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terça-feira, 11 de junho de 2013

INQUISIÇÃO – GABRIEL MALAGRIDA



Auto-de-fé do Padre Gabriel Malagrida




Gabriel Malagrida foi um jesuíta italiano nascido em Menaggio em 5 de dezembro de 1689,  martirizado em praça pública do Rossio, pelo Santo Ofício sob a acusação de falso profeta e herege em Lisboa, Portugal. Foi enforcado e logo em seguida queimado em um auto-de-fé na noite de 21 de setembro de 1761.

INÍCIO DA VIDA

Foi seminarista aos 12 anos e mostrando-se interessado na vida religiosas, foi mandado para faculdade de Helvética em Milão onde concluiu seus estudos em filosofia e teologia. Enviado ao Brasil como missionário, Gabriel Malagrida chegou na cidade de Belém no estado do Pará em 1721 com o pretexto de aprender o idioma indígena para fins de catequese.

Decorridos dois anos, Malagrida segue para o estado do Maranhão e passa a conviver com os índios que habitavam as margens dos rios Itapicuru e Mearim, sofrendo constantes ameaças dos feiticeiros das tribos onde culparam o jesuíta pelo surto de febre ocorrido nas malocas.

Em 1729 deixou a vida selvagem e foi a convite lecionar no seminário de São Luis onde por seis anos formou novas turmas de futuros missionários jesuítas.

O ano de 1735 é marcado para Malagrida como o início de uma nova era de missões. Sai de São Luis e começa a pregar suas missões populares no sul do estado do Piauí, e demais estados nordestinos. Em Salvador no ano de 1738 funda o convento dos “Convertidos”. De 1741 a 1745 transita pelos estados de Pernambuco e Paraíba, sempre pregando missões populares e tomando a iniciativa de fundar conventos, orfanatos e seminários.

Em 1750 o padre jesuíta protetor dos índios, e semeador do conhecimento em terras brasileiras, volta a Portugal para conseguir fundos para ampliação de sua obra onde foi recebido com entusiasmo pelo Rei de Portugal, Dom João V. No ano seguinte volta para o Maranhão, e atendendo ao pedido da viúva Maria Anna de Áustria, mãe de Dom José I, volta a Portugal em 1754.


Marques de Pombal


A influência do padre Gabriel no Tribunal de Lisboa irritou o poderoso Primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Mello, o futuro Marquês de Pombal. Começou a ver em Malagrida um entrave para seus negócios aqui no Brasil, principalmente no estado do Grão Pará onde Dom Francisco Xavier de Mendonça Furtado era o Governador. O Primeiro-ministro não só conhecia a atividade dos jesuítas na antiga região, incluindo Malagrida, Vieira e Eckart, mas também fez oposição aos missionários contra o projeto de modernização dos nativos com consequência direta na escravização indígena e construção de casas populares ao invés de aldeias. 

Eis que em 1755, Lisboa foi abalada por um grande terremoto. Malagrida aproveitando-se da catástrofe natural faz diversos sermões mostrando a ira de Deus e convocando o povo português a rever os seus costumes. Por outro lado o Primeiro-ministro manda imprimir alguns folhetos explicativos mostrando que o terremoto não passava de causas naturais. Carvalho convence o rei a banir Gabriel Malagrida que ficou confinado na cidade de Setúbal em novembro de 1756.

No exílio Gabriel Malagrida por infelicidade, recebe a visita de várias pessoas entre elas membros da família dos Távoras, de quem Carvalho nutria uma terrível inimizade.


Dom José I, Rei de Portugal

Em setembro de 1758 o rei Dom José I  ao passar durante a noite pelo palácio do Marquês de Távora em direção ao Palácio de Belém, sofreu um atentado na escuridão da noite. Carvalho mandou investigar o atentado e rapidamente dois cocheiros foram presos e torturados. As confissões implicaram o Marquês e a Marquesa de Távora. Deduziu Carvalho ser um complô para matar o rei e substituí-lo com o Duque de Aveiro.

Malagrida que havia voltado do exílio, foi preso e julgado juntamente com outros jesuítas por seu suposto envolvimento na trama. Gabriel Malagrida foi condenado por alta traição, mas não foi executado por este crime, visto que sendo um sacerdote não poderia ser executado sem o consentimento da Inquisição.

Em 1759 o Marquês de Pombal expulsa todos os jesuítas do reino de Portugal e todas as suas colônias confiscando os bens. O chamado terror pombalino remonta a esta época, começaram as expedições de intimações aos inimigos do Marquês de Pombal, seguido de mandado de prisões perpétuas, exílio e até morte.

Gabriel Malagrida foi uma das vítimas. Acusado de escrever dois tratados heréticos na prisão ditados por inspiração divina, que segundo seus acusadores vinham de “vozes angelicais que falavam com ele em sua cabeça”, contendo afirmações ridículas sobre a fé católica.

Esses escritos nunca foram comprovados e se contém tais informações ridículas como dizem os seus acusadores, deve ter sido provocado pelos horrores da prisão, tortura e maus tratos a ele infringidos, o que fez com que ele perdesse a razão nos dois anos e seis meses de prisão. (Enciclopédia Católica)


Em seguida, Carvalho publica dois livros com base nessas transcrições celestiais. O primeiro foi intitulado “O Anti-Cristo e o segundo foi intitulado “A Vida Heróica e Maravilhosa e Gloriosa de Santa Ana”, mãe da virgem Maria.

O irmão de Carvalho, Paulo de Carvalho Mendonça fora nomeado Inquisidor Geral, e “obteve” de Gabriel Malagrida na época com 72 anos, a confissão de culpa de obscenidade e blasfêmia sendo condenado à morte em 21 de setembro de 1761. Seu corpo foi levado para a forca da Praça do Rossio e em seguida, seu corpo foi queimado na fogueira e suas cinzas jogadas no Rio Tejo.


O auto de fé

(…) que com baraço e pregão seja levado pelas ruas públicas desta cidade  até à Praça do Rossio e que nela morra morte natural de garrote, e que, depois de morto, seja seu corpo queimado e reduzido a pó e cinza, para que dele e de sua sepultura não haja memória alguma” – e assim se cumpriu o fim de Gabriel Malagrida, após muitos meses de duras penas e sofrimentos vários nos cárceres. Acusado de heresia…

Gabriel Malagrida foi o último mártir a ser executado em praça pública em Portugal.

Com a publicação do novo Regimento para a Direção do Conselho Geral do Santo Ofício e Governo das Inquisições, decretado em nome do Inquisidor Geral e Regedor das Justiças, Cardeal da Cunha, que assumira em 1770 o cargo vago pela morte de Paulo de Carvalho, regimento, de inspiração pombalina, proíbe o segredo das testemunhas, os tormentos, as sentenças de morte baseadas no depoimento de uma só testemunha e os autos-de-fé realizados em público, estabelecendo, porém, exceções em que tormentos ou mesmo autos públicos pudessem ser executados em heresiarcas, dogmatistas, sigilistas e outros desvios considerados particularmente perigosos.

Os Autos da Fé poderiam continuar, mas seriam realizados em locais fechados, sem o aparato que até esse momento os caracterizara.

João Pessoa, a capital paraibana, homenageou o Padre Gabriel Malagrida com o nome de uma rua no centro da cidade antiga.

Recomenda-se a leitura dos livros quando indicados como fontes. Os posts contidos neste bloBranca Dias, outra vítima da Inquisição na Paraíbagger são pequenos apontamentos para fins de descristianização.



NOTA
GABRIEL MALAGRIDA também é cultuado na umbanda como – CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS.


. APA citação Ott, M. . (1910) . Gabriel Malagrida In . A Enciclopédia Católica New York:. Robert Appleton CompanhiaRetirado 11 de junho de 2013 a partir de New Advent: http://www.newadvent.org/cathen/09565c.htm
MLA citação. Ott, Michael. "Gabriel Malagrida." A Enciclopédia Católica. vol. . 9 New York: Robert Appleton Company,1910. 11 de junho de 2013 <http://www.newadvent.org/cathen/09565c.htm>.