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sábado, 18 de março de 2017

O ARGUMENTO TELEOLÓGICO DA EXISTÊNCIA DE DEUS (ARGUMENTO DO DESIGN)





bERTRAND rUSSEL





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O passo seguinte nos conduz ao argumento da prova teleológica da existência de Deus.

Vós todos conheceis tal argumento: tudo no mundo é feito justamente de modo a que possamos nele viver, e se ele fosse, algum dia, um pouco diferente, não conseguiríamos viver nele.

Eis aí o argumento da prova teleológica de Deus. Toma ele, às vezes, uma forma um tanto curiosa; afirma-se, por exemplo, que as lebres têm rabos brancos a fim de que possam ser facilmente atingidas por um tiro. Não sei o que as lebres pensariam deste destino.

É um argumento fácil de se parodiar.

Todos vós conheceis a observação de Voltaire, de que o nariz foi, evidentemente, destinado ao uso dos óculos.

Essa espécie de gracejo acabou por não estar tão fora do alvo como poderia ter parecido no século XVIII, pois que, desde o tempo de Darwin, compreendemos muito melhor por que os seres vivos são adaptados ao meio em que vivem.

Não é o seu meio que se foi ajustando aos mesmos, mas eles é que foram se ajustando ao meio, e isso é que constitui a base da adaptação. Não há nisso prova alguma de desígnio divino.
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Quando se chega a analisar o argumento teleológico da prova da existência de Deus, é sumamente surpreendente que as pessoas possam acreditar que este mundo, com todas as coisas que nele existem, como todos os seus defeitos, deva ser o melhor mundo que a onipotência e a onisciência tenham podido produzir em milhões de anos.
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Realmente não posso acreditar nisso. Achais, acaso, que, se vos fossem concedidas onipotência e onisciência, além de milhões de anos para que pudésseis aperfeiçoar o vosso mundo, não teríeis podido produzir nada melhor do que a Ku-Klux-Klan ou os fascistas?
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Realmente, não me impressiono muito com as pessoas que dizem: “Olhem para mim: sou um produto tão esplêndido que deve haver um desígnio no universo”. Não estou muito impressionado pelo esplendor dessas pessoas.
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Ademais, se aceitais as leis ordinárias da ciência, tereis de supor que não só a vida humana como a vida em geral neste planeta se extinguirão em seu devido curso: isso constitui uma fase da decadência do sistema solar.
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Em certa fase de decadência, teremos a espécie de condições de temperatura, etc., adequadas ao protoplasma, e haverá vida, durante breve tempo, na vida do sistema solar.
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Podeis ver na Lua a espécie de coisa a que a Terra tende: algo morto, frio e inanimado.
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Dizem-me que tal opinião é depressiva e, às vezes, há pessoas que nos confessam que, se acreditassem nisso, não poderiam continuar vivendo.

Não acrediteis nisso, pois que não passa de tolice. Na verdade, ninguém se preocupa muito com o que irá acontecer daqui a milhões de anos.

Mesmo que pensem que estão se preocupando muito com isso, não estão, na realidade, fazendo outra coisa senão enganar a si próprias.

Estão preocupadas com algo muito mais mundano – talvez mesmo com a sua má digestão. Na verdade, ninguém se torna realmente infeliz ante a ideia de algo que irá acontecer a este mundo daqui a milhões e milhões de anos.

Por conseguinte, embora seja melancólico supor-se que a vida irá se extinguir (suponho, ao menos, que se possa dizer tal coisa, embora, às vezes, quando observo o que as pessoas fazem de suas vidas, isso me pareça quase um consolo) isso não é coisa que torne a vida miserável.

Faz apenas com que a gente volte a atenção para outras coisas.


PALESTRA COMPLETA

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quinta-feira, 25 de abril de 2013

O MUNDO MUITO LOUCO DO CRIACIONISMO


de Frank R. Zindler



Os defensores do Criacionismo aderem às idéias mais excêntricas que você poderia imaginar — mas eles estão ganhando a briga para a educação da próxima geração. Anteriormente professor de biologia e geologia, Frank R. Zindler é atualmente um escritor científico. Ele é membro da Associação Americana pelo Avanço na Ciência e as Escolas Americanas de Pesquisas Orientais. Seus artigos aparecem regularmente na revista "A Mente que Sonda".

O seguinte discurso foi apresentado em 17 de abril de 1992, numa sexta-feira, na 22a Convenção Nacional Anual dos Ateus Americanos.
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A guerra entre os criacionistas e as escolas públicas acabou. Os criacionistas parecem ter ganho. Apesar do fato de terem falhado em impor leis tornando ilegal o ensino da evolução, apesar de terem falhado em impor leis obrigando ao "tempo igual" para a mitologia criacionista e a ciência evolucionista, e apesar do fato de os cientistas diariamente descobrirem ainda mais evidências provando a realidade da evolução, quase nada em termos de ciência evolucionista é ensinado nas escolas públicas dos Estados Unidos. Diretores e professores foram tão intimidados pelos fanáticos pelo Gênesis que quase ninguém tem coragem de lidar com o assunto supostamente controverso da evolução.

Como se isso não bastasse, o Instituto para Pesquisa da Criação (ICR) recebeu recentemente quase um quarto de milhão de dólares do estado como reembolso por despesas legais nas quais incorreu quando processou o estado da Califórnia por sua tentativa de impedir o Instituto de conceder títulos de mestrado em ciências.

Henry Morris, Duane Gish e outros superastros criacionistas nos dizem que é simplesmente ultrajante o fato de o estado da Califórnia ter tentado impedir o Instituto de conceder títulos de mestrado em astro/geofísica, biologia, geologia e educação científica. Quais são os fatos sobre o assunto? O fato é que o ICR é a escola criacionista mais bem equipada do mundo. Por exemplo, ela ostenta uma escola de pós-graduação de quatro salas, algo que nenhum outro [believe-tank] criacionista consegue igualar. Cada departamento tem uma sala inteira só para si. Como tem um minúsculo laboratório no fundo de cada sala, os mestres eruditos do IRC podem conduzir trabalhos de laboratório e estudos Bíblicos na mesma sala. Apesar do espaço laboratorial de astro/geofísica não ter nenhum equipamento funcionando no momento, acredito que o laboratório de biologia tenha mais de um microscópio. O que isso significa em termos de estar bem equipado para estudos de pós-graduação?


 Crateras na Lua

Um dos melhores indicativos de que uma teoria científica é genuínas é a sua capacidade de explicar características intrigantes do mundo físico. No caso da chamada "ciência criacionista", esta capacidade explicativa, às vezes, pode ser realmente impressionante. Em seu livro "A Notável Origem do Planeta Terra", de 1972, Henry Morris, o presidente do IRC em Chicago, aplicou os princípios nunca-definidos da "ciência criacionista" para explicar porque Marte e a Lua têm crateras. Para fazer isso, no entanto, ele teve que incluir uma explicação bíblica a respeito das estrelas também.

Considerando que Morris ensina que o universo tem apenas alguns milhares de anos de idade, temos o fato embaraçoso de que muitas estrelas estão a milhões ou mesmo bilhões de anos-luz de distância. Se as próprias estrelas têm apenas alguns milhares de anos de idade, sua luz não devia ter nos alcançado ainda, e assim a maioria das estrelas do universo estariam invisíveis se o criacionismo fosse verdadeiro. Mas Morris consegue explicar:

"Este problema parece imenso a princípio, mas é facilmente resolvido quando se compreende as implicações dos atos criativos de Deus, o próprio propósito da criação centrada no homem. Até mesmo os anjos foram criados para ser "espíritos auxiliares, mandados na frente para ajudar aqueles que serão os herdeiros da salvação" (Hebreus 1:14) O homem não foi, de jeito nenhum, algum tipo de reflexão posterior por parte de Deus; era (absolutamente) a idéia central em todos os Seus planos.

"O sol, a lua e as estrelas foram formados especificamente para 'ser sinais, e para as estações e para os dias, e os anos,' e 'para iluminar a terra' (Genesis 1:14,15). Para atingir este objetivo, eles teriam obviamente que ser visíveis na terra. Mas esta exigência é uma coisa muito pequena para um Criador! Porque seria menos difícil criar uma estrela do que criar as emanações da mesma? Na verdade, Deus não criou a 'luz' no Primeiro Dia, antes de criar 'luzes' no Quarto Dia? É até mesmo possível que a 'luz' que banhava a terra nos três primeiro dias [antes do sol ser criado] tenha sido criada no espaço para mostrar o caminho para os inúmeros 'portadores de luz' que ainda estavam para ser criados no Quarto Dia."

Em outras palavras, a luz que vemos chegando de uma estrela a cem milhões de anos-luz de distância não esteve viajando por cem milhões de anos. Deus criou a luz perto da terra; a luz nunca veio realmente de uma estrela. Só parece ser assim! Deus, ao que parece, criou um mundo de aparência enganosa. Curiosamente, Morris parece alheio a essa embaraçosa implicação de sua explicação, e ele deixa de perceber um detalhe ainda mais importante: se Deus criou as estrelas para ser os indicadores de épocas e estações para os habitantes pré-científicos da terra, não é estranho que tenha sido justamente para as estrelas que ele teve que criar falsos raios de luz, invisíveis a olho nu - e assim não podiam ser usadas "para sinais e estações"?

Como presidente do ICR, Morris preside uma instituição que, já comentamos, está autorizado pelo estado da Califórnia de conceder títulos de mestrado em astro/geofísica. Sendo assim, há um grande interesse em analisar o que Dr. Morris tem a nos dizer sobre as estrelas e os planetas:

"Nós ainda não sabemos a resposta completa ao problema do propósito total de todas as estrelas. Isso é especialmente verdadeiro em se tratando das inúmeras estrelas que só podem ser vistas através de telescópios.... As estrelas que são visíveis a olho nú são, evidentemente, tão valiosas para a navegação quanto pela sua beleza, mas estas constituem apenas uma fração infinitesimal do número total de estrelas. Qual foi, então, o propósito de Deus em criar todas as outras?

"...sendo que nas Escrituras as estrelas estão freqüentemente associadas aos anjos, pode ser que as estrelas estejam de alguma forma envolvidas no ministério dos anjos... Essa possível associação de estrelas com anjos é, casualmente, a única sugestão que as Escrituras fazem a respeito de vida inteligente em outros mundos... "

Dêem a esse homem um título de mestre em astrofísica!

Morris então discute os resultados astronômicos do pecado e faz um breve relato sobre a revolta de Satã e seus anjos e de sua guerra com Miguel e seus anjos. Usando algum tipo de princípio criacionista - talvez algo como "o coseno da estrela é proporcional ao ângulo do anjo" - Morris opina que:

"As estrelas físicas, que estão de alguma forma associadas às hostes espirituais do céu, podem assim também estar envolvidas nesta guerra celeste. As 'estrelas' associadas ao sistema solar, como os planetas e asteróides (e devemos lembrar que o termo 'estrela' no sentido Bíblico se aplica a qualquer corpo celeste que não o sol e a lua), seriam particularmente os mais prováveis de estarem envolvidos, tendo em vista a grande concentração de anjos, tanto bons quanto maus, ao redor do planeta Terra."

O Dr. Morris não revela como exatamente foi capaz de medir a concentração de anjos nas vizinhanças do planeta Terra. Mas continuemos:

"Existem várias referências Bíblicas indicando que de alguma forma as estrelas podem realmente fazer parte das batalhas humanas (Números 24:17; Juízes 5:20; Revelação 6:13; 8:10; etc.) .... De qualquer forma, existe ao menos a possibilidade de que as rupturas e marcas (fraturas e cicatrizes) na lua e em Marte, os destroços remanescentes de um antigo planeta que se tornaram os asteróides, os anéis peculiares de Saturno, os enxames de meteoritos e outras características que de alguma forma parecem estranhos a um universo 'muito bom' conforme Deus deve tê-lo criado, terem sido adquiridas depois. Talvez reflitam algum tipo de catástrofe celeste associada, ou à rebelião primeva de Satã, ou à sua contínua batalha contra Miguel e seus anjos...

"A antiga fascinação dos homens de todas as nações pela astrologia pagã só pode ser compreendida se reconhecermos que existe algum fundo de verdade nessa, de outra forma estranha, noção de que objetos que estão a bilhões de milhas de distância poderiam ter alguma influência sobre acontecimentos terrestres. Certamente que as estrelas físicas não podem ter esse tipo de efeito sobre a terra, mas os maus espíritos ligados a elas não são tão limitados."

Talvez o ICR possa acrescentar um título de mestrado em astrologia demoníaca à sua lista de títulos de ciência não-natural concedidos! Mas a capacidade explicativa da ciência criacionista ainda não acabou. Morris consegue explicar os OVNIs também:

"...a bem documentada associação de certos avistamentos de OVNIs com influências e tendências ocultas sugerem que 'os governantes da escuridão deste mundo' (Efésios 6:12) estão cada vez mais criativos na sua batalha pela mente dos homens."

Como Billy Graham, Morris parece achar que os OVNIs são, na verdade, anjos - anjos maus.


Dividindo a Escuridão

Embora a maioria dos criacionistas que trabalham arduamente para enfraquecer a educação científica sejam Cristãos Protestantes fundamentalistas, Católicos e Judeus também podem ser criacionistas. Acabamos de ver como Henry Morris lida com o problema das estrelas distantes aparentemente provarem a grande antiguidade do universo. Judeus criacionistas também têm ponderado o problema, e um deles apresentou uma solução bastante diferente.
Em 1988, a Associação de Cientistas Judeus Ortodoxos publicou um volume de artigos intitulado Desafio: O Ponto de Vista do Torá sobre a Ciência e seus Problemas. Entre os artigos nesse livro tem um escrito por um tal de Rabino Simon Schwab. Seu título é "Que idade tem o Universo?"

O rabino escreve:

"Nossa pergunta é: Que idade tem o Universo? Resposta: o Universo tem 5735 anos de idade, mais os seis dias da criação."[O artigo foi originalmente publicado em 1962, portanto podemos acrescentar os anos extras necessários à idade do universo.]

O Rabino Schwab, como Henry Morris, está preocupado com a luz. Diferente de Morris, no entanto, ele se concentra no problema colocado pelo fato da luz ter sido criada no primeiro dia da criação, embora o sol e as estrelas não tenham sido criados até o quarto dia. Ele também se preocupa em explicar o fato peculiar de que dizem que Eloim separou a luz da escuridão - um processo que Mark Twain comparou a tirar ervilhas de olhos pretos da tapioca, ridicularizando os autores do Gênesis por não saberem que a escuridão é meramente a ausência de luz.

De acordo com o Rabino Schwab, no entanto,

"A luz a princípio estava entrelaçada com a escuridão. Esta 'escuridão' parece ter sido não uma ausência de luz, mas uma escuridão criada, cuja exata natureza não é revelada. Talvez fosse semelhante ao que os cientistas atualmente chamam de poeira cósmica, nebulosas escuras ou algo assim. Quando a Luz apareceu pela primeira vez, foi obscurecido em parte por alguma substância escura e não revelou seu esplendor."

Já deu para perceber que passamos minutos-luz além do raciocínio dos especialistas no ICR! Deveria ser mencionado, porém, que o Professor Richard Niessen, da Faculdade da Herança Cristã que é proximamente afiliada com o ICR — anteriormente em 1985 falou aos presentes (inclusive a mim) em uma conferência de criacionismo em Cleveland que os criacionistas deveriam dedicar mais tempo na pesquisa da escuridão. Concordando com Rabino Schwab que a escuridão é uma coisa em si mesma, não apenas a ausência de luz, o Professor Niessen mostrou projetos para os iniciados de criacionismo presentes pesquisarem:

"Uma segunda coisa possível que os criacionistas poderiam procurar é algum tipo de instrumento que detecta a escuridão. É minha conclusão, baseado nas (escrituras) que a escuridão é uma coisa positiva."

Mas voltando ao Rabino Schwab: a tese do artigo dele fica ainda melhor — quer dizer mais difícil de entender. De acordo com o rabino, há um marcador universal, inalterável da passagem de tempo, o aparecimento e reaparição do que ele chama "a criação da Luz". Como você sabe da Bíblia, o primeiro "dia" começou pela "noite"— e a este dia, consideram os judeus Ortodoxos o Sábado sagrado começando no pôr do sol na sexta-feira.

Ouçam o Rabino Schwab:

"Aqui temos uma definição clara do primeiro Dia de criação. Ele começa como "noite" pelo aparecimento da Luz de criação, parcialmente obscurecido pela escuridão, até que a escuridão desaparece deixando a "Luz da criação" para clarear brilhantemente durante algum tempo até desaparecer. Em outras palavras, o primeiro Dia da criação é igual para o tempo leva a luz da criação para aparecer e brilhar alternadamente vagamente e fortemente até que diminui..."

Embora ninguém tivesse percebido o fato, até o Rabino Schwab ter revelado isto em 1962,
"Cada vez que nosso globo gira a Luz da criação aparece até que uma rotação da terra seja completada; ao que reaparece novamente para o mesmo desempenho, e assim por diante e, até o fim dos dias.

"Uma palavra de precaução cabe aqui. É óbvio que o que ninguém pode ver não pode 'aparecer'. O que nós pretendemos implicar pela palavra 'aparecer' é, que um evento real acontece regularmente no Universo, o qual nossos sentidos humanos não podem registrar na atualidade. Ainda a Torah nos informa que tal evento está acontecendo com exata regularidade.

Embora esta luz agora indetectável sempre acendeu e apagou em intervalos de vinte e quatro horas, durante os seis dias de atividade criativa de Deus outras medidas de tempo não estavam trabalhando como fazem agora. Durante a semana da criação, todos os processos da natureza trabalharam muito, muito mais rápido do que agora. Durante o que é agora seis períodos de vinte e quatro horas bilhões de anos de processos físicos, geológicos e químicos puderam acontecer em virtude de sua enorme rapidez. Assim a ciência Judia e a Torah estão corretas. Todos os processos que levariam bilhões de anos para se completar de fato aconteceram; eles simplesmente foram compactados em seis dias. Começando com a noite do sétimo dia de semana de criação, quando Elohim teve que descansar, os processos naturais reduziram a velocidade à taxa sua atual, com cada rotação da Terra em seu eixo correspondendo a uma reaparição da criação.

Deslumbrante, não? Digo, o raciocínio. A "Luz da criação" que você nem pode ver!

Enquanto o rabino parece ter proposto um método irrefutável para reconciliar a grande idade do universo com a idade absurdamente jovem requerida pelo Gênese, restou um problema. Além do fato das declarações irrefutáveis — declarações para as quais você não pode nem mesmo inventar um teste — serem cientificamente sem sentido, há ainda a dificuldade desajeitada envolvendo uma seqüência de eventos registrados pelo Gênese de um lado e a geologia de outro.

Assim, temos o Gênese capítulo um que nos fala que as plantas verdes são mais velhas que o sol, considerando que o registro nas pedras nos dá algo mais que uma suspeita furtiva que o sol é mais velho que as plantas verdes! Ficamos totalmente pasmos imaginando contemplar as plantas verdes esperando milhões de anos o Sol começar a brilhar. O Gênese nos fala que pássaros são mais velhos que os répteis, considerando que as evidências paleontológicas são claras como cristal: pássaros são descendentes de répteis, e só após muitos, muitos milhões de anos depois que os primeiros, répteis apareceram.

 Além dos problemas com a seqüência da criação dada pela Gênese capítulo um, há o estupendo problema do Gênese capítulo dois. Naquele capítulo nós aprendemos que Adão — o primeiro macho da espécie humana — foi criado antes de todos outros tipos de coisas viventes, até mesmo antes de plantas — e a Eva foi criada como uma reflexão tardia para que o Adão não pudesse entrar totalmente em bestialidade. Talvez a transmutação de tempo proposta pelo bom rabino também tenha trabalhado como uma transmutação de sequência.


Primeiro de Abril

Talvez o maior perigo posto pelos criacionistas resulte de sua quase universal falta de senso de humor e de sua credulidade incrível. Eles nunca riem quando lêem outros livros e eles podem facilmente ser levados a acreditar em quase tudo. Uma sociedade onde todo o mundo é crédulo não sobreviverá por muito tempo, e um mundo sem humor é indistinguível do inferno. Eu temo que o domínio de criacionistas nas escolas esteja conduzindo a uma geração de Americanos sem nenhum treinamento em pensamento crítico e vão acreditar em qualquer coisa — uma geração que nunca teve permissão para rir do absurdo.

Durante os oito anos que Ronald Religion foi Evangelista-chefe, muitos trouxas sem humor encontraram os poleiros mais altos na América e a NASA foi infestada de criacionistas. A infiltração de criacionistas na NASA de fato começou mais cedo quando Richard Nixon e Billy Graham ocuparam a Casa Branca. Um dos primeiros infiltrados foi o astronauta James Irwin, um homem que caminhou na Lua em Julho de 1971. Na época que Reagan se mudou para a Casa Branca e começasse questionar a realidade da evolução, Irwin se mudou para além da NASA e da Lua. Ele então começou procurar a Arca de Noé.

Foi em 1982. Com um ator de grau B chegando até o Salão Oval, ninguém estava rindo de qualquer coisa mais. Se Irwin tivesse entrado na Turquia para procurar um barco a remos no topo de uma montanha, lá, ele ainda poderia ter arrancado alguns sorrisos. Mas quando ele anunciou que estava lançando uma expedição para encontrar um barco oceânico --um barco 50 por cento mais longo que um campo de futebol e quatro andares de altura - um navio oceânico em cima de um vulcão de dezessete mil pés de altura (5180 metros), ninguém na mídia religiosamente reprimida elevou uma sobrancelha, muito menos deu gargalhadas. Ninguém investigou para descobrir que Irwin, supostamente um produto do florescer da tecnologia americana e conhecimento, o embaixador da ciência de alta tecnologia, estava sendo aconselhado por pessoas totalmente destituídas de um senso de humor. Ninguém soube que o companheiro crédulo de Irwin, Eryl Cummings tinha sido ludibriado pela piada de um 1º de abril, e por sua vez tinha infectado o crédulo Irwin.

A história começou aproximadamente dez anos antes de James Irwin cair de um precipício sobre o Monte Ararat ter feito dos Estados Unidos o bobo da côrte do mundo civilizado. A história pode ser reconstruída de material publicado por Violet Cummings, a esposa do sócio da expedição de Irwin, Eryl Cummings. Em seu livro Alguém Realmente Já Viu a Arca de Noé, Sra. Cummings conta uma chamada de telefone que o marido dela recebeu na casa deles em Farmington, Novo México. Eryl estava sendo chamado pelo Dr. Charles Willis, médico de Fresno, na Califórnia. Depois de uma conversação longa o doutor contou para Cummings, "eu tenho em minha posse fotografias reais da Arca." As fotografias eram ilustrações que acompanham um artigo em Russo que tinha sido publicado nos anos 30, em um jornal de refugiados da Rússia Branca chamado Mech Gedeona ("A Espada de Gideon").
Violet Cummings por sua vez, descobriu que o editor de Mech Gedeona tinha adaptado uma história de uma foto-novela que antes tinha aparecido no Rubez, outra, publicação de refugiados. Rubez tinha apanhado e traduzido a história de característica alemã publicada no Kölnische Illustrierte Zeitung, em 1º de Abril de 1933.

Neste momento, qualquer um menos um fundamentalista teria começado a rir. Mas fundamentalistas, como já comentei, são totalmente desprovidos de senso de humor. 1º de Abril um dia tão bom para a revelação divina como qualquer outro dia. Depois que o editor do Mech Gedeona viu o artigo alemão com suas fotografias de exploradores, guias nativos, e o grande vovô dos barcos monteses, a Sra. Cummings nos fala:

"Em toda a boa fé o editor, um ministro Cristão e médico, agradeceu a Deus pela verificação da Bíblia e usou a história para Mech Gedeona [sic]. Ele estava completamente desavisado que 8 de abril, uma semana depois de sua publicação original, um editorial tinha aparecido no mesmo jornal alemão confessando que a história inteira da "descoberta" tinha sido uma piada enorme — uma "brincadeira" que perpetrou no público alemão que não estava atento para a brincadeira anual da celebração do 1º de Abril."

A primeira versão da história vista pelos Cummings era em idioma russo, a versão de Mech, e eles tiveram um pouco de dificuldade de transliterar os nomes dos expedicionários do Cirílico para o alfabeto latino. Eles quiseram, claro, fazer contato com estas pessoas e assim eles poderiam conseguir informações necessárias para planejar a sua própria expedição para o Monte Ararat. Os nomes dos arqueólogos encarregados pareceram ser por um lado Stonehouse, Stoness, ou Stoneass e Meade ou Mud por outro. Harvard, Yale, o Smithsonian, a Sociedade Geográfica Real de Londres--e uma lista longa de outras instituições prováveis--foram inquiridos sobre os supostos arqueólogos, mas nenhuma das autoridades tinha ouvido falar deles ou da sua expedição.

"Nesta conjuntura," Violet Cummings nos fala, "aqueles envolvidos na análise exaustiva e meticulosa das fotografias começaram a abrigar uma leve suspeita de uma brincadeira."11 Presumivelmente, foram só os foto-analistas — que notaram que as pederneiras estavam faltando nas carabinas das fotos de 1933 — que sentiram qualquer sombra de dúvida. O resto dos quase conselheiros de astronautas continuaram ainda mais intensamente a sua busca.

Quão forte a predisposição deles para acreditar pode ter sido só pode ser apreciada depois que alguém descobre que apenas dois dias depois que Cummings adquiriu as fotos russas que ele recebeu a carta de John Bradley — o presidente de outro grupo de caça barcos, a Fundação SEARCH — revelando que Bradley tinha localizado o artigo alemão original com, nós temos que assumir, as ortografias corretas dos nomes dos participantes alegados. Tão logo, Eryl, Violet, e a sua filha Phyllis souberam as ortografias corretas dos nomes ultrajantes em questão: Professor Bunda de Pedra, Professor Lama, e Sra. Pútrida Desprezível. Violet relembra que

"Em 4 de Abril de 1972 — exatamente quatro meses depois do dia que ele recebeu o que ele acreditou sinceramente na época serem as fotografias da Arca de Noé para Eryl Cummings — até mesmo Dr. Willis estava começando a alimentar certas suspeitas em seu íntimo. 'A história de Stoneass (Bunda de Pedra) poderia ser uma brincadeira mas o tempo dirá,' ele declarou.

Estudos do artigo original alemão revelaram muitos "fatos" novos. "Professor Stoneass (Bunda de Pedra)," acabou sendo, "um arqueólogo americano da Universidade de Yalevard Real, Massachusetts, EUA, e um professor de intercâmbio da Academia Francesa." O apoio financeiro dele veio de uma Sra. Putrid Lousey, a rica "viúva do rei do açúcar americano."

Depois de uma procura minuciosa em Massachusetts e na Nova Inglaterra, os Cummings concluiram tristemente, "A [Universidade de Yalevard Real], e também 'Stoneass' e 'Mud' parecem ser inexistentes." Este foi o fim da procura? Claro que não! Os Cummings foram para a Turquia.

Na Turquia um guia nativo que falava inglês fluente foi questionado sobre a descoberta de Stoneass e da Universidade de Yalevard. O guia disse que sabia sobre tudo, claro, tendo tido um professor inglês na Universidade de Ankara que era da Universidade de Yalevard — a Universidade de Yalevard é em Londres. Então! Vamos para Londres checar a Universidade de Yalevard.

Infortuitamente, não encontraram nenhuma Universidade de Yalevard em Londres, e aparentemente nenhum Massachusetts britânico. Foi naquele momento que Phyllis Cummings notou a data 1º de Abril. Os alemães observam o dia dos Bobos de Abril? Depois de descobrir que sim, Violet escreveu: "O quebra-cabeça tinha sido resolvido parcialmente" (ênfase minha). Só que o que sobrou para ser resolvido não está imediatamente claro, mas os Cummings localizaram um dos editores do jornal alemão finalmente. 19 de julho de 1973, ele lhes enviou uma fotocópia do editorial de 8 de abril de 1933, que explica a brincadeira. Claro que isso ainda não era o fim dos trabalhos.

Os cruzadores diluvialistas tinham que achar a "prova da autenticidade da brincadeira". Eu não estou certo se eles encontraram tal prova. Exatamente quando eles deixaram de procurar a Universidade de Yalevard Real é desconhecido, mas a Sra. Cummings confia aos seus leitores, "Nota: Até este dia [1982] a existência da tal instituição nunca foi confirmada."Se James Irwin não tivesse morrido tão prematuramente, talvez ele poderia ter achado a faculdade. Se ele tivesse, eu apostaria um dólar para uma rosquinha, que ela acabaria sendo uma instituição que concede Ph.D.'s em Demonologia Diluviana e Geologia do Gênese.


Alguns Personagens Criacionistas

Entre os líderes do movimento criationista alguns são muito interessantes - alguns interessantes de verdade — individuais. Há, claro, os geocentristas - os cientistas avançados que ensinam que a Terra é o centro do universo, da mesma maneira que a Bíblia requer, e que o Sol e todo o universo revolvem ao redor da Terra cada vinte e quatro horas. Há o Dr. Gerardus Bouw, da Faculdade de Baldwin-Wallace em Ohio. Dr. Bouw tem um Ph.D. em astronomia pela Universidade de Reserva Caso-Ocidental (Case-Western Reserve University). Ele pode provar que o Sol gira em torno da Terra."Se Deus não pode ser levado literalmente a sério quando ele escreve sobre levantar do sol (S-U-N)," pergunta o Dr. Bouw, "então como alguém pode insistir que ele seja levado literalmente quando escreve do levantamento do Filho (S-O-N)?"

Há o Professor James Hanson, da Universidade do Estado de Cleveland que declarou,: Sobre a Geocentricidade. Acentricidade: Este é o argumento. Acentricidade que significa não há nenhum centro tudo que... Para mim, isto é um pesadelo infernal. Isto é pior que evolução, até onde me concerne ". Curiosamente, o Professor Hanson não teve nenhum comentário para fazer sobre a excentricidade.

Mas o mais memorável de todos os criacionistas geocentristas são Marshall e Sandra Hall, os autores do livro de capa mole amplamente distribuído, A Verdade: Deus ou Evolução? A demonstração deles que o Sol gira em torno da Terra, em uma conferência de criacionismo em 1984, é um desempenho do qual eu nunca esquecerei.

A conferência era em Seven Hills (Sete Colinas), Ohio, um subúrbio de Cleveland. Marshall e Sandra se levantaram juntos para dar uma palestra. Mas como o discurso saltava de um lado para outro entre o marido e esposa a cada minuto mais ou menos, as coisas começaram a se desvendar. Com bastante clareza, eles explicaram que a teoria heliocêntrica era uma "falsificação Satânica," e eles contaram que tiraram férias na planície de Gibeon — onde Joshua mandou o Sol e a Lua ficarem parados — e receberam uma revelação de deus que a Lua é a pista para tudo.

Sem contar em quanto tempo eles fizeram vinte perguntas a deus depois de receber esta pista, os Hall começaram a provar que o Sol gira em torno da Terra. Marshall tinha se lançado ardorosamente na sua "prova" até que seu trem de pensamentos foi descarrilado. Ele procurou em vão pelas palavras e parou. Ele não pôde achar um modo para passar a bola para a Sandra. Logo ele estava lamentando abertamente, anunciando que deus "agora a qualquer minuto" ia lhe dar as palavras certas.

Mas Deus não foi envolvido tão rapidamente, e assim a Sandra voltou no espetáculo. Ela contou como eles uma vez tinham assistido um eclipse do Sol no qual a "sombra" da Lua tinha movido o modo errado! (Ela nunca esclareceu enquanto estava falando sobre a imagem enegrecida da Lua vista contra o Sol, e quando ela estava falando da sombra do eclipse se movendo pela superfície da Terra).

Esperança é a última que morre, ela levou duas xícaras de plástico e tentou modelar os movimentos do Sol e da Lua durante o eclipse. Marshall parou de chorar e criou coragem. Mas que azar! Dentro de outro minuto, ambos foram estonteados desesperadamente pela falsificação Satânica. Não só eles não puderam perceber que quando de frente para o Sol as mãos esquerdas deles estavam apontando leste, mas quando virar as costas para o Sol (e para a audiência) as suas mãos esquerdas estavam apontando oeste, eles também pareciam ser desavisados que as câmeras fotográficas comumente usadas para ver eclipses também invertem esquerda e direita.

Quando o tempo para a apresentação dos Halls se esgotou, eles só puderam anunciar que tinham dado para todo o mundo a chave para destrancar o baú do tesouro do conhecimento astronômico, e eles imploraram àqueles com experiência no assunto a seguir suas idéias. Até onde eu sei, vários criacionistas hoje estão fazendo justamente isso.

Além dos geocentristas, há cronologistas geobíblicos. Um destes é E. W. Faulstich, o proprietário do instituto de Cronologia História e Pesquisa em Rossie, Iowa. Um computador do especialista Faulstich calculou que a Terra foi criada em 4.001 A C. — não 4.004 D.C. como calculou o Arcebispo Ussher. Domingo, 17 de março, para ser preciso.

E há o Rev. Dr. Dr. Dr. Dr. Carl Baugh, uma reencarnação de P. T. Barnum que opera fora da região do Glen Rose (Vale Rosa) do Texas. Embora eu não saiba de ninguém que tenha localizado a fonte ou até mesmo um dos doutorados dele Dr. Baugh parece poder adquirir novos doutorados sempre que a volta em um argumento requeira um. Baugh conduz expedições ao longo do Riacho de Paluxy próximo do seu "Museu de Evidências Cristãs — uma casa reboque que testemunha contra a heresia da evolução.

As expedições viram pegadas humanas petrificadas entre as trilhas de dinossauros para qual os depósitos Paluxy Cretaceous são famosos. Baugh acredita que Dinnie e Alley-Oop viveram ao mesmo tempo, veja você. Embora a maioria das pegadas humanas alegadas são indescritíveis sem impressão, Baugh exibe uma que é muito impressionante. Sendo pelo menos com dezesseis polegadas de comprimento, o "rastro" do bigfoot (pé grande) é tão perfeita como a pegada de um gigante como os vendidos na feira. Durante alguns anos, Baugh "deu" as pegadas moldadas em alumínio a qualquer um que doasse cem dólares ou mais para o "museu" dele. Infelizmente, o rastro de bigfoot caiu em tempos de vacas magras.

Dr. Ronnie Hastings, um amigo meu de Waxahachie, Texas, soube por Marian Tailor que as pegadas do bigfoot — geralmente conhecidas como impressões Caldwell — eram uma fraude. Embora todo cientista que alguma vez viu uma pegada ou um molde dela saiba imediatamente que é uma fraude, foi agradável obter confirmação de um criacionista. De acordo com Hastings,

"Marian Tailor revelou que esta impressão cujo molde está em exibição proeminente no Museu de Evidência da Criação de Baugh e uma cópia da qual foi enviado aos contribuintes do Fundo de Defesa Legal da Criação de Louisiana, foi de fato comprado em Glen Rose como uma escultura pelos Tailor nos anos sessenta e não foi encontrado no leito fluvial de Paluxy como reivindicado por Baugh.... Jacob McFall identificou o molde como uma cópia de escultura feita por um dos irmãos Adams de Glen Rose famosos por esculpir pegadas. A Sra. Taylor não estava muito contente com as falsas reivindicações relativas ao molde exibido pelo Rev. Baugh."

Deve-se lembrar que durante a Grande Depressão, vários habitantes de Glen Rose ganharam a vida esculpindo "pegadas fósseis" para vender a compradores crédulos da cidade. Entre esses compradores da cidade estavam vários criacionistas que acharam nelas a confirmação de impressões tanto do Jardim do Éden quanto da Inundação de Noé.

Uma última palavra sobre o Rev. Dr. Baugh. Impressionado pela longevidade informada do patriarcas antigos catalogada no Livro do Gênese, Baugh decidiu que a atmosfera da Terra antediluviana era mais pesada e continha mais oxigênio, e aquele oxigênio era a pista para a longevidade. Quando visitei o estabelecimento dele vários anos atrás, notei um grande objeto parecido com um tanque montado não muito longe do seu tailer-museu. Perguntando depois sobre isso, descobri que Baugh estava planejando viver dentro dele depois de enchê-lo com uma atmosfera rica em oxigênio e pressurizar. Em algum lugar ao longo do percurso, Baugh tinha adquirido um pouco de conhecimento de química — talvez um doutorado em química na Sears Roebuck. Ele descobriu que a fórmula para oxigênio atmosférico é O2. Ele também aprendeu que a fórmula para ozônio é O3. Argumentando presumivelmente que se O2 é bom, O3 deve ser ainda melhor, Baugh estava planejando "enriquecer" a sua atmosfera Edênica com ozônio! Como eu disse, ele estava planejando viver dentro disto.

Eu esperava voltar vários meses depois que Baugh começasse sua experiência. Até lá ele teria sido uma criatura bastante quebradiça, e tive uma curiosidade mórbida para ouvir como a voz dele soaria depois que sua laringe tivesse enferrujado. Mas aí, alguém parece tê-lo advertido dos efeitos colaterais das atmosferas de "Edênicas", e ele nunca levou a cabo a experiência.

Outro criacionista que provocou um impacto enorme na educação pública nos estados do centro norte foi o Rev. Walter Lang, ministro Sínodo luterano de Missouri e fundador da Associação da Ciência da Bíblia ha mais de trinta anos atrás — geralmente chamado a Associação CB. Lang é um geocentrista, um jovem mundano, e um crente que os dinossauros nunca foram extintos O Behemoth e Leviatã do Livro de Jó são nada mais, nada menos que o Brontossauro e o Monstro de Loch Ness, respectivamente. Além da descoberta dele que os dinossauros poderiam cuspir fogo, igual ao dragão de São Jorge, há pouca coisa a mais sobre os notáveis ensinamentos do Rev. Lang. Bem, talvez haja uma coisa a mais para mencionar.

Quando ele estava nas Galápagos, ele viu lagartos iguana que olharam a ele exatamente como dinossauros bípedes muito pequenos. (Eu apenas posso ver essas iguanas, em pé sobre suas pernas traseiras dançando a quadrilha dos sobreviventes da hernia). Se elas se parecem com dinossauros, elas devem ser dinossauros! Lang explicou tudo para mim:

"Eu falei a um missionário em El Paso. Ele se lembrou de ter visto algumas iguanas de dez pés (3 metros) nas Filipinas... assim você vê, você apenas precisa das condições de tempo certas. Nós realmente temos dinossauros hoje, sem sombra de dúvida. Você apenas precisa das condições de tempo certas, como eu vejo, para ter criaturas enormes. E no oceano, claro que, nós temos criaturas enormes.... Lá é onde os plesiosauros parecem estar hoje, e talvez também o dragão que cospe fogo ainda está lá embaixo — muito raro, mas está lá."

Algum dia espero encontrar o Rev. Lang para me explicar a física da emissão de fogo submarina.


Conclusão

O elenco de personagens que eu há pouco discuti é só um punhado dos líderes criacionistas que ganharam a guerra pelas escolas públicas e pelos corações e mentes de nossos irmãos americanos. Um exagero, você diz? Considere estas estatísticas coletadas por meu amigo Michael Zimmerman, associado sênior da Faculdade de Oberlin.

A maioria (52,7%) dos presidentes de quadros (diretores) escolares em Ohio acredita que "ciência" da criação deveria ser ensinada nas escolas públicas. Esses eram os presidentes de quadros escolares. Só 49,7% deles aceitam a teoria de evolução como sendo correta.

Quase metade (48,4%) dos membros da câmara legislativa de Ohio sentem que o criacionismo deveria ser ensinado — "imparcialmente", claro — em escolas públicas, e quase um terço (30,2%) dos membros do Congresso norte-americano pensam assim. Quase dois terços dos legisladores de Ohio acreditam que Adão e Eva eram reais, e mais que um quarto dos membros do Congresso pensam assim também.

E os professores de biologia de escolas secundárias? Vinte e cinco por cento deles em Ohio (públicos e privados combinados) pensam favoravelmente que o criacionismo deveria ser apresentado em aulas de biologia. Quinze por cento das escolas secundárias de biologia em Ohio já fazem isto. Pelo menos dezoito professores escolares públicos apresentam o criacionismo dentro de um clima favorável, e eu recebi há pouco uma reclamação de um estudante de OSU que o instrutor dele em antropologia física declarou que o criacionismo é tão válido quanto a ciência evolutiva para explicar a origem dos humanos.

Já que as escolas públicas são inúteis como fonte de informação sobre a evolução, e quanto a imprensa? — a liberdade que nós os Ateus defendemos tão vigorosamente? Dr. Zimmerman investigou os principais executivos de noticiários de cada um dos 1.563 jornais diários nos Estados Unidos. Só 51% dos editores discordaram fortemente da declaração que "homens e dinossauros viveram contemporaneamente". Só 57% discordaram fortemente com a declaração "Toda palavra na Bíblia é verdade." Embora 16% dos editores pensem que a "ciência" da criação tem uma base científica válida, aproximadamente um quarto deles indicam que aceitam as premissas da "ciência da criação" pessoalmente.

E não esqueça: 30% dos superiores encarregados de escolas secundárias Americanas não sabem que o Sol parece subir no leste e descer no oeste dos EUA. O número que sabe como as coisas são na Europa, claro, é provavelmente menor: poucos sabem onde é a Europa, sem falar como o Sol parece se mover por lá!

Verdadeiramente, uma nova era está amanhecendo. Uma velha nova era está amanhecendo. O vigésimo século está terminando e ainda estamos a ponto de embarcar no oitavo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

34 ARGUMENTOS POUCO CONVINCENTES A FAVOR DE DEUS.





Ateísmo — a ausência de crença em deuses — se baseia na falta de evidências de que deuses existam, falta de motivos para crer em deuses e nas dificuldades e contradições geradas pelo conceito de deus. No entanto, o ateísmo permanece uma hipótese, sujeita a mudanças se argumentos teístas convincentes surgirem.


A seguir, apresentamos alguns dos argumentos que ateus examinaram e algumas das razões pelas quais os rejeitaram.


1) Deus das Lacunas
 (Deus sendo o “almoço grátis”)

A maioria das “provas” de que deuses existem se baseiam, pelo menos em parte, no argumento do Deus das lacunas. Este argumento diz que se nós não temos a resposta para alguma coisa, então “Foi Deus”. “Deus” se torna a explicação padrão, mesmo sem evidências. Mas será que dizer que “Foi Deus” é realmente uma resposta?


William Dembski, defensor do “Design Inteligente”, publicou um livro chamado “Não existe almoço grátis”. Entretanto, Deus é o “almoço grátis” derradeiro. Consideremos isto:

  • Não sabemos do que deuses são compostos.
  • Não sabemos quais são os atributos dos deuses.
  • Não sabemos quantos deuses existem.
  • Não sabemos onde estão os deuses.
  • Não sabemos de onde vêm os deuses ou, visto de outra forma, como é possível que eles sempre tenham existido.
  • Não sabemos de que modo os deuses criam ou modificam as coisas.
  • Não sabemos o que é o “sobrenatural” e nem de que forma ele consegue interagir com o mundo natural.

Em outras palavras, não sabemos absolutamente nada sobre deuses — e, no entanto, um monte de gente atribui um monte de coisas a um ou mais deuses.


Portanto, dizer que “foi Deus” é responder a uma pergunta com outra pergunta. Não traz nenhuma informação e apenas complica ainda mais a pergunta original.


O argumento do Deus das lacunas afirma que não apenas nós não temos uma resposta não sobrenatural hoje, mas que nós nunca descobriremos uma resposta não sobrenatural no futuro porque uma resposta não sobrenatural não é possível. Assim, para contestar um argumento “Deus das lacunas”, temos apenas que mostrar que é possível imaginar uma resposta não sobrenatural.


Por exemplo: abrimos uma porta e vemos um gato dormindo num canto. Fechamos a porta, abrimos de novo 5 minutos depois e notamos que o gato agora está dormindo no outro canto. Uma pessoa diz “Deus moveu o gato sem acordá-lo” (mas não prova). Outra diz “É bem possível que o gato tenha acordado, andado até o outro canto e dormido de novo”. Deste modo, embora ninguém tenha visto o que realmente aconteceu, o argumento “Deus das lacunas” foi descartado pela possibilidade de se explicar o fenômeno sem apelar para causas sobrenaturais.


2) Ter fé numa coisa não a torna realidade

O fato é que ninguém nem ao menos sabe se é possível existirem deuses. Só porque conseguimos imaginar alguma coisa, não significa que ela seja possível. Por exemplo, podemos nos imaginar atravessando paredes sólidas, mas isto não quer dizer que vamos conseguir. Assim, só porque conseguimos imaginar um deus, não significa que ele tenha que existir.


Como não há provas quanto à existência de nenhum deus, um crente típico tem que presumir a existência de pelo menos nove coisas até chegar ao deus em que ele acredita. São nove passos separados porque um passo não implica no passo seguinte.

  • O primeiro passo é acreditar na existência de um mundo sobrenatural.
  • O segundo passo, que existam seres de algum tipo nesse mundo.
  • O terceiro, que estes seres sejam conscientes.
  • O quarto, que pelo menos um destes seres seja eterno.
  • O quinto, que este ser seja capaz de criar alguma coisa do nada.
  • O sexto, que este ser seja capaz de interferir no universo depois de criá-lo (e.g. milagres).
  • O sétimo, oitavo e nono, que este ser seja onisciente, onipotente e infinitamente amoroso.

Se, ainda por cima, as pessoas quiserem acreditar no deus de uma religião específica, então passos adicionais são necessários.

Desta forma, quando falamos em deuses, não temos absolutamente nenhuma idéia do que estamos falando (veja argumento inconvincente #1) e ainda temos que assumir a existência de 9 coisas diferentes para chegarmos ao deus em que a maioria das pessoas acredita.

3) Argumento dos livros sagrados

Só porque algo está escrito, não significa que é verdade. Isto é válido para a Bíblia, para o Corão e para qualquer outro livro dito sagrado. Tentar provar a existência do deus de um livro sagrado usando o próprio livro sagrado como “evidência” é argumentação circular.


Quem acredita no livro sagrado de uma religião em geral rejeita os livros sagrados das outras religiões.


4) Argumento dos lugares históricos

Este argumento afirma que, se personagens e lugares históricos são mencionados em lendas antigas, então tudo o mais nessas lendas, incluindo descrições de acontecimentos sobrenaturais, tem que ser verdade. Se este argumento for válido, então tudo o que está na Ilíada, incluindo as intervenções dos antigos deuses gregos, deve ser verdade.


5) Revelações dos profetas

Todas as religiões afirmam ter sido reveladas, em geral por meio de pessoas denominadas “profetas”. Mas como saber se uma “revelação” é realmente uma “mensagem de Deus” e não uma alucinação?


Uma revelação é uma experiência pessoal. Mesmo se uma revelação realmente vier de um deus, não há como provar. As pessoas de uma religião em geral não acreditam nas revelações das outras religiões. Essas revelações muitas vezes se contradizem, portanto com base em quê podemos determinar qual das revelações é a verdadeira?


6) Testemunho pessoal, “abrir o coração”

Isto acontece quando é você mesmo que recebe a revelação ou sente que um deus realmente existe. Você pode até ser sincero e pode ser até que um deus realmente exista, mas sentimentos não provam nada, nem para você e nem para os outros.


Não adianta pedir aos ateus que “abram seus corações e aceitem Jesus” (ou qualquer outro deus). Se nós abandonássemos nosso ceticismo, talvez até sentíssemos alguma inspiração, mas isto seria apenas uma experiência emocional e não teríamos como saber se um deus estaria realmente falando conosco ou se estaríamos apenas alucinando.


Muitos ateus contam histórias sobre como foi maravilhoso quando eles perderam a fé nos deuses, mas, assim como na religião, isto não prova que o ateísmo é verdade.


7) A maioria das pessoas acredita em Deus

É verdade que, ao longo da história, a maioria das pessoas acreditou em pelo menos um deus. Entretanto, popularidade não transforma nada em verdade. Afinal, a maioria das pessoas acreditava que a Terra era o centro do universo.


O número de ateus no mundo está aumentando, atualmente. Talvez um dia a maioria das pessoas seja atéia. Por exemplo, a maioria dos cientistas nos EUA já é atéia. Entretanto, assim como no caso da religião, a popularidade crescente do ateísmo não prova que ele é verdade.


É bem possível que já haja mais ateus do que crentes na Inglaterra e na França. Será que isto quer dizer que Deus existe em toda parte exceto nestes dois países?


8) A evolução não iria favorecer uma falsa crença

Será que a evolução favoreceria uma espécie incapaz de perceber a realidade? Ou uma espécie sujeita a alucinações? Se não, então deve haver um deus, segundo este argumento.


Entretanto, a evolução não favorece o que é verdade. A evolução favorece o que é útil.


Ninguém discorda de que a religião e a crença em deuses foram úteis em alguns casos. “Deus”, assim como Papai Noel, pode ser usado para fazer as pessoas se comportarem direito em troca de uma recompensa. “Deus” também pode ser usado para justificar atos condenáveis que beneficiam seu grupo, como os homens-bomba islâmicos e as Cruzadas. “Deus” pode diminuir seu medo da morte.


Entretanto, na era das armas nucleares, o perigo da crença em deuses supera em muito seus benefícios.


9) A parte de nosso cérebro ligada a Deus

Alguns religiosos argumentam que deve haver um deus, caso contrário, para que teríamos uma parte de nosso cérebro que “reconhece” um deus? Que outra utilidade esta função cerebral teria?


Entretanto, a imaginação é importante para nossa sobrevivência. Podemos imaginar muitas coisas que não são verdade. É um subproduto de nossa capacidade de imaginar coisas que podem ser verdade.


Na verdade, os cientistas estão estudando, de um ponto de vista biológico, por que alguns têm crenças religiosas e outros não. Eles já identificaram substâncias em nosso cérebro que podem nos fazer ter experiências religiosas. A dopamina, por exemplo, tende a nos fazer “ver” coisas que não existem.


Um novo campo científico, a neuroteologia, estuda a religião e o cérebro e já identificou que a parte do cérebro conhecida como lobo temporal pode gerar experiências religiosas.


Outra parte do cérebro, que controla o sentimento de individualidade, pode ser conscientemente desligada durante a meditação, dando a essa pessoa (que perde a noção do limite onde ela termina e onde começa o mundo externo a ela) um sentimento de “fusão” ou “unidade” com o universo.


10) Antigos “milagres” e histórias de ressurreições

Muitas religiões têm histórias de milagres. Assim como os que acreditam numa religião são céticos quanto aos milagres das outras, os ateus são céticos quanto a todas as histórias de milagres.


Eventos extraordinários podem ser exagerados com o tempo e se tornarem lendas milagrosas. Bons mágicos fazem coisas que parecem milagres. As coisas podem ser mal avaliadas e mal interpretadas. Muitas coisas que pareciam milagres no mundo antigo, hoje são facilmente explicadas.


Quanto às ressurreições, os ateus não acham que histórias de gente que ressuscitou dos mortos sejam convincentes. Há muitas lendas assim na literatura antiga e, mais uma vez, a maioria dos religiosos rejeita as histórias de ressurreição das outras religiões.


Muitas religiões afirmam que seus deuses realizaram milagres óbvios e espetaculares há milhares de anos. Por que os milagres não mais acontecem? Os deuses ficaram tímidos? Ou foi o progresso da ciência?


11) “Milagres” modernos de cura e ressurreição

“Milagres” de cura nos dias atuais são um bom exemplo do “Deus das lacunas”. Alguém se cura de uma forma que a ciência não consegue explicar? Claro, “foi Deus”. Deus nunca precisa provar nada. As pessoas sempre assumem que o mérito é dele.


O problema deste argumento é que ele parte do princípio de que sabemos tudo sobre o corpo humano e temos condição de descartar uma explicação científica. Entretanto, o fato é que nosso conhecimento médico é limitado. Por que nunca vemos um verdadeiro milagre, como braços amputados se regenerando instantaneamente?


Foram feitos estudos sobre o efeito das orações no caso de pacientes que não sabiam se alguém estava orando por eles ou não, inclusive pela Clínica Mayo, e não se constatou nenhuma influência das orações sobre a cura.


E fica a pergunta: Afinal, por que temos que implorar a um deus onipotente e infinitamente amoroso que nos cure de doenças e dos efeitos de acidentes naturais que ele mesmo causou?


É o Problema do Mal: se Deus é todo-poderoso e infinitamente amoroso, por que existe o mal, para início de conversa?


No mundo de hoje, as histórias de ressurreição sempre parecem acontecer em países atrasados, em condições não controladas por cientistas. Por outro lado, por que nunca houve ressurreições de pessoas que morreram em hospitais modernos, conectadas a máquinas que indicaram quando as mortes ocorreram?


12) “Céu” (Medo da Morte)


Nem ateus nem religiosos gostam do fato de que vamos todos morrer. Entretanto, este medo não prova que há uma vida após a morte — prova apenas que nós gostaríamos que houvesse. Só que desejos não se tornam automaticamente realidade.


Não há evidências de que um deus exista nem de que ele tenha criado algum lugar para irmos depois da morte. Não há nenhuma explicação sobre o que é esse lugar, onde ele está ou como foi que um deus o criou do nada.


Não há evidências sobre almas, nada sobre a composição de uma alma e nenhuma explicação sobre como uma alma não-material surgiu em um corpo material ou, alternativamente, sobre quando e como um deus faz surgir uma alma num corpo.


Se um óvulo humano fertilizado tem uma alma, o que acontece quando ele se divide para formar gêmeos? Cada um fica com meia alma? Ou havia duas almas no óvulo fertilizado original?


E quando acontece o contrário, ou seja, quando dois óvulos fertilizados se fundem em um único ser humano (uma “quimera”)? Essa pessoa terá duas almas? Ou havia duas meias almas que se fundiram?


Se um bebê de uma semana morre, que tipo de pensamentos ele terá na outra vida? Os pensamentos de um bebê de uma semana? Ou os de um adulto? Se este for o caso, como será possível? De onde virão estes pensamentos adultos e quais serão?.


Não há motivos para se acreditar em que nossa consciência sobrevive à morte de nosso cérebro. A mente não é algo separado do corpo.


Por exemplo, conhecemos as substâncias químicas responsáveis pelo sentimento do amor. As drogas podem alterar nosso humor e assim mudar nossos pensamentos. Danos físicos ao nosso cérebro podem mudar nossa personalidade e nossos pensamentos. Adquirir uma nova habilidade, que envolve pensar, pode mudar fisicamente a estrutura do nosso cérebro.


Algumas pessoas ficam com a doença de Alzheimer no fim de suas vidas. O dano a seus cérebros é irreversível e pode ser detectado por tomógrafos. Essas pessoas perdem a capacidade de pensar, mas continuam vivas. Será que seu pensamento retorna logo em seguida à sua morte, na forma de uma “alma”?


Se as pessoas tivessem que escolher entre um deus e uma vida após a morte, a maioria escolheria a segunda vida e esqueceria Deus. Elas só escolhem acreditar em Deus porque é o único jeito que elas conhecem de realizar seus desejos de uma vida após a morte.


13) Medo do Inferno

Para os ateus, a idéia de inferno parece uma enganação — uma tentativa de levar as pessoas a acreditarem pelo medo naquilo que elas não conseguem acreditar pela razão e pelas evidências.


O único jeito de encarar isto “logicamente” é encontrar a religião que lhe pune mais duramente pela descrença e então acreditar nela. Ótimo, você terá se livrado do pior castigo que existe — mas só se esta for a “verdadeira” religião.


Por outro lado, se ela (e sua punição) não forem verdadeiras — se a religião que ficou em segundo ou terceiro lugar quanto à dureza da punição for a verdadeira religião — então você não se salvou de nada.

Então, qual inferno, de qual religião, é o verdadeiro? Sem evidências, jamais saberemos.


Mesmo entre cristãos há pelo menos 3 infernos diferentes. Na versão tradicional, sua “alma” queimará eternamente. Uma segunda versão diz que um deus de amor não seria tão cruel, portanto sua “alma” apenas deixará de existir.


Uma terceira versão diz que o céu não é um lugar físico, mas apenas a condição de estar para sempre separado de Deus. Acontece que os ateus já estão separados de Deus e vivem sem problemas, portanto esta ameaça não faz sentido para eles. Além disto, como é possível ficar separado de um deus que, supostamente, está em toda a parte?


14) Aposta de Pascal / Fé

Em resumo, a aposta de Pascal diz que temos tudo a ganhar (uma eternidade no céu) e nada a perder se acreditarmos em um deus. Por outro lado, a descrença pode levar-nos a perder o céu e ir para o inferno.

Já vimos que o céu é apenas uma coisa que desejamos que exista e que o inferno é uma enganação, portanto vamos examinar a questão da fé.


A aposta de Pascal assume que uma pessoa possa se forçar a acreditar em alguma coisa. Isto não funciona, pelo menos não para um ateu. Portanto ateus teriam que fingir que têm fé. Só que, de acordo com a maioria das definições de Deus, ele perceberia nossa mentira interesseira. Será que ele nos recompensaria mesmo assim?


A aposta de Pascal também diz que você “não perde nada” por acreditar. Um ateu discordaria. Ao acreditar em Deus sob essas condições, você estaria reconhecendo que está disposto a acreditar em algumas coisas pela fé. Em outras palavras, você estaria aceitando abandonar as evidências como seu padrão para julgar a realidade. Vista desta forma, a fé já não parece tão interessante, não é?


15) Culpando a vítima

Muitas religiões castigam as pessoas por não acreditar. Entretanto, crença exige fé e pessoas como os ateus são incapazes de ter fé. Suas mentes requerem evidências. Assim, devemos punir os ateus por não acreditarem que “Deus” não é uma coisa evidente?


16) O fim do mundo

Assim como no caso do Inferno, esta idéia parece aos ateus servir apenas para levar as pessoas a acreditarem por medo naquilo em que elas não conseguem acreditar pela razão e pelas evidências.

Ao longo dos séculos, houve muitas profecias sobre o fim do mundo. Se sua fé se baseia nisto, pergunte a você mesmo: por quanto tempo você está disposto a esperar — quanto tempo será necessário para você se convencer de que o mundo não vai acabar?


17) Dificuldades da religião

Já se argumentou que as religiões exigem tantos sacrifícios que as pessoas jamais as seguiriam se um deus não existisse. Entretanto, pelo contrário, é a crença em um deus que motiva as pessoas. Um deus não precisa existir para que isto aconteça.


As dificuldades podem até servir como ritual de admissão numa seita, como um meio de se tornar um dos “escolhidos”. Afinal de contas, se soubéssemos que todos seriam salvos, por que nos daríamos ao trabalho de seguir uma religião?


Além disto, a recompensa que a maioria das religiões promete em troca da obediência — um céu — compensa em muito a maioria das dificuldades impostas por elas.


18) Argumento do martírio:

Dizem os crentes que ninguém morreria por uma mentira. Eles ignoram o fato de que as pessoas podem ser enganadas (ainda que com a melhor das intenções) quanto à veracidade de uma religião.


A maioria dos grupos que incentivam o martírio promete uma grande recompensa no “céu”, portanto os seguidores não acham que perder a vida seja um sacrifício tão grande.


Será que o fato de que os terroristas que jogaram os aviões no WTC estavam dispostos a morrer por sua fé faz do islamismo a verdadeira religião? E o que pensar de cultos como o Heaven’s Gate, cujos seguidores cometeram suicídio em 1997 acreditando que suas “almas” iriam para uma nave espacial que acompanhava um cometa e onde Jesus os esperava?


19) Argumento do vexame

Alguns crentes argumentam que seu livro sagrado contém passagens que são embaraçosas para sua fé, que essas passagens — e as descrições de eventos sobrenaturais — devem ser verdadeiras, caso contrário não teriam sido incluídas no livro.


Um exemplo clássico na Bíblia é o relato da covardia dos discípulos depois que Jesus foi preso. Entretanto, neste caso e em outros, momentos embaraçosos podem ser incluídos numa história de ficção para criar um clima dramático e tornar o triunfo final do herói muito maior.


20) Falsas dicotomias

Isto acontece quando se cria uma falsa escolha entre “isto ou aquilo” embora, na verdade, haja outras possibilidades. Os cristão conhecem bem esta: “Ou Jesus estava louco ou ele era Deus. Como Jesus disse coisas sábias, então ele não estava louco, portanto ele deve ser Deus, conforme ele disse que era”.


Acontece que estas não são as únicas duas opções. Há uma terceira: “sim, ele disse coisas sábias, mas, ainda assim, estava iludido quando disse que era Deus”. E há uma quarta: “Jesus talvez não tenha dito nada do que lhe é atribuído na Bíblia. Talvez tenham sido os escritores da Bíblia que disseram que ele disse aquelas coisas sábias. E talvez ele nunca tenha afirmado ser um deus e foram os escritores que o transformaram em deus após sua morte”.


Uma quinta possibilidade é que Jesus seja inteiramente um personagem de ficção e que tudo tenha sido inventado pelos autores.


21) Sentido da vida

Este argumento diz que, sem a crença em um deus, a vida não teria sentido. Mesmo se isto fosse verdade, apenas provaria que nós queremos que um deus exista para dar sentido às nossas vidas, e não porque realmente queremos um deus. Mas o fato de que ateus encontram sentido para suas vidas sem acreditar em deuses mostra que essa crença não é necessária.


22) Deus, assim como o amor, é inalcançável

O amor não é inalcançável. Nós definimos “amor” tanto como um tipo de sentimento e como algo que é demonstrado através de ações.


O amor, ao contrário de Deus, é uma coisa física. Conhecemos as reações químicas no cérebro que provocam o sentimento de amor. Além disto, o amor depende da estrutura cerebral. Uma pessoa lobotomizada ou com certos tipos de danos cerebrais torna-se incapaz de sentir amor.


Além disto, se o amor não fosse físico, não ficaria confinado aos nossos cérebros físicos. Nós poderíamos ser capazes de detectar alguma entidade ou força chamada “amor” flutuando no ar.


23) Moral e ética

É a idéia segundo a qual não temos motivos para a moralidade se não houver um deus. Entretanto, já havia códigos morais bem antes da Bíblia: o Código de Hamurabi, por exemplo.


Em Eutífron, um dos diálogos de Platão, Sócrates pergunta a um homem chamado Eutifro se alguma coisa é boa apenas porque Deus diz que é ou se Deus diz que uma coisa é boa porque ela tem bondade intrínseca.


Se algo é bom porque Deus diz que é, então Deus pode mudar de idéia sobre o que é bom. A moral não seria uma coisa absoluta.


Se Deus diz que uma coisa é boa por causa da bondade intrínseca desta coisa, então nós poderíamos encontrar essa bondade intrínseca nós mesmos, sem precisar da crença em Deus.


Os cristãos nem mesmo conseguem entrar num acordo entre si quando se fala em masturbação, sexo antes do casamento, homossexualidade, divórcio, anticoncepcionais, aborto, pesquisa com células tronco, eutanásia e pena de morte. Os cristãos rejeitam algumas das leis morais da Bíblia, como matar crianças desobedientes ou pessoas que trabalham no sábado. Portanto, os cristãos interpretam a Bíblia segundo seus próprios conceitos de moralidade, rejeitando os mandamentos que não consideram éticos.


A verdade é que a maioria das pessoas ignora as coisas que não são éticas em seus livros sagrados e se concentram nos bons conselhos. Em outras palavras, os teístas definem sua própria ética da mesma forma que os ateus fazem.


Até mesmo os animais respeitam uns aos outros e têm um senso de justiça. Já encontramos a parte de nosso cérebro responsável pelos sentimentos de simpatia e empatia — os “neurônios espelhos” — que formam a base de grande parte de nossa ética.


A moralidade é algo que se desenvolveu por sermos criaturas sociais. Baseia-se nas vantagens egoístas que obtemos ao cooperarmos com outros e em suas consequências. Ajudar ao próximo é um ato egoísta que nos traz recompensas evolucionárias (Vide o argumento 25, contra a existência do autruísmo).


Nós também julgamos as ações pelas suas conseqüências, através de tentativa e erro. A melhor fórmula que desenvolvemos é a de permitir o máximo de liberdade a alguém, contanto que não fira outra pessoa ou afete a sua liberdade. Esta concepção moral é a que cria o máximo de felicidade e prosperidade para uma sociedade, e a que beneficia o maior número de pessoas (o maior bem para o maior número). Esta visão inclui a proteção dos direitos das minorias, já que de certa forma somos todos pertencentes a alguma delas.


Já que não há evidência de que algum deus exista, não temos como atribuir a moralidade a um deus. Portanto, muito mais que servir como guia moral, a religião pode ser usada para justificar qualquer atitude. Basta alegar que “Deus me disse para fazer isto”. A melhor maneira de refutar este argumento é descartar totalmente o conceito de deus.


Mesmo que deuses não existam, há quem ache que a crença neles ajuda muitas pessoas a se comportarem, como se ele fosse um policial invisível. Como disse o presidente George W. Bush, “Deus está o tempo todo pesquisando nosso coração e nossa mente. Ele é assim como Papai Noel. Ele sabe se você foi bom ou se foi mau” (08 de Abril de 2007, Páscoa, Fort Hood, Texas).


Queremos realmente basear nossa ética nisto?


Um sistema decente de ética não precisa do sobrenatural para se justificar. Entretanto, a crença no sobrenatural já foi usada para justificar muitas coisas sem ética, como a Inquisição, a perseguição às Bruxas de Salém, o preconceito contra os gays, o ataque ao WTC, etc.


24) Argumento da bondade e da beleza

Alguns religiosos alegam que sem um deus não haveria nem bondade nem beleza no mundo. Entretanto, bondade e beleza são definidos em termos humanos.


Se o ambiente da Terra fosse tão inóspito que a vida não pudesse se desenvolver, nós não estaríamos aqui para discutir o assunto. Portanto, há coisas no ambiente que são favoráveis à existência da vida e nós somos naturalmente atraídos para elas. Nossa sobrevivência depende delas.


No caso da arte, nós somos naturalmente atraídos por imagens, formas e cores que nos lembram essas coisas. Entretanto, há várias formas de arte, como o cubismo e o surrealismo, que algumas pessoas apreciam e outras detestam.


25) Altruísmo

Às vezes, as pessoas dizem que, sem um deus, não haveria altruísmo e que a evolução só favorece o comportamento egoísta.


Entretanto, podemos dizer que não existe altruísmo e que as pessoas sempre fazem o que elas querem. Se só houver escolhas ruins, elas escolhem aquela que elas detestam menos.


Nossas escolhas se baseiam naquilo que nos dá (aos nossos genes) a melhor chance de sobreviver, o que inclui melhorar nossa reputação na sociedade.


“Altruísmo” para com membros da família beneficia gente que compartilha nossos genes. “Altruísmo” para com amigos beneficia gente que um dia poderá retribuir o favor.


Até mesmo o “altruísmo” para com estranhos tem a ver com a evolução. É um comportamento que surgiu primeiro em tribos pequenas, onde todos se conheciam e uma boa reputação aumentava as chances de sobrevivência do indivíduo. Agora já está entranhado em nosso cérebro como um modo geral de conduta.


26) Livre arbítrio

Dizem que não teríamos livre arbítrio sem Deus, que viveríamos num universo determinístico de causa e efeito e que seríamos meros robôs.


Na verdade, temos muito menos livre arbítrio do que a maioria das pessoas pensa. Nosso condicionamento (nosso desejo biológico de sobreviver e prosperar, combinado com nossas experiências) torna certas “escolhas” muito mais prováveis do que outras. De que outro modo podemos explicar nossa capacidade, em muitos casos, de prever o comportamento das pessoas?


Experiências já mostraram que nosso cérebro “decide” agir antes que nós tenhamos consciência disto! Alguns até dizem que nosso único livre arbítrio é a capacidade de vetar conscientemente as ações que nosso cérebro sugere.


A maioria dos ateus não tem nenhum problema em admitir que o livre arbítrio pode ser uma ilusão.

Este assunto também leva a um paradoxo: se o deus que nos criou conhece o futuro, como nós podemos ter livre arbítrio?


No fim das contas, se nós gostamos da nossa vida, o que importa se temos ou não livre arbítrio? Será que não é apenas nosso ego — nossa saudável autoestima que contribui para a sobrevivência — que foi condicionado a acreditar em que um livre arbítrio verdadeiro é melhor que um livre arbítrio imaginário?


27) Um ser perfeito tem necessariamente que existir

Este argumento, conhecido como o argumento ontológico, foi criado há uns 1.000 anos por Anselmo de Cantuária.


Ele nos pede que imaginemos o mais grandioso ou mais perfeito ser possível. Esta é a concepção de Deus para a maioria das pessoas. Em seguida, ele nos diz que é mais grandioso ou mais perfeito para algo existir do que não existir. Portanto, este ser (Deus) necessariamente tem que existir.


Mas este argumento não leva em conta se é possível que um ser perfeito exista. Ele também parte do princípio de que aquilo que imaginamos passa a existir. Nem tudo o que conseguimos imaginar é possível.


Vamos aplicar esta lógica a um assunto diferente. Imagine um perfeito arranha-céu. Ele permaneceria intacto se terroristas jogassem aviões contra ele. Entretanto, nenhum arranha-céu pode resistir a um ataque desses sem, pelo menos, algum dano. Mas isto contraria nossa premissa de que o arranha-céu tem que ser perfeito, portanto é preciso que exista um arranha-céu indestrutível.


28) Por que é mais provável que Algo exista do que Nada?

Este argumento assume que, sem um deus, não esperaríamos que alguma coisa existisse. Entretanto, não temos a mínima idéia da probabilidade estatística de Algo existir versus Nada.


Em física, sistemas simétricos tendem a ser instáveis. Eles tendem a degenerar em sistemas assimétricos. Ora, o Nada — a ausência de tudo — é perfeitamente simétrico, portanto altamente instável. Portanto Algo é mais estável que Nada, portanto deve ser mais provável que Algo exista que Nada.


Podemos também perguntar, dentro da mesma lógica: “Por que é mais provável que exista um deus do que ele não exista?”. Ou ainda “Quem criou esse deus?”


29) Argumento da Primeira Causa

Este argumento afirma que vivemos num universo de causa e efeito. Segundo esta lógica, é impossível que esta sequência de causas continue infinitamente para trás. Em algum ponto, a coisa tem que parar. Nesse ponto, é preciso haver uma Primeira Causa que não resulte, ela própria, de nenhuma outra causa. Esta Primeira Causa Não Causada, segundo dizem, é Deus.


O universo em que vivemos agora “começou” há uns 13,7 bilhões de anos. Não sabemos se o universo já existia antes de alguma outra forma nem se havia energia/matéria/gravidade/etc. (um mundo natural).


Não sabemos se o mundo natural teve um começo ou se sempre existiu de algum jeito. Se teve um começo, não sabemos se um deus é a única origem possível. Não sabemos se um deus pode ser uma causa incausada. O que causou Deus?


Partículas virtuais aparecem e desaparecem subitamente o tempo todo. A física quântica mostra que pode haver eventos não causados.


30) As “leis” do universo

De onde vieram as “leis” do universo? Uma “lei” da física não passa de uma coisa que acontece de forma regular. É a descrição de um fenômeno. Não é algo decretado por um tribunal celeste.


De acordo com o físico, astrônomo e professor Victor Stenger: “É crença geral que as ‘Leis da Física’ são exteriores à Física. Elas são concebidas como sendo impostas ao universo de fora para dentro ou fazendo parte de sua estrutura lógica. As descobertas recentes da física contestam isto. As ‘leis’ básicas da física são construções matemáticas que tentam descrever a realidade de forma objetiva. As leis da física são exatamente como seria de se esperar se viessem do nada” (ênfase incluída pelo autor).


31) As coisas são exatamente do jeito que deveriam ser

Alguns crentes argumentam que é preciso que os valores das 6 constantes físicas do universo (que controlam coisas como a força da gravidade) estejam dentro de uma faixa limitada para que a vida seja possível. Portanto, como isto não pode ter acontecido “por acidente”, deve ser obra de um deus.


Mais uma vez, este é um argumento do tipo “Deus das lacunas”. Além disto, ele pressupõe que conhecemos tudo a respeito de astrofísica — um campo em que novas descobertas são feitas quase todos os dias. Talvez venhamos a descobrir que nosso universo não seja tão “ajustado”, afinal de contas.


Outra possibilidade é que existam múltiplos universos — separadamente ou como “bolhas” dentro de um universo maior. Cada um desses universos poderia ter suas próprias leis da física. Se houver um número suficientemente grande de universos, aumentam as chances de que pelo menos um deles venha a produzir vida.


Sabemos que é possível que pelo menos um universo exista — nós vivemos nele. Se existe um, por que não vários? Por outro lado, não temos evidências quanto à existência de nenhum deus.


Pois então vamos dar uma olhada na definição mais comum de um deus: eterno, onisciente, onipotente e infinitamente amoroso. Poderia Deus ser de algum outro modo que não fosse exatamente este que ele é?


Embora haja alguma margem de tolerância nas condições que permitem existir vida no universo, tradicionalmente as condições para a existência de Deus não variam. Portanto, nosso universo com um deus tradicional é logicamente mais implausível que nosso universo sem um deus. Ele tem que atender a requisitos muito mais estritos.


Claro que ainda podemos perguntar: quem ou o que definiu Deus?

Se o universo foi criado especificamente com o objetivo de abrigar a raça humana, então o enorme tamanho do universo (a maior parte dele hostil à vida) e os bilhões de anos que se passaram até que os humanos surgissem mostram que ele é ridículo e é um enorme desperdício — não o que se poderia esperar de um deus.


32) A Terra é exatamente do jeito que deveria ser

Alguns crentes argumentam que a Terra está justamente no ponto do sistema solar (nem muito quente nem muito frio etc.) que permite que a vida exista. Além disto, ela tem exatamente os elementos necessários (carbono, oxigênio etc.). Essas pessoas afirmam que isto não poderia ter acontecido “por acidente”, portanto deve haver um deus que cuidou desses detalhes.


Este é mais um argumento “Deus das lacunas”. Mas há uma refutação ainda melhor. Se a Terra fosse o único planeta no universo, então seria notável que suas condições fossem “exatamente as necessárias”. Entretanto, a maioria dos religiosos admite que há milhares, se não milhões, de outros planetas no universo. O nosso sistema solar tem oito. Portanto, aumentam muito as chances de que pelo menos um deles tenha as condições para produzir algum tipo de vida.


Podemos imaginar criaturas púrpuras com 4 olhos e respirando dióxido de carbono em outro planeta, muito religiosas, que também cometam o erro de achar que o planeta deles foi especialmente criado para que eles existissem e que há um deus criador à sua semelhança.


33) Criacionismo / Design inteligente

É a idéia, segundo a qual, se não podemos explicar alguma coisa sobre a vida, então “foi Deus” (Deus das lacunas).


Entretanto, se o Gênesis ou qualquer mito da criação religioso similar for verdade, então praticamente todos os campos da ciência estarão errados. Não apenas a biologia como também a química, física, arqueologia, astronomia e ainda suas subdisciplinas como embriologia e genética. Na verdade, poderíamos jogar fora todo o método científico.


Os criacionistas às vezes fazem uma distinção entre “micro” e “macro” evolução — ou seja, eles aceitam que há mudanças dentro de uma espécie, mas não aceitam que uma espécie se transforme em outra.


Mas quais são os mecanismos da microevolução? Eles são: mutação, seleção natural e herança. E quais são os mecanismos da macroevolução? Exatamente os mesmos: mutação, seleção natural e herança. A única diferença é o tempo necessário. Será que alguns genes dizem a si mesmos: “Hmmm, é melhor eu não mudar muito, senão alguns religiosos vão ficar aborrecidos”?


A evolução é a melhor explicação e a única explicação para a qual há evidências: para a idade dos fósseis, para a progressão dos fósseis, para as semelhanças genéticas, para as semelhanças estruturais e para os fósseis transicionais. Sim, há fósseis transicionais. Por exemplo, nós temos uma boa sequência de fósseis para espécies que vão desde os mamíferos terrestres até a baleia, incluindo o basilosaurus, uma baleia primitiva que conservou pequenas pernas traseiras que não tinham função. Ainda hoje, as baleias mantêm os ossos do quadril.


Alguns criacionistas afirmam que essas pernas traseiras atrofiadas talvez fossem úteis para o acasalamento, portanto o basilosaurus seria uma espécie criada totalmente em separado e não uma transição. Mas, se essas pernas traseiras eram tão úteis, por que desapareceram?


Na verdade, as cobras também têm ossos do quadril e às vezes nascem cobras com pernas vestigiais, provando que elas evoluíram de ancestrais répteis que tinham pernas traseiras. Na China, foram encontrados muitos fósseis meio répteis/meio pássaros, provando a transição.


Recentemente se descobriu o fóssil do tiktaalik, que ajudou a preencher uma lacuna entre os peixes e os anfíbios. Foi encontrado no Canadá, exatamente no local e na camada geológica previstos pela evolução.

Por outro lado, se um deus perfeito tivesse criado a vida, nós esperaríamos dele um serviço melhor. Não esperaríamos que 99% de todas as espécies que já existiram se extinguissem. Como disse o biólogo evolucionista Kenneth R. Miller, que é cristão: “se Deus propositalmente projetou 30 espécies de cavalos que mais tarde desapareceram, então Deus é, antes de mais nada, um incompetente. Ele não consegue fazer direito da primeira vez” (“Educators debate ‘intelligent design’”, por Richard N. Ostling, Star Tribune — 23/março/2002, p.B9).


Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano, evangélico, disse: “O Design Inteligente apresenta o Todo Poderoso como um criador trapalhão, que tem que intervir de tempos em tempos para consertar os problemas de seu plano inicial para criar a complexidade da vida” (“A linguagem de Deus”, pág. 193-194).


Não deveríamos esperar defeitos de nascença se a vida foi criada por um deus perfeito. Não deveríamos esperar um “design burro” tal como uma próstata que incha e estrangula o canal urinário, já que teria sido tão simples passar o canal por fora da próstata. Deus é um designer incompetente ou relaxado?


Se Deus criou toda a vida ao longo de uma semana, então, mesmo com um suposto dilúvio universal, deveríamos encontrar os fósseis totalmente misturados nas camadas geológicas. Não é o que acontece.


Também temos a contradição de que Deus é a favor da vida, mas permite o aborto espontâneo. De um terço a metade dos óvulos fecundados sofre aborto espontâneo, muitas vezes antes mesmo de a mulher perceber que está grávida. Se um deus projetou o sistema reprodutivo humano, isto faz dele o maior dos abortistas.


Podemos então concluir que a evolução científica nos fornece respostas, enquanto que o criacionismo religioso e o “design inteligente” só geram mais perguntas.


34) O universo e/ou a vida violam a segunda lei da termodinâmica (entropia)

A segunda lei da termodinâmica (entropia) afirma que, num sistema fechado, as coisas tendem a uma desordem cada vez maior. Alguns crentes argumentam que, já que o universo e a vida são tão organizados, um deus tem que existir para poder violar esta lei.


Entretanto, o universo não viola a segunda lei da termodinâmica. O universo teve início com o máximo grau de desordem possível para seu tamanho. A partir daí, com sua expansão, mais desordem se tornou possível e, de fato, é o que está ocorrendo.


Apesar do fato de que a desordem como um todo está aumentando no sistema chamado universo, é possível um aumento de ordem em subsistemas, tais como galáxias, sistemas solares e é possível a vida — desde que, na totalidade do universo, a desordem esteja aumentando.


Se um deus criou o universo, deveríamos esperar um início ordenado, não caótico. O fato de que o universo começou com o máximo de desordem significa que não foi um deus que o criou, já que uma criação proposital teria pelo menos alguma ordem.


Também se verifica que a energia gravitacional negativa do universo cancela exatamente a energia positiva representada pela massa, de forma que o total da energia no universo é zero, que é o que seria de se esperar de um universo que veio do Nada por meios naturais. Entretanto, se um deus estivesse envolvido, seria de se esperar que ele tivesse adicionado energia ao universo. Não há evidência disto.


É interessante como os teístas se agarram à segunda lei da termodinâmica em seus esforços para provar a existência de seu deus, mas ignoram totalmente a primeira lei — que diz que a matéria/energia não pode ser nem criada nem destruída — o que refutaria totalmente a existência do deus deles como um ser que pode criar algo do nada.


 Conclusão

Pessoas religiosas têm o difícil, senão impossível, encargo de provar que algum deus existe, sem falar que é a religião deles, entre todas, que é a verdadeira. Se alguma das religiões tivesse evidências objetivas, será que as pessoas não viriam todas correndo aderir a ela, a “verdadeira” religião?

Em vez disto, o que vemos é que as pessoas tendem a acreditar, em graus diferentes, na religião que lhes foi transmitida. Ou então são atéias.



© 2006, 2007 August Berkshire. Nov. 21, 2007
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Traduzido por Fernando Silva e revisado por Alenônimo com permissão de August Berkshire.