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Como vosso presidente vos disse, o
assunto que vou falar-vos esta noite se intitula: “Porque não sou cristão”.
Talvez fosse bom, antes de mais nada,
que procurássemos formular o que se entende pela palavra “cristão”.
É ela usada, hoje em dia, por um
grande número de pessoas, num sentido muito impreciso.
Para alguns, não significa senão uma
pessoa que procura viver uma vida virtuosa.
Neste sentido, creio que haveria
cristãos em todas as seitas e em todos os credos; mas não me parece que esse
seja o sentido próprio da palavra, pois isso implicaria que todas as pessoas
que não são cristãs – todos os budistas, confucianos, maometanos e assim por
diante – não estão procurando viver uma vida virtuosa. Não considero cristã
qualquer pessoa que tente viver decentemente de acordo com sua razão.
Penso que se deve ter uma certa dose
de crença definida antes que a gente tenha o direito de se considerar cristão.
Essa palavra não tem hoje o mesmo
sentido que tinha ao tempo de Santo Agostinho e de Santo Tomás de Aquino.
Naqueles dias, quando um homem se dizia cristão, sabia-se o que ele queria
significar.
As pessoas aceitavam toda uma série
de crenças estabelecidas com grande precisão, e acreditavam, com toda a força
de suas convicções, em cada sílaba de tais crenças.
Entrevista Completa
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