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terça-feira, 8 de setembro de 2015

AS HERESIAS ANTIGAS

O que é uma heresia?

"Um cínico poderia definir a heresia como a opinião expressa por um grupo minoritário que uma maioria suficientemente poderosa para poder puni-lo considera inaceitável [...] Deus [...] está do lado da maioria: a ortodoxia, pode-se acrescentar, é aquilo que dizem Dele [de Deus]."1

O significado que hoje damos ao termo "heresia", ou seja, "opinião errada", é uma inovação tipicamente cristã. O primeiro a usá-lo com esta acepção foi o apóstolo Paulo, em Gaiatas, 5, 20.

O termo "heresia" deriva do grego hàiresis, "escolha",2 e designava aqueles que pertenciam a uma escola filosófica por escolha. Hereges eram, portanto, os estóicos, os céticos, os epicuristas, mas também, no mundo hebraico, os fariseus, os saduceus e os essênios.3

A Igreja, desde o início, prestava uma atenção doentia à terminologia religiosa. Muitos eram os que se sentiam os únicos depositários da verdade. E, assim, um termo que indicava a pluralidade das escolas de pensamento assumiu o significado negativo que conhecemos hoje.

Mas não é fácil manter uma verdade. Durante a história, houve contínuas revisões e correções. Uma afirmação declarada herética por um concilio era derrubada por outro e vice-versa. O exemplo mais conhecido talvez seja o de Joana d'Arc, queimada na fogueira em 1431 e santificada em 1920. O bispo Teodoro de Mopsuéstia, que morreu em 428 em paz com a Igreja, foi declarado herege e condenado 125 anos depois de sua morte. Os bispos Estêvão, de Roma (254-257), e Cipriano, de Cartago (248-258), ferrenhos adversários sobre questões doutrinárias quando em vida, são ambos venerados como santos.


Argumentos religiosos que custaram milhares de mortos    

Os primeiros séculos do cristianismo registram disputas intermináveis para estabelecer se Cristo era "da mesma substância do Pai" ou apenas "muito parecido", ou quantas naturezas coexistiam em Jesus Cristo. Disputas essa nas quais as opiniões consideradas equivocadas não eram apenas um erro, mas um pecado. Quem se obstinava em defender as próprias opiniões cometia um crime atroz, digno de uma pena severa.

Sobretudo quando o cristianismo se tornou religião de Estado, os "perdedores" nas disputas teológicas podiam ser punidos com o exílio, a tortura e a morte, a menos que se transformassem em perseguidores, quando o vento soprava a seu favor.

As tentativas de impor à força a "doutrina verdadeira" a populações inteiras podiam ensejar rebeliões, vinganças, massacres e guerras.

Mas divergências teológicas acerca da Trindade justificam conflitos que duraram séculos e fizeram milhares de mortos? Quantos dos participantes do Concilio de Nicéia, por exemplo, tinham real capacidade de compreender todas as nuances filosóficas do embate entre arianos e trinitários? Com certeza, os primeiros pensadores cristãos se encontravam diante de problemas teóricos nada pequenos: precisavam conciliar o rígido monoteísmo herdado dos judeus com sua fé em Deus feito homem, sem se confundir nem com as tradicionais mitologias pagãs (lembremos das transformações de Júpiter), nem com os cultos místicos concorrentes e as doutrinas agnósticas, segundo as quais cada homem que ultrapasse um determinado percurso iniciático pode se tornar deus.

Os bispos não pagam impostos

Mas havia questões doutrinárias que diziam respeito a elementos de importância concreta para a vida quotidiana das primeiras comunidades cristãs: por exemplo, era preciso definir se os fiéis que haviam renunciado à fé nas perseguições deveriam ser readmitidos ou se os sacramentos celebrados por sacerdotes indignos deveriam ser validados.

E, naturalmente, havia também os bastante concretos interesses materiais das nascentes elites cristãs.

Pouco mais de cem anos após a suposta morte de Jesus, já existiam movimentos que lamentavam a corrupção e a decadência da Igreja, como os montanistas. Estes pertenciam a um movimento que nascera na Frígia no século II. Eles se consideravam puros, privilegiavam a relação direta com o Espírito, e as mulheres figuravam em primeiro plano. O próprio Montano, em sua missão, era ladeado por duas mulheres: Priscila e Maximília. 

Os montanistas foram perseguidos por séculos.4

Constantino, que transformou os bispos em funcionários do Império e lhes isentou do pagamento de impostos, apenas acelerou uma tendência já em curso no próprio corpo de Igreja. Os bispos há muito tinham deixado de ser simples porta-vozes das comunidades cristãs eleitos pelas Igrejas, ou seja, pelas assembleias de fiéis, tornando-se verdadeiros senhores que administravam a seu bel-prazer os bens da Igreja, ordenavam o clero menor de acordo com as próprias conveniências e, muitas vezes, "transmitiam" seu título aos filhos e irmãos. O cargo de bispo acabou se tornando muito desejado por membros das famílias abastadas.5

Apesar das disposições contrárias do Concilio de Nicéia, alguns homens foram nomeados bispos antes mesmo de serem batizados, como o filósofo neoplatônico (adepto de uma corrente de pensamento incompatível com o cristianismo) Sinésio de Cirene. O próprio Santo Ambrósio, já funcionário imperial, foi nomeado bispo poucos dias depois de ser batizado.6

Quando o cristianismo se tornou religião de Estado, as acusações de heresia e as disputas teológicas se tornaram pretextos para jogos de poder nos quais a aposta era muito terrena: o controle de dioceses "ricas", o monopólio de recursos e matérias-primas importantes, a eliminação de rivais e adversários, e a divisão dos postos nas cortes imperiais.

Por vezes, de maneira ainda mais perversa, quem acreditava de maneira fanática na própria verdade podia usar o poder e a influência de que dispunha para impô-la aos outros. Alexandre, bispo de Alexandria, por exemplo, foi acusado de sabotar as provisões de trigo em Constantinopla para levar o imperador a assumir uma posição decisiva contra o arianismo.7

No espaço e no tempo, a mesma doutrina daria cobertura a projetos políticos bem diferentes entre si. Dentre os seguidores de Ário, estavam imperadores romanos que perseguiam os rebeldes e o rei godo Totila, libertador dos escravos.

Vários imperadores bizantinos aderiram à doutrina monofisista, mas muitos outros incentivaram rebeliões populares contra a autoridade de Constantinopla. E as aparentes contradições poderiam continuar.
                         
Naturalmente, a muito complexa aventura do cristianismo não se explica apenas com fatores políticos, sociais e econômicos; há também elementos imponderáveis do ponto de vista racional.

Em épocas de grande taxa de analfabetismo, quando não existiam telecomunicações e as pessoas se locomoviam no lombo de um burro por estradas mal conservadas, um único pregador dotado de coragem e energia podia conseguir, com seu carisma e eloqüência, a conversão de populações inteiras.

Quando as teses de Lutero se difundiram no norte da Europa, muitos países as acolheram, conservando, no entanto, costumes católicos, como a confissão, que eram totalmente estranhos à doutrina luterana.

É provável que os bravos cristãos suecos e islandeses não se importassem com as divergências teóricas, que só quisessem ter ao seu lado padres que falassem sua língua, que fossem capazes de lhes explicar as Escrituras, que pregassem a moralidade sendo os primeiros a dar bom exemplo e não os dessangrassem com dízimos.


Começa a caça aos hereges

Talvez o primeiro caso de controvérsia religiosa dirimida por intermédio da lei tenha sido o de Paulo de Samósata, bispo de Antioquia (260-272). Ele era um monarquianista, ou seja, seguidor das doutrinas que não reconheciam a trindade de Deus.

Um sínodo de bispos convocado em 268 condenou suas doutrinas e o depôs. Em seguida, os bispos pediram ao imperador  Aureliano que executasse suas decisões, estabelecendo, assim, o perigoso precedente da intervenção do poder temporal nas questões eclesiásticas. Tudo isso acontecia em uma época em que os cristãos ainda eram periodicamente perseguidos.

O imperador decretou a deposição de Paulo, que continuou em seu posto graças aos favores de Zenóbia, rainha de Palmira, sob cuja influência se encontrava a diocese de Antioquia, que impusera uma política anti-romana.   '

Só em 272, quando o exército de Zenóbia foi derrotado pelo do imperador Aureliano, Paulo precisou abandonar sua cadeira.8


O arianismo depois de Constantino

O Concilio de Sárdica (Sofia), em 343, que se encerrou com a reiteração do que foi deliberado em Nicéia, foi abandonado pelos bispos orientais, que organizaram um contraconcílio em Filipópolis.

Em Constantinopla, durante o episcopado de João Crisóstomo (345-407), irromperam-se violentos conflitos entre arianos e niceianos 9  que deixaram um saldo de vários mortos.

Em 353, Constâncio II, único imperador, impôs as doutrinas filo-arianas em todo o território do Império. Os arianos, então, passaram a defender a tese de que a Igreja deveria se submeter ao Estado, enquanto os niceianos lutavam por autonomia.

Em 357, o bispo ortodoxo Ósio, já centenário, foi obrigado, por meio de tortura, a subscrever as teses arianas do Concilio de Sírmio.

Em 361, com a ascensão ao trono de Juliano, o Apóstata, que tentou restaurar o paganismo, foi dada anistia geral a todos os cristãos perseguidos acusados de heresia, provavelmente emitida com o objetivo de enfraquecer o cristianismo.

O imperador Teodósio I, que subiu ao trono em 378, logo condenou as doutrinas arianas nos territórios do Oriente. No Ocidente, entretanto, onde de fato reinava a ariana Justina, a tolerância foi garantida.

Em 386, o bispo de Milão, Ambrósio, após negar a Justina a cessão de uma igreja para realizar o culto ariano, organizou uma vigília em sua própria basílica para defendê-la dos ataques dos emissários imperiais.

Os próprios arianos, por sua vez, estavam divididos em várias correntes. Em 362, em Antioquia, havia cinco comunidades cristãs separadas, cada qual com seu próprio bispo e hostil às demais. Quando Teodósio ampliou seus domínios aos territórios ocidentais, o arianismo foi banido por completo do território do Império, e o cristianismo niceiano se tornou a religião oficial do mundo romano.

Naturalmente, o decreto não significou a extinção automática da heresia ariana, que sofreria, mais de um século depois, perseguições por parte de Justino e, depois, de Justiniano.10

O cristianismo, em sua versão ariana, foi difundido entre os povos "bárbaros" do norte graças às preleções de Áudio, bispo de vida exemplar, e, sobretudo, de Wulfila (345-407), o bispo que, por volta de 375, traduziu para o godo o Antigo e o Novo Testamentos.

Foi graças a essa tradução que a crença ariana conseguiu se difundir entre os visigodos, os ostrogodos, os suevos, os vândalos, os burgúndios e os lombardos.

"Ao contrário dos povos que viviam na Itália e que praticamente não se expressavam em latim, os bárbaros tinham a grande vantagem de aprender o Evangelho em sua língua falada. Os godos, assim, estavam mil anos à frentede Martinho Lutero."11

Em 525, o rei ostrogodo Teodorico interveio em defesa dos arianos de Constantinopla, oprimidos pelo imperador Justino. Para tanto, enviou à cidade um embaixador extraordinário, o papa João I, obrigado a apresentar ao imperador suas solicitações. Como o papa voltou a Roma no ano seguinte sem nada ter conseguido, Teodorico mandou prendê-lo, e João I morreu poucos dias depois.12

É óbvio que muitas vezes os soberanos arianos perseguiam os niceianos. Por exemplo, durante a dominação dos vândalos na África, estes sofreram vários tormentos. O auge foi no período entre 483 e 484, quando uma lei obrigou todos os católicos do reino vandálico a se converterem ao arianismo. Milhares de clérigos foram exilados no deserto junto com seus bispos. Muitos católicosforam condenados a torturas ou à pena de morte.'3

No entanto, até as populações bárbaras acabaram se convertendo ao catolicismo. No final do século VIII, o arianismo já havia desaparecido, e a crença niceiana triunfou como única Igreja verdadeira.     

                               
Os bispos pedem a cabeça dos hereges

É notório que os imperadores não eram muito sutis quando se tratava da eliminação dos dissidentes, mas, em determinado momento da história cristã, foram os próprios bispos que solicitaram a condenação à morte dos hereges.
O primeiro a sofrer as conseqüências do novo costume foi o bispo espanhol Prisciliano, em 385. Condenado e banido por dois concílios regionais, Prisciliano, que tinha um grande séquito popular, foi torturado e condenado pelo imperador Máximo, a pedido dos próprios bispos. Junto com ele, morreram seis de seus discípulos, dentre os quais uma mulher.

Na realidade, as acusações infundadas de heresia e a condenação à morte pareciam servir a propósitos essencialmente políticos.14 O episódio causou horror em vários prelados católicos que não concordavam com as heresias doutrinárias. O papa Sirício condenou as mortes.

O bispo Martino de Tours (321-401) excomungou todos os bispos que sujaram as mãos com aquele sangue. Só mais tarde aceitou se reconciliar com eles, a pedido do imperador, e apenas para salvar a vida de outros "priscilianistas" condenados à morte. Até mesmo o bispo Ambrósio, de Milão, recusou-se a ter contato com os bispos envolvidos na morte de Prisciliano.

Naquela época, "a consciência da Igreja ainda não estava acostumada a considerar o derramamento de sangue uma expressão do amor pregado por Jesus Cristo".15

O assassinato de Prisciliano não pôs fim ao movimento, pelo contrário. Seus seguidores passaram a venerá-lo como mártir, dando vida a um movimento "priscilianista" que duraria mais de um século.16


A heresia nestoriana e o concilio que terminou em rixa

O nestorianismo deve seu nome a Nestório, bispo de Constantinopla que, por volta de 428, contestou a qualidade de "Mãe de Deus" atribuída a Maria.17 Na época, o culto mariano já era muito difundido, e as teses de Nestório deram vida a verdadeiros tumultos. Contra ele se opôs com violência até mesmo Cirilo, bispo de Alexandria (diocese que lutava contra a de Constantinopla pelo controle do Oriente).

Em 431, o imperador Teodósio II convocou um concilio ecumênico em Éfeso para dirimir a questão.

Naquela época, viajar era muito difícil, e, por essa razão, os bispos chegaram em momentos diferentes. Primeiro, foram os adversários de Nestório, aproximadamente duzentos bispos liderados pelo de Alexandria, Cirilo. Decidiram dar logo início ao concilio, sem esperar os que apoiavam a parte contrária ou os enviados do papa. Nestório foi obrigado a se apresentar e, como se recusou a entrar antes que seus seguidores chegassem, teve de depor "in contumacia". O bispo de Éfeso, Mêmnon, chegou a incitar a multidão contra Nestório. Poucos dias depois, chegaram cerca de quarenta bispos nestorianos, guiados por João de Antioquia, que formaram um contraconcílio no qual declararam hereges e excomungaram Cirilo e Mêmnon.

Chegaram, então, os enviados do papa, que reabriram o concilio "oficial" e excomungaram João de Antioquia.

Os trabalhos do concilio se complicaram ainda mais com a intervenção de alguns funcionários imperiais, as tentativas de corrupção e os embates populares entre partidários das duas facções. No final, o imperador Teodósio II encerrou a assembléia criticando duramente os participantes e exilou tanto Nestório quanto Cirilo.18

Derrotado no território imperial, o cristianismo nestoriano difundiu-se na Ásia, chegando à China, à índia e à Mongólia. Em 486, os cristãos da Pérsia adotaram as teses nestorianas e empreenderam uma feroz perseguição contra os católicos. Para o rei da Pérsia, era muito cômodo apoiar uma "Igreja nacional" que não dependesse de autoridades religiosas de um país adversário, como o bispo de Constantinopla.19


A heresia monofisista e o "latrocínio de Éfeso"

A doutrina monofisista deve seu nome ao grego monos, único, ephisis, natureza, e nasce como uma reação ao nestorianismo. Os monofisistas afirmavam que Jesus Cristo possuía uma única natureza divina e nenhuma natureza humana.

O líder da doutrina foi Eutiques, monge de Constantinopla que, por suas idéias, sofreu violentos ataques, sendo proibido de realizar os ritos sacerdotais. Graças a seus conhecimentos na corte imperial do Oriente, no entanto, suas doutrinas  ganharam o apoio do imperador Teodósio II, que, em 449, convocou um concilio ecumênico em Éfeso para discutir a questão.

A assembléia foi fortemente direcionada de modo a dar ganho de causa às teses mononsistas. As tropas imperiais se lançaram com força contra os adversários de Eutiques, que não tiveram permissão nem para tomar a palavra. Um documento enviado pelo papa nem foi lido, e até mesmo o remetente foi excomungado. O bispo de Alexandria, Flaviano, levou uma surra tão grande que morreu pouco tempo depois.

O papa Leão Magno deu ao evento o nome de "latrocínio de Éfeso".20

Naturalmente, foi apenas o início de uma longa história. Por várias vezes, em uma intrincada trama de complôs, homicídios, alianças entre facções, ascensões ao trono de imperadores anti ou pró-eutiquianos, os católicos e os monofisistas se revezaram nos papéis de perseguidores e perseguidos, de vítimas e carrascos.21

As perseguições não deteriam a propagação do monofisismo. Ao contrário, graças às preleções de Tiago ou Jacó Baradai, bispo de Edessa, em 542, e fundador da Igreja Jacobita, países como Egito e Síria deram vida a Igrejas nacionais próprias, em contraposição à autoridade imperial. Mas nem Tiago conseguiu impedir a cisão de sua própria Igreja. Por exemplo, em 556, a sede episcopal de Alexandria tinha cinco pretendentes: quatro monofisistas de diversas correntes e um católico.

A Igreja etíope é até hoje monofisista. No século XVI, a Igreja romana contou com os portugueses para levar a ortodoxia à Etiópia, mas a operação falhou em razão de uma forte reação nacionalista que causou a expulsão de todos os missionários e a ruptura das relações com Roma. Mais recentemente, a Itália fascista tentou impor o catolicismo às suas colônias, mas a Igreja etíope resistiu. Ainda hoje, no Egito, existem duas Igrejas monofisistas: a copta e a melquita. Na Síria e na Mesopotâmia, ainda existem jacobitas, e na Armênia se professa uma confissão monofisista.

Os paulicianos                                                  

Seita de provável origem maniqueísta ou agnóstica,22 que surgiu na Ásia Menor por volta do século VII Tinha essa designação por causa da peculiar veneração aos escritos de São Paulo.2'

Sua doutrina diferenciava claramente um Deus criador do espírito e um Deus senhor e criador da matéria. Os paulicianos negavam a Encarnação e consideravam Cristo um anjo de Deus. Aceitavam como textos sagrados apenas os Evangelhos e as Cartas de Paulo e recusavam os sacramentos, as imagens sagradas, a hierarquia eclesiástica e a vida monástica. Em vez da missa, celebravam o ágape (festa do amor).24

Os paulicianos também formavam um movimento de protesto político, social e de revolta contra o despotismo bizantino e búlgaro.


Sofreram várias perseguições por parte do Império Bizantino, que os condenou oficialmente em 687. Eles, então, se organizaram como Estado independente e empunharam armas em sua defesa, até a derrota militar definitiva, em 752. Mas a derrocada não significou o fim do movimento. Há provas de que foram perseguidos pelo Império de Constantinopla ainda em 840. Alguns deles acabaram se mudando para as terras do emir de Melitene e lutando entre os árabes.

Outro ramo do movimento, sediado na Trácia, teria sobrevivido até o século XIII e inspirado o movimento herético búlgaro dos bogomilos.


Os bogomilos

Movimento dualístico que surgiu nas primeiras décadas do século X e que ganhou este nome graças às profecias do padre búlgaro Bogomil.

Para os bogomilos, havia uma clara antítese entre Deus, criador do espírito, e o demônio, criador da matéria. Eles acreditavam nas mesmas teorias que os paulicianos e pregavam a igualdade social e o afastamento dos pobres do domínio do clero e da nobreza. O bogomilismo se difundiu nos séculos seguintes nos Bálcãs e até as fronteiras de Bizâncio. Fortemente perseguidos pelos soberanos búlgaros e pelos imperadores bizantinos, os bogomilos se espalharam por toda a Europa Central e Ocidental, onde foram alvo de repressão das autoridades católicas.25

Em 1203, o rei da França, Roberto, o Pio, a pedido da Igreja, mandou queimar na fogueira, em Orleans, uma dezena de hereges "maniqueístas", provavelmente bogomilos mais avançados ou, talvez, os primeiros cátaros.26 Um episódio análogo ocorreu em Milão por volta de 1208.27

Na Bósnia, o bogomilismo chegou a se tornar religião de Estado. Em 1203, no entanto, o soberano Kulin só conseguiu se manter no poder ao concordar em trocar a doutrina bogomilista pela católica romana e acatar a tutela húngara.28




Fontes

1.   David Christie-Murray, I percorsi delle heresie, Rusconi, Milão, 1998, p. 21.
2.   Até nos Atos dos Apóstolos 5,17 e 26,5, tais termos conservam seu significado original.
3.   É preciso lembrar, a esse respeito, que, no mundo judaico, era admitida uma divergência de opinião impensável nas futuras sociedades cristãs. Por exemplo, fariseus e saduceus discutiam de forma inflamada sobre uma questão importantíssima: se existia ou não ressurreição depois da morte. Mas nenhuma das duas facções se sentia no direito de excomungar a outra.
4.   Vide Apêndice.
5.   Ambrogio Donini, Storia del cristianesimo - dalle orígini a Giustiniano, Teti editore, Milão, p. 261.
6.   Ibid, p. 261.
7.   Ibid.
8.   David Christie-Murray, op. cit, p. 75.
9.   Com este termo, são designados os defensores das decisões do Primeiro Concilio de Nicéia.
10. Para uma história completa do arianismo, cf. David Christie-Murray, op. cit, p. 77-91; Ambrogio Donini, op. cit, p. 258-275.
11. Dario Fo, La vera storia di Ravenna, Franco Cosimo Panini Editore, Modena, p. 78.
12. Cronologia universal, UTET, Turim, 1979. Cf. também Ambrogio Donini, op. cit, p. 324.
13. AAW, Storia dei cristianesimo, vol. 3, Borla/Città Nuova, Roma, 2002, p. 256-257.
14. David Christie-Murray, op. cit, p. 128.
15. Ambrogio Donini, op. cit, p. 251.
16. Ibid, p. 251-252.
17. Vide Apêndice.
18. David Christie-Murray, op. cit, p. 102-103; Ambrogio Donini, op. cit, p. 318.
19. Ibid, p. 104-106. Para um aprofundamento sobre o nestorianismo, vide Apêndice.
20. David Christie-Murray, op. cit, p. 108-109.
21. Vide Apêndice.
22. Vide Apêndice.
23. Segundo outras fontes, porque se remetiam aos ensinamentos dos escritos de Paulo de Samosata.
24. David Christie-Murray, op. cit, p. 121.
25. Ambrogio Donini, op. cit
26. Vide Capítulo 7.
27. Vide parágrafo sobre os hereges de Monforte, no Capítulo 7, sobre as heresias medievais.
28. David Christie-Murray, op. cit, p. 121.

Saber Mais
O Que é Heresia




sábado, 13 de abril de 2013

A INCONGRUENTE DOUTRINA DA SANTÍSSIMA TRINDADE




 “A Santíssima Trindade é um Mistério para ser aceito, não para ser compreendido”, foi a voz de muitos sacerdotes ao longo da Idade Média e que continua ressoando no século XXI.




                    Rios de tinta medieval, sem falar no sangue, foram gastos para explicar o “mistério” da Trindade. A controvérsia dividiu a cristandade ao meio por um século. O dogma da Santíssima Trindade até hoje não foi resolvido. Eles surgiram nos concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451).


                       Temos um Deus em três partes, ou serão três deuses em um?
                       Um amigo de debates do orkut, Bertoldo, explica o que é Trindade:
                      “É simples, Deus1 manda Deus2 para ser crucificado e depois manda Deus3 para anunciar que Deus1 é Pai de Deus2 e assim todos ficarem sabendo.
                    Depois Deus2 é crucificado e no terceiro dia ressuscita, depois de um período fazendo aparições ao estilo Ghost, Deus2 sobe para os céus, para se encontrar com Deus1, mas deixa dito que Deus3 vai voltar e no dia de Pentecostes Deus3 volta e dá aos seguidores a possibilidade de pregar o Evangelho e a conversão aqueles que aceitarem Deus2 como o caminho para Deus1 e que são convertidos por Deus3.


Ficou claro?? 
Deus1 = Senhor dos Exércitos
Deus2 = Jesus
Deus3 = Espírito Santo.
Formam o tri-uni mais conhecido como trindade.” 


                    Bertoldo estava coberto de razão. O grande ponto da fé religiosa, sua força e sua glória, é que ela não depende de justificativas racionais.





                       Pregam os pastores protestantes que o universo foi feito por Deus, Jesus e o Espírito Santo e para justificarem seus argumentos citam passagens bíblicas onde “Deus fala”, segundo eles, na terceira pessoa do imperativo:


Gen 1:26 -  E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;

Gen 3:22  Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal;

Gen 11:7  Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro...


O CRISTIANISMO CONTRADIZ A TEOLOGIA JUDAICA
 “– D-us em três? A idéia cristã da trindade quebra D-us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mateus 28:19). Compare isto com o Shemá, a base da crença judaica: “Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D-us, o Senhor é UM” (Devarim 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D-us todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça (Tefilin – filactérios).
 Esta declaração da unicidade de D-us são as primeiras palavras que uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes de morrer.
Na Lei Judaica, adorar um deus em três partes é considerado idolatria – um dos três pecados cardeais, que o judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se converterem.


                   O Espírito Santo também é invocado na leitura da Bíblia. Só os iluminados pelo Espírito Santo têm pleno discernimento da leitura da Bíblia. Segundo ainda os pastores protestantes e os padres da Igreja Católica, Deus capacita os escolhidos e lhes dão plena compreensão do Texto Sagrado. Neste norte, os pastores protestantes analfabetos das periferias das grandes cidades e do interior nordestino, sabem melhor interpretar a Bíblia que seus próprios autores (hebreus/judeus) que não precisam de tradução, foi escrita na língua deles, por eles, registrando usos, costumes e legislação da época em que fora escrita.


Estamos diante de uma incoerência imensurável. O que levam os cristãos a uma cegueira coletiva? Teria um Deus onipotente, onisciente e onipresente criado “pegadinhas” na Bíblia? Fazendo frases, versículos e capítulos ambíguos para confundir os não escolhidos e assim fazer com que eles creiam na mentira e permaneçam no erro? Sabiam os autores da bíblia a existência futura de um mito criado em Roma – Jesus - antes mesmo do seu nascimento? Acredito que não, do contrário o Velho Testamento teria lhe dedicado um livro inteiro falando a seu respeito. Só a ciência tem o poder de predizer o futuro.


 VISÃO ISLÂMICA SOBRE A TRINDADE

“Deus: Só existe um Deus verdadeiro, e seu nome é Alá. Ele é Onisciente, Todo-Poderoso e Juiz Soberano. Contudo, ele não é um Deus Pessoal. Acha-se acima do homem em todos os sentidos, não podendo ser conhecido como uma personalidade. O Islamismo ensina a unidade da essência de Deus, excluindo explicitamente a doutrina da Santíssima Trindade. Não aceita a divindade de Jesus nem o Espírito Santo. Os muçulmanos não crêem na morte e ressurreição de Jesus nem na salvação por seu intermédio.”

 Quando uma pessoa sofre de um delírio, isso se chama insanidade. Quando muitas pessoas sofrem de um delírio, isso se chama religião.


E quanto ao Espírito Santo?


Não existe trindade no livro sagrado do Judaísmo. Qualquer referência a Santíssima Trindade, são puras conjecturas, juízos sem fundamento, impreciso. Como alguém pode ir buscar a trindade na Bíblia, se os seus autores não acreditam em um Deus trino?

O mais intrigante ainda é o fato de que toda comunidade cristã não se apercebe dos erros contidos nas pregações e por mais que se tente demonstrar, por mais provas robustas que se apresentem, mais o crente se apega, mais ainda às palavras ouvidas dos pastores nas igrejas e a eles são agradecidos dizendo que aos pastores são agradecidos por terem lhes mostrado a luz, pela libertação através da verdade.

Sem dúvidas, um dos efeitos verdadeiramente negativos da religião é que ela nos ensina que é uma virtude satisfazer-se com o não entendimento.

Ora, se o entendimento da Bíblia fosse dado por inspiração do Espírito Santo, todos os pastores, formados em teologia ou analfabetos, padres, bispos e cardeais, tinham o mesmo entendimento da Bíblia, o que não é verdade. Há milhares de denominações de igrejas cristãs por todo o mundo e cada templo tem a sua orientação própria da bíblia dada em nome Espírito Santo.

Quem se arvora em acreditar que de alguma maneira, de algum modo, tropeçou na verdadeira mensagem contida na bíblia quando teólogos do mundo inteiro não chegam a uma conclusão unânime?

Pessoas descrentes compreendem perfeitamente a Bíblia, mas não a aceitam porque escolheram não acreditar em ilusões. A compreensão é intelectual, mas a aceitação é subjetiva, individual, particular e não depende de instrução para tanto. Há pessoas de pouco discernimento que, pela primeira vez que vai a um culto evangélico, aceitam imediatamente a mensagem que lhe foi repassada através de um método malicioso de evangelização, sem se preocupar com os detalhes ou prova da existência de Jesus.

Na verdade, a Terceira Pessoa da Trindade Cristã envolve nomes como Tertuliano, Ário, Atanásio de Alexandria, Constantino, Teodósio, Dioscorus, Eutiques e Pulcheria e abranje revolução, excomunhão, e até morte.

Para os cristãos, a Santíssima Trindade não pode ser derrubada pela Ciência (com suas provas e pesquisas), pela História dos Concílios (com seus registros e evidências) e muito menos com o exame racional do tema.

O que os pastores analfabetos não sabem é que a Trindade não é crença exclusiva do Cristianismo, mas acredito que os padres, os pastores com instrução mediana e os teólogos sabem e esconde de seus fiés o fato de que a Trindade é uma crença pagã de Deuses antigos absorvido pelo Cristianismo.

As trindades existiram em todas as religiões antigas:


Na Suméria: Na, Em-Lil e Em-Ki

Na Acádia: Sin, Shamash e Ishtar

Em Mâri: Anat, Dagan e Addu

Na Babilônia: Marduk (Baal), Shamash e Adad ou Ea, Istar e Tamus

Na Cananea: Baal, Vam e Môt

Na Índia: (trimurti) Brahma, Vishnu e Siva

Na China: Fu, Lo e Cho

No Egito: Osíris, Isis e Horus

Na Pérsia: Orzmud, Arimam e Mitra

Os Celtas: Voltan, Friga e Dinas

Na Grécia: Zeus, Demétrio e Dionísio






Tertuliano



Embora o que sabemos de Tertuliano sejam escritos deixados por Eusébio de Cesaréia, em “História Eclesiástica”, cerca de 100 anos após os acontecimentos, advirto aos leitores prudência na leitura.

Quintus Septimius Florens Tertullianus, conhecido como Tertuliano (160 - 220 ) foi um prolífico autor das primeiras fases do Cristianismo, nascido em Cartago na província romana da África. Ele foi um primeiro autor cristão a produzir uma obra literária (corpus) em latim. Ele também foi um notável apologista cristão e um polemista contra a heresia.

Embora conservador, ele organizou e avançou a nova teologia da Igreja antiga. Ele é talvez mais famoso por ser o autor mais antigo cuja obra sobreviveu a utilizar o termo "Trindade" (em latim: Trinitas) e por nos dar a mais antiga exposição formal ainda existente sobre a teologia trinitária. É um dos Padres latinos.

Algumas das idéias de Tertuliano não eram aceitáveis para os ortodoxos e, no fim de sua vida, ele se tornou um montanista.

Tertuliano introduziu na teologia latina, e na da Igreja em geral, uma série de termos e conceitos provenientes do direito. Concebeu a vida cristã e a salvação à semelhança de um processo penal, em que Deus é o legislador, o Evangelho a lei, quem obedece recebe a compensação, quem desobedece torna-se culpado e é castigado. Tertuliano introduziu ou consagrou algumas distinções importantes, como por exemplo a de preceito e conselho evangélico.


A Trindade

O maior contributo de Tertuliano para a teologia foi a sua reflexão acerca do mistério trinitário. Criou um vocabulário que passou a fazer parte da linguagem oficial da teologia cristã. Foi ele que introduziu a palavra “Trinitas”, como complemento da “Unitas”. Segundo Tertuliano, Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus porque uma só é a substância, um só estado (status) e um só poder.

Mas, por outro lado, distinguem-se, sem separação, pelo grau, pela forma e pela espécie (manifestação). Tertuliano introduz assim o termo “pessoa”, (persona), para significar cada um dos três, considerado individualmente. Este vocabulário passou a vigorar, até hoje, para referir as realidades trinitárias.

No entanto, Tertuliano deixa transparecer alguma influência subordinacionista. Ao falar da geração do Filho, sem querer comprometer a sua divindade, admite uma certa gradação, desde uma fase anterior à criação, em que o Logos de Deus se contempla a Si mesmo, para passar a contemplar a economia salvífica, e é engendrado de forma imanente em Deus, até à criação, em que a Palavra se realiza como tal ao ser proferida.

Cristo é, assim, o primogênito do Pai, gerado antes de todas as coisas, mas não é eterno. O Filho é como que uma porção ou emanação do Pai.

Tertuliano, apesar de ter dotado a teologia trinitária dum vocabulário preciso, e de ter procurado a exatidão, não se livrou dalgumas ambiguidades e deficiências.


O ARIANISMO


O arianismo foi uma visão Cristológica sustentada pelos seguidores de Arius, presbítero de Alexandria nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus, que os igualasse, fazendo do Cristo pré-existente uma criatura, embora a primeira e mais excelsa de todas, que encarnara em Jesus de Nazaré.

 Jesus então, seria subordinado a Deus, e não o próprio Deus. Segundo Arius só existe um Deus e Jesus é seu filho e não o próprio. Ao mesmo tempo afirmava que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em si mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não pode revelar a si mesmo. Com esta linha de pensamento, o historiador H. M. Gwatkin afirmou, na obra "The Arian Controversy": "O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo ser se acha oculto em eterno mistério".

Por volta de 319 Arius começou a propagar que só existia um Deus verdadeiro, o "Pai Eterno", princípio de todos os seres. O Cristo-Logos havia sido criado por Ele antes do tempo como um instrumento para a criação, pois a divindade transcendente não poderia entrar em contato com a matéria.

Jesus, inferior e limitado, não possuía o mesmo poder divino, situando-se entre o Pai e os homens. Não se confundia com nenhuma das naturezas por se constituir em um semi-deus. Ário afirmava ainda que o Filho era diferente do Pai em substância. Essa idéia ligava-se ainda ao antigo culto dos heróis gregos, dentre os quais para ele Jesus sobressaía com o maior, embora apenas possuísse uma divindade em sentido impróprio. Como meio de difusão mais abrangente de suas idéias, fê-lo sob a forma de canções populares.

Um primeiro sínodo, em Alexandria, expulsou Arius da comunhão eclesiástica, mas dois outros concílios, fora do Egito, condenaram aquela decisão, reabilitando-o.

Arius procurou o apoio de companheiros que, como ele, haviam sido discípulos de Luciano de Antioquia, em especial Eusébio, bispo de Nicomédia (atual İzmit). A luta que se seguiu chegou a ameaçar a unidade da Igreja e, ante o perigo de fragmentar também o império, levou o imperador Constantino  a enviar Ósio, bispo de Córdoba, seu conselheiro particular, como mediador.

O insucesso da missão levou-o a convocar, em 325, um concílio universal em Niceia (atual İznik).No Primeiro Concílio de Niceia (325) a maioria dos prelados, corroborada pelo próprio Constantino graças à influência de  Atanásio (criador do termo "homoousios", siginificando "de substância idêntica" – para descrever a relação de Jesus com o Pai), condenou as propostas arianas, e declarou-as heréticas, obrigando à queima dos livros que as continham e promulgando a pena de morte para quem os conservasse. Definiu ainda o chamado "Símbolo de Niceia". - Nele se afirmava que o Verbo era o verdadeiro Deus, consubstancial ao Pai, possuindo em comum com Ele a natureza divina e as mesmas perfeições.

As inúmeras dúvidas suscitadas pelo Sínodo de Niceia reacenderam as lutas, com os prelados acusando-se mutuamente de hereges. Várias fórmulas dogmáticas foram ensaiadas para complementar a de Niceia, acentuando ainda mais as divisões, num conflito que expôs cada vez mais as diferenças entre o Ocidente latino e o Oriente grego, envolvendo disputas de primazia hierárquica e de política.

Desse modo, num novo sínodo geral, celebrado na fronteira dos dois impérios, os ocidentais se congregaram em torno do símbolo de Niceia e excomungaram os hereges. Os orientais, a seu apoiaram as idéias de Árius e excomungaram não apenas os bispos apoiantes de Niceia como também o próprio bispo de Roma.

Arius retornou a Constantinopla em 334, a chamado de Constantino e, segundo a lenda, faleceu em 336 quando a caminho de receber a comunhão novamente.

As ideias de Arius foram adotadas por Constâncio II (337-361) sem que, entretanto, se impusessem à Igreja.

Difundiram-se entre os povos bárbaros do Norte da Europa, quando da evangelização dos Godos, pela ação de Ulfila, missionário enviado pelo imperador romano do Oriente. Os Ostrogodos e Visigodos chegaram à Europa ocidental já cristianizados, mas arianos.

Uma carta de Auxentius, um bispo de Milão do século IV, referindo-se ao missionário Ulfila, apresentou uma descrição clara da teologia ariana sobre a Divindade:

 Deus, o Pai, nascido antes do tempo e Criador do mundo era separado de um Deus menor, o Logos, Filho único de Deus (Cristo) criado pelo Pai. Este, trabalhando com o Filho, criou o Espírito Santo, que era subordinado ao Filho e, tal como o Filho, era subordinado do Pai. Segundo outros autores, para Arius o Espírito Santo seria uma criatura do Logos (Filho).

A questão só seria debelada quando, em fins do reinado de Teodósio, ao tornar-se religião oficial do império, o cristianismo ortodoxo-romano afirmou-se em definitivo.

Após o século V, graças às perseguições, o movimento desapareceu gradualmente.

Séculos mais tarde, o nome "Arianos" foi usado na Polônia para referir uma seita Cristã Unitária, a irmandade polaca (Frater Polonorum). Eles inventaram teorias sociais radicais e foram precursores do Iluminismo.


 Atanásio de Alexandria

Atanásio de Alexandria (Alexandria,  295 — Alexandria, 2 de maio de 373), bispo de Alexandria, considerado santo pela Igreja Ortodoxa e Igreja Católica (esta última reverencia-o também como um dos seus trinta e três Doutores da Igreja) e ainda um dos mais prolíficos Padres gregos.



Santíssima Trindade

 

Do ponto de vista doutrinal, foi perseguido e exilado cinco vezes devido às acesas discussões que manteve contra partidários do arianismo; para além disso, defendeu a consubstancialidade das Três Pessoas Divinas na Santíssima Trindade, tal como definido pelo Primeiro Concílio de Niceia, em 325, no Credo Niceno.



INTRODUÇÃO À TRINDADE, Lynn Lorenzen, 2002, pag.16.


"Os imperadores se consideravam guardiães da fé e por isso tomavam partido nos debates teológicos, influenciando os resultados. Eram os imperadores quem convocavam os Concílios de bispos para tomarem decisões relacionadas com a doutrina da Igreja, de modo que a pressão para desenvolver a doutrina (Trindade) veio de fora da Igreja e inicialmente para fins políticos.”





Constantino - Doutrina da Trindade


Flavius Valerius Constantius (285-337), Constantino o Grande - Divergências teológicas relativas a religião recém incorporada no Império Romano começaram a se demonstrar no império de Constantino quando dois opositores principais se destacaram dos outros e discutiram sobre se Jesus era um ser criado (doutrina de Arius) ou não criado, e sim igual e eterno como Deus seu pai (doutrina de Atanásio).

A guerra teológica entre os adeptos de Arius e Atanásio tornou-se acirrada. Constantino percebeu que seu império estava sendo ameaçado por esta divisão doutrinal. Constantino começou a pressionar a Igreja para que as partes chegassem a um acordo antes que a unidade de seu império ficasse ameaçada. Finalmente, o imperador convocou um concílio em Nicéia, em 325 AD, para resolver a disputa.

Apenas 318 bispos compareceram, o que equivalia a apenas uns 18% de todos os bispos do império. Dos 318, apenas uns 10% eram da parte ocidental do império de Constantino, tornando a votação tendenciosa, no mínimo. O imperador manipulou, pressionou e ameaçou o concílio para garantir que votariam no que ele acreditava, não em algum consenso a que os bispos chegassem.

A maioria dos bispos, pressionada por Constantino, votou a favor da doutrina de Atanásio. Foi adotado um credo que favorecia a teologia de Atanásio. Arius foi condenado e exilado. Vários bispos foram embora antes da votação para evitar a controvérsia. Jesus  foi aprovado como sendo “uma única substância” com Deus Pai. É significativo que até hoje as igrejas ortodoxas do leste e do oeste discordem entre si quanto a esta doutrina, ainda conseqüência das igrejas do oeste não terem tido nenhuma influência na “votação”.

Dois dos bispos que votaram a favor de Arius também foram exilados e os escritos de Arius foram destruídos. Constantino decretou que qualquer um que fosse apanhado com documentos arianistas estaria sujeito à pena de morte. O credo de Nicéia declara:

“Creio em Um só Deus, Pai Onipotente, Criador do céu e da terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em Um só Senhor, Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todas as coisas. Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem todas as coisas foram feitas ...”
 Mesmo com a adoção do Credo de Nicéia, os problemas continuaram e, em poucos anos, a facção arianista começou a recuperar o controle. Tornaram-se tão poderosos que Constantino os reabilitou e denunciou o grupo de Atanásio. Arius e os bispos que o apoiavam voltaram do exílio. Agora, Atanásio é que foi banido. Quando Constantino morreu (depois de ser batizado por um bispo arianista), seu filho restaurou a filosofia arianista e seus bispos e condenou o grupo de Atanásio.

Nos anos seguintes, a disputa política continuou, até que os arianistas abusaram de seu poder e foram derrubados. A controvérsia político/religiosa causou violência e morte generalizadas.

Em 381 AD, o imperador Teodósio (um trinitarista) convocou um concílio em Constantinopla. Apenas os bispos trinitaristas foram convidados a participar. 150 bispos compareceram e votaram uma alteração no Credo de Nicéia para incluir o espírito Santo como parte da divindade. A doutrina da trindade era agora oficial para a Igreja e também para o Estado. Os bispos dissidentes foram expulsos da Igreja e excomungados.

 O Imperador Teodósio convocou então um concílio geral na cidade de Éfeso. Tal reunião foi marcada pelo autoritarismo de Dioscorus.

O concílio condenou os que diziam ter Cristo duas naturezas (“que aqueles que dividem Cristo sejam divididos pela espada”)

No entanto o Imperador estava inflexível, e os legados papais também, e uma comissão de dezoito bispos preparou novo decreto, em que Cristo tinha uma pessoa em duas naturezas, que foi aceito relutantemente pelos participantes. E este foi o concílio de Calcedônia.

Nos anos seguintes houve reações violentas. Jerusalém foi invadida, pilhada e queimada, com muitos mortos, por um exército de monges em favor de uma natureza só de Cristo.



Nestorius


Nestorius (386 – 451) foi um monge, oriundo da Anatólia, que se tornou arcebispo de Constantinopla entre 10 de abril de 428 e 22 de junho de 431.

A Igreja nestoriana não é oficialmente denominada assim nem seus adeptos gostam de chamá-la assim. Esse nome foi dado por seus oponentes monofisitas, que também formaram e formam um outro ramo do cristianismo. Eles se denominam “Igreja do Oriente”. Mas por comodidade continuaremos chamando-a assim.

No entanto nessa mesma época estava se desenvolvendo o pensamento diametralmente oposto, de que Cristo teria uma só pessoa, a divina. Um dos campeões dessa doutrina era o monge Eutychius.

Nestório procurou se defender no Primeiro Concílio de Éfeso (431), mas só conseguiu ser formalmente condenado como herege e derrubado de sua sé episcopal. Depois disso, ele se retirou para um mosteiro, onde ele defendeu a ortodoxia pelo resto da vida.

Apesar desta concessão, muitos dos que o apoiaram decidiram deixar a igreja, no que ficou conhecido como cisma nestoriano, e, nas décadas seguintes, se mudaram para a Pérsia.

O nestorianismo se tornou então a posição oficial da Igreja Assíria do Oriente, que reconhece apenas os dois primeiros concílios ecumênicos (Primeiro Concílio de Niceia e o Primeiro Concílio de Constantinopla).

Acreditava que em Cristo há duas pessoas (ou naturezas) distintas, uma humana e outra divina, completas de tal forma que constituem dois entes independentes. A sua crença tornou-se a base do nestorianismo.

Nestorius havia considerado as duas naturezas de Cristo tão distintas que ele considerou nelas duas pessoas separadas, unidas somente por uma ligação moral como é a criada, por exemplo, entre o homem e esposa, pelo casamento. No outro extremo, Eutychius e Dioscorus mantiveram que a união era tão próxima, que eles ensinavam que, depois da encarnação do Filho e Logos, não duas mas somente uma única natureza deveria ser mencionada; isto é, a divina, que teria ou absorvido em si a natureza humana, ou havia misturado e se fundido com ela.

 Foi para condenar este outro extremo de opinião, conhecido como Monofisismo, que o Quarto Sínodo Ecumênico reuniu-se em Calcedônia em A.D. 451, no reino da Imperatriz Pulcheria. Esse Sínodo emitiu um decreto que tanto reafirmou os pronunciamentos do Terceiro Sínodo, que o Senhor é um e o mesmo, perfeito em divindade, assim como em humanidade, e que duas naturezas existiram no Deus-Homem, como também estabeleceu que essas duas naturezas estiveram unidas na única pessoa do Logos, não só "sem distinção e sem separação," mas também "sem confusão nem mudança," uma natureza não sofrendo nem aniquilamento nem alteração pela outra.

Foi ainda um escritor fecundo, mas quase todos os seus sermões foram queimados por ordem do imperador Teodósio II. Os escritos que restaram estão em siríaco.

O Credo de Atanásio

O Credo (trinitário) de Atanásio foi finalmente estabelecido (provavelmente) no século V. Não foi escrito por Atanásio mas recebeu seu nome. Este é um trecho:

“Adoramos um só Deus em trindade ... O Pai é Deus, o Filho é Deus, e o espírito Santo é Deus; e contudo eles não são três deuses, mas um só Deus.”

Por volta do século IX, o credo já estava estabelecido na Espanha, França e Alemanha. Tinha levado séculos desde o tempo de Cristo para que a doutrina da trindade “pegasse”. A política do governo e da Igreja foram as razões que levaram a trindade a existir e se tornar a doutrina oficial da Igreja.

A Enciclopédia Católica esclarece a questão, numa obra-prima do raciocínio teleológico:

Na unidade da Divindade há três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, sendo que essas Três Pessoas são distintas uma das outras. Assim, nas palavras do Credo de Atanásio: “o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, contudo não há três deuses, mas um só Deus.”

Como se isso não estivesse suficientemente claro, a enciclopédia cita o teólogo do Século III São Gregório, o Milagreiro:

Não há portanto nada que tenha sido criado, nada que tenha sido sujeitado a outro na Trindade: nem há nada que tenha sido acrescentado como se uma vez não tivesse existido, mas entrado depôs: portanto o Pai jamais esteve sem o Filho, nem o Filho sem o Espírito Santo: e essa mesma Trindade é imutável e inalterável para sempre.

Quaisquer que tenham sido os milagres que deram a São Gregório seu apelido, não eram milagres de lucidez. Suas palavras carregam o traço obscurantista característico da teologia, que – diferente da ciência e da maioria dos outros ramos da sabedoria humana – não mudou em dezoito séculos.

Como vimos, a doutrina trinitária resultou da mistura de intriga, fraude, política, um imperador pagão e facções em guerra que causaram mortes e derramamento de sangue.


O que prega Padre Paulo Ricardo da Igreja Católica -Remédio para curar o medo

          


OUTRAS FONTES



ENCICLOPÉDIA DA RELIGIÃO, M. A.Canney, pg 53.
"A religião primitiva sempre batizava em nome do Senhor Jesus até o desenvolvimento de doutrina da Trindade no 2° Século."

ENCICLOPÉDIA DA RELIGIÃO, J. Hastings, Vol 2 pg 377-378-389.
"O batismo cristão era administrado usando o nome de Jesus. O uso da fórmula trinitariana de nenhuma forma foi sugerida pela história da igreja primitiva; o batismo foi sempre em nome do Senhor Jesus até o tempo do mártir Justino quando a fórmula da Trindade passou a ser usada”.

ENCICLOPÉDIA DE RELIGIÃO E ÉTICA, pg. 384. "Não existe evidência na história da Igreja Primitiva do uso dos três nomes."

ENCICLOPÉDIA BARSA, 1998, vol. 15, pág. 214
"A palavra Trindade não aparece no Novo Testamento, nem Jesus e seus seguidores pensaram em contradizer o Velho
Testamento que diz: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Dt 6: 4)".

ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA,11ª edição, Volume 3, pág. 82
"Sempre nas fontes antigas menciona que o batismo era em nome de Jesus Cristo. A fórmula batismal foi mudada do nome de Jesus Cristo para as palavras Pai, Filho e Espírito Santo pela Igreja Católica no 2º Século."


NOVA ENCICLOPÉDIA INTERNACIONAL, Vol. 22 pg 477
"O termo ‘trindade’ se originou com Tertuliano, padre da Igreja Católica Romana”.

ENCICLOPÉDIA CATÓLICA, 1913, Vol. 2, pg 365.
Mt 28,19 “Aqui o católico reconhece que o batismo foi mudado pela Igreja Católica”

NEW CATHOLIC ENCYCLOPAEDIA, 1967, vol. XIII, pg. 575.
“A maioria dos textos do Novo Testamento revela o espírito de Deus como sendo algo, não alguém; isto se vê especialmente no Paralelismo entre o espírito e o poder de Deus."


NEW CATHOLIC ENCYCLOPAEDIA, 1967, Vol XIV, pg 299.
"A formulação de um só Deus em três pessoas" não foi solidamente estabelecida, decerto não plenamente assimilada na vida cristã e na sua profissão de fé, antes do 4o século. Mas é precisamente esta formulação que tem a primeira reivindicação ao título de dogma da Trindade. Entre os Pais Apostólicos, não havia nada, nem mesmo remotamente, que se aproximasse de tal mentalidade ou perspectiva".

NOUVEAU DICTIONNAIRE UNIVERSEL, M. Lachâtre, vol. II, pg. 1467
"La trinité platonicienne, même un simple réaménagement des anciennes trinités datant de peuples antérieurs, semble être la trinité philosophique rationnelle des attributs qui a donné naissance à l'hypostase trois ou personnes divines enseignées par les églises chrétiennes."

(“A trindade platônica, que em si é meramente um rearranjo de trindades mais antigas, que remontam aos povos anteriores, parece ser a trindade filosófica racional de atributos que deram origem às três hypostasis ou pessoas divinas ensinadas pelas igrejas cristãs”).


ENCICLOPÉDIA AMERICANA, Vol  XXVII, pg 294
"O Cristianismo derivou-se do Judaísmo, e o Judaísmo era estritamente unitário. O caminho que levou de jerusalém a Nicéia dificilmente foi em linha reta. O trinitarismo do quarto século de nenhuma forma refletiu o primitivo ensino cristão sobre a natureza de Deus; foi ao contrário, um desvio desse ensinamento".

DICTIONARY OF THE BIBLE, John Mac Kenzie, 1965, pg. 899
"A Trindade de pessoas dentro da unidade de natureza é definida em termos de 'pessoa' e de 'natureza', que são termos filosóficos gregos; na realidade esses termos não aparecem na Bíblia. As definições trinitárias surgiram em resultado de longas controvérsias, em que esses termos e outros, como 'essência' e 'substância', foram erroneamente aplicados a Deus".


BÍBLIA DE JERUSALÉM, 10a edição, 2001, pg 1896

Mt 28,19 "Sabe-se que o livro de Atos fala em batizar "no nome de Jesus"(cf. At 1,5 +; 2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade".

TRUE CHISTIANITY - Rev. Steve Winter

ATOS 4:12 "Batismo em nome de Jesus. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos."


NA AURORA DO CRISTIANISMO -   APÓS O NASCIMENTOS DOGMAS, 1998, Claude (Marie-Émile) Boismard

"A declaração de que há três pessoas em um só Deus não pode ser encontrada em lugar nenhum do Novo Testamento".


JESUS E JAVÉ, Harold Bloom (Yale University), pg 119

"Pretendo aqui expor o mistério da Trindade, o melhor que posso fazê-lo. Ao mesmo tempo que de um lado deixo clara a minha admiração pelo brilhantismo do conceito, afirmo a minha perplexidade diante do atrevimento e do escândalo inerentes a esse
mesmo dogma".

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA RELIGIÃO, E. W. Hopkins
"A definição ortodoxa final da "trindade" era em grande parte uma questão de política eclesial"!

HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO, Will Durant, 2002, Ed. Record
"O Cristianismo não destruiu o paganismo; ele o adotou. Do Egito vieram as idéias de uma trindade divina, o Juízo final, a recompensa e castigo".


Quando ainda não era papa, ele escreveu isso:



INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO, Cardeal Joseph Ratzinger, 1ª Edição, 1968, pgs. 82-83.
"A forma básica da nossa profissão de fé trinitariana (Mateus 28,19) tomou forma durante o curso dos séculos segundo e terceiro em conexão com a cerimônia de batismo. Medida em que seu lugar de origem está em causa, o texto (Mateus 28,19) veio da cidade de Roma.

O batismo da Trindade e texto de Mateus 28,19, portanto, não se originou a partir da Igreja original, que começou em Jerusalém por volta do ano 33. Era um pouco como demonstra a evidência uma invenção posterior do catolicismo romano. Bem poucos sabem sobre esses fatos históricos".


BÍBLIA DE JERUSALÉM, pgs.2291 e 2292
"O texto dos v v. 7-8 está acrescido na Vulgata de um inciso (aqui abaixo está entre parênteses) ausente nos antigos manuscritos gregos, nas antigas versões e nos melhores manuscritos da Vulgata, e que parece ser uma glosa marginal introduzida posteriormente no texto: 'Porque há três que testemunham (no Céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo, e esses três são um só; e há três que testemunham na terra): o Espírito, a água e o sangue, e esses três são um só'."



THE ORTODOX CORRUPTION OF THE SCRIPTURES, Bart Ehrman, pg 45
"(O Comma Johanneum) representa a ocorrência mais óbvia de corrupção motivada por teologia em toda a tradição manuscrita do Novo Testamento".




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