MUITÍSSIMO IMPORTANTE - Não encare nada aqui como mentira ou verdade, risque o verbo "acreditar" do seu vocabulário. Substitua ele por "comprovar" e por "experimentar". Não acredite, a priori, em nada aqui escrito. Apenas use como uma orientação para que você possa comprovar, por si só, se é verdadeiro ou falso.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
REPENSANDO OS CONCEITOS
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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
HÁ VIDA APÓS O PARTO?
Uma forma moderna de reinterpretar o "mito da caverna" de
Platão.
O mito
da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz
respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de
superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum
enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento
filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas
não no acaso, mas na causalidade.
No ventre de uma mãe havia dois bebês.
Um
perguntou ao outro:
"Você
acredita em vida após o parto?"
O outro
respondeu: "É claro. Tem que haver algo após o parto. Talvez nós estejamos
aqui para nos preparar para o que virá mais tarde."
"Bobagem",
disse o primeiro. "Não há vida após o parto. Que tipo de vida seria
esta?"
O
segundo disse: "Eu não sei, mas haverá mais luz do que aqui. Talvez nós
poderemos andar com as nossas próprias pernas e comer com nossas bocas. Talvez
teremos outros sentidos que não podemos entender agora."
O
primeiro retrucou: "Isto é um absurdo. Andar é impossível. E comer com a
boca!? Ridículo! O cordão umbilical nos fornece nutrição e tudo o mais de que
precisamos. O cordão umbilical é muito curto. A vida após o parto está fora de
cogitação."
O segundo insistiu: "Bem, eu acho que há alguma coisa e talvez seja diferente do que é aqui. Talvez a gente não vá mais precisar deste tubo físico."
O segundo insistiu: "Bem, eu acho que há alguma coisa e talvez seja diferente do que é aqui. Talvez a gente não vá mais precisar deste tubo físico."
O
primeiro contestou: "Bobagem, e além disso, se há realmente vida após o
parto, então, por que ninguém jamais voltou de lá? O parto é o fim da vida e no
pós-parto não há nada além de escuridão, silêncio e esquecimento. Ele não nos
levará a lugar nenhum."
"Bem, eu não sei", disse o segundo," mas certamente vamos encontrar a mamãe e ela vai cuidar de nós."
"Bem, eu não sei", disse o segundo," mas certamente vamos encontrar a mamãe e ela vai cuidar de nós."
O
primeiro respondeu: "Mamãe, você realmente acredita em mamãe? Isto é
ridículo. Se a mamãe existe, então, onde ela está agora?"
O segundo disse: "Ela está ao nosso redor. Estamos cercados por ela. Nós somos dela. É nela que vivemos. Sem ela este mundo não seria e não poderia existir."
O segundo disse: "Ela está ao nosso redor. Estamos cercados por ela. Nós somos dela. É nela que vivemos. Sem ela este mundo não seria e não poderia existir."
Disse o
primeiro: "Bem, eu não posso vê-la, então, é lógico que ela não
existe."
Ao que
o segundo respondeu: "Às vezes, quando você está em silêncio, se você se
concentrar e realmente ouvir, você poderá perceber a presença dela e ouvir sua
voz amorosa lá de cima."
Este
foi o modo pelo qual um escritor húngaro (?) explicou a existência de Deus.
COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS
Trata-se
de uma analogia que recorre a algo que tomamos como verdadeiro (os bebes têm
mães e nascem) para concluir que uma posição é insensata e, aparentemente,
outra não é.
Isso é fácil de fazer com qualquer posição. É um tipo de retórica habitual dos criacionistas, como os argumentos da Teoria da Evolução dos Talheres,(1) o pesadelo dos ateus e o fato da Teoria das Placas Tectônicas ter sido ridicularizada quando foi proposta.
No entanto, devemos ter em consideração os dados atribuídos aos personagens e o que é mais relevante, a metodologia que usaram para chegarem às suas conclusões. A questão é como ideias que foram consideradas falsas passaram a ser consideradas verdadeiras.
Tendo em conta isso, o feto que nega o nascimento e a existência da mãe é o mais sensato (apesar da atitude arrogante, própria das caricaturas), apesar de estar errado. Se não morrer prematuramente, terá a oportunidade de nascer, atualizando as suas crenças: supostamente os ateus seguem filosofias céticas com uma característica da filosofia de Carnéades,(2) que permite dinâmica nas suas crenças, preferindo as hipóteses que são mais prováveis através daquilo que experimentamos, mudando de opinião de acordo com a experiência.
Mas a única coisa que esses fetos ele têm visto durante toda a sua vida é o seu irmão, o cordão umbilical, a placenta e o útero em escuridão. O irmão acrescenta mais entidades nas suas crenças de forma dogmática: "Certamente que sim. Algo tem de haver depois de nascermos!" ... "com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós". Como raios é que ele sabe que há um nascimento, que há uma mãe, que é possível caminhar e comer com a boca? E como é que obteve esses conhecimentos? Mais parece aqueles que defendem que somos visitados por extraterrestres e que existe um dinossauro em Lock Ness.
Também
nos chama atenção o fato de que não existe diferença entre as crianças e nós,
há os que acreditam e os que não acreditam.
- aqui,
no "mundo pós-parto", não há evidência objetiva da existência do
"mundo pós-morte", nem de Deus, nem do Papai Noel. Deus não canta uma
canção para dormir que possa ser captada pelos ouvidos nem por instrumentos de
medição. Deus não se manifesta a nossos sentidos objetivos, nem pode ser
detectado por sensores, aparelhos, microfones, câmeras, nada. No máximo, Deus
aparece interiormente em momentos de grande emoção. Mas aí, quem garante que
não seja produto da imaginação?
Ainda que a maior parte da humanidade esteja
esperançosamente convencida de que haja sinais que antecipem a continuidade da
vida além da morte, o que garante tal verdade é indubitavelmente a fé. Por mais
que queiram uns e outros, não há certezas comprovadas cientificamente.
Parece
ser uma entre outras retóricas, que circulam pela internet, para chegar à
conclusão trivial que os ateus não sabem de tudo (assumindo-os como arrogantes)
(1) A Teoria
da Evolução dos Talheres. Não foram só os seres vivos que evoluíram. Os
talheres também.
(2) Carnéades, dito o platônico (em grego antigo:
Καρνεάδης, transl. Karneádēs), foi um filósofo grego
nascido em Cirene no ano de 214 a.C.. Suas idéias
filosóficas iam contra vários antigos preceitos. Foi um crítico do estoicismo,
criando as bases do ceticismo. De fato, Carnéades foi um cético radical e
o primeiro filósofo a apontar o fracasso dos metafísicos, que pretendiam
encontrar um significado racional nas crenças religiosas. Foi escolarca da Academia
Platônica.
Em 155
a.C. ele e mais dois filósofos, Critolau, o peripatético, e Diógenes,
o estóico, foram levados em missão diplomática, de Atenas a Roma,
onde fizeram conferências. Em uma delas, Carnéades afirmou que os deuses não
existiam e que a justiça e injustiça são questão de pura conveniência. Essa
declaração fez com que Catão fosse ao Senado, propondo que os três filósofos
fossem mandados de volta a Atenas.
SABER MAIS
- O BARBEIRO ATEU
- CONVERSANDO COM A MÃE D'ÁGUA
- FALÁCIAS E ERROS DE RACIOCÍNIO
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Há vida após o parto?,
Teoria da Evolução dos Talheres
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
O MITO DA CAVERNA (PLATÃO)
O mito ou “Alegoria” da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da Filosofia, sendo parte constituinte do livro VI de “A República” onde Platão discute sobre teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal.
A
narrativa expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros que desde o
nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem
somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa, ilumina um palco onde
estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que
representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são
projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem
enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como
nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas. Os
prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem, se vangloriarem a quem
acertar as corretas denominações e regularidades.
Imaginemos
agora que um destes prisioneiros é forçado a sair das amarras e vasculhar o
interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão era a fogueira e que
na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que
passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a
verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda
que esse mesmo prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz
do sol ofuscaria sua visão imediatamente e só depois de muito habituar-se com a
nova realidade, poderia voltar a enxergar as maravilhas dos seres fora da
caverna. Não demoraria a perceber que aqueles seres tinham mais qualidades do
que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que
ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos.
Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o
real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de
nascimento, do tempo, o calor que aquece etc.).
Maravilhado
com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter da realidade,
esse ex-prisioneiro lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da caverna
e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em
que estavam envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que
descobriu. No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar
senão a realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto,
dizendo-lhe que está louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam
por matá-lo.
Este
modo de contar as coisas tem o seu significado: os prisioneiros somos nós que,
segundo nossas tradições diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes,
estamos acostumados com as noções sem que delas reflitamos para fazer juízos
corretos, mas apenas acreditamos e usamos como nos foi transmitido. A caverna é
o mundo ao nosso redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os
conceitos, formando em nós opiniões por vezes errôneas e equivocadas,
(pré-conceitos, pré-juízos). Quando começamos a descobrir a verdade, temos
dificuldade para entender e apanhar o real (ofuscamento da visão ao sair da
caverna) e para isso, precisamos nos esforçar, estudar, aprender, querer saber.
O mundo fora da caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo
inteligível por possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade
indestrutível e imóvel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O
inteligível é o reino das matemáticas que são o modo como apreendemos o mundo e
construímos o saber humano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o
homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da
ignorância e do mal para construírem um mundo (Estado) mais justo, com
sabedoria. O Sol representa a Ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o
inteligível, permite ao homem conhecer e de onde deriva toda a realidade (o
cristianismo o confundiu com Deus).
Portanto,
a alegoria da caverna é um modo de contar imageticamente o que conceitualmente
os homens teriam dificuldade para entenderem, já que, pela própria narrativa, o
sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante.
Por
João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
O diálogo de Sócrates e Glauco
Trata-se de um diálogo metafórico onde as
falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e
Adimanto, são os irmãos mais novos de Platão. No diálogo, é dada ênfase ao
processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de
senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.
Sócrates – Agora
imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à
instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de
caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância,
de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão
o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz
chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles;
entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao
longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias
que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem
as suas maravilhas.
Glauco– Estou vendo.
Sócrates– Imagina agora, ao
longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que
os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie
de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros
seguem em silêncio.
Glauco- Um quadro
estranho e estranhos prisioneiros.
Sócrates —
Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham
alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras
projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
Glauco — Como, se
são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
Sócrates — E com as
coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Glauco — Sem dúvida.
Sócrates — Portanto,
se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos
reais as sombras que veriam?
Glauco — É bem
possível.
Sócrates — E se a
parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores
falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Glauco — Sim, por
Odin!
Sócrates — Dessa
forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos
fabricados?
Glauco — Assim terá
de ser.
Sócrates — Considera
agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias
e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja
ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a
erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o
deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as
sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até
então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para
objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das
coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas
que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais
verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco - Muito mais
verdadeiras.
Sócrates - E se o
forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a
vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são
realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
Glauco - Com toda a
certeza.
Sócrates - E se o
arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e
escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não
sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado
à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das
coisas que ora denominamos verdadeiras?
Glauco - Não o
conseguirá, pelo menos de início.
Sócrates - Terá, creio
eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará
por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e
dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos.
Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar
mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que,
durante o dia, o Sol e sua luz.
Glauco - Sem dúvida.
Sócrates - Por fim,
suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em
qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá
ver e contemplar tal qual é.
Glauco - Concordo.
Sócrates - Depois
disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os
anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de
tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco - É evidente
que chegará a essa conclusão.
Sócrates - Ora,
lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles
que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a
mudança e lamentará os que lá ficaram?
Glauco - Sim, com
certeza, Sócrates.
Sócrates - E se então
distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se
apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se
recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem
juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que
provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e
poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um
simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver
como vivia?
Glauco - Sou de tua
opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.
Sócrates - Imagina
ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não
ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
Glauco - Por certo
que sim.
Sócrates - E se tiver
de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de
suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e
antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá
um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam
que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena
tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse
alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?
Glauco - Sem nenhuma
dúvida.
Sócrates - Agora, meu
caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos
atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz
do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à
contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a
mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu
desejas conhecê-la. Só Zeus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha
opinião é esta: no mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser
apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela
é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo
visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e
dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com
sabedoria na vida particular e na vida pública.
Glauco - Concordo
com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.
(Platão. A República. Livro VII)
Este tema - realidade ou aparência -
foi retomado ao longo da história da cultura ocidental por muitos filósofos e
alguns escritores, embora com perspectivas distintas. Um deles foi Calderón de la Barca na obra A
vida é um sonho.
Exemplos mais modernos podem ser a
série Persons Unknown, o livro Admirável Mundo Novo (Aldous
Huxley, 1932),
o filme Matrix (Irmãos Wachowski, 1999) e também o livro A
Ilha (Aldous Huxley), dirigido no cinema por Michael
Bay de 2005.
Outro autor que utilizou, parodicamente, essa parábola platônica foi o autor José
Saramago, em seu livro A Caverna e finalmente uma versão esquisita e extravagante surgiu na web Há Vida Após o Parto?
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
CONVERSANDO COM A MÃE D'ÁGUA (*)
Certa vez um homem entra num hospital psiquiátrico e vê um dos pacientes
ajoelhado no meio de um grande gramado de mãos postas olhando sorridente para o
céu. O homem aproxima-se do paciente e pergunta:
- O que você faz aqui ajoelhado?
- Converso com a mãe d’água, responde o paciente.
- Mas a mãe d’água não existe, responde o homem.
- Claro que existe, ela tá olhando pra você agora. Ela só aparece para quem acredita.
É possível afirmar com 100% de certeza, que o paciente está errado?
Tanto as histórias acima como a historinha do cego ou do professor ateu ou ainda materialista passada em uma sala de aula na Alemanha são sofismas.
Somos conduzidos a uma conclusão errada partido de uma premissa verdadeira.
Nenhum cego duvida da existência da luz, pois as provas da sua existência são mais amplas e variadas que só a simples percepção por intermédio da vista. O cego anda entre pessoas que enxergam, é conduzido por pessoas ou animais, sente o calor do sol, interage com animais e outros efeitos da luz como a noite, o silêncio, o galo que canta quando o dia vem raiando ou o barulho das pessoas durante o dia, etc., etc., etc..
Mas qual seria a prova da existência da tal mãe d’água do paciente do hospício?
Nenhuma, a não ser a fé doentia do pobre paciente.
QUE ILAÇÃO PODEREMOS TIRAR DESTE ARGUMENTO CAVILOSO
Aplique este argumento ou raciocínio deliberadamente
enganoso, com aparência de verdadeiro, com o objetivo de enganar pessoas que
passaram por lavagem cerebral através de um método malicioso aprimorados por
décadas.
Eles são persuadidos a acreditarem na sua ingenuidade, que
a autoridade eclesiástica tem uma conexão direta com Jesus, porque dizem saber
exatamente o que Deus quer ou tem para o fiel. Sem delongas, tais argumentos
coincidem exatamente com aquilo que tais pessoas desejam que os fiéis acreditem.
Jesus como a Mãe d’Água, só existe na fé daqueles que creem. Devo reconhecer
que há pessoas ingênuas, sem artifícios ou malícia, que acreditam em tudo que
ouvem dos clérigos. É aí onde mora o perigo, pois há uma quantidade não pequena
de charlatões que exploram pessoas puras e inocentes retirando-lhes todo o seu
patrimônio em forma de doação “para a igreja” em troca de milagres que nunca
acontecem.
A ignorância terá de ceder em toda a linha, ao final, à
ciência e ao conhecimento.
(*)“Mãe-d’água” Iara ou Uiara, é uma
entidade do folclore brasileiro de uma beleza fascinante. Por ser uma sereia,
enfeitiça os homens facilmente por ter a metade superior de seu corpo com
formato de uma linda e sedutora mulher. Já a parte inferior do seu corpo em
formato de peixe não é muito notada, por estar submersa em água. Assim não há
quem resista a sua belíssima face e suas doces canções mágicas.
Seu poder é tão forte que basta convidar os homens para irem à sua
direção que eles vão, acreditando vivenciar uma experiência incrível com a
encantadora mulher. Porém, as intenções de Iara são malignas e fatais, e o que
ela quer na verdade é atraí-los para a morte. São raros os que sobrevivem ao
encantamento da sereia e caso retornam não conseguem ter uma vida normal por
ficarem loucos. Somente um pajé ou uma benzedeira é capaz de curá-los
definitivamente.
Diz a lenda que antes de se tornar uma sereia, Iara era uma belíssima
índia trabalhadora e corajosa. Iara se destacava entre os demais, por ser a
melhor, e consequentemente despertava a inveja de alguns da tribo,
especialmente a de seus irmãos homens, que não se conformavam com tal situação.
Seu pai era pajé e a admirava em tudo o que fazia contribuindo ainda mais para
a revolta de seus irmãos. Tomados pela inveja e pelo ciúme, os irmãos de Iara
decidiram matá-la.
Certa noite, quando Iara repousava em sua rede, ouviu seus irmãos
entrando em sua cabana com a intenção de matá-la. Rápida e guerreira, se
defendeu e acabou os matando. Percebendo a gravidade da situação e com medo da
atitude de seu pai, Iara fugiu desesperadamente pelas matas. O pai de Iara
realizou uma busca implacável pela filha. Localizaram-na, e como punição pelo
seu ato, foi jogada no encontro do rio Negro com Solimões. Os peixes
trouxeram o corpo de Iara à superfície que sob o reflexo da lua cheia
transformou-se em uma linda sereia com cabelos longos e olhos verdes.
Desde então Iara permanece nas águas atraindo os homens de maneira irresistível
e os matando. Acredita-se que em cada fase da lua, Iara aparece com escamas
diferentes e adora deitar-se sobre bancos de areia nos rios para brincar com os
peixes. Também de acordo com a lenda, é vista penteando seus longos cabelos com
um pente de ouro, mirando-se no espelho das águas.
A lenda da Iara é conhecida em várias regiões brasileiras e existem
diversos relatos de pescadores que contam histórias de jovens que cederam aos
encantos da tentadora sereia e morreram afogados de paixão.
OUTROS SOFISMAS
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domingo, 27 de dezembro de 2015
MINHA CRENÇA É MINHA VERDADE
Duas pessoas conversavam sobre a existência de Deus, um juiz e um homem
qualquer.
Depois de debaterem muito, o homem concluiu:
-Creio em Deus porque tenho fé e isto me basta, não quero saber o que diz a razão ou ciência! minha crença é minha verdade, e você deveria seguir meu exemplo.
Um mês depois, este homem estava sendo julgado por um crime que não se sabe se ele havia cometido, e também não haviam provas de que ele havia feito algo.
O juiz então olhou-o e declarou-o culpado.
O homem perplexo,levantou-se e perguntou:
- Como Vossa Excelência pode me julgar, se não tem provas da verdade?
E o juiz replicou:
- Assim creio, porque tenho fé e isto me basta,não quero saber o que diz a razão ou ciência! minha crença é minha verdade, e você deveria seguir meu exemplo.
Troque a palavra "Deus" por "Monstro do Espaguete
Voador", ou "unicórnio invisível", e veja como a lógica dessa
historinha é ridícula.
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O Juiz Ateu,
Sofisma
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