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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

GUILHERMINA, A HEREGE DA BOÊMIA (1269 - 1282)







Guilhermina, a Boêmia, por alguns considerada filha do rei boêmio Otocaro I Premysl (ainda que muitos historiadores contestem essa possibilidade), era uma mulher muito religiosa que, com seu carisma, atraiu vários seguidores, mais tardes chamados de "guilherminos" (não confundir com a ordem homônima dos eremitas seguidores de São Guilherme de Malavalle).

Em 1260, tornou-se "oblata", ou seja, leiga que morava em convento, em Chiaravalle (Milão), onde passou a viver de acordo com os ditames do Evangelho e do amor cristão. Guilhermina passou a pregar a inutilidade dos sacramentos e a recusa ao sofrimento como via de salvação. Quando morreu, seu corpo foi sepultado no mosteiro de Chiaravalle, e em volta de sua figura surgiu um culto alimentado pelos próprios religiosos.

Dois de seus seguidores, Andréa Saramita e Manfreda de Pirovano, chegaram a afirmar que Guilhermina era o Espírito Santo em forma de mulher. Esse milagre correspondia, para eles, à profecia do místico calabrês Joaquim de Fiore, para quem uma mulher se tornaria papisa, reformaria a Igreja e, após sua morte, haveria uma apocatástase (reconciliação e salvação de toda a criação), que libertaria toda a humanidade, inclusive os judeus e muçulmanos.1

A adoração a Guilhermina passou a ser muito popular e começou-se a falar até de santificação. Manfreda sonhava em receber sua herança e tornar-se "papisa", mas se esqueceu da Inquisição. Em 1300, os inquisidores arrancaram a confissão de alguns seguidores, que testemunharam contra ela, acusada de celebrar uma missa solene no dia de Páscoa daquele ano. Os inquisidores ordenaram que Guilhermina fosse declarada herege post-mortem e que seus restos mortais e imagens fossem queimados. No mesmo ano em que seu corpo foi exumado e entregue às chamas, Andréa Saramita e Manfreda de Pirovano morreram na fogueira.