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quarta-feira, 27 de março de 2013

O ESPIRITISMO KARDECISTA




Allan Kardec o codificador do Espiritismo moderno é um exemplo típico deste fenômeno. Quando o espiritismo foi rejeitado pela ciência oficial no século XIX (O que é o Espiritismo  p. 42), Kardec protestou da seguinte forma: 

“Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica.” 

Kardec relegou os relatos de Gênesis como “erros” e em seu lugar estabeleceu o Espiritismo: 

“O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente” (A Gênese I,16)
Ao reclamar uma base filosófica e científica à sua religião ele procura estabelecer sua respeitabilidade. 

É sabido que o pentateuco kardecista está fincado nas chamadas revelações dos espíritos. Tendo como guia tais célebres seres, kardec aventura-se em desvendar os mistérios do Cosmos. É assim que no livro A Gênese ele fomenta inúmeras especulações sobre a criação do mundo, baseada nas revelações de seus amigos do além. Não obstante, para a decepção dos espíritas, o que Kardec está a dissertar não passa dos rudimentos científicos de seu tempo que hoje não mais se sustentam. 

No sexto capítulo de A Gênese, aparece uma nota de rodapé com os seguintes dizeres: “- Este capítulo é textualmente extraído de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título - Estudos uranográficos e assinadas GALILEU. Médium: C. F. Nota do Tradutor: Estas são as iniciais do nome de Camilo Flammarion.” 

Segundo esta nota as revelações de todo o capítulo seis foram fornecidas pelo espírito do famoso astrônomo Galileu Galilei. O receptor mediúnico não menos inusitado era simplesmente Camilo Flammarion. Assim define certa obra sobre ele: “Camille Flammarion - Astrônomo francês. Fundador do observatório de Juvisy. Autor de um catálogo de estrelas duplas visuais. Contribuiu para a divulgação da astronomia com suas conferências. A pluralidade dos mundos habitados (1862), Astronomia popular (1879).” (Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.) 

Pois bem, Flammarion era um cientista da época que serviu como médium auxiliar de Kardec. Certamente ele estava familiarizado com as descobertas científicas de seu tempo! 

E Galileu? Agora, espírito desencarnado, com certeza conhecia muito bem o Cosmos, pois, segundo as revelações dadas pelos espíritos, estes seres desencarnados podem viajar em todos os mundos a velocidade do pensamento. Acrescenta-se que tais planetas segundo Kardec são habitados por populações de espíritos. Conclui-se daí que o espírito de Galileu estava apto a dar informações astronômicas confiáveis ao seu colega de ofício.  Vejamos então o que o bom e velho Galileu revelou a Kardec através de Flammarion. 

A lua 

Galileu discursou bastante sobre a lua. Quando ainda vivo, na função de astrônomo, pesquisou muito este satélite. Por isso cremos ser ele mais que qualquer outro espírito, gabaritado a nos dar informações no mínimo realistas sobre ela, ainda mais agora, livre do seu invólucro, podia passear pelos rincões do universo sem nenhum empecilho e pesquisar o que quisesse! Vamos ver então o que disse Galileu: 

a) A terra deu origem a lua
 
Ensina Galileu: “Um desses planetas será a Terra que, antes de se resfriar e revestir de uma crosta sólida, dará nascimento à Lua...” 

Galileu está a ensinar que a terra deu origem a lua. 

É preciso esclarecer que existem quatro teorias que prevalece hoje em dia a respeito do nascimento da lua. Esta que Galileu expôs, era justamente a que prevalecia na época de Kardec, a hipótese da separação. Sobre isso comenta a Enciclopédia Britânica “As primeiras teorias sobre a origem da Lua afirmavam que no início o satélite era parte da Terra, da qual se separou para constituir um corpo independente.” 
(Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.), 
Veja que esta foi uma das “primeiras teorias”, contudo, hoje em dia esta teoria já caiu por terra.  

"Descobertas novas pistas sobre a origem da lua", este era o título de uma reportagem que apontavam novas pesquisas sobre a origem da lua: “Cerca de 65% da composição da Lua teve origem em um corpo espacial do tamanho de Marte que bateu na Terra há um mínimo de 4,533 bilhões de anos, segundo um novo estudo divulgado hoje.(http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna , 3 de julho de 2003) 

Do ponto de vista científico todas estas teorias enfrentam dificuldades.  Mas a teoria defendida pelo espiritismo se torna ainda mais complicadas quando sabemos que “por exemplo, três minerais foram descobertos na lua e são desconhecidos na terra” (Criação ou Evolução, John MacArthur p. 97 ed. Cultura Cristã 2004). Esse fato torna inviável tal teoria. 

Mas as revelações bombásticas de Galileu não param por ai. 

b) Existe água na lua 

Ele afirmava ainda que a Lua possuía água, veja:  

“Daí, duas naturezas essencialmente distintas na superfície do mundo lunar: uma, sem qualquer analogia com o nosso, porquanto lhe são desconhecidos os corpos fluidos e etéreos; a outra, leve, relativamente à Terra, pois que todas as substâncias menos densas se encaminharam para esse hemisfério. A primeira, perpetuamente voltada para a Terra, sem águas e sem atmosfera, a não ser, aqui e ali, nos limites desse hemisfério subterrestre; a outra, rica de fluidos, perpetuamente oposta ao nosso mundo.” 

Recentemente a NASA fez uma descoberta surpreendente quando orbitou o pólo sul lunar, lá encontraram gelo de água, sem nenhum proveito à vida. 

Contudo creio que a idéia de Kardec e seus “espíritos superiores” ao declararem que a parte oculta da lua era “rica em fluídos”, ou água, foram em parte influenciada pelas pesquisas do italiano Giovanni Battista Riccioli, que em Almagestum novum (1651) utilizou pela primeira vez o nome mar para designar as zonas escuras e uniformes da superfície do satélite. (Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.) 

Essa concepção de que havia água na parte oculta da lua e a palavra “mar” para nomeá-las foram os elementos principais na formulação “científica” do espírito de Galileu.   

Hoje, depois das inúmeras viagens e explorações espaciais, que não eram possíveis na época de Kardec, sabemos que não existe água fluídica em nenhuma das duas partes da lua. 

c) A lua é habitada 

Para dar um embasamento científico à revelação do desencarnado Galileu, a nota de rodapé dos editores vai mais além, afirmando que a própria lua é habitada: 

“...Os fluidos vivificantes, gasosos ou líquidos, por virtude da sua leveza especifica, se encontrariam acumulados no hemisfério superior, perenemente oposto à Terra. O hemisfério inferior, o único que vemos, seria desprovido de tais fluidos e, por isso, impróprio à vida que, entretanto, reinaria no outro. Se, pois, o hemisfério superior é habitado, seus habitantes jamais viram a Terra, a menos que excursionem pelo outro, o que lhes seria impossível, desde que este carece das condições indispensáveis à vitalidade.” 

Em que pese o repisar do óbvio, é bom esclarecer que nunca foi encontrado nenhum tipo de vida, e muito menos inteligente, na lua. Estas crenças refletem apenas a  cosmovisão de épocas obscuras da ciência. 

Mas para o espiritismo não só a lua era habitada, mas até mesmo os demais Planetas:
“reconheceu-se que os planetas são mundos semelhantes à Terra e, sem dúvida, habitados, como esta” (A Gênese V, 12) 

Saturno, Júpiter e Marte 

Prosseguindo nosso ilustre astrônomo desencarnado também discursou sobre algumas descobertas “científicas” que fez a respeito de outros astros, veja: 

a) Os satélites de Júpiter 

A respeito das descobertas de Galileu diz Kardec: “Decorrido um século, em 1609, Galileu, natural de Florença, inventa o telescópio; em 1610, descobre os quatro  satélites de Júpiter” 

E uma nota de rodapé acrescenta: “Nota da Editora, à 16ª edição, de 1973: Depois de Galileu, os astrônomos descobriram mais oito; são conhecidos atualmente, portanto, 12 satélites de Júpiter (4 deles com movimento retrógrado).” 

Ora, se o propósito do espírito mensageiro era dar conhecimento científico quanto às incógnitas da criação, por que ele escondeu fatos relevantes, que hoje faria da mediunidade espírita referência científica no mundo da astronomia? 

É que Júpiter não tem apenas quatro satélites, mas 16. 

Ora, se como diz Kardec, que os espíritos passeiam pelos mundos, porque então Galileu furtou o espiritismo de tamanha credibilidade, e não relatou todos os satélites a Flammarion? 

Ou permaneceu, Galleu, na mesma ignorância em que se desencarnou? 

b) O sólido anel de Saturno
 
Galileu afirmou que “Desde a época da sua formação, esse anel se solidificou, do mesmo modo que os outros corpos planetários.” 

As descobertas sobre este planeta começaram realmente por Galileu em 1610 que descobriu os satélites maiores e seus anéis. Mas para Galileu, naquela época, os anéis foram interpretados como um planeta tripartido. 

Quarenta e nove anos depois o holandês Christiaan Huygens definiu aquelas esferas como um anel o qual circuncidava o planeta, mas “Huygens acreditava, porém, que o anel era sólido e espesso. A descoberta de uma lacuna entre dois anéis de Saturno, por Domenico Cassini, pôs em dúvida a possibilidade de existência de um anel sólido. Em 1789 Pierre-Simon Laplace publicou então uma teoria segundo a qual os anéis eram compostos de muitos elementos menores.” 

Portanto, os anéis de Saturno não são sólidos como ensinava o espírito de Galileu. 

c) Nenhum satélite em Marte 

 – “O número e o estado dos satélites de cada planeta têm variado de acordo com as condições especiais em que eles se formaram. Alguns não deram origem a nenhum astro secundário, como se verifica com Mercúrio, Vênus e Marte ao passo que outros, como a Terra, Júpiter, Saturno, etc., formaram um ou vários desses astros secundários.”, dizia o espírito cientista. 

Galileu quando vivo era hábil observador dos astros, foi ele quem descobriu as manchas solares, as montanhas da Lua, os quatro satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e as fases de Vênus. 

Mas parece que depois de desencarnado não conservou a mesma perspicácia do qual era dotado quando em vida, pois 15 anos após ter dado esta revelação, os cientistas descobriram dois satélites em Marte.  Tanto é que a própria editora espírita se encarrega de corrigir o espírito do cientista na nota de rodapé: 

Nota da Editora: Em 1877, foram descobertos dois satélites de Marte: Fobos e Deimos.” 

Pobre Galileu, talvez tenha se cansado (pois não é fácil visitar tantos planetas habitados assim não é verdade?) e nem ao menos percebeu que Marte tinha dois satélites, deixando assim seu amigo Kardec em maus lençóis. 

Os Cometas  

Mas as erratas científicas não param por ai, veja a concepção de cometas dada por Galilei a Kardec através do médium: 

a) A fluidez dos cometas  

“A natureza fluídica, já bem comprovada (cap. VI, nº. 28 e seguintes), que lhes é própria afasta todo receio de choques violentos, porquanto, se um deles encontrasse a Terra, esta o atravessaria, como se passasse através de um nevoeiro.” 

Kardec está a rechaçar a idéia supersticiosa de seu tempo de que os cometas são maus presságios. Para isso fundamenta-se nas declarações científicas de Galilei de os cometas serem constituídos de fluídos, e se porventura um deles colidisse com a terra, ela “o atravessaria, como se passasse através de um nevoeiro.” 

Mais uma vez o espírito do renomado astrônomo deixou a desejar, pois os cometas podem causar grandes estragos se colidirem com planetas como a terra. Um exemplo disso foi o choque de fragmentos do cometa Shoemaker-Levy 9 contra Júpiter em 1994. 

Somente alguns fragmentos deste cometa foi capaz de causar explosões que chegaram a atingir mil Km acima da superfície do planeta com uma energia liberada dez mil vezes maior que o arsenal nuclear disponível hoje na terra. Imagine se estes pequenos fragmentos de cometa houvessem atingido a terra! Imagine a tragédia que causaria! Mas para Kardec e seus amigos cientistas do além não há porque se preocupar, pois os cometas são fluídicos e se dissipariam como nevoeiro! 

Parafraseando Kardec diríamos: “Uma de duas: ou a Ciência está em erro, ou tem razão. Se tem razão, não pode fazer seja verdadeira uma opinião que lhe é contrária. 

Não há revelação que se possa sobrepor à autoridade dos fatos.” 

Depois de tudo isso é fácil concluir que aquelas mensagens registradas no capítulo seis do livro “A Gênese”, não foram dadas por nenhum espírito cientista, mas eram frutos da concepção científica do médium Flammarion que por sinal era o único espírito que conhecia astronomia naquela sessão. 

Ora, seria bom demais se tudo isso fosse verdade! Imagine quantos milhões de dólares gastos em pesquisas não seriam poupados na NASA, somente com uma consulta mediúnica?! 

Mas depois de Galileu ninguém mais resolveu baixar mais em nenhum centro espírita para revelar os segredos do universo. Cadê Isaac Newton, Einstein e tantos outros brilhantes cientistas que faleceram? Porque eles não vêm revelar as incógnitas que andam perturbando nossos cientistas a respeito do Cosmos?