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terça-feira, 16 de setembro de 2014

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

DELEGADO É ATACADO POR RELIGIOSOS APÓS AUDIÊNCIA POR INTOLERÂNCIA NO RIO DE JANEIRO


Isso é o que acontece
quando se cria um estado baseado
na vontade de "Deus", nas leis
baseadas em livros sagrados.


O delegado titular da 79ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, Henrique Pessoa, foi atacado por um grupo de 20 evangélicos neopentecostais na quarta-feira (3). O ataque ocorreu após uma tentativa de conciliação entre ele e um dos agressores, Márcio Pereira Carvalho, no 5º Juizado Especial Cível de Copacabana. Henrique, que é membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), pedia que Márcio se retratasse por ofensas feitas em vídeos no YouTube, mas a resposta foi negativa. Na saída da audiência, liderados pelo pastor Tupirani da Hora Lopes, da Igreja Geração Jesus Cristo, pessoas que vestiam camisetas pretas com a frase "Bíblia sim, Constituição não!" encurralaram o delegado, que foi brutalmente agredido.

Em uma tentativa de afastar o grupo, Pessoa pegou a arma que carregava e atirou para o chão. A bala acertou, de raspão, o abdômen de um dos agressores, Carlos Gomes. O delegado tentou fugir dos ataques, e, no entanto, foi alcançado.

"Um deles me atingiu violentamente pelas costas, me derrubaram, me deram pancadas, tiraram minha arma da cintura. Fiquei muito grogue. Fui carregado para a DP para registrar a ocorrência, mas desmaiei no caminho e me removeram para uma unidade de saúde", conta o delegado. Ao analisar as câmeras de segurança do Juizado, Isabela Silva Rodrigues, delegada titular da 12ª DP, em Copacabana, determinou a prisão de Henrique Pessoa na noite de quarta-feira.

Ainda na madrugada da quinta-feira (4), Pessoa conseguiu liberdade provisória, concedida pelo plantão judiciário, mas hoje (5) foi afastado do cargo. Internado no Hospital Miguel Couto, no Leblon, Carlos Gomes não precisou passar por cirurgia e foi liberado.

O delegado conta que, há seis anos, é perseguido pelo pastor Tupirani e por seguidores da igreja, desde que entrou na militância pelos direitos humanos e contra a intolerância religiosa. Ele conta, inclusive, que foi ameaçado de morte.

"A gente (a CCIR) está juntando uma série de provas mostrando que eles estão me ameaçando e me difamando. Formação de quadrilha, xingamentos, vídeos no Youtube há seis anos", afirma. O delegado diz lamentar o acontecimento e, mesmo após as agressões, garante que pretende buscar conciliação com os membros da igreja.

Já Tupirani foi preso, em 2009, junto com Afonso Henrique Alves Lobato, outro membro da Igreja Geração Jesus, depois de a juíza Maria Elisa Peixoto Lubanco, da 20ª Vara Criminal do Rio, ter decretado a prisão preventiva dos dois, que foram os primeiros presos no país por cometer crimes de intolerância religiosa. Eles foram acusados, ainda, de injúria qualificada e incitação ao crime.

Na época, com o consentimento do pastor, Afonso Henrique divulgou, na internet, vídeo em que faz ofensas a adeptos da umbanda e do candomblé. Além disso, o jovem e outros três seguidores da igreja invadiram e depredaram o Centro Espírita Cruz de Oxalá, no bairro do Catete.

Dias depois, em uma entrevista, o pastor apoiou a iniciativa de Afonso de divulgar o vídeo, alegando que o rapaz “tinha direito à liberdade de expressão” e também postou uma filmagem na internet, dizendo que não deve respeito à Constituição, por ser “uma lei dos homens”. Ele também desafiava as polícias e as Forças Armadas, e reforçava os ataques às religiões de matriz africana. Após a veiculação do material, Tupirani foi preso. Em sua defesa, se diz “perseguido” e que é “o primeiro pastor preso pela ditadura democrática no Brasil”.

Tupirani da Hora Lores tem mais de 7 mil vídeos no YouTube em que exalta a Igreja Geração Jesus e incita o ódio contra religiões não evangélicas. Em muitos deles, o pastor aparece xingando e ameaçando Henrique Pessoa.

Comissão

A CCIR foi formada em 2008 por umbandistas e candomblecistas. Hoje, conta também com espíritas, judeus, católicos, muçulmanos, malês, bahá’ís, evangélicos, hare krshnas, budistas, ciganos, wiccanos, seguidores do Santo Daime, ateus e agnósticos. Do poder público, integram a comissão o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o Ministério Público e a Polícia Civil. O grupo agrega também entidades da sociedade civil organizada.

A organização já realizou, desde a fundação, seis edições da 'Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa’, na capital do Rio de Janeiro. A maior delas, em 2012, colocou nas ruas 210 mil pessoas. A 7ª edição será no próximo dia 21.

sexta-feira, 29 de março de 2013

"É A BÍBLIA, VERDADEIRAMENTE, A PALAVRA DE DEUS?"

PERGUNTA RETIRADA DO FÓRUM GOTQUESTIONS.

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Resposta dada pelo evangelizador do site Gotquestions:

Nossa resposta a esta pergunta não irá apenas determinar como vemos a Bíblia e sua importância para nossas vidas, mas também, ao final, provocar em nós um impacto eterno. Se a Bíblia é de fato a palavra de Deus, devemos então estimá-la, estudá-la, obedecer-lhe e nela confiar. Se a Bíblia é a Palavra de Deus, dispensá-la, então, é dispensar o próprio Deus.


O fato de que Deus nos deu a Bíblia é evidência e exemplo de Seu amor por nós. O termo “revelação” significa simplesmente que Deus comunicou à humanidade como Ele é e como nós podemos ter um correto relacionamento com Ele. São coisas que não poderíamos saber se Deus, na Bíblia, não as tivesse revelado divinamente a nós. Embora a revelação de Deus sobre Si mesmo tenha sido dada progressivamente, ao longo de aproximadamente 1500 anos, ela sempre conteve tudo que o homem precisava saber sobre Deus para com Ele ter um bom relacionamento. Se a Bíblia é realmente a Palavra de Deus, é portanto a autoridade final sobre todas as questões de fé, prática religiosa e moral.

A pergunta que devemos fazer a nós mesmos é: como podemos saber que a Bíblia é a Palavra de Deus e não simplesmente um bom livro? O que é único sobre a Bíblia que a separa de todos os outros livros religiosos já escritos? Existe alguma evidência de que a Bíblia é realmente a Palavra de Deus? Estes são os tipos de perguntas que merecem análise se formos seriamente examinar a afirmação bíblica de que a Bíblia é a verdadeira Palavra de Deus, divinamente inspirada, e totalmente suficiente para todas as questões de fé e prática.

Não pode haver dúvida sobre o fato de que a própria Bíblia afirma ser a verdadeira Palavra de Deus. Tal pode ser claramente observado em versículos como 2 Timóteo 3:15-17, que diz: “... desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”

A fim de responder a estas perguntas, devemos observar tanto as evidências internas quanto as evidências externas de que a Bíblia é mesmo a Palavra de Deus. Evidências internas são aquelas coisas do interior da Bíblia que testificam sua origem divina. Uma das primeiras evidências internas de que a Bíblia é a Palavra de Deus é a sua unidade. Apesar de, na verdade, ser composta de sessenta e seis livros individuais, escritos em três continentes, em três diferentes línguas, durante um período de aproximadamente 1500 anos, por mais de 40 autores (que tinham profissões diferentes), a Bíblia permanece como um livro unificado desde o início até o fim, sem contradições. Esta unidade é singular em comparação a todos os outros livros e é evidência da origem divina das palavras, enquanto Deus moveu homens de tal forma que registraram as Suas palavras.

Outra evidência interna que indica que a Bíblia é a Palavra de Deus é observada nas profecias detalhadas contidas em suas páginas. A Bíblia contém centenas de detalhadas profecias relacionadas ao futuro de nações individuais, incluindo Israel, ao futuro de certas cidades, ao futuro da humanidade, e à vinda de um que seria o Messias, o Salvador, não só de Israel, mas de todos que Nele cressem. Ao contrário de profecias encontradas em outros livros religiosos, ou das profecias feitas por Nostradamus, as profecias bíblicas são extremamente detalhadas e nunca falharam em se tornar realidade. Há mais de trezentas profecias relacionadas a Jesus Cristo apenas no Antigo Testamento. Não apenas foi predito onde Ele nasceria e de qual família viria, mas também como Ele morreria e que ressuscitaria ao terceiro dia. Simplesmente não há maneira lógica de explicar as profecias cumpridas da Bíblia a não ser por origem divina. Não existe outro livro religioso com a extensão ou o tipo de previsão das profecias que a Bíblia contém.

Uma terceira evidência interna da origem divina da Bíblia é notada na sua autoridade e poder únicos. Enquanto esta evidência é mais subjetiva do que as duas evidências anteriores, ela não é nada menos do que testemunho poderoso da origem divina da Bíblia. A Bíblia tem autoridade única, que não se parece com a de qualquer outro livro já escrito. Esta autoridade e poder podem ser vistos com mais clareza pela forma como inúmeras vidas já foram transformadas pela leitura da Bíblia. Curou viciados em drogas, libertou homossexuais, transformou a vida de pessoas sem rumo, modificou criminosos de coração duro, repreende pecadores, e sua leitura transforma o ódio em amor. A Bíblia possui um poder dinâmico e transformador que só é possível por ser a verdadeira Palavra de Deus.

Além das evidências internas de que a Bíblia é a Palavra de Deus, existem também evidências externas que indicam isto. Uma destas evidências é o caráter histórico da Bíblia. Como a Bíblia relata eventos históricos, a sua veracidade e precisão estão sujeitas à verificação, como qualquer outro documento histórico. Através tanto de evidências arqueológicas quanto de outros documentos escritos, os relatos históricos da Bíblia foram várias vezes comprovados como verdadeiros e precisos. Na verdade, todas as evidências arqueológicas e encontradas em manuscritos que validam a Bíblia a tornam o melhor livro documentado do mundo antigo. O fato de que a Bíblia registra precisa e verdadeiramente eventos historicamente verificáveis é uma grande indicação da sua veracidade ao lidar com assuntos religiosos e doutrinas, ajudando a substanciar sua afirmação em ser a Palavra Deus.

Outra evidência externa de que a Bíblia é a Palavra de Deus é a integridade de seus autores humanos. Como mencionado anteriormente, Deus usou homens vindos de diversas profissões e ofícios para registrar as Suas palavras para nós. Estudando as vidas destes homens, não há boa razão para acreditar que não tenham sido homens honestos e sinceros. Examinando suas vidas e o fato de que estavam dispostos a morrer (quase sempre mortes terríveis) pelo que acreditavam, logo se torna claro que estes homens comuns, porém honestos, realmente criam que Deus com eles havia falado. Os homens que escreveram o Novo Testamento e centenas de outros crentes (1 Coríntios 15:6) sabiam a verdade da sua mensagem porque haviam visto e passado tempo com Jesus Cristo depois que Ele ressuscitou dentre os mortos. A transformação ao ter visto o Cristo Ressuscitado causou tremendo impacto nestes homens. Eles passaram do “esconder-se com medo” ao estado de “disposição a morrer pela mensagem que Deus lhes havia revelado”. Suas vidas e mortes testificam o fato de que a Bíblia é verdadeiramente a Palavra de Deus.

Uma última evidência externa de que a Bíblia é verdadeiramente a Palavra de Deus é seu “caráter indestrutível”. Por causa de sua importância e de sua afirmação em ser a Palavra de Deus, a Bíblia sofreu mais ataques e tentativas de destruição do que qualquer outro livro na história. Dos primeiros imperadores romanos como Diocleciano, passando por ditadores comunistas e até chegar aos ateus e agnósticos modernos, a Bíblia resistiu e permaneceu a todos os seus ataques e continua sendo o livro mais publicado no mundo hoje.

Através dos tempos, céticos tiveram a Bíblia como mitológica, mas a arqueologia a estabeleceu como histórica. Seus oponentes atacaram seus ensinamentos como sendo primitivos e desatualizados, porém estes, somados a seus conceitos morais e legais, tiveram uma influência positiva em sociedades e culturas do mundo todo. Ela continua a ser atacada pela ciência, psicologia e por movimentos políticos, mas mesmo assim permanece tão verdadeira e relevante como quando foi escrita. Ela é um livro que transformou inúmeras vidas e culturas através dos últimos 2000 anos. Não importa o quanto seus oponentes tentem atacá-la, destruí-la ou fazer com que perca sua reputação, a Bíblia permanece tão forte, verdadeira e relevante após os ataques quanto antes. A precisão com que foi preservada, apesar de todas as tentativas de corrompê-la, atacá-la ou destruí-la é o testemunho claro do fato de que a Bíblia é verdadeiramente a Palavra de Deus. Não deveria ser surpresa para nós que, não importa o quanto seja atacada, ela sempre volta igual e ilesa. Afinal, Jesus disse: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Marcos 13:31). Após observar as evidências, qualquer um pode dizer sem dúvida nenhuma que “Sim, a Bíblia é verdadeiramente a Palavra de Deus.




COM A PALAVRA, Emmett F. Fields



Eu não teria nenhuma dificuldade, se estivesse em uma parte muçulmana do mundo, em convencer as pessoas de lá que a Bíblia Cristã não é "a palavra de Deus."
Se eu estivesse falando a budistas, hindus, ou às pessoas de qualquer outra religião eu não teria nenhuma dificuldade em provar, para a satisfação delas, que a Bíblia Cristã não é a palavra inspirada de Deus.
Mas estou numa parte do mundo dominada por Cristãos. E estando em uma parte Cristã do mundo, sinto que eu não teria nenhuma dificuldade em convencer a maioria de vocês que os livros sagrados muçulmanos são falsos, e que esses livros não são a verdadeira palavra de Deus.
Você tenderia a concordar que todas essas outras pessoas que têm outros Deuses e outros livros religiosos são enganadas. Você tenderia a concordar que elas foram mal informadas, ou até mesmo que foram enganadas.
Pareceria que as pessoas em outras partes do mundo são levadas tão facilmente a acreditar no que quer que seja aceito em sua parte do mundo. Elas acreditam tão facilmente em falsos ídolos.
Apenas nós, que por acaso nascemos na parte Cristã do mundo, temos a "verdadeira verdade." Bem, a maioria de nós temos. Há, claro, os judeus, e esses terríveis velhos Ateus, e muitos outros que recusam aceitar a "verdade" da Bíblia Cristã.... mas esses não contam.
Vamos ignorar os não-Cristãos entre nós e supor que a religião Cristã - e a Bíblia, sejam totalmente aceitas nesta parte do mundo.
O ponto é simplesmente este: a verdade é geográfica? 
As mesmas coisas que são verdades no Irã não deveriam ser também verdades na Índia, Japão, África, Canadá, e no resto do mundo?
Deveria ser assim, não é?
Verdades científicas são universais, por que verdades religiosas não são universais?
É razoável supor que só nós estamos certos e todo o resto do mundo errado? Que somos os únicos que temos o verdadeiro Deus e o verdadeiro livro da "palavra de Deus"?
Pode o Deus simples da Bíblia Cristã que é tão parecido com um homem que é tão parecido com as pessoas que primeiro encontraram Deus, pode ser este Deus que a sabedoria busca?
A sabedoria conhece bem o Deus que a mente primitiva encontrou. A sabedoria conhece bem a Bíblia, e a todos os outros livros divinos, conhece todas as religiões construídas baseadas nesses livros e nesses Deuses; e ainda assim a sabedoria e a razão continuam buscando Deus, ou até mesmo um rastro de Deus.
Uma vez que a idéia "Deus" era estabelecida numa tribo, era passada de geração para geração, os filhos foram ensinados a acreditar como os pais acreditavam, e os filhos dos filhos foram ensinadas acreditar por sua vez. Da mesma maneira que fomos ensinados acreditar no que nossos pais acreditaram. As crianças foram sempre ensinadas a acreditar, mas nunca a questionar.
E assim Deus se tornou uma suposição auto perpetuante.
Em nossa parte do mundo a Bíblia Cristã domina. Nestes países há muitas pessoas que acreditam que a Bíblia é "a palavra inspirada de Deus." Eles foram ensinados a acreditar que aquele livro é a fundação de nossas leis, a essência da justiça, a fonte de nossa liberdade e até mesmo de nossa civilização. Eles acreditam que ela promete derrotar a morte e dá esperança de outro mundo onde a felicidade será deles para toda a eternidade.

Queria eu que isso fosse verdade.
Essas pessoas não leram a Bíblia, ou leram com a mente fechada. Elas não vêem a ignorância, a injustiça, o ódio da liberdade, a intolerância religiosa, as perseguições e a imoralidade bruta que estão na Bíblia.
Elas se lembram do céu, mas elas se esquecem do inferno.
Não é de leve que tomo a tarefa de provar que a Bíblia não pode ser a palavra de Deus. Se as promessas, mesmo falsas, fossem úteis à humanidade, eu as ignoraria em silêncio. Mas elas não são benéficas!
"Livros santos" nunca foram uma ajuda à humanidade, e nunca serão. De fato eles estão ficando mais perigosos diariamente. O historiador honrado sabe que livros religiosos são, e sempre foram, um grande fardo para a raça humana. E apesar de todo nosso conhecimento moderno esses livros velhos continuam causando ódio e guerras até hoje.
Assim temos que examinar a Bíblia Cristã, não porque é muito diferente de outros livros religiosos, de outras nações e de outros Deuses, mas porque é o um livro que foi feito para dominar nossa sociedade através da doutrinação.
Fomos ensinados a acreditar nisto na infância, e proibidos de questionar isto na maioridade. Isto põe em perigo o nosso mundo moderno, evita a maturidade intelectual e limita o âmbito de nossos pensamentos com lendas primitivas.
A Bíblia Cristã é "A palavra inspirada de Deus"? Vamos pensar cuidadosamente no que esta afirmação deve significar.
Com esta afirmação vem a conclusão óbvia que a Bíblia deve ser "Divinamente perfeita." Significa dizer que a Bíblia deve ser mais perfeita que qualquer mera mente humana pudesse fazer. Qualquer engano nesse livro, qualquer erro ou contradição, de fato ou forma, provaria que este livro não pode ser a "palavra inspirada de Deus."
Não só a Bíblia seria perfeita em si mesma, mas estaria igualmente clara e compreensível a toda mente humana, e toda pessoa entenderia nela exatamente o mesmo.
Talvez você sinta que estou exigindo muito de um mero livro. De um Deus que pôde criar a compreensão humana, não se pode esperar que produza um livro que concorde com sua criação?
Pessoalmente, acredito que está se pedindo muito de nós, em acreditar que Deus escreveria, ou inspiraria, um livro no qual a humanidade não pôde concordar em sua interpretação.
Um livro que causou guerras infinitas, perseguições, tortura, fanatismo e ódio. Um livro que é tão ininteligível que não só faz "os não-crentes" rejeitá-lo, mas aqueles que acreditam que ele é a verdadeira palavra de Deus, não podem concordar em sua interpretação.
Há centenas de seitas Cristãs diferentes só aqui no Brasil, e isso não inclui os milhares de incontáveis indivíduos em particular que têm sua própria interpretação pessoal da Bíblia.
O próprio fato deste debate, ou qualquer debate sobre a Bíblia, é prova irrefutável que a Bíblia não pode ser "a palavra de Deus."
É reivindicado freqüentemente por teólogos que as escrituras originais estavam perfeitas, mas que a Bíblia perdeu sua perfeição por erros de cópia e por ser traduzida em vários idiomas. Impossível! Não pôde haver uma cópia defeituosa ou tradução de um livro perfeito que fosse perfeitamente compreendido pelo tradutor. Deus não permitiria isto!

 Se é que há um Deus.
Há muitas versões da Bíblia Cristã e há muitas interpretações contraditórias em cada versão. Não só pelos crentes Cristãos comuns e clérigos, mas por esses estudiosos que gastaram suas vidas inteiras estudando as escrituras. Tal confusão não é o trabalho de Deus.
Desde o mal e a confusão que a Bíblia causou, e continua causando, e desde a natureza primitiva, tola e contraditória deste livro, é evidente que a Bíblia não pode representar a palavra de Deus.
Citarei algumas passagens, de uma das muitas versões da Bíblia para mostrar por que rejeito a Bíblia. Citarei a versão do Rei Jaime, como a li e como a entendo. Não sou tolo o bastante para acreditar no que entendo a Bíblia para dizer, é o que a Bíblia diz.
Considerando as numerosas versões e interpretações da Bíblia, fico surpreso que haja qualquer pessoa na Terra tola o bastante para acreditar que sua interpretação da Bíblia é a correta; que alguém sozinho, de alguma maneira, tropeçou no verdadeiro significado da Bíblia, enquanto todos os outros crentes, não-crentes, ministros, padres, estudiosos e infiéis interpretaram mal, e entenderam mal, a Bíblia.
Algumas pessoas dizem há mais de duas mil auto-contradições na Bíblia, algumas outras pessoas dizem que elas não podem achar nem uma sequer. Tudo que posso fazer neste momento, é mostrar algumas, das muitas, que a mim parecem contraditórias.
Começarei com a primeira ordem que Deus deu para os homens; aquela onde nenhum Cristão Fundamentalista alguma vez quebrou.
Gênese 2: versos 16-17 lê-se: "E o Senhor Deus, comandou o homem e disse "de toda árvore do jardim tu podes comer livremente: (17) Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, tu não deves comer: pois no dia que tu comeres tu irás certamente morrer."
De acordo com a Bíblia, o homem, Adão, não morreu no dia que ele comeu da árvore proibida. A Bíblia diz que Adão e Eva foram expulsos do jardim e; Gênese 5: verso 5 lê: "E todos os dias que Adão viveu eram novecentos e trinta anos; e ele morreu."
Mas, como entendo a Bíblia, ainda há outra contradição a Gênese 2: verso 16-17.
Em Gênese 3: verso 22-23 Deus parece estar falando a alguns outros Deuses e li isto dizendo: (22) "E o Senhor Deus disse, observe, o homem tornou-se como um de nós, ao conhecer o bem e o mal - para que ele avance sua mão, e também tome da árvore de vida, coma, e viva para sempre; (23) então o Senhor Deus o enviou do jardim de Éden para cultivar o solo do qual ele foi tirado."
Em Gênese 2:16-17, Deus disse "de toda árvore do jardim tu podes comer livremente mas da árvore do conhecimento..." Agora, em Gênese 3:22-23 achamos que ainda há outra árvore no jardim que foi proibida; a árvore de vida.
Conforme leio a Bíblia, parece que a palavra de Deus não pode ser confiada como nesta, aparente, contradição:
Êxodo 33: verso 20, é dito que Deus disse: "Tu não podes ver minha face; por isso nenhum homem pode me ver e viver."
Êxodo 33: verso 22 lê: "E o Senhor falou cara a cara com Moisés, como um homem fala com seu amigo."
Isso parece uma auto-contradição para mim, mas como disse, a Bíblia é obviamente incompreensível, e você pode não ver nada de estranho nas duas declarações afinal de contas. Eu poderia gastar o resto da noite dando as contradições que são encontradas no Velho Testamento, assim tenho que pular o resto.
E quanto ao Novo Testamento, há contradições também nele? Bem, alguns dizem obviamente que há muitas contradições no Novo Testamento, e há outros que dizem que não há nenhuma. Só posso lhe contar o que esse livro me diz.
Conforme leio o Novo Testamento encontro a primeira contradição bem no primeiro verso, bem no primeiro capítulo, do primeiro livro do Novo Testamento.
Em Mateus 1: verso 1, leio. - "O livro da geração de Jesus Cristo, o filho de Davi, o filho de Abraão." E depois daquele verso vem uma longa linha de "pai de fulano, filho de fulano" até chegarmos ao verso 16, que se lê: "E Jacó é o pai de José o marido de Maria, de quem nasceu Jesus que é chamado de Cristo."
Agora se o José não foi o pai natural de Jesus, mas só o marido de Maria, como Mateus 1:16 diz, então Mateus 1, 1 a 16, não é, não pode ser, "a origem de Jesus Cristo, como é declarado no primeiro capítulo, primeiro verso de Mateus.
Mas se o José é o pai natural de Jesus, como está implícito em outros versos da Bíblia, então a história de que Jesus nasceu de uma virgem é uma contradição. Aquela lenda está em Mateus 1:18 e lê: "Agora a origem de Cristo estava neste modo. Quando Maria sua mãe ficou noiva de José, antes que eles ficassem juntos ela descobriu estar grávida pelo Espírito Santo."
Também, e mais importante, se Jesus nasceu de uma virgem e não era descendente de Davi, então as palavras de Pedro em Atos 2:29-30 são falsas. Em Atos 2:29-30 diz Pedro: "homens e irmãos, deixem-me falar livremente a vocês sobre o patriarca Davi, que ele está morto e enterrado, e seu sepulcro está conosco até este dia. (30) sendo então um profeta, e sabendo que Deus tinha jurado solenemente a ele, que o seu descendente, de acordo com a carne, ele criaria Cristo para se sentar em seu trono;"
Agora temos uma "bela feijoada." Se Jesus é o filho de Deus pelo "Espírito Santo," como é declarado em Mateus 1:18-20, então ou ele não é o Cristo, ou Deus "jurou solenemente" uma mentira a Davi. Ou então, Jesus é o filho de José, filho de Davi, filho de Abraão, e assim poderia ser o "Cristo"; entretanto ele não pode ser o filho de Deus pelo Espírito Santo, e não poderia ter nascido de uma virgem.
Novamente eu poderia passar a noite inteira comentando as contradições que aparecem no Novo Testamento. Mas como estamos falando de um livro que é dito ser a palavra de Deus, precisamos apenas de uma só contradição, em qualquer lugar na Bíblia para provar que ela não é a palavra e o trabalho de Deus.

Se é que há um Deus.
A Bíblia não pode ser verdade já que ela constantemente se contradiz. Ainda ela poderia ser uma inspiração à boas moralidades e conduta apropriadas. Assim vamos ver o que a Bíblia diz sobre bondade, justiça, generosidade, moralidade e respeito à família, amigos e vizinhos.
Vamos olhar algumas das moralidades sexuais que estão na Bíblia.





Começarei com Gênese 19. Conforme leio a história, dois "anjos" são os convidados na casa de Ló, quando "os homens da cidade" vêm para a casa e em Gênese 19:5-8 lê: "E eles chamaram Ló, e disseram, onde estão os homens que vieram até você esta noite? Traga-os até nós, para que possamos conhecê-los. (6) e Ló saiu, fechou a porta: (7) e disse, eu rezo a vocês, irmãos, não sejam assim maldosos. (8) Veja agora, eu tenho duas filhas que ainda são donzelas; eu vo-las trarei, e vós usais delas como for do vosso gosto; só não faça nada a estes homens, porque eles vieram à minha casa como um lugar de segurança."

               
Naturalmente, não posso saber o que isso diz para outros, mas a mim parece dizer: "Veja agora, eu tenho duas filhas que ainda são donzelas; eu vo-las trarei, e vós usais delas como for do vosso gosto;".
Que tipo de pai ofereceria suas filhas a uma turba a ser usada como eles quiserem?
Serei honrado com você, se você fosse um convidado em minha casa, eu o protegeria com todo meu poder, mas se viesse ao ponto de escolher entre você ou minhas crianças, seria você. E esperaria o mesmo, se fosse sua escolha entre suas filhas ou eu. Se fosse o próprio Deus, se é que há um Deus, ele iria antes de minhas filhas. Não sou um Cristão. Sou muito a favor da família, meus filhos inocentes vêm primeiro.
Mas isso não é o fim da história, ela continua e piora. Em Gênese 19:31-32, estão falando as filhas de Ló: "E a mais velha disse á mais jovem, Nosso Pai é velho, e não há um homem na terra com quem possamos casar, segundo o costume de todo mundo: (32) venham vamos fazer nosso pai beber vinho, e deitaremos com ele, que podemos preservar a semente de nosso pai."



E esta história indigente vai até Gênese 19:36 lê: "Assim estavam ambas as filhas de Ló esperando um filho de seu pai."
Agora sei que isso não é o que a Bíblia diz a você que acredita que ela é "a palavra de Deus." Mas a, mim, parece dizer:
"Assim estavam ambas as filhas de Ló esperando um filho de seu pai." A mim essa história é pura obscenidade, mas outros dizem não há nenhuma sujeira, e nenhuma imoralidade, na Bíblia, assim não sei o que aquela história diz a outros, mas a mim é pura sujeira. E, a mim, obscenidade não pode ser uma parte de "a palavra de Deus."


Há muitas histórias na Bíblia Cristã que acredito ser sujeira imoral, pura. mas esta servirá como um exemplo para o resto. Afinal de contas, estamos considerando a Bíblia como "a palavra de Deus," precisamos apenas de uma só história "ruim", só uma contradição, só uma mentira ou injustiça, provar a Bíblia não é a "palavra de Deus."

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

CHRISTOPHER HITCHENS AFIRMA QUE JESUS SUPERA DEUS EM CRUELDADE.






O Novo Testamento, o do Deus pai de Jesus, costuma ser citado por cristãos conscienciosos como uma espécie de upgrade, com menos bugs, do Velho Testamento, onde está o Deus mesquinho, cruel e insano. Para Christopher Hitchens (foto acima), contudo, o Novo Testamento é mais terrível que o Velho.
No Velho Testamento, argumenta Hitchens, há o mandado divino para o extermino de povos, o que hoje é chamado de limpeza étnica. A morte, nesse caso, é o castigo derradeiro de Deus a povos como os midianistas e amalecitas. No Novo Testamento, contudo, o castigo aos ímpios não se finda com a morte e prossegue no inferno por toda a eternidade.

Para Hitchens, essa ideia, a mais cruel de todas já feitas, nasceu com Jesus.

"Ele [Jesus] disse pela primeira vez: “Se você não concorda com o que ofereço, saia daqui e vá para o fogo eterno", disse Hitchens em novembro de 2007 em uma entrevista a Elizateh Carvalho para o programa Milênio, da Globo News. Foi quanto o britânico radicado nos Estados Unidos esteve no Brasil para o lançamento do seu livro “Deus não é grande – como a religião envenena tudo” (Ediouro, 304 págs.). 

Nesta entrevista, há um pouco da perspicácia e contundência da critica às religiões do ateu mais brilhante e polêmico da contemporaneidade que morreu aos 62 anos no dia 15 deste mês vítima de um câncer no esôfago. 





ENTREVISTA NA ÍNTEGRA 


Christopher, vamos acompanhar um pouco a cronologia do seu livro e voltar a Dartwood na Inglaterra, onde você era um menino de 9 anos e tinha aulas de religião com a sra. Jean Watts. Ela parece ter sido a primeira pessoa a ajudá-lo sem querer a duvidar da existência de Deus. Acho que todos passam por uma experiência parecida como essa em algum momento da vida. Mas a verdade é que, independentemente do quão seja dogmática e irracional a religião, bilhões de pessoas ainda preferem abraçar a fé. Como você explica essa necessidade incontrolável por Deus? 

Eu só posso dizer que Ele é muito real, muito necessário para milhões de pessoas. Também temos de admitir que, para muitos de nós, talvez 10%, 15%, essa necessidade não existe. Mas a senhora Watts não disse nada que eu já não soubesse. Não foi como uma revelação no caminho para Damasco. “Eu acreditava em algo, mas agora não acredito mais.” Ou: “Eu acreditava naquilo e agora acredito nisso.” Foi apenas a maneira como descobri que não podia acreditar no sobrenatural. Eu não acreditava e não podia acreditar. É algo diferente de um momento de convicção ou de um momento de descoberta. Mas ainda assim se tornou óbvio para mim, como disse Pascal, “do jeito que fui feito, não posso acreditar”. 

Como disse, você escreveu esse livro a vida toda?
 
É muita gentileza você notar isso com tanta ênfase. 


Esse longo caminho que o levou a sua inquestionável objeção à fé religiosa foi fácil ou doloroso?


Acho que foi menos doloroso do que a experiência de muitos dos meus amigos cristãos, muçulmanos e judeus após investiram tantos anos da vida em uma fé que sempre se mostrou inútil. Para mim, é um compromisso intelectual, que é tentar fazer as pessoas entenderem que a melhor vida é a que estuda a razão, ironia, literatura, ciência, humor. E que há outras coisas que fazem a vida a não valer a pena. Nós não devemos nada à ditadura do sobrenatural. 

 Será que isso tem algo a ver com nossa fragilidade, com a nossa “essência de vidro”? É uma bela definição do roteirista francês Jean-Claude Carrière, que escreveu sobre a nossa “essência de vidro”. 
 
Para mim, não há dúvidas. Somos uma espécie parcialmente racional que tem muito medo da morte, do desconhecido, do escuro. Mas também é muito presunçosa, diferentemente do que outros animais. Acreditamos que o universo foi criado para nós. E isso nos convenceu de que nada foi por acaso. Nós temos de ser o centro, o objeto de tudo. Claro! Entre o nosso medo e o nosso egoísmo, é muito fácil vender a religião para nós. É claro que somos o centro de tudo, com o sol girando em torno de nossa terra! Nada seria mais provável. É tudo para mim, para moi. E é muito difícil perceber que tudo isso é besteira.

 

Seu livro ilustra muito bem como a religião foi prejudicial ao longo dos séculos e quantas atrocidades foram cometidas e ainda são cometidas em nome de Deus.


Não em nome de Deus, mas por causa da crença em Deus.
Mas ao mesmo tempo há razões por detrás delas [religiões]. E essas razões são a luta constante pela dominação, pela expansão, além do medo constante daquilo que é diferente. Medo e desprezo pelo que é diferente. Você acredita que, sem a religião, essas lutas acabariam? 


Não. Vou dar um exemplo. O cristianismo copiou o judaísmo. E o islamismo copiou o cristianismo e o judaísmo. São plágios, mas o monoteísmo é original. É a suposta aliança entre Deus e o povo judaico. Segundo os judeus, Deus os mandou rezar toda manhã, e os homens têm de dizer: “Graças a Deus que não sou mulher”. E as mulheres dizem: “Graças a Deus, eu sou o que sou”. E ambos devem agradecer por não serem gentios ou escravos. Mas isso não foi criado por Deus, mas pelos homens. Pelos "homens", para ser exato, do sexo masculino. Assim eles mantinham as mulheres em seus lugares. Assim é fácil. Só um idiota não vê isso. Deus não decidiu isso. Os homens usaram a religião para controlar as mulheres. No entanto, o impulso por controlar as mulheres existiria mesmo que não acreditassem em Deus. Só que seria mais difícil convencer as meninas de que elas eram propriedade dos homens se não dissessem que esse era o desejo de Deus. Dizendo que era o desejo dos homens, elas não ficariam surpresas. Dizendo que era a vontade de Deus, elas poderiam aceitar, como a exemplo da existência de escravos. Deus quer que haja escravos. É diferente de os homens quererem possuir outras pessoas. Então, com o uso da religião, com a invenção da divindade, você pode disfarçar o que obviamente seria uma ditadura débil e hipócrita criada pelo homem. Então livrar-se da ideia do sobrenatural é um passo – apenas um, mas o mais importante –, talvez o primeiro passo, talvez o maior passo no caminho para a emancipação. 

Até ler o seu livro, eu não sabia quantas criaturas divinas tinham nascido de virgens como a Maria. Você diz Buda, Krishma, Perseu, Hórus, Mercúrio... 

Deus civilizados. Eu não conheço nenhum deus na mitologia - escrevi um parágrafo sobre isso - que não tenha nascido de uma virgem. Seria impossível o cristianismo vender a sua religião se não tivesse dado continuidade a essa tradição egípcia, asteca, persa, mongol. Até Buda nasceu de um corte no corpo de sua mãe. Tudo, menos pelo canal vaginal. Uma via impura. Deus, por alguma razão, prefere usá-la como uma mão única. 

  
Isso seria o medo eterno do sexo ou a necessidade de criar, para Deus, uma origem diferente do sistema biológica humano? 


Com certeza é o medo que a religião tem do sexo. Mas também é a repulsa masculina pelo que o homem mais deseja. Os homens precisam das mulheres e não gosta do fato de que precisam delas. Eles precisam muito delas e odeiam ter de precisar. Eles repugnam essa necessidade. E a religião transformou isso em um sistema e o torna sagrado. Minha primeira mulher era ortodoxa grega. Era cristã oriental. Quando ela menstrua não podia ir à igreja. Não podia receber o sacramento da missa. Acho que isso também valia para as católicas e com certeza para as judias. E a repulsa pelos fluídos menstruais femininos é muito comum no islamismo e em outros cultos. Isso vem da antropologia humana, não vem do céu, dos planetas, não vem do sol ou da lua. Vem de formas muito primitivas da antropologia humana. Isso é a primeira coisa é que preciso saber. 

Falemos das três religiões monoteístas. Você mergulhou na leitura das Escrituras, em uma mesma história contada de três maneiras diferentes. Mas não ficou claro para mim como vê os três homens mais conhecidos da humanidade: Moisés, Maomé e Jesus. Fale sobre eles. 


Moisés é uma figura mítica que foi inventada muitos séculos após a sua suposta morte. O Torá, a Bíblia judaica, tem aproximadamente quatro autores. O Pentateuco, os primeiros cinco livros do Velho Testamento.

 
Moisés inventado? 



Os estudiosos da Bíblia sugerem pelo menos quatro autores que se contradizem e às vezes se sintetizam. Ninguém, além dos judeus fanáticos, acredita que Moisés foi o autor do Torá ou que Deus a ditou para ele, o que, nesse caso, ele seria autor de segunda mão. Maomé, que também teria escrito o livro de Deus – ditado pelo arcanjo Gabriel – não é um figura tão mítica, tão lendária. Provavelmente ele tenha existido. É bem possível que tenha existido. Ele está nesse limite, entre a existência e a lenda. Jesus de Nazaré está ainda mais nesse limite, como Guilherme Tell, Robin Hood e o Rei Artur. Com certeza, muito do que foi escrito sobre Jesus foi feito, como no caso de Moisés e Maomé, séculos após a sua morte por pessoas que evidentemente não o conheceram, pessoas muito tendenciosas. Mas o esforço que fizeram para tornar isso realidade sugere que houve alguma participação de um personagem histórico. Em todo caso, há o desenho de criar uma história que fortalece uma crença. 

Como você descreveria Jesus na época em que viveu?

 
Na melhor das hipóteses, os seus partidários que escreveram sobre ele não concordam sobre o seu nascimento, sua vida, sua morte e sua suposta ressurreição. Os quatro evangelhos se contradizem sobre isso. Mas suponhamos que eles tenham tentado fazer o melhor possível, havendo concordância em relação à morte horrorosa. Ou não horrorosa. Para mim, a pergunta mais importante é: é legítimo que os cristãos digam “alguém morreu pelos seus pecados” sendo que essa pessoa na verdade não morreu? Imagine uma questão moralmente mais importante: se alguém se joga em cima de uma bomba que explodiria em uma sala de aula e absorve o impacto, morrendo para salvar as outras pessoas, podemos respeitar isso. E se for diferente, E se essa pessoa puder se levantar dois dias depois e disser: “Eu estou ileso”. Isso diminui a admiração que temos pelo sacrifício. O cristianismo tem todas essas questões morais que não foram resolvidas. 

 
Voltando às escrituras, você disse que o Velho Testamento foi um pesadelo, mas o Novo Testamento foi mais cruel.. O que é tem de tão terrível? 


O velho Testamento é um pesadelo porque tem o mandado divino oficial da limpeza étnica, como chamamos hoje, a destruição de outros povos. Na verdade, é uma limpeza étnica genocida que destrói até a última criança, dos midianistas, dos amalecitas e outros. Essas raças deveriam desaparecer. Suas terras deveriam ser tomadas. E se houvesse sobreviventes, de preferência moças, elas deveriam ser escravizadas e por aí em diante. Era um mandado divino para tudo isto: escravidão, genocídio, assassinatos de crianças, etc. E roubo, conquista, desapropriações. Imperialismo do pior tipo. Depois que os midianistas, amalecistas e moabitas foram destruídos, pronto, eles não sofreriam mais por não serem judeus ou por não terem uma aliança com Deus. Mas aí eles já estavam mortos e pronto, não havia inferno. Mas, pelo Novo Testamento, eles seriam torturados após a morte, para sempre. Essa ideia tão cruel nasceu com Jesus, que disse pela primeira vez: “Se você não concorda com o que ofereço, saia daqui e vá para o fogo eterno”. Acho essa é a ideia mais cruel já proposta na História, hoje muito pregada pelos assassinos suicidas do Islã. É o ensinamento centro de sua doutrina perversa. 



Por outro lado, sua leitura do Corão o fizeram dizer que o Islamismo é ao mesmo tempo é mais interessante e a menos interessante das religiões monoteístas. Falemos do que é o mais interessante no islamismo.

  
O islã alega ser a culminância. Talvez devemos dizer a “consumação” da “revelações” de Abraão, Moisés, Jesus. Ele não as nega, apenas diz que agora Deus as completará com suas últimas palavras, depois das quais não se precisar questionar mais nada. Sem mais perguntas porque todas já foram respondidas. Só precisamos reconhecer as boas novas e nos ajoelhar diante delas. É uma doutrina muito perigosa, é claro, porque sugere literalmente que a época do questionamento humano chegou ao fim. Que já temos as informações de que precisamos. E nada pode ser pior do que isso. A mensagem do Corão ainda traz, no fundo, uma ameaça indireta: “Se você não concorda, há algo muito errado em você e você precisa entrar na linha”. E as medidas a serem tomadas devem ser muito severas. 
  
Mas isso também é válido para outras religiões monoteístas?


Sim, é verdade. O sr. Ratzinger, Herr Ratzinger, o bávaro que se diz “bispo de Roma”, e cujos partidários, mas não eu, o chamam de “papa”, disse recentemente que a Igreja Católica Romana é a fé verdadeira. É claro que ele não poderia dizer outra coisa. Os ensinamentos da igreja estão aí, e ele quis reafirmá-los porque houve um enfraquecimento da doutrina cristã. Mas isso é dito desde antes do profeta Maomé. Acho que a diferença é que os clérigos muçulmanos dizem: “Nos conhecemos a Bíblia [cristã], mas a nossa vem depois, é a última, é a definitiva”. É mais parecido com o que os cristãos falam sobre os judeus. Ou dizem que eles [judeus] fizeram tudo errado, que mataram Cristo, que são hereges; ou os veem com bons olhos e dizem que agiram bem, que inventaram o monoteísmo e que só precisam entender que o Messias já veio, que precisam mais esperá-lo. Para mim, como ateu, todas as religiões são falsas. Elas são falsas do mesmo modo: preferem a fé à razão.


Há um capítulo muito interessante no seu livro, o mais generoso, eu diria, no qual você faz a pergunta: “As religiões fazem as pessoas se comportarem melhor?” E surpreendentemente você diz sim quando fala de Martin Luther King.

Não, eu digo que não. Lamento.


Eu entendi que você...
 

O que eu disse é que a luta pelos direitos civis dos afro-americanos, dos negros americanos, estava pronta muito antes de o dr. King nascer e foi criada por ateus, leigos e negros.


Você reconhece o papel importante que ele teve?

 
Retoricamente, a justificativa para o racismo e a escravidão era cristã, especialmente a cristã. É muito inteligente, retoricamente, poder usar a linguagem do cristianismo dialeticamente, mas não ajuda a provar que o racismo e a escravidão são moralmente condenáveis. Nos termos do Velho e do Novo Testamentos, eram um caso encerrado. É apenas uma grande vitória da propaganda: uma vitória retórica porque a religião nunca fez ninguém se comportar melhor. Mas certamente não poderemos dizer que religião não fez as pessoas agirem pior ou não poderíamos usar a justificativa cristã para a escravidão por mais de 200 anos e a justificativa judaica antes disso. Todas as justificativas para a escravidão são religiosas.

Você pertence a um pequeno e seleto grupo de evolucionista que propõe um Iluminismo renovado, centrado no homem. Pessoas como Richard Dawkins e Daniel Dennett, que se chamam de brights, iluminados.
 
Vou definir assim: eu não posso dizer que tenho uma luz interna. Se você disser que vê isso em mim, eu fico honrado. Mas eu não posso dizer que você deve me ver assim porque seria arrogante de minha parte. O centro do sistema é o ser humano ou a humanidade. Passamos muito tempo tentando mostrar às pessoas que foi a igreja que nos quis convencer de que o universo todo girava ao nosso redor. Por isso não gostavam do Galileu. Queriam que acreditássemos que o Sol girava em torno da Terra, que o universo todo estava centrado em nosso globo. Nós dizemos às pessoas ao contrário. Nós não estamos nem na periferia distante do universo conhecido. É hora de entendermos como nosso papel nisso tudo é pequeno. Só quando tivermos um senso de proporção é que provavelmente poderemos ver isso de forma racional. 


Mas a “luz interior” também é uma definição de Deus. E há outras. Por exemplo, eu peguei do filósofo de esquerda Toni Negri, que não é exatamente um homem religioso. Ele diz que a única definição possível para Deus é o excesso, a superabundância, a alegria.


Nós não usamos a razão o suficiente. Nós negligenciamos nossas faculdades, do raciocínio, questionamento e ceticismo. Nós não a usamos de mais, nos a usamos de menos. Será um grande dia quando isso existir em abundância. 



De todo o modo, podemos acreditar que a humanidade está evoluindo em direção a esse esclarecimento?

Não acho que a humanidade esteja evoluindo.


Nem um pouco?



Não. Acho que no momento estamos regredindo. As forças da teocracia crescem muito rápido. E de modo mais confiante. E com mais violência e mais adeptos que as forças da razão. O período do esclarecimento humano pode parecer uma fração de segundo muito breve, muito pequena na evolução humana, entre o ano de 1680 e hoje. E talvez esteja para sofrer uma eclipse.

Muito obrigada sr. Christopher. Foi muito bom conversar com você.

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