Este Concílio condenou as obras
escritas pelos seguidores do herege Nestório.
O Sexto Concílio Ecumênico,
Constantinopla III, realizou-se no ano 680. Foi convocado pelo imperador
Constantino, Barbudo. Este Concílio combateu a corrente
chamada Monotelista, que defendia a ideia de Cristo ter uma só vontade, a
Divina, e que a vontade humana estava perfeita e absolutamente sujeita a esta
Vontade Divina. Na verdade, a dualidade de vontades em Jesus Cristo não é contrariada uma pela outra,
estando a vontade humana sujeita a Vontade Divina. (Lc 22,42). É nesta época
que surge, historicamente, o Islamismo, analisado neste Concílio. Outro objeto
de análise foi o destaque dado às novas Regras Apostólicas, transformadas no principal
documento legislativo da Santa Igreja Ortodoxa (Nono Cânon).
O Sétimo Concílio Ecumênico,
Nicéia lI, realizou-se no ano 787. Foi convocado pela imperatriz Irene, em seu nome e do seu filho
Constantino, para condenar um grupo de iconoclastas que queriam proibir a
veneração dos santos Ícones. Neste Concílio definiu-se e deliberou-se a
doutrina ortodoxa da veneração dos Ícones.
O Oitavo Concílio Ecumênico,
Constantinopla convocado pelo imperador bizantino Basílio I, entre 5 de outubro de 869 e 28 de
fevereiro de 870. Compareceram 102 bispos, 3 legados papais e 4 patriarcas. O concílio se reuniu em 10 sessões e
emitiu 27 cânones.
Ele depôs Fócio, um leigo que havia
sido consagrado Patriarca de Constantinopla, e
restaurou seu antecessor, Inácio. Ele também reafirmou as
decisões do Segundo Concílio de Niceia em apoio aos ícones e imagens sagradas, além de exigir que a imagem de Cristo tenha a mesma
veneração que o Evangelho.
O Primeiro Concílio de Latrão, de 1123, foi um concílio ecumênico da Igreja Católica. Ele foi convocado pelo Papa Calisto II em dezembro de 1122, imediatamente após a concordata de Worms. Os objetivos do concílio eram
diversos, mas principalmente acabar com a prática de conferir benefícios para pessoas leigas, eliminar a
influência secular nas eleições de bispos e abades, separar claramente os assuntos espirituais dos temporais,
restabelecer o princípio de que a autoridade sobre os assuntos espirituais
reside unicamente na Igreja e, finalmente, abolir completamente a influência
dos imperadores nas eleições papais.
O concílio contou com a presença de 300 bispos e mais de
600 abades, todos reunidos em Roma em março de 1123, o que é um tamanho
considerável em comparação com os concílios realizados até então. Calisto
presidiu os trabalhos pessoalmente, durante os quais as decisões da concordata
de Worms foram lidas e ratificadas, assim como diversas outras
decisões foram tomadas.
A QUERELA DAS INVESTIDURAS E A CONCORDATA DE
WORMS.
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Entende-se por querela, discussão, conflito, queixa. A querela das
investiduras foi um movimento no qual a Igreja protestava contra a nomeação de
bispos e papas pelo Imperador.
No século X, o poder papal estava enfraquecido. A situação se encontrava
tão embaraçosa que os imperadores germânicos nomearam doze papas e excluíram
cinco.
O principal conflito começou em 1075 entre o Papa São Gregório VII,
e Henrique IV, Sacro Imperador Romano. Outra luta breve, mas significativa
sobre as investidura também ocorreu entre o Papa Pascoal
II e Henrique I de Inglaterra (sogro de Henrique V, Sacro
Imperador Romano-Germânico, filho de Henrique IV) e em 1103-1107,
a controvérsia também ocorreu entre Igreja e Estado na França. A polêmica
foi finalmente resolvida pela Concordata de Worms em 1122.
O imperador do Sacro Império Romano Germânico, em cujos domínios
havia grande número de feudos religiosos. Henrique IV, em defesa da
autoridade imperial, declarou que a investidura deveria ser dada pelo
imperador. Surgia, assim, a questão das investiduras e iniciava-se
a luta entre o império e o papado.
Revoltados, os clérigos da Abadia de Cluny, na França,
manifestaram-se exigindo maior autonomia à Igreja, que queria tomar o poder de
escolha de seus membros para si. Durante o reinado de Henrique IV, o conflito
entre as partes chegou ao seu ápice.
Em 1058 foi criado o Colégio dos
Cardeais. O papa Nicolau II, seu criador, tinha como prioridade dar aos
clérigos o direito soberano de escolha dos líderes religiosos. Em 1073,
Gregório VII, membro da Abadia de Cluny, foi eleito pelo Colégio dos Cardeais para
administrar a Igreja. Sua primeira ação foi reafirmar o voto de castidade entre
os clérigos e proibir a Monarquia de indicar cargos religiosos.
Henrique se desentendeu com o papa Gregório VII e lhe obrigou a depor na
dieta de Worms, uma espécie de tribunal católico. O papa não só depôs como
excomungou Henrique e organizou uma oposição ao Imperador. Este, acuado, voltou
atrás e pediu desculpas ao papa, no entanto, assim que foi perdoado, organizou
seu exército a fim de derrubar o pontífice. Gregório, enfraquecido, exilou-se
na França.
Este conflito durou alguns anos até que em 1122, o antipapa
Gregório VIII, indicado em 1120 por Henrique V, foi deposto e um pacto de
trégua foi assinado entre as partes. O imperador teria poder de nomear bispos
com autoridade secular, mas não com autoridade sagrada. Ou seja, poderia
nomear, mas não realizar a cerimônia religiosa. Seria proibida a prática de
cesaropapismo (união dos poderes imperiais = césar e religiosos = papismo) e de
simonia (venda de cargos eclesiásticos). As práticas religiosas e as nomeações
de cargos religiosos, no entanto, eram exclusivamente do papa. Este episódio
ficou conhecido como a Concordata de Worms, por vezes chamada de Pactum
Calixtinum por historiadores papais, por ter sido um acordo celebrado
entre o Papa francês Calisto II e o Sacro
Imperador Henrique V, celebrado em 23 de setembro de 1122,
Em 1179, o terceiro Concílio de Latrão determina leis acerca da
eleição papal e nomeação dos bispos.
SABER MAIS
PEDRO NUNCA ESTEVE EM ROMA
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