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segunda-feira, 17 de junho de 2013

CATECISMO

VISÃO CRISTÃ CATÓLICA


BÍBLIA

A grande fonte hebraica para o Antigo Testamento é o chamado Texto massorético. Trata-se do texto hebraico fixado ao longo dos séculos por escolas de copistas, chamados Massoretas, que tinham como particularidade um escrúpulo rigoroso na fidelidade da cópia ao original.

O trabalho dos massoretas, de cópia e também de vocalização do texto hebraico (que não tem vogais, e que, por esse motivo, ao tornar-se língua morta, necessitou de as indicar por meio de sinais), prolongou-se até ao séc. VIII d.C. Pela grande seriedade deste trabalho, e por ter sido feito ao longo de séculos, o Texto massorético (abreviatura: TM) é considerado a fonte mais autorizada para o texto hebraico bíblico original.

No entanto, outras versões do Antigo Testamento têm importância, e permitem suprir as deficiências do texto massorético. É o caso do Pentateuco Samaritano (os samaritanos eram uma comunidade étnica e religiosa separada dos judeus, que tinham culto e templo próprios, e que só aceitavam como livros sagrados os do Pentateuco), e principalmente a chamada versão dos Setenta.

A Bíblia dos Setenta, ou Septuaginta (abreviatura: LXX), designa a tradução grega do Antigo Testamento, elaborada entre os séculos IV e II a.C., provavelmente no Egipto. O seu nome deve-se à lenda que referia ter sido essa tradução um resultado milagroso do trabalho de 70 sábios, e que pretende exprimir que não só o texto, mas também a tradução, fora inspirada por Deus.

A versão dos LXX é a mais antiga versão do Antigo Testamento que conhecemos. A sua grande importância provém também do facto de ter sido essa a versão da Bíblia utilizada entre os cristãos, desde o início, e a que é citada na grande parte do Novo Testamento.

Da versão dos LXX fazem parte, além dos livros da Bíblia Hebraica, os deuterocanónicos (aceites pela Igreja Católica, mas não por judeus nem protestantes), e alguns apócrifos (não aceites como sagrados por nenhuma das religiões ou Igrejas).

O Novo Testamento, escrito em grego, encontra-se em muitos manuscritos, que apresentam muitas variantes. Diferentemente do Antigo Testamento, não há para o Novo Testamento uma versão a que se possa chamar, por assim dizer, normativa. Há contudo alguns manuscritos mais importantes, pelas sua antiguidade ou credibilidade, e que são o alicerce da Crítica Textual.

Uma outra versão com importância é a chamada Vulgata, ou seja, a tradução latina de São Jerónimo, elaborada no séc. IV-V, e que foi utilizada durante muitos séculos pelas Igrejas Cristãs do ocidente.

ANTIGO TESTAMENTO

  
Designação atribuída pelo cristianismo à Bíblia hebraica, e que corresponde à primeira parte da Bíblia cristã. É composto por 39 (de acordo com o cristianismo) ou 24 (de acordo com o judaísmo) livros, que contêm a descrição da origem do mundo, a história dos antigos hebreus e a sua aliança com Deus, textos proféticos e poesia religiosa.

LISTA DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO E SUAS ABREVIATURAS

Génesis
Gn.
Êxodo
Ex.
Levítico
Lv.
Números
Nm.
Deuteronómio
Dt.


Josué
Js.
Juizes
Jz.
Primeiro Samuel
1 Sam.
Segundo Samuel
2 Sam.
Primeiro Reis
1 Rs.
Segundo Reis
2 Rs.
Primeiro Crónicas
1 Cr.
Segundo Crónicas
2 Cr.
Esdras
Esd.
Neemias
Ne.
Tobias
Tb.
Judite
Jt.
Ester
Est.
Primeiro Macabeus
1 Mc.
Segundo Macabeus
2. Mc.


Job
Jb.
Salmos
Sl.
Povérbios
Pr.
Eclesiaste
Ecl.
Cântico dos Cânticos
Ct.
Sabedoria
Sb.
Eclesiastico
Eclo.


Isaías
Is.
Jeremias
Jr.
Lamentações
Lm.
Baruc
Br.
Ezequiel
Ez.
Daniel
Dn.
Oseias
Os.
Joel
Jl.
Amós
Am.
Abdias
Ab.
Jonas
Jn.
Miqueias
Mq.
Naum
Na.
Habacuc
Hab.
Sofonias
Sf.
Ageu
Ag.
Zacarias
Zc.
Malaquias
Ml.


PENTATEUCO

Os cinco primeiros livros da Bíblia formam um conjunto que os judeus denominam "Lei", ou "Torá". O primeiro testemunho certo desta denominação encontra-se no prefácio do, e ela já era corrente no começo da nossa era, por exemplo, no Novo Testamento (Mt. 5, 17; Lc. 10, 26; Lc. 24, 44).

O desejo de obter cópias manejáveis desse grande conjunto fez com que se dividisse o texto em cinco rolos de tamanho quase igual. Daí provém o nome que lhe foi dados nos círculos de língua grega: he pentateuchos (subentendido biblos), "O livro em cinco volumes", que foi transcrito em latim como Pentateuchus (subentendido liber), donde a palavra portuguesa Pentateuco.

Essa divisão em cinco livros é atestada antes da nossa era pela versão grega dos Setenta. Esta, e sei uso se impôs à igreja, intitulava os volumes segundo o seu conteúdo: Génesis (porque começa pelas origens do mundo), Êxodo (porque começa com a saída do Egipto), Levítico (porque contém a lei dos sacerdotes da tribo de Levi), Números (por causa do recenseamento) e Deuteronómio (ou a "segunda lei").


Génesis  -  a narrativa das origens do mundo e do homem e a história dos grandes patriarcas do povo escolhido (como Abraão e Jacob), estão contidas no "Génesis", que significa "geração": trata-se do primeiro livro dos cinco livros do "Pentateuco", escrito para demonstrar a vocação particular do povo hebreu para preparar o caminho ao Messias.






Êxodo  -  este livro desenvolve-se sobre dois temas principais: a libertação do Egipto e a Aliança no Sinai temas que estão interligados por um tema secundário, a marcha através do deserto.


Levítico  - o Levítico, de carácter quase exclusivamente legislativo, interrompe a narração dos acontecimentos. Contém: um ritual dos sacrifícios; o cerimonial de investidura de sacerdotes, aplicado a Aarão e a seus filhos; as normas referentes ao puro e ao impuro, que terminam com o ritual do grande dia das Expiações, e a "lei da santidade" .

Números  -  o livro dos Números traz a contagem do povo para o serviço militar e para o recenseamento.

Deuteronómio - o Deuteronómio tem uma estrutura particular: é um código das leis civis e religiosas, enquadradas num grande discurso de Moisés (Dt. 5-11; 26, 16). Este conjunto, por sua vez, é precedido de um primeiro discurso de Moisés (Dt. 1-4) e seguido de um terceiro discurso e também de trechos referentes ao fim de Moisés. O código deuteronómio retorna, em parte, as leis promulgadas no deserto. 


LIVROS HISTÓRICOS

Josué  -  Embora nem sempre com a coerência que tanto agrada à nossa mentalidade actual, por efeito das diferentes tradições que lhe serviram de fonte, é possível apresentar resumidamente a figura de Josué. Inicialmente surge como um jovem ajudante de Moisés, com o nome de Oseias; depois, é um dos exploradores do Négueb, quando manifesta, com Caleb, a sua disponibilidade para executar o plano libertador de Javé.

Então é-lhe mudado o nome de Oseias para "Yehoshua" ou Josué, prenúncio da nova missão em que Moisés o vai investir: será o seu sucessor. É a esta personalidade que a tradição atribui a autoria do livro de JOSUÉ, com as habituais limitações que tal designação comporta quando se trata dos autores sagrados ou hagiógrafos.

DIVISÃO E CONTEÚDO - Há quem considere o livro de JOSUÉ como um complemento do Pentateuco, constituindo a parte em que se cumpre a promessa da doação da Terra Prometida: no Génesis, Deus promete; em JOSUÉ, entrega e cumpre a promessa. Nesta hipótese, JOSUÉ seria constituído a partir da teoria clássica das quatro tradições: Javista, Eloísta, Deuteronomista e Sacerdotal. Não é esta, porém, a hipótese aplaudida por muitos críticos modernos, a quem agrada mais integrar o livro em plena História Deuteronomista, sem prejuízo de considerarem nele, de facto, a promessa do Génesis plenamente cumprida.

É comum distribuir o conteúdo de JOSUÉ por três partes distintas:

I. Conquista de Canaã (1,1-12,24): texto, predominantemente narrativo, conta os vários episódios da conquista de Jericó; a batalha de Guibeon; a leitura da Lei perante a multidão, que renova a sua promessa de fidelidade à aliança (8,29-35); a derrota das várias coligações contra Josué, com a consequente submissão de todo o Sul ao sucessor de Moisés.

II. Distribuição do território pelas tribos (13,1-21,45). Após a atribuição dos territórios às tribos da Transjordânia e da Cisjordânia, conclui-se com uma lista das cidades sacerdotais e de refúgio.

III. Apêndice e conclusão (22,1-24,33). Nesta parte merecem especial atenção o discurso de despedida de Josué e a assembleia magna de Siquém, no final do livro.

* Explicando melhor: este livro continua a narração da conquista e da repartição da Terra Prometida sob a direcção de Josué, sucessor de Moisés.

Juízes  -  fala-nos do período sucessivo, que vai da morte de Josué até à vigília do primeiro rei de Israel. Chamaram-se juízes os chefes que guiaram o povo eleito nos momentos particularmente difíceis: foram doze, seis maiores pela notoriedade das suas façanhas, e seis menores dos quais conhecemos apenas os nomes.

 Rute   -   trata-se da história de Rute, a moabilata que, depois da morte do marido, nascido em Belém e imigrado para Moab, retorna a Judá com a sogra Noemi e casa-se com Booz, parente do seu marido, em cumprimento da lei do levirato, deste matrimónio nasce Obed que será avô de David.

Uma adição (Rt. 4, 18-22) apresenta a genealogia de David, paralela à que está mencionada em 1 Cr.2, 5-15.

É muito discutida a data da composição desse livro e têm sido propostos todos os períodos desde David e Salomão até Neemias. Os argumentos alegados em favor de uma data tardia - posição no cânon hebraico, língua, costumes familiares, doutrina - não são decisivos e o livro, com excessão o dos últimos versículos, poderia ter sido composto na época da monarquia.

É uma história edificante, que tem como principal objectivo mostrar como recompensada a confiança que se põe em Deus, cuja a misericórdia se estende sobre uma estrangeira (Rt. 2, 12). Esta fé na Providência e este espírito universalista são o ensinamento perene da narrativa. O fato de Rute ter sido reconhecida como bisavó de David deu a esta pequena obra um valor particular , e São Mateus incluiu o nome de Rute na genealogia de Cristo (Mt. 1, 5).

Samuel  -  os dois livros de Samuel narram a instituição da monarquia e os factos principais do reino de Saul e David. Com a morte de Samuel acaba o tempo dos juízes e em seu lugar é eleito o primeiro rei , Saul, que se torna logo mau, reprovado por Deus e odiado pelo povo. Sucedeu-lhes, cujo reino terá papel considerável no plano da redenção: da sua descendência nascerá o Messias, com efeito, chamado "Filho de David".

Reis  -  os dois livros dos Reis contêm a história que vais desde os últimos dias de David até à tomada de Jerusalém pelos babilónios. No primeiro período domina a figura do rei Salomão, o construtor do majestoso templo de Jerusalém; no segundo vemos a cisão do povo eleito nos dois reinos de Judá e de Israel, as suas lutas e o seu fim.

Crónicas  -  os livros das Crónicas contam-nos outros pormenores da história dos reis.

Esdras e Neemias  -  estes livros descrevem o regresso dos judeus à Terra Santa e os trabalhos de reconstrução sob a orientação de Esdras e Neemias: Neemias reconstruiu Jerusálem e o Templo; Esdras foi o restaurador da legislação religiosa.


Tobias  -  ao período de exílio refere-se o Livro de Tobias que narra o maravilhoso exemplo de uma família boa e religiosa, a qual permanece fiel ao Senhor, apesar de viver em tempo de perseguição e no meio de pagãos.



Judite e Ester  - estes dois livros apresentam as figuras de duas mulheres, santas e heroínas, suscitadas por Deus para salvar o seu povo oprimido por os inimigos: Judite exerceu a sua actividade na sua própria nação; Ester, entre os judeus no exílio. Ambas são figuras de Maria Santíssima, a criatura excepcional, imune de culpa, que Deus haveria de tornar invencível, como Judite e Ester, contra o inimigo infernal que salvasse os homens por meio do Messias redentor.

Macabeus  -  os dois "Livros dos Macabeus", que tornam o nome da família dos chefes, foram escritos no século I a.C. e constam as peripécias da "Guerra Santa" contra os reis da Síria, que queriam impor aos judeus os usos pagãos. A história que termina em 134 com a independência temporária do povo eleito, encerra na Bíblia o Antigo Testamento.


Livros Poéticos e Sapienciais


Job  -  A questão da autoria do livro de JOB está muito ligada aos modos e momentos segundo os quais se terá processado a formação deste conjunto literário. Definir a identidade de um autor por detrás da variedade literária que existe no livro, e que mais adiante analisaremos, não será fácil.

É provável, no entanto, que o seu autor principal tenha sido um israelita, certamente bom conhecedor do pensamento hebraico tradicional; daí os contínuos paralelismos literários e doutrinais entre este livro e outros da Bíblia. Por outro lado, também conhecia as grandes preocupações do pensamento humanista nos países vizinhos da Bíblia. A síntese entre estes dois pólos está muito bem conseguida.

NOME E DATA A personagem central desta história é que parece não ser uma figura hebraica. O nome de Job só aparece neste livro, em Ez 14,14.20 e Tg 5,11, como uma figura lendária do passado, situado nos tempos patriarcais e dotado de grande sabedoria. O autor israelita aproveitou tal figura para elaborar esta obra, do género sapiencial. Isto denota apreço pela sabedoria universal ou a vontade de reconhecer todos os valores, onde quer que eles se encontrem.

A data do livro é outra difícil questão. Grande parte dos estudiosos situa--o após o Exílio, baseando-se quer na dúvida corajosa face às categorias do pensamento religioso tradicional, quer em certas influências aramaicas sobre o hebraico em que o livro está escrito, quer numa certa abertura ao mundo exterior a Israel, para contrariar o ambiente xenófobo que se vivia em Jerusalém, depois do Exílio (séc. V a.C.), testemunhado em Esdras e Neemias.

Mas há quem pense que o livro poderia ser bastante mais antigo. Argumentos: alguns aspectos linguísticos e o tema, que já tinha raízes em realizações muito anteriores nas literaturas do Médio Oriente Antigo.

LIVRO, TEMA E TEXTO O livro de JOB constitui, no contexto da Bíblia, um dado bem característico e original. Em primeiro lugar, porque enfrenta a questão da experiência religiosa pessoal como um objecto de reflexão e porque o faz com uma profundidade humana e um dramatismo dignos do melhor humanismo e da mais requintada arte literária; em segundo lugar, porque nem representa muito directamente a linguagem teológica mais característica do Antigo Testamento.

O facto é que este livro se impôs como um dos mais elevados momentos literários da Bíblia; e, para a História da teologia, da filosofia e da cultura, até aos dias de hoje, ficou a ser um verdadeiro marco miliário da tomada de consciência dos dramas da experiência humana.

A importância que este livro assumiu na Bíblia e nas religiões bíblicas - Judaísmo e Cristianismo - veio-lhe também, em grande parte, do facto de nele se exprimir um dos temas máximos da cultura e da literatura humanistas do Médio Oriente Antigo.

É a questão do sofrimento e das suas repercussões, quer directamente na experiência de quem sofre, quer indirectamente na interacção que se produz entre as concepções morais e outras categorias religiosas fundamentais, tais como sofrimento e doença, pecado e castigo, santidade e felicidade.

Enfim, é o problema de saber se existe alguma correlação justa ou lógica entre a maneira honesta como se vive e a maneira como a vida nos corre. Nos tempos bíblicos mais antigos, o Egipto, a Mesopotâmia e Canaã deixaram-nos exímios exemplos literários deste esforço de reflexão. É entre eles que o livro de JOB encontra a sua base e se destaca como valor de primeira grandeza.

A maior parte do livro está escrita num hebraico de grande qualidade literária, que levanta, pelo seu estilo e vocabulário originais, algumas dificuldades de tradução.

É natural que os simples leitores de uma Bíblia o notem ao comparar várias traduções e verificar como estas assinalam dificuldades de tradução de vários termos e passagens. Muito se tem estudado sobre ele e muito há ainda a estudar até se poder atingir a melhor compreensão, tanto do vocabulário como das subtilezas de construção sintáctica.


DIVISÃO E CONTEÚDO
Propomos o esquema seguinte:

I. Prólogo biográfico: 1,1-2,13;
II. Primeiro debate: 3,1-14,22;
III. Segundo debate: 15,1-21,34;
IV. Terceiro debate: 22,1-27,23;
V. Elogio da sabedoria: 28,1-28;
VI. Monólogo de Job: 29,1-31,40;
VII. Discurso de Eliú: 32,1-37,24;
VIII. Intervenção de Deus: 38,1-42,6;
IX. Epílogo biográfico: 42,7-17.

Os números VI, VII e VIII podiam constituir uma roda dialogal final, mas dotada de um espírito razoavelmente diferente dos três primeiros debates. Por isso, o elogio da sabedoria (28) poderia estar a servir de separador e transição.

Por outras palavras: o "Livro de Job", que toma o nome do protagonista, expõe o problema do sofrimento do justo.

Salmos  -  O nome actual do LIVRO DOS SALMOS, ou simplesmente SALMOS, está directamente ligado à mais antiga designação utilizada para esta colecção de poemas ou cânticos religiosos. O nome português deriva da palavra grega "Psalmoi" e esta é já utilizada na antiga tradução grega, chamada dos Setenta, para traduzir o termo hebraico "mizmorôt", (cânticos). Este parece ter sido o seu nome hebraico mais antigo.

Por isso, quando o Novo Testamento lhe chama "biblos psalmôn" (Lc 20,42; Act 1,20), está a usar uma designação correcta e formal. No entanto, já nos textos de Qumrân e em alguns autores cristãos antigos aparece o nome que actualmente lhe é dado na Bíblia Hebraica: "Sepher Tehillim", "Livro dos louvores".

TEXTO E INTERPRETAÇÃO - O tempo tão longo da formação dos SALMOS e o facto de terem vindo a ser objecto de leitura e utilização contínuas, e mesmo quotidianas, torna possível que o texto, um dos mais antigos da Bíblia, possa ter sofrido influências derivadas dessa leitura e mesmo algumas transformações de conteúdo e sentido. A leitura repetida, geração após geração, e a acumulação interpretativa que assim se forma, atribui a estes textos uma riqueza transbordante de conteúdos.

Nem sempre é fácil traduzir num só texto esta multiplicidade. Aqui, tentamos dar o sentido mais exacto possível do texto hebraico, na medida em que no-lo permitem as dificuldades de cada passagem.

COMPOSIÇÃO E DATA - A tradição hebraica e cristã sempre atribuiu uma grande importância a David, como estando na origem dos SALMOS. Isso representa bem o ascendente que esse rei teve na criação das instituições em que Israel via espelhada e assente a sua vida cultual e espiritual, nomeadamente o culto do templo de Jerusalém.

E é ao culto que está certamente ligada a composição da maior parte dos SALMOS. No entanto, estes poemas religiosos foram compostos ao longo de muitos séculos e alguns deles poderão ter sido compostos não muito antes do tempo do Novo Testamento.

Nada impede que a maioria seja anterior ao Exílio e alguns deles possam mesmo ser do tempo de David; alguns podem até ser mais antigos. É que estes hinos religiosos são herdeiros e, em certos casos, em linha directa, da poesia religiosa da tradição cananaica, que os hebreus, em boa parte, aproveitaram. Houve certamente épocas privilegiadas na produção destes SALMOS; a de David poderá ter sido uma delas.

USO E LUGAR NA BÍBLIA - Para os hebreus, os SALMOS não tinham tanta importância como os livros atribuídos a Moisés, por exemplo. Daí terem sido colocados na terceira secção, a dos "Escritos", depois da "Lei" (Torá) e dos "Profetas". Há nesta gradação algum escalonamento quanto à respectiva valorização teológica. Mas, na vida religiosa, os SALMOS representavam um património muito utilizado e um elo fundamental de transmissão da fé; alguns deles são, seguramente, dos textos mais repetidos de toda a Bíblia.

Do judaísmo ao cristianismo, a vivência religiosa de grande parte da humanidade teve o seu alimento e a sua expressão mais natural no texto dos SALMOS. Se pensarmos que o modelo básico e até um ou outro salmo podem ter vindo directamente da cultura religiosa de Canaã anterior aos hebreus, maior é o seu percurso e a sua representatividade. Cantar um salmo, hoje é um acto de comunhão religiosa e humana que atravessa milénios de experiência.

ORGANIZAÇÃO O LIVRO DOS SALMOS engloba, na actual Bíblia Hebraica, um conjunto de 150 cânticos de que os Sl. 1 e 2 constituem a abertura e o Sl. 150 representa o encerramento. Mas, na história antiga do texto bíblico, as numerações dos Salmos variaram bastante, sem que se modificasse o seu conteúdo literário. Este conjunto de cânticos era dividido de maneiras diferentes, de tal modo que resultava um número umas vezes inferior e outras superior ao de 150, que se tornou o número canónico no texto hebraico.

Um resto desta antiga variedade na numeração dos Salmos é aquela que ficou na tradução grega dos Setenta, de onde transitou para as traduções latinas dela dependentes e ainda se encontra em antigas traduções portuguesas. Nestas, os Salmos que se encontram entre o 9 e o 147 levam um número a menos. Esta segunda numeração é adoptada pelas edições litúrgicas e, neste texto, vai entre parêntesis.

Conclusão: os 150 Salmos (poesias cantadas com acompanhamento de cítara) são uma colecção de sublimes, sentenças, de louvores e orações de vários autores sagrados; diz-se que foram compostos por David, que de facto compôs alguns deles.

Provérbios  -   é um livro do Antigo Testamento, cuja autoria é tradicionalmente atribuída ao rei hebreu Salomão. Os Provérbios compõem-se de uma série de máximas acerca de questões éticas e morais, por outras palavras neste livro estão recolhidos conselhos da vida prática.

Eclesiastes  -  este livro é uma colectânea de pensamentos de uma filosofia de vida, exposta ao povo alternadamente em prosa e em verso.

Cântico dos Cânticos  -  o "Cântico dos Cânticos" exalta o amor humano como figura do amor de Deus para com o povo escolhido.

Sabedoria  -  o "Livro da Sabedoria" é um hino sublime à sabedoria divina participada aos homens na religião e na virtude.

Eclesiástico  - o "Eclesiástico" (ou seja "O Livro da Igreja") é ainda uma colecção de ensinamentos que repetem o tema principal: "A verdadeira sabedoria é o temor de Deus".

Livros Proféticos

 Os Profetas foram escolhidos por Deus para falar em seu nome aos outros homens: censuravam o povo eleito quando este se desviava, encorajavam-no nas adversidades, prediziam tempos futuros ou messiânicos. A Bíblia fala-nos de profetas do tempo de Samuel, mas os que tiveram mais ascendente sobre o povo exerceram o seu ministério durante o reino de Israel e de Judá. Alguns não deixaram escritos como Elias e Eliseu, cuja história é narrada no Livro do Reis.

Os que deixaram escritos costumam-se dividi-los em "maiores", e são quatro: Isaías, Jeremias (Lamentações e Baruc), Ezequiel e Daniel; e em "menores", pela brevidade dos seus livros; e são doze: Oseias, Joel, Amos, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Excepto Jonas, Amós e Oseias que pertencem ao reino de Israel, todos os outros são do reino de Judá.

 

Novo Testamento


O Novo Testamento é uma colecção de livros e de cartas composta por 27 escritos sagrados, redigidos após a vida de Jesus Cristo. Não se trata, pois, dum livro único, mas duma colecção deles, com características diferentes, autores humanos e destinatários diversos, reflectindo situações variadas da vida de Jesus, da fé dos seus discípulos e da vida da Igreja Apostólica, durante um período de mais de meio século.  (Grifei)

Porque é Novo? Porque é Testamento?

Testamento é palavra adoptada, em latim e nas línguas dele derivadas para traduzir o termo hebraico "berit" ou o termo grego "diatheke". "Berit" ou "diatheke", no nosso idioma, devia traduzir-se por aliança, pacto ou contrato sagrado. Testamento, portantom no nosso caso, é uma aliança ou contrato entre Deus e os homens. Contrato, porém, não bilateral, mas gratuito da parte de Deus. É um favor que Ele faz aos homens.

Novo - Diz-se que esse contrato de Deus com os homens é novo, não só pela novidade que ele encerra, mas também por oposição ao antigo. Com efeito, antes deste, Deus fizera já outro contrato com os homens.

Mais concretamente, com o povo hebreu, a quem o Senhor se revelar primeiro e cuja a fórmula contratual era a seguinte: "Vós sereis o Meu Povo, guardando a Minha vontade, não adorando falsos deuses, e Eu serei o vosso Deus, protegendo-vos e abençoando-vos". Mas esta aliança era provisória. Preparava, prefigurava e anunciava a outra, nova, definitiva e eterna, que Deus havia de fazer com todos os homens., selada pelo sangue de Cristo - o sangue da Nova e eterna Aliança (Mc 14, 24; Lc 22, 20; Mt. 26, 27).

A origem, o estabelecimento e as vicissitudes da Antiga Aliança encontram-se narradas num conjunto de livros, chamado Antigo Testamento, e que constituem a primeira parte da Bíblia. A trajectória da Nova Aliança encontra-se no Novo Testamento que forma a segunda parte da Bíblia.

LISTA DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO E SUAS ABREVIATURAS
EVANGELHOS

Mt.
Mc
Lc.
Jo.


Act.
CARTAS
Cartas aos Romanos
Rom.
Primeira Carta aos Coríntios
1 Cor.
Segunda Carta aos Coríntios
2 Cor.
Carta aos Gálatas
Gal.
Carta aos Efésios
Ef.
Carta aos Filipenses
Fil.
Carta aos Colossenses
Col.
Primeira Carta aos Tessalonicenses
1 Tes.
Segunda Carta aos Tessalonicenses
2 Tes.
Primeira Carta a Timóteo
1 Tim.
Segunda Carta a Timóteo
2 Tim.
Carta a Tito
Tit.
Carta a Filémon
Flm.


Carta aos Hebreus
Heb.
Cartas Católicas
Tgo.

Primeira Carta de São Pedro
1 Ped.
Segunda Carta de São Pedro
2 Ped.

Primeira Carta de São João
1 Jo.
Segunda Carta de São João
2 Jo.
Terceira Carta de São João
3 Jo.
Jud.


Ap.

  

OS Evangelhos



A Sua Origem

Actualmente temos quatro Evangelhos canónicos: segundo São Mateus, segundo São Marcos, segundo São Lucas e segundo São João. Tais livros não nasceram desses autores duma só assentada, como geralmente sucede com os livros actuais. Antes de verem luz, passaram por um período de gestação nas primitivas comunidades cristãs. (grifei)

O Cristianismo, desde Jerusalém, espalha-se pela Judeia, Samaria, Antioquia (actualmente a Síria) e chegara mesma a Roma, capital do mundo antigo.

O vai-vém deste maravilhoso peregrinar é, em parte, narrado no livro dos Actos dos Apóstolos e reflecte-se nas Epístolas de São Paulo (nas Cartas) e de outros apóstolos.

Ora os Apóstolos e os outros mensageiros cristãos, ao chegarem a um novo posto missionário, anunciavam a "Boa-Nova" (este é o sentido da palavra "Evangelho), da Morte redentora e da Ressureição vivificadora de Cristo. Depois, como aumentassem os convertidos, a pregação desenvolvia-se sobre a Paixão de Cristo, sobre os acontecimentos da vida pública do Senhor, a começar pelo baptismo mo Jordão.

As primeiras narrações que apareceram do Evangelho foram as da Paixão e Ressurreição de Cristo, seguindo de narrações de ditos e do Senhor e de episódios da sua vida pública.

Uma primeira compilação, "deve" ter sido feita em Jerusalém, em arameu, o seu autor segundo a tradição, foi o Apóstolo Mateus (Mt. 9, 9-13). Mas este original não chegou até nós. Traduzido para o grego e muito ampliado, por volta do ano 70, é o actual Evangelho segundo São Mateus. (Grifei)

Esta "refundição" deve ter-se verificado provavelmente em Antioquia. (grifei)

Entretanto, em Roma, como é mais verosímil, São Marcos, servindo-se das fontes escritas desta Igreja e, sobretudo, da pregação oral e viva de Pedro, escreveu também um Evangelho.

De igual modo, São Lucas, depois de "muitos" terem empreendido compor uma narração dos factos que entre eles se consumaram, como os transmitiram os que desde do começo foram testemunhas oculares, após muita investigação, escreveu também duas obras: o 3º Evangelho e os Actos (cfr. Lc1, 1-4; Act 1, 1-3).

Finalmente, em Éfeso, "segundo parece", foi publicado o 4º Evangelho, o Evangelho segundo São João. Comparado, este Evangelho como os três precedentes, os "Sinópticos", difere bastante deles e, sem perder as características duma testemunha ocular, apresenta já um estado evoluído da reflexão da Igreja sobre o Mistério de Cristo. (grifei)

Seu Valor Histórico

Os Evangelhos perpetuam para nós, dum modo particular, a pregação da Igreja Apostólica (cfr. Const. sobre a Divina Revelação, nº 8). Não foi, pois, intenção dos evangelistas compor uma biografia de Jesus, em sentido moderno. A intenção deles foi a de anunciar a "Boa Nova" de Jesus, a fim de que acreditássemos que ele é o Messias, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome. Por isso, os autores neotestamentários não escreveram tudo o que Jesus fez (cfr. Jo 20, 30-31). 


São Mateus

1 - A presente obra leva por título Evangelho segundo São Mateus. Este título, porém, não pertence ao original. Então, os autores não costumavam assinar os seus escritos. Mas a Igreja, já por volta do ano 150, atribuiu esta obra a Mateus, um dos Doze (Mt. 10, 3) identificado com Levi o cobrador de impostos (Mt. 9, 9 - 13) (Grifei)

2 - Entretanto, a opinião mais corrente pensa que Mateus não escreveu este livro tal e qual o leitor tem diante de si. Mateus teria escrito em arameu (a língua de Jesus) uma colecção de sentenças preferidas pelo Senhor. Essa obra primitiva teria sido largamente ampliada e transferida para o grego, única língua em possuímos o texto original de Mateus. Tal refundição, efectuada por um ou mais cristãos, talvez da classe dirigente, é o actual Evangelho segundo São Mateus. (Grifei)

Ignora-se o lugar onde este trabalho se verificou. Propõe-se como mais provável a cidade Antioquia. Ai crescia uma das mais antigas igrejas, onde os discípulos de Cristo recebem, pela primeira vez, o nome de cristãos (Act. 11, 26). Antioquia, depois de Jerusalém, era então, a igreja mais importante (cfr. Act. 11, 19 ss)

3 - Apesar disso, o presente Evangelho não foi escrito nos primeiros anos desta Igreja, mas quando ela já tinha umas décadas, e Jerusalém já tinha caído, destruída pelos romanos no ano 70. Por isso, este Evangelho, ainda que venha em primeiro lugar, não é o mais antigo. Foi procedido, ao menos, pelo de São Marcos.

4 - Este livro é, o testemunho da fé da Igreja de Antioquia em Jesus de Nazaré, proclamado Messias e Senhor. Testemunho rubricado pelo Espírito Santo, no qual são manifestos os sinais da polémica entre os cristãos e judeus, acerca do Salvador.

O livro todo é um esforço por demonstrar que, em Jesus de Nazaré, se cumpriram as Profecias. Ele é o Salvador esperado, o Emanuel (Mt. 1, 23) ou "Deus connosco", presente nas reuniões litúrgicas, até à consumação da História (Mt. 28, 20).


São Marcos

1 - Os Evangelhos não são uma "Vida de Jesus", em sentido moderno, mas um eco da pregação da Igreja Apostólica sobre Jesus de Nazaré. Neles ressoa a voz da Igreja primitiva a anunciar a fé em Cristo. Contudo, entre os quatros Evangelhos canónicos, é este de Marcos que está menos estilizado e mais próximo dos factos, no seu acontecer quotidiano.

Ele narra os acontecimentos na sua rudeza, sem os adocicar, nem lhes eliminar as arestas. Sendo o mais antigo dos quatros Evangelhos, ele supõe na evolução do Cristianismo que cresceu para a verdade plena, um estado mais primitivo da meditação da Igreja sobre os acontecimentos que lhe deram origem.

Marcos escreve a sua obra para anunciar a Boa Nova, que é Jesus Cristo, filho de Deus.

2 - A antiga tradição afirma ser Marcos, discípulo de Pedro, o autor deste Evangelho (1 Ped. 5, 13), identificado com João Marcos de Jerusalém, filho de Maria, cuja casa servia de igreja (Act. 12, 12). Pensa-se tratar-se do mesmo personagem, primo de Barnabé, que acompanhou Paulo na primeira viagem apostólica (Col. 4, 10; Act. 12, 12; 15, 38; 13, 13). (Grifei)

3 - O lugar mais provável onde este Evangelho foi editado deve ter sido a igreja de Roma. Era a capital do mundo antigo e, por consequência, também um grande centro cultural. Aí vivia uma grande igreja, tal como refere a Carta aos Romanos. Após a morte de Pedro, Marcos deve ter sentido a necessidade registar por escrito a sua catequese.

Isto deve se ter verificado por entre 65 e 70 da nossa era. O uso de muitos termos latinos, a contagem dos dias à maneira romana, as moeda latinas, etc., postulam a origem romana deste Evangelho, escrito em grego., a língua mais falada nessa altura em Roma.


São Lucas


São Lucas, escritor primoroso, no seu Evangelho recolhe as mais belas parábolas de Jesus e descreve alguns episódios da sua infância ouvidos talvez da própria Virgem Maria. 




São João

Os três primeiros Evangelhos chamam-se Sinópticos por, apesar das divergências de pormenor, os autores terem seguido o mesmo esquema geral, aplicado primeiramente por São Marcos.

O Evangelho segundo São João, seguiu um esquema próprio e representa uma tradição diferente. Assim, os Sinópticos parecem enquadrar a vida pública do Senhor, no espaço de um ano. Inicia-se na Galileia e termina em Jerusalém, onde é crucificado na Páscoa.

João, porém, fala de três festas da Páscoa e de quatro ou cinco viagens a Jerusalém, o que supõe um espaço de três anos. Não é fácil dizer quem é que está mais próximo dos factos. Já sabemos que os Evangelhos não são uma "Vida de Jesus", mas um anuncio da fé da Igreja em Jesus de Nazaré.(Grifei)

Os Sinópticos sintetizam esse anúncio, no esquema cronológico dum ano, como faz a Liturgia, proclamando o Mistério de Cristo, no decorrer do Ano Litúrgico. João fala de três anos. Mas acerca deste espaço de tempo, também não temos a certeza se se trata apenas duma sintetização, ou da realidade dos factos. (Grifei)


Actos dos Apostolos


O livro do Actos do Apóstolos apresenta-nos os primeiros passos da Igreja fundada por Jesus para anunciar a Boa-Nova do reino. Foi intitulado como "O Evangelho do Espírito Santo", pois mostra como Espírito Santo animou a Igreja nascente por meio da obra dos dois grandes apóstolos São Pedro e São Paulo. Lucas, que escreveu o Evangelho, recolhe as "gestas dos Apóstolos" (Acto dos Apóstolos). Tendo acompanhado São Paulo nas suas primeiras viagens, foi deste nodo protagonista de muitos episódios por ele narrados.


Cartas de São Paulo



São Paulo nasceu em Tarso, na Cilícia (Turquia) pelo ano 1 da nossa era. Depois de alguns estudos na sua cidade natal, dirigiu-se a Jerusalém, onde teve Gamaliel por mestre. Foi ardente defensor das tradições judaicas e, por isso, perseguidor dos Cristãos, mas, quando se dirigia a Damasco para prender os Cristãos dessa cidade Jesus, converte-o, aparecendo-lhe no caminho. Torna-se, então, o mais apaixonado apóstolo da mensagem Cristã.

Percorre a Ásia Menor, a Macedónia e Grécia, vai a Roma e provavelmente a Portugal. Por toda a parte funda igrejas, que não esquece, mesmo ausente. As contradições e perseguições de toda a espécie dão-lhe ocasião de evidenciar quanto profunda é a sua fé e amor por Cristo. Finalmente, preso mais uma vez, em Roma, no ano 66, é martirizado no ano seguinte.

As Cartas

As Cartas ou Epístolas, que São Paulo escreveu às diversas Igrejas por ele fundadas, têm, geralmente, por fim resolver os problemas que os novos cristãos lhe propunham, ou as dificuldades que o seu zelo sabia terem-se levantado.

Umas são longas e de grande importância doutrinária, outras, mais pequenas devidas a motivos puramente ocasionais, como a Carta de Filémon. Mas todas elas são inspiradas, como o são todas as Escrituras e, por conseguinte, devem ser consideradas como Palavra de Deus.

A ordem por que as Epístolas vêm no cânon da Sagrada Escritura é a da importância das Igrejas a que foram escritas e da extensão das mesmas Cartas. Eis as Cartas que São Paulo escreveu: a Cartas aos Romanos, as Cartas aos Coríntios, a Carta aos Gálatas, a Carta aos Efésios, a Carta aos Filipenses, a Carta aos Colossenses, as Carta aos Tessalonicenses, as Carta a Timóteo, a Carta a Tito, a Carta a Filémon e a Carta aos Hebreus.


Cartas Católicas

Carta de São Tiago

O autor deste escrito apresenta-se como "Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo". Não menciona que é apóstolo, nem indica qualquer outro título que o identifique como tal. Com efeito qualquer judeu se podia intitular de "servo de Deus" (Dt. 32, 36; Sl. 33, 23). Este era também um título messiânico (Is. 42-43). Mas o irmão de Tiago, de que nos ocupamos, é cristão, pois declara-se também "servo do Senhor Jesus Cristo".

No Novo Testamento, fala-nos pelo menos de dois Tiagos famosos: Tiago, filho de Zebedeu (Mt. 4, 21) e irmão do apóstolo São João (Mt 17, 1). É o proto-mártir dos apóstolos. Morreu muito cedo, no ano 42 da nossa era (Act. 12, 2). Por isso não deve ser o autor desta Carta. O outro Tiago é apostolo, filho de Alfeu.

Dele pouco se sabe, a não ser que o identifiquemos com "Tiago irmão do Senhor", a quem Paulo chama "coluna da Igreja", juntamente com Pedro e João (Gal 2, 9). Tornou-se o chefe da Igreja de Jerusalém e parece que devia ser o esteio dos cristãos judaizantes (Act 12, 17; 15, 13-29; 21, 17-18). Foi favorecido com uma aparição do Ressuscitado (1 Cor 15, 7).

Esta Carta dirige-se às "doze tribos da Diáspora"; parece ter por destinatários cristãos judaizantes. Se ela foi escrita, como pretendem alguns autores, pelos meados do século I, então dirige-se a judeus convertidos, antes das viagens missionárias de Paulo. Nesse caso, seria o primeiro escrito cristão.
Tematicamente, assemelha-se aos escritos essenciais do Antigo Testamento e causa estranheza a quase completa falta de alusão a Cristo.

Se foi escrita em Jerusalém, como tudo indica, e se também espelha a situação desta Igreja, então, a descrição do Act. 4, 32-37; 2, 42-47 é muito menos idílica do que ali se pinta.


Cartas de São Pedro


Temos duas Cartas cujo autor se declara ser o apóstolo Pedro (cfr. 1 e 2 Ped 1, 1-2). Quanto à 1ª Carta todos os críticos estão de acordo ser ela do Pescador da Galileia, ainda que o seu redactor tenha sida Silvano (cfr. 1 Ped. 5, 12). Pedro não devia dominar bem o grego. Não admira, pois, que recorresse ao uso frequente de se servir dum secretário. Mas esta 1ª Carta de São Pedro vai ainda mais além. É um espelho da pregação pascal-baptismal e da catequese da Igreja de Roma, onde foi escrita.

Os vexames que os cristãos da Ásia Menor - destinatários (cfr. 1 Ped. 1m 1-2) os problemas de ordem social que esta Carta procura solucionar, faziam-se sentir dum modo muito mais candente em Roma, capital do Império. As soluções tomadas em Roma duma humilde submissão a toda a criatura, a exemplo de Cristo, são aconselhadas aos restantes cristãos da Ásia.

Relativamente à 2ª Cartam ainda que se apresente como da autoria de Pedro, já desde tempos antigos se discute acerca do seu verdadeiro autor. Com efeito, ela parece ter sido escrito numa época tardia, depois da destruição de Jerusalém, quando muitos cristãos começavam a perder as esperanças na 2ª Vinda de Cristo (cfr. 2 Ped. 1, 19-21;3, 1-16; 3, 4). A primeira geração cristã já tinha morrido. Tudo isto dá a entender que a Carta foi escrita depois da morte de Pedro, que a tradição situa no ano 67. O autor da Carta deve ter sido um dos seus discípulos romanos que, adoptando um uso muito corrente, se cobriu com o nome do seu mestre.


Cartas de São João


São João, o Evangelista; segundo a Igreja escreveu três Cartas. A primeira tem o tom da homilia. Começa e termina sem nenhuma referência ao seu autor. A 2ª e a 3ª ( Jo 1, 1) dizem-nos terem por autor um tal peresbitero ou ancião. A tradição eclesiástica identifica com o apóstolo São João, autor do quarto Evangelho e do Apocalipse.

Estas Cartas, pela sua linguagem e pela sua teologia, pertencem certamente ao círculo joanino. Por isso devem ter sido escritas em Éfeso.


Cartas de São Judas Tadeu


São Judas Tadeu, que difundiu o Evangelho na Pérsia, onde foi decapitado, escreveu também ele, como seu irmão São Tiago, uma Carta dirigida os cristãos, para os pôr sobreaviso contra alguns libertinos os quais, embora participando das reuniões cristãs e crendo em Cristo permitiam toda a espécie de abusos.



Apocalipse


O "Apocalipse" (ou seja "visão das coisas futuras") é a mensagem do apóstolo São João que fecha o Novo Testamento. Escrito por volta do ano 95, narra as visões que o apóstolo teve em Patmos, durante a sua deportação.

FONTE

NOTA 1 - O presente post foi editado "ipisis litetteris" pelas mesmas letras, isto é, literalmente do site acima referido, publicado pela Igreja Católica de Portugal para que não se tenha dúvida sobre o relato, principalmente no que diz respeito ao Novo Testamento.

NOTA 2 - No que diz respeito as refundições dos Evangelhos, Roméro da Costa Machado, transcreve literalmente os ensinamentos dos padres. Mas a Igreja Escreveu os Evangelhos