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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ALBERT EINSTEIN, POR RICHARD DAWKINS




Uma das declarações mais citadas pelos religiosos sobre Einstein é “Sem a religião, a ciência é capenga; sem a ciência a religião é cega”.


Mas Einstein também disse:


“É claro que era mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Não acredito num Deus pessoal e nunca neguei isso, e sim o manifestei claramente.


Se há algo em mim que possa ser chamado de religioso, é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo, do modo como nossa ciência é capaz de revelar.”


Parece que Einstein se contradiz? Que suas palavras podem ser escolhidas a dedo para arranjar citações que sustentem os dois lados da discussão? Não.


Por “religião” Einstein quis dizer algo totalmente diferente do significado convencional.


Segue algumas outras citações de Einstein, para dar um gostinho da religião einsteiniana:


“Sou um descrente profundamente religioso. Isso é, de certa forma, um novo tipo de religião.”


“Jamais imputei à natureza um propósito ou um objetivo, nem nada que possa ser entendido como antropomórfico. O que vejo na natureza é uma estrutura magnífica que só compreendemos de modo muito imperfeito, e que não tem como não encher uma pessoa racional de um sentimento de humildade. É um sentimento genuinamente religioso, que não tem nada a ver com misticismo.”


“A idéia de um Deus pessoal me é bastante estranha, e me parece até ingênua.”



Em números cada vez maiores desde sua morte, apologistas da religião, de forma compreensível, tentam reclamar Einstein para o seu time. Alguns dos religiosos contemporâneos a ele o viram de maneira bem diferente.


Em 1940, Einstein escreveu um trabalho famoso justificando sua declaração “Eu não acredito num Deus pessoal”. Junto com outras semelhantes, essa declaração provocou uma enxurrada de cartas de religiosos ortodoxos, muitas delas aludindo à origem judaica de Einstein.


Os trechos que se seguem são tirados do livro “Einstein e a religião”, de Max Jammer.


O bispo católico de Kansas City disse: “É triste ver um homem que descende da raça do Velho Testamento e de seus ensinamentos negar a grande tradição dessa raça”.


Outro religioso católico opinou: “Não há nenhum outro Deus que não um Deus pessoal (...) Einstein não sabe do que está falando. Ele está totalmente errado. Alguns homens acham que só porque atingiram um alto nível de especialidade em determinada área são qualificados para manifestar suas opiniões em todas.”


Um advogado católico americano, em nome de uma coalizão ecumênica, escreveu para Einstein:


“Lamentamos profundamente que o senhor tenha feito a declaração (...) em que ridiculariza a idéia de um Deus pessoal. Nos últimos dez anos, nada foi tão bem calculado para fazer as pessoas acharem que Hitler tinha alguma razão ao expulsar os judeus da Alemanha quanto sua declaração. Admitindo seu direito à liberdade de expressão, digo ainda que sua declaração  o constitui em uma das maiores fontes de discórdia dos Estados Unidos”.


Um rabino de Nova York disse: “Einstein é sem dúvida um grande cientista, mas suas opiniões religiosas são diametralmente opostas ao judaísmo”


O presidente de uma sociedade de história em Nova Jersey escreveu uma carta que deixa tão incriminadoramente exposta a debilidade do pensamento religioso que vale a pela lê-la duas vezes.


Respeitamos sua sabedoria, dr. Einstein; mas existe uma coisa que o senhor não parece ter aprendido: que Deus é um espírito e não pode ser encontrado pelo telescópio ou pelo microscópio, assim como o pensamento ou a emoção humana não podem ser encontrados na análise do cérebro.


Como todo mundo sabe, a religião se baseia na Fé, não no conhecimento. Todas as pessoas que pensam talvez sejam assaltadas, às vezes, por dúvidas religiosas. Minha própria fé já vacilou muitas vezes. Mas nunca contei a ninguém sobre minhas aberrações espirituais, por dois motivos: 1) temi que pudesse, pela mera sugestão, perturbar e prejudicar a vida e as esperanças de alguém; 2) porque concordo com o escritor que disse: “Há algo de maligno em alguém que queira destruir a fé do outro”. (...) Espero, dr. Einstein, que a citação esteja errada e que o senhor ainda vá dizer alguma coisa mais agradável para o vasto número de americanos que têm o prazer de homenageá-lo.



Menos abjeta, mas mais chocante, foi a carta do fundador da Associação do Tebernáculo do Calvário, em Oklahoma:



Professor Einstein, acredito que todo cristão nos Estados Unidos vai lhe responder: “Não vamos abrir mão de nossa crença em nosso Deus e em seu filho Jesus Cristo, mas o convidamos, se o senhor não acredita no Deus do povo desta nação a voltar ao local de onde veio”. Fiz tudo o que podia para ser uma bênção para Israel, e vem o senhor com uma declaração de sua língua blasfema e faz mais para prejudicar a causa de seu povo que todos os esforços dos cristãos que amam Israel são capazes de fazer para acabar com o anti-semitismo em nossa terra.


Professor Einstein, todo cristão dos Estados Unidos vai imediatamente lhe responder: “Pegue sua teoria maluca e mentirosa da evolução e volte para a Alemanha, de onde veio, ou pare de tentar destroçar a fé de um povo que o recebeu de braços abertos quando o senhor foi obrigado a fugir de sua terra natal”


A única coisa que todos esses críticos teístas entenderam direitinho foi que Einstein não era um deles.


Deixe-me resumir a religião einsteiniana em mais uma citação do próprio Einstein:


Ter a sensação de que por trás de tudo pode ser vivido há alguma coisa que nossa mente não consegue captar, e cujas beleza e sublimidade só nos atingem indiretamente, na forma de um débil reflexo, isso é religiosidade. Nesse sentido sou religioso.


Deus não joga dados” deve ser traduzida como “A aleatoriedade não habita o cerne de todas as coisas”

Leitura sugerida
CARTA INÉDITA DE EINSTEIN


VÍDEO SUGERIDO
Um método simples de descomplicar a frase "A ciência sem religião é manca."





A explicação de Eustáquio para a frase "DEUS NÃO JOGA DADOS"