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quinta-feira, 4 de julho de 2013

O MESSIAS TEUDAS





















Teudas também é o nome de um seguidor de Paulo de Tarso, que ensinou Valentim. Para mais informações, veja Teudas (professor de Valentim)

Teudas (morto em 46 d.C.) foi um rebelde Judeu do Século I d.C.
                                                                         
Seu nome, se for um nome composto em Grego, pode significar "presente de Deus", apesar de outros estudiosos acreditarem que sua etimologia seja semítica e poderia significar "flui com a água".

Theudas provavelmente atuou como um pregador messiânico (muito recorrente na Judeia do Século I), que se propunha a liderar massas judaicas, para fins de renovação religiosa e social. Proclamando-se um profeta mandado por Deus para socorrer o povo judeu, que sofria sob o "status quo" vigente (inclusive a dominação romana), ele recorreu à tradição do heroi nacional, Moisés, assegurando ser capaz de "abrir as águas" do rio Jordão.

O historiador judeu, filo-romano, Flávio Josefo, avesso à qualquer rebeldia social de base popular, assim se refere ao episódio:


"Passando um tempo, enquanto Cuspius Fadus era procurador da Judéia, um certo charlatão, cujo nome era Teudas, persuadiu muitas pessoas do povo simples a tomar seus haveres e acompanhá-lo até o rio Jordão. Dizia que era profeta, e que à sua ordem o rio se separaria abrindo fácil passagem para eles. 

Com essas palavras iludiu a muitos. Mas Fado não permitiu que eles consumassem essa loucura. Enviou uma unidade de cavalaria contra eles, que matou muitos num ataque de surpresa e também capturou muitos vivos. Tendo capturado Teudas, cortaram-lhe a cabeça e a levaram a Jerusalém" .


Referências
FLAVIUS JOSEPHUS, Antiguidades Judaica, 20.97-98

terça-feira, 23 de abril de 2013

FLAVIUS JOSEPHUS






Flavius Josephus (37 d.C. – 103 d.C.) — era um fariseu que nasceu em Jerusalém, vivia em Roma e escreveu “História dos judeus” (79 d.C.) e “Antiguidades dos judeus” (93 d.C.).

Nos dias atuais podemos comparar Flavius Josephus, a um soldado de nacionalidade Iraquiana, chamado Said, que com alguns outros iraquianos, foi cercado pelos soldados do exército americano, tendo Said arquitetado um plano, onde ele, apenas saiu vivo.

Capturado pelo exército estadunidense, foi levado prisioneiro para os Estados Unidos, fazendo de pronto, amizade com a CIA, recebendo do governo inimigo do seu povo a nacionalidade americana e uma pensão em dólar para o seu sustento.

Trocou de nome e goza de privilégios na Casa Branca, junto ao presidente, sua teologia é: Alah abandonou os iraquianos e agora está com os americanos. (traição teológica).

Nos fóruns onde se debatem o Cristianismo e consequentemente a real existência de Jesus (Esse de quem se fala no Novo Testamento), o primeiro historiador antigo a ser citado é o Flavius Josephus.

O fundamento principal da fama duradoura de Josephus como historiador é o respeito excepcional em que suas obras eram tidas pela Igreja, desde os tempos mais remotos. Este fato devia-se a que ele tinha sido quase contemporâneo de Jesus e dos Apóstolos, na Judéia.

Seus relatos (assim consideram muitos modernos eruditos, tanto cristãos quanto judeus) foram textualmente alterados, nos primórdios da era cristã, por ultra-zelosos propagandistas da igreja, a fim de obter corroboração histórica para a missão de Jesus, como o Cristo ou Messias, uma vez que não havia outro testemunho histórico contemporâneo e externo que o comprovasse.

Sobre os livros de Josephus, é certo que o pequeno trecho tratando de Jesus é falso. Não só pela estranheza do trecho, como já foi comentado, mas também por detalhes lingüísticos e de oratória (o texto, altamente apologético, simplesmente não encaixa com o resto do livro).

Assume-se já há algum tempo, que o tal trecho foi uma piedosa inclusão medieval no texto original, bastante difundido. Aliás, prática comum, que certamente deve ter afetado também os evangelhos - dificilmente os de Nicéia são integralmente os mesmos de hoje.

 Flavius Josephus é considerado um dos melhores historiadores antigo. Suas obras sobre o povo judeu são uma preciosidade histórica da vida helênica no primeiro século. Josefo, que nasceu no ano 37 e que escreveu até o ano 93 sobre o cristianismo, sobre o judaísmo, sobre os messias e os cristos do período, nada disse em seus textos originais sobre Jesus Cristo.

Nos manuscritos do Mar Morto, uma das maiores descobertas arqueológicas da história, não há nenhuma referência a Jesus.

A mais antiga citação de Jesus está num fragmento de papiro, descoberto no Egito. Teria sido escrito um século depois da crucificação.

Apologistas cristãos (defensores da fé) consideram o testemunho de Josephus sobre Jesus a única evidência garantida da historicidade de Jesus. O testemunho citado se encontra em “Antiguidades dos judeus”.

Ao contrário dos apologistas, entretanto, muitos estudiosos, inclusive os autores da Encyclopedia Britannica, consideram o trecho “uma inserção posterior feita por copistas cristãos”. Ele diz que:

“Naquele tempo, nasceu Jesus, homem sábio, se é que se pode chamar homem, realizando coisas admiráveis e ensinando a todos os que quisessem inspirar-se na verdade. Não foi só seguido por muitos hebreus, como por alguns gregos, Era o Cristo. Sendo acusado por nossos chefes, do nosso país ante Pilatos, este o fez sacrificar. Seus seguidores não o abandonaram nem mesmo após sua morte. Vivo e ressuscitado, reapareceu ao terceiro dia após sua morte, como o haviam predito os santos profetas, quando realiza outras mil coisas milagrosas. A sociedade cristã que ainda hoje subsiste, tomou dele o nome que usa.”

Por que este trecho é considerado uma inserção posterior?

1.    Josephus era um fariseu. Só um cristão diria que Jesus era o Cristo. Josephus teria tido que renunciar as suas crenças para dizer isto, e Josephus morreu ainda um fariseu.


2. Josephus costumava escrever capítulos e mais capítulos sobre gente insignificante e eventos obscuros. Como é possível que ele tenha despachado Jesus, uma pessoa tão importante, com apenas algumas frases?


3. Os parágrafos antes e depois deste trecho descrevem como os romanos reprimiram violentamente as sucessivas rebeliões judaicas. O parágrafo anterior começa com “por aquela época, mais uma triste calamidade desorientou os judeus”. Será que “triste calamidade” se refere vinda do “realizador de mil coisas milagrosas” ou aos romanos matando judeus? Esta suposta referência a Jesus não tem nada a ver com o parágrafo anterior. Parece mais uma inclusão posterior, fora de contexto.


4. Finalmente, e o que é ainda mais convincente, se Josephus realmente tivesse feito esta referência a Jesus, os Pais da Igreja pelos 200 anos seguintes certamente o teriam usado para se defender das acusações de que Jesus seria apenas mais um mito. Contudo, Justino, Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes nunca citam este trecho. Sabemos que Orígenes leu Josephus porque ele deixou textos criticando Josephus por este atribuir a destruição de Jerusalém a morte de Tiago. Aliás, Orígenes declara expressamente que Josephus, que falava de João Batista, nunca reconheceu Jesus como o Messias (”Contra Celsum”, I, 47).

Não somente a referência de Josephus a Jesus parece fraudulenta como outras menções a fatos históricos em seus livros contradizem e omitem histórias do Novo Testamento:

Flavius Josephus menciona um eclipse lunar que ocorreu pouco antes da morte de Herodes. (Esse eclipse tem sido identificado pela maioria dos historiadores como sendo o ocorrido em 13 de março do ano 4 antes de nossa era.) O nascimento de Jesus teria ocorrido no final do reinado de Herodes.

Fenômenos astronômicos ligados a acontecimentos históricos são excelentes para precisar datas, mas Josephus nada falou do nascimento de Jesus ou o massacre dos inocentes promovido a mando de Herodes.


1.   A Bíblia diz que João Batista foi morto por volta de 30 d.C., no início da vida pública de Jesus. Josephus, contudo, diz que Herodes matou João durante sua guerra contra o rei Aertus da Arábia, em 34 – 37 d.C.  Josephus cita 23 vezes o nome de Salomé em "Antiguidade dos Judeus", apenas no Livro XVI e nenhuma vez cita o nome de Jesus em todo sua obra.

2. Josephus não menciona a celebração de Pentecostes em Jerusalém, quando, supostamente: judeus devotos de todas as nações se reuniram e receberam o Espírito Santo, sendo capazes de entender os apóstolos cada qual em sua própria língua; Pedro, um pescador judeu, se torna o líder da nova igreja; um colega fariseu de Josephus, Saulo de Tarso, se torna o apóstolo Paulo; a nova igreja passa por um crescimento explosivo na Palestina, Alexandria, Grécia e Roma, onde morava Josephus.

O suposto martírio de Pedro e Paulo em Roma, por volta de 60 d.C., não é mencionado por Josephus.

Os apologistas cristãos, que depositam tanta confiança na veracidade do testemunho de Josephus sobre Jesus, parecem não se importar com suas omissões posteriores.

A Encyclopedia Britannica afirma que os cristãos distorceram os fatos ao enxertar o trecho sobre Jesus. Isto é verdade?

Eusébio (265-339 d.C.), reconhecido como o “Pai da história da Igreja” e nomeado supervisor da doutrina pelo imperador Constantino, escreve em seu “Preparação do evangelho”, ainda hoje publicado por editoras cristãs como a Baker House, que “ as vezes é necessário mentir para beneficiar aqueles que requerem tal tratamento”.

Eusébio, um dos cristãos que mais influenciou a história da Igreja, aprovou a fraude como meio de promover o cristianismo! A probabilidade de o cristianismo de Constantino ser uma fraude está diretamente relacionada desesperada necessidade de encontrar evidências a favor da historicidade de Jesus. Sem o suposto testemunho de Josephus, não resta nehuma evidência confiável de origem não cristã.

Parece-me que os cristãos nunca leram nada a respeito desse cidadão de origem judaica que recebeu além da cidadania romana, uma gorda mesada do Império Romano.

O LIVRO DE FLAVIUS JOSEPHUS
                        ANTIGUIDADE DOS JUDEUS

O conto de Jesus incorporou elementos dos contos de outros deuses registrados nesta área difundida, tal como muitos dos seguintes salvadores do mundo e "filhos de Deus," a maioria ou todos de quem precedem o mito cristão, e um número que foi crucificado ou executado:


  • Adad da Assíria
  • Adonis, Apolo, Héracles ("Hércules"), e Zeus da Grécia
  • Alcides de Thebes
  • Attis de Phrygia
  • Baal da Fenícia
  • Bali do Afeganistão
  • Beddru do Japão
  • Buda da Índia
  • Crite de Chaldea
  • Deva Tat do Sião
  • Hesus dos Druidas
  • Horus, Osiris, e Serapis de Egipto, cuja a aparência com o barba e o cabelo longo foi adotada para o caráter de Cristo
  • Indra do Tibet
  • Jao do Nepal
  • Krishna da Índia
  • Mikado do Sintoos
  • Mithra e Zaratustra/Zoroastro da Pérsia
  • Odin da Escandinávia
  • Prometheus do Cáucaso
  • Quetzalcoatl do México
  • Salivahana de Bermuda
  • Tammuz da Síria (que era, em um movimento típico na fabricação dos mitos, mudada mais tarde no discípulo Tomé16)
  • Thor dos Gauls
  • Monarca universal do Sibyls
  • Wittoba dos Bilingonese
  • Xamolxis de Thrace
  • Zoar dos Bonzes 



Aliás, fora os evangelhos, não há como apontar nenhuma clara referência a fantástica vida pública de Jesus em qualquer outro escrito cristão do século I.


VEREDICTO BI-MILENAR

   * Veredicto através dos 20 séculos desta Era Comum :
   Estes escritores, que viveram ao tempo da suposta "vida de Jesus" deixaram uma livraria extensa, Judaica e Pagã literatura, nas quais não há uma única menção de "Jesus" ou dos seus "apóstolos" e "discípulos".

   Eles são :

Arrian 
Plutarco
Apollonius

Hermógenes

Appian (Apião)

Damis

Aulus Gellius

Apião da Alexandria

Philo Judaeus

Petronius

Juvenal

Quintilian
Silius Italicus
Phlegon
Pausanias
Dio Chrysostom
Favorinus
Seneca
Dion Pruseus
Martial
Lucanus
Statius
Phaedrus
Florus Lucius
Columella
Lysias
Theon de Myrna
Plinio o Velho
Paterculus
Persius
Justus de Tiberius
Epictetus
Ptolemi
Valerius Maximus
Quintius Curtis
Valerius Flaccus
Pompius Mela

Duas opções:

a- Acreditar que coisas alheias à realidade realmente aconteceram;

b- Reconhecer que são meras construções literárias, tão comuns por toda a história e por todo o mundo.

Qual é a sensata? Segue uma lista, incompleta, de reconhecidos estudiosos cristãos que ficaram com a segunda:

Marcus Borg
Gunther Bornkamm
Gerald Boldock Bostock
Rudolf Bultmann
John Dominic Crossan
Maurice Goguel
Hans Grass
Charles Guignebert
Uta Ranke-Heinemann
Herman Hendrickx
Roy Hoover
Helmut Koester
Hans Kung
Alfred Loisy
Willi Marxsen
Norman Perrin
Marianne Sawicki
John Shelby Spong
John T. Theodore






É QUESTÃO DE LÓGICA:

Qual é a maior propagadora de Jesus:  A Igreja.

A Igreja é uma instituição confiável que nunca fez nada que prejudicou a humanidade ? Não

A Igreja Mente ? Mente! (A Igreja mente é corrupta, cruel e sem piedade. (Leonardo Boff) – Revista Caros Amigos Setembro de 1998.

Temos provas históricas ou arqueológicas sobre Jesus ? Não.

Como provar que a história de Jesus é verdadeira ? Não há como.

O que difere o mito de Jesus do mito do Papai Noel ? nada!

Bom...há uma diferença .. o Papai Noel não condena ao sofrimento quem desacredita dele.


SABER MAIS


Este vídeo do teólogo Rafael M.E., ele procurou deixar em evidência os pontos que considera como essenciais para análise desse tema. 







domingo, 14 de abril de 2013

CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ


Bruno disse:

Acho que esse vídeo não deveria ser utilizado como argumentação para o assunto tratado ( Jesus é um mito?).. pois seria um desrespeito aos cientistas, históriadores, egiptologistas que procuram a verdade.”

Como se pode deduzir da leitura do texto produzido pelo Bruno, Jesus existiu e há provas científicas a respeito de sua existência. Duvido muito que exista na terra um só médico que ateste a possibilidade de alguém ter nascido sem pai biológico, fecundado por um Deus, cuja criação se encontra claro na leitura de Êxodo capítulo III.

Prova histórica do nascimento de Jesus não há. Não há provas do aparecimento da estrela que o iluminava na estrebaria, não há provas da existência dos Reis Magos, (Reis de onde?) não há provas da execução sumárias das crianças a mando de Herodes, que assim o determinou com medo de um recém-nascido, e por fim não há registro histórico sobre o sumiço total de Jesus por cerca de 30 anos aproximadamente nos evangelhos canônicos.

“Essas fontes incluem o Talmude, o historiador romano Tácito, a Didaqué, Flávio Josefo, Plínio, o Moço, Suetônio, os evangelhos gnósticos (por exemplo, o evangelho de Tomé)”, disse o Bruno.

É claro que o Evangelho de Tomé, aquele que só acreditava no que via, o cita no período em que supostamente Jesus era adolescente. Segundo Tomé, Jesus naqueles tempos, já desobedecia ao Deus hebraico fazendo estátuas de pombos, e quando foi denunciado da violação da Lei de Deus, eis que deu-se um milagre – Jesus bateu palmas e as estátuas se transformaram em pombos e voaram.

É dito também por Tomé que Jesus tinha um comportamento muito parecido com os alunos de escolas públicas da periferia, com semelhança aos viciados em crack – Era mau aluno, respondia aos professores chegando a ser expulso da escola.

Outra passagem descrita por Tomé (Tomé Samuca) nos dá conta que Jesus assassinou dois rapazes da sua idade. Empurrando um de cima de uma laja e outra na rua por ter trombado nele na pressa de chegar ao seu destino.

Mas é claro que o Bruno não acredita na descrição de Tomé, mas não descarta como prova da existência desse Jesus desconhecidos da esmagadora maioria dos cristãos.


Disse Bruno “Jesus existe porque existe uma quantidade razoável de informações historicamente confiáveis sobre ele, englobando pistas de fontes cristãs, judaicas e pagãs”

Isto é uma afirmação pura e simples, está longo de ser um argumento.

Bruno disse “Jesus existe porque existem vinte e sete documentos do Novo Testamento que atestam que Ele viveu...”

A autoridade da Igreja se baseia nos evangelhos, que ninguém sabe quem escreveu, nem quando, e dos quais só temos cópias das cópias das cópias, já que os originais se perderam ou foram destruídos. Mas a Igreja diz que eles são autênticos; foi ela que os escolheu, reescreveu e organizou. Portanto, são os evangelhos que validam a Igreja - mas é a Igreja que valida os evangelhos. Algo não me cheira bem...

É questão de lógica:
Qual é a maior propagadora de Jesus: Igreja.
A Igreja é uma instituição confiável que nunca fez nada que prejudicou a humanidade ? Não
A Igreja Mente ? Mente! (A Igreja mente é corrupta, cruel e sem piedade. (Leonardo Boff)
Temos provas históricas ou arqueológicas sobre Jesus ? Não.
Como provar que a história de Jesus é verdadeira ? Não há como.
O que difere o mito de Jesus do mito do Papai Noel ? nada!

Bom...há uma diferença .. o Papai Noel não condena ao sofrimento quem desacredita dele.


“Jesus existe porque há trinta e nove fontes fora da Bíblia, escritas no prazo de 150 anos da vida de Jesus que o mencionam. Essas fontes incluem o Talmude, o historiador romano Tácito, a Didaqué, Flávio Josefo, Plínio, o Moço, Suetônio, os evangelhos gnósticos (por exemplo, o evangelho de Tomé), etc”

Das 39 fontes só foram citadas 6 e novamente os evangelhos.

Novamente a mesma falácia. Isso não é um argumento, é uma afirmação. Dizer que o Talmude fala sobre Jesus quando os judeus não acreditam na sua existência é um despreparo intelectual do Bruno. Alguém disse isso para o Bruno e ele repete feito papagaio.

O Rabino Bentzion Kravitz afirmou em uma entrevista que – Não há nas escritas antigas do judaísmo nada que fale de Jesus, nem nada parecido com ele.”


TÁCITO


. Tácito (Publius Cornelius Tacitus, 55-120), historiador romano, escritor, orador, cônsul romano (ano 97) e procônsul da Ásia romana (110-113), falando do incêndio de Roma que aconteceu no ano 64, apresenta uma notícia exata sobre Jesus, embora curta:

“Um boato acabrunhador atribuía a Nero a ordem de pôr fogo na cidade. Então, para cortar o mal pela raiz, Nero imaginou culpados e entregou às torturas mais horríveis esses homens detestados pelas suas façanhas, que o povo apelidava de cristãos. Este nome vêm-lhes de Cristo, que, sob o reinado de Tibério, foi condenado ao suplício pelo procurador Pôncio Pilatos. Esta seita perniciosa, reprimida a princípio, expandiu-se de novo, não somente na Judéia, onde tinha a sua origem, mas na própria cidade de Roma” (Anais, XV, 44).

Os estudiosos apontam várias razões para se suspeitar de que este trecho não seja de Tácito nem de registros romanos, e sim uma inserção posterior na obra de Tácito:

  1. A referência a Pilatos como procurador seria apropriada na época de Tácito, mas, na época de Pilatos, o título correto era “prefeito”.
  2. Se Tácito escreveu este trecho no início do segundo século, por que os Pais da Igreja, como Tertuliano, Clemente, Orígenes e até Eusébio, que tanto procuraram por provas da historicidade de Jesus, não o citam?
  3. Tácito só passa a ser citado por escritores cristãos a partir do século 15.

O que é claro e indiscutível é que um período de 80 a 100 anos sem nenhum registro histórico confiável, depois de fatos de tal magnitude, é longo o bastante para levantar suspeitas. Além do mais, é insuficiente citar três relatos tão curtos e tão pouco informativos para provar que existiu um messias judeu milagreiro chamado Jesus que seria Deus em forma humana, foi crucificado e ressuscitou.

Plínio, o jovem (61 d.C. – 113 d.C.) — Foi proconsul da Bitínia (atual Turquia). Numa carta ao imperador Trajano, em 112 d.C., pergunta o que fazer quanto aos cristãos que “se reúnem regularmente antes da aurora, em dias determinados, para cantar louvores a Cristo como se ele fosse um deus”. Uns oitenta anos depois da morte de Jesus, alguém estava adorando a um Cristo (messias, em hebraico)! Entretanto, nada se diz sobre se este Cristo era Jesus, o mestre milagreiro que foi crucificado e ressuscitou na Judéia ou se um Cristo mitológico das religiões pagãs de mistério. O próprio Jesus teria dito que haveria muitos falsos Cristos, portanto a afirmação de Plínio não contribui em muito para demonstrar que o Jesus de Nazaré existiu.

Suetônio (69 d.C. – 122 d.C.) — Em “A vida dos imperadores”, com a história de 11 imperadores, ele conta, em 120 d.C., sobre o imperador Cláudio (41 d.C. – 54 d.C.), que ele “expulsou de Roma os judeus que, sob a influência de Cresto, viviam causando tumultos”. Quem é Cresto? Não há menção a Jesus. Seria este Cresto um agitador judeu, um dos muitos falsos messias, ou um Cristo mítico? Este trecho não prova nada sobre a historicidade de um Jesus de Nazaré.

Cristãos causando tumultos?

Aliás, Plínio, Tácito e Suetônio chamaram a crença cristã de superstição, o equivalente a dizer que era algo sem fundamento; uma invencionice. Satisfeito?


Irrelevante. Só comprovam a existência dos cristãos.


Há três autores judeus importantes do primeiro século:

Philo-Judaeus (15 a.C. – 50 d.C.) — de Alexandria, era um teólogo-filósofo judeu que falava grego. Ele conhecia bem Jerusalém porque sua família morava lá. Escreveu muita coisa sobre história e religião judaica do ponto de vista grego e ensinou alguns conceitos que também aparecem no evangelho de João e nas epístolas de Paulo. Por exemplo: Deus e sua Palavra são um só; a Palavra é o filho primogênito de Deus; Deus criou o mundo através de sua palavra; Deus unifica todas as coisas através de sua Palavra; a Palavra é fonte de vida eterna; a Palavra habita em nós e entre nós; todo julgamento cabe Palavra; a Palavra é imutável.

Philo também ensinou sobre Deus ser um espírito, sobre a Trindade, sobre virgens que dão luz, judeus que pecam e irão para o inferno, pagãos que aceitam a Deus e irão para o céu e um Deus que é amor e perdoa. Entretanto, Philo, um judeu que viveu na vizinha Alexandria e que teria sido contemporâneo a Jesus, nunca menciona alguém com este nome nem nenhum milagreiro que teria sido crucificado e depois ressuscitou em Jerusalém, sem falar em eclipses, terremotos e santos judeus saindo dos túmulos e andando pela cidade.

Por que? O completo silêncio de Philo é ensurdecedor!

Flavius Josephus (37 d.C. – 103 d.C.) — era um fariseu que nasceu em Jerusalém, vivia em Roma e escreveu “História dos judeus” (79 d.C.) e “Antiguidades dos judeus” (93 d.C.). Apologistas cristãos (defensores da fé) consideram o testemunho de Josephus sobre Jesus a única evidência garantida da historicidade de Jesus.

O testemunho citado se encontra em “Antiguidades dos judeus”. Ao contrário dos apologistas, entretanto, muitos estudiosos, inclusive os autores da Encyclopedia Britannica, consideram o trecho “uma inserção posterior feita por copistas cristãos”. Ele diz que:

“Naquele tempo, nasceu Jesus, homem sábio, se é que se pode chamar homem, realizando coisas admiráveis e ensinando a todos os que quisessem inspirar-se na verdade. Não foi só seguido por muitos hebreus, como por alguns gregos, Era o Cristo. Sendo acusado por nossos chefes, do nosso país ante Pilatos, este o fez sacrificar. Seus seguidores não o abandonaram nem mesmo após sua morte. Vivo e ressuscitado, reapareceu ao terceiro dia após sua morte, como o haviam predito os santos profetas, quando realiza outras mil coisas milagrosas. A sociedade cristã que ainda hoje subsiste, tomou dele o nome que usa.”

Por que este trecho é considerado uma inserção posterior?

  1. Josephus era um fariseu. Só um cristão diria que Jesus era o Cristo. Josephus teria tido que renunciar s suas crenças para dizer isto, e Josephus morreu ainda um fariseu.

  1. Josephus costumava escrever capítulos e mais capítulos sobre gente insignificante e eventos obscuros. Como é possível que ele tenha despachado Jesus, uma pessoa tão importante, com apenas algumas frases?


  1. Os parágrafos antes e depois deste trecho descrevem como os romanos reprimiram violentamente as sucessivas rebeliões judaicas. O parágrafo anterior começa com “por aquela época, mais uma triste calamidade desorientou os judeus”. Será que “triste calamidade” se refere vinda do “realizador de mil coisas milagrosas” ou aos romanos matando judeus? Esta suposta referência a Jesus não tem nada a ver com o parágrafo anterior. Parece mais uma inclusão posterior, fora de contexto.

  1. Finalmente, e o que é ainda mais convincente, se Josephus realmente tivesse feito esta referência a Jesus, os Pais da Igreja pelos 200 anos seguintes certamente o teriam usado para se defender das acusações de que Jesus seria apenas mais um mito. Contudo, Justino, Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes nunca citam este trecho. Sabemos que Orígenes leu Josephus porque ele deixou textos criticando Josephus por este atribuir a destruição de Jerusalém morte de Tiago. Aliás, Orígenes declara expressamente que Josephus, que falava de João Batista, nunca reconheceu Jesus como o Messias (”Contra Celsum”, I, 47).


Não somente a referência de Josephus a Jesus parece fraudulenta como outras menções a fatos históricos em seus livros contradizem e omitem histórias do Novo Testamento:

  1. A Bíblia diz que João Batista foi morto por volta de 30 d.C., no início da vida pública de Jesus. Josephus, contudo, diz que Herodes matou João durante sua guerra contra o rei Aertus da Arábia, em 34 – 37 d.C.

  1. Josephus não menciona a celebração de Pentecostes em Jerusalém, quando, supostamente: judeus devotos de todas as nações se reuniram e receberam o Espírito Santo, sendo capazes de entender os apóstolos cada qual em sua própria língua; Pedro, um pescador judeu, se torna o líder da nova igreja; um colega fariseu de Josephus, Saulo de Tarso, se torna o apóstolo Paulo; a nova igreja passa por um crescimento explosivo na Palestina, Alexandria, Grécia e Roma, onde morava Josephus. O suposto martírio de Pedro e Paulo em Roma, por volta de 60 d.C., não é mencionado por Josephus. Os apologistas cristãos, que depositam tanta confiança na veracidade do testemunho de Josephus sobre Jesus, parecem não se importar com suas omissões posteriores.


A Encyclopedia Britannica afirma que os cristãos distorceram os fatos ao enxertar o trecho sobre Jesus. Isto é verdade?

Eusébio (265-339 d.C.), reconhecido como o “Pai da história da Igreja” e nomeado supervisor da doutrina pelo imperador Constantino, escreve em seu “Preparação do evangelho”, ainda hoje publicado por editoras cristãs como a Baker House, que “ as vezes é necessário mentir para beneficiar aqueles que requerem tal tratamento”.

Eusébio, um dos cristãos que mais influenciou a história da Igreja, aprovou a fraude como meio de promover o cristianismo! A probabilidade de o cristianismo de Constantino ser uma fraude está diretamente relacionada desesperada necessidade de encontrar evidências a favor da historicidade de Jesus. Sem o suposto testemunho de Josephus, não resta nehuma evidência confiável de origem não cristã.

Justus de Tiberíades é o terceiro escritor judeu do primeiro século. Seus escritos foram perdidos, mas Photius, patriarca de Constantinopla (878-886 d.C.), escreveu “Bibleotheca”, onde ele comenta a obra de Justus. Photius diz que “do advento de Cristo, das coisas que lhe aconteceram ou dos milagres que ele realizou, não há absolutamente nenhuma menção (em Justus)”. Justus vivia em Tiberíades, na Galiléia (João 6:23). Seus escritos são anteriores s “Antiguidades” de Josephus, de 93 d.C., portanto é provável que ele tenha vivido durante ou imediatamente após a suposta época de Jesus, mas é notável que nada tenha mencionado sobre ele.

A literatura rabínica seria logicamente o outro lugar para se pesquisar a historicidade de Jesus de Nazaré. O Novo Testamento alega que Jesus é o cumprimento da profecia judaica sobre o messias, crucificado no dia da Páscoa. Naquele dia, supostamente houve um terremoto em Jerusalém, a cortina de seu templo se rasgou de alto a baixo, houve um eclipse do sol, santos judeus ressuscitaram e andaram pela cidade. Três dias depois, Jesus ressuscitou e depois subiu aos céus diante de todos. Algum tempo depois, no dia de Pentecostes, os judeus de várias nações se reuniram e viram o Espírito Santo descer na forma de línguas de fogo; a igreja cristã se expandiu de forma explosiva entre judeus e pagãos, com sinais e milagres acontecendo por toda a parte. Em 70 d.C., Jerusalém foi cercada pelos romanos, que destruíram Israel como nação e dispersaram os judeus.

Ainda que os rabinos não aceitassem Jesus como o Messias, o impacto dos acontecimentos volta de Jesus logicamente teria sido registrado nos comentários ao Talmud (os midrash). A história e a tradição oral dos judeus registradas nos midrash foram atualizadas e receberam sua forma final pelo rabino Jehudah ha-Qadosh por volta de 220 d.C. Em seu livro “O Jesus que os judeus nunca conheceram”, Frank Zindler diz que não há uma única fonte rabínica da época que fale da vida de um falso messias do primeiro século, dos acontecimentos envolvendo a crucificação e ressurreição de Jesus ou de qualquer pessoa que lembre o Jesus do cristianismo.

Não há locais históricos na Terra Santa que confirmem a historicidade de Jesus de Nazaré. Monges, padres e guias turísticos que levam peregrinos cristãos (aceitam-se doações) aos locais dos acontecimentos descritos na Bíblia dificilmente podem ser considerados pessoas isentas. Ainda citando Zindler, “Não há confirmação não tendenciosa desses locais.” Nazaré não é mencionada nem uma vez no Antigo Testamento. O Talmud cita 63 cidades da Galiléia, mas não Nazaré. Josephus menciona 45 cidades ou vilarejos da Galiléia, mas nem uma vez cita Nazaré. Josephus menciona Japha, que é um subúrbio da Nazaré de hoje. Lucas 4:28-30 diz que Nazaré tinha uma sinagoga e que a borda da colina sobre a qual ela tinha sido construída era alta o suficiente para que Jesus morresse se o tivessem realmente jogado lá de cima.

Contudo, a Nazaré de nossos dias ocupa o fundo de um vale e a parte de baixo de uma colina. Não há “topo de colina”. Além disso, não há nenhum vestígio de sinagogas do primeiro século. Orígenes (182-254 d.C.), que viveu em Cesaréia, a umas 30 milhas da atual Nazaré, também não fala em Nazaré. A primeira referência cidade surge em Eusébio, no século 4.

O melhor que podemos imaginar é que Nazaré só surgiu depois do século 2. Esta falta de evidência histórica parece ser a explicação para o fato de não haver nenhuma menção a Nazaré em nenhum registro, de nenhuma origem não cristã. Ou seja, Nazaré não existia no primeiro século.

Não há tempo nem espaço para se falar de outras cidades significativas citadas no Novo Testamento, mas as evidências históricas e arqueológicas quanto a Cafarnaum (mencionada 16 vezes no N.T.) e Betânia, ou o Calvário, são, assim como no caso de Nazaré, igualmente fracas e até mesmo desmentem as Escrituras.

Mentes críticas e objetivas se destacam por procurar confirmação imparcial dos supostos fatos. Quando a única evidência disponível de um acontecimento ou de seus resultados é, não apenas questionável e suspeita, mas também aquilo que os divulgadores do acontecimento ou resultado querem que você acredite, convém desconfiar.

O fato é que os escritores judeus não-cristãos, gregos e romanos das décadas que se seguiram suposta crucificação e ressurreição de Jesus nada dizem sobre ninguém chamado Jesus de Nazaré. Uma pessoa justa sempre estará disposta a analisar novas evidências, mas, 2 mil anos depois, o cristianismo continua tendo tantas evidências imparciais sobre Jesus quanto sobre o Mágico de Oz, Zeus ou qualquer um dos muitos deuses-redentores daquela época.


Referências
  • “The Jesus the Jews Never Knew” por Frank R. Zindler
  • Encyclopedia Britannica
  • “Deconstructing Jesus” por Robert Price, Ph.D.
  • Obras completas de Josephus, tradução de William Whiston, Ph.D.
  • “The Jesus Puzzle” por Earl Doherty
  • “The Jesus Mysteries” por Timothy Freke e Peter Gandy




Entre as mais destacadas personalidades que não mencionam Jesus, temos:

Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) — Um dos mais famosos autores romanos sobre ética, filosofia e moral e um cientista que registrou eclipses e terremotos. As cartas que teria trocado com Paulo se revelaram uma fraude, mais tarde.

Plínio, o velho (23 d.C. – 79 d.C.) — História natural. Escreveu 37 livros sobre eventos como terremotos, eclipses e tratamentos médicos.

Quintiliano (39 d.C. – 96 d.C.) — Escreveu “Instituio Oratio”, 12 livros sobre moral e virtude.

Epitectus (55 d.C. – 135 d.C.) — Ex-escravo que se tornou renomado moralista e filósofo e escreveu sobre a “irmandade dos homens” e a importância de se ajudarem os pobres e oprimidos.

Marcial (38 d.C. – 103 d.C.) — Escreveu poemas épicos sobre as loucuras humanas e as várias personalidades do império romano.

Juvenal (55 d.C. – 127 d.C.) — Um dos maiores poetas satíricos de Roma. Escreveu sobre injustiça e tragédia no governo romano.

Plutarco (46 d.C. – 119 d.C.) — Escritor grego que viajou de Roma a Alexandria. Escreveu “Moralia”, sobre moral e ética.



   * Veredicto através dos 20 séculos desta Era Comum :
   Estes escritores, que viveram ao tempo da suposta "vida de Jesus"
deixaram uma livraria extensa, Judaica e Pagã literatura, nas quais não há uma única menção de "Jesus" ou dos seus "apóstolos" e "discípulos".

   Eles são :

                Arrian
                Plutarco
                Apollonius
                Hermógenes
                Appian (Apião)
                Damis
                Aulus Gellius
                Apião da Alexandria
                Philo Judaeus
                Petronius
                Juvenal
                Quintilian
                Silius Italicus
                Phlegon
                Pausanias
                Dio Chrysostom
                Favorinus
                Seneca
                Dion Pruseus
                Martial
                Lucanus
                Statius
                Phaedrus
                Florus Lucius
                Columella
                Lysias
                Theon de Myrna
                Plinio o Velho
                Paterculus
                Persius
                Justus de Tiberius
                Epictetus
                Ptolemi
                Valerius Maximus
                Quintius Curtis
                Valerius Flaccus
                Pompius Mela

O que falta em vocês cristãos fundamentalista é simplesmente uma coisa chamada – honestidade intelectual.

domingo, 10 de março de 2013

DEUS NÃO É AMOR

As diferenças entre Jesus e Javé,
na leitura do crítico Harold Bloom 

Jerônimo Teixeira
  



A influência é o tema obsessivo de Harold Bloom. Desde A Angústia da Influência, de 1973, o crítico literário americano vem construindo uma elaborada teoria em que os embates titânicos entre um escritor em busca de originalidade e seus grandes antecessores constituem a mola mestra que impulsiona toda a literatura ocidental. 

Jesus e Javé – Os Nomes Divinos (tradução de José Roberto O'Shea; Objetiva; 276 páginas; 35,90 reais), que está chegando às livrarias brasileiras, pode ser lido como um exame da matriz de todos os casos de influência: a relação entre o Novo Testamento cristão e a Bíblia hebraica. Os teólogos cristãos diriam que, nesse caso, não existem angústia nem influência: o Novo Testamento é apenas a coroação natural do Antigo.

Grande parte de Jesus e Javé é dedicada a derrubar essa idéia, a partir de comparações entre os dois personagens do título. Embora a análise de Bloom se prenda à letra do texto bíblico, suas implicações ultrapassam o campo estrito da literatura – e até da religião. Com sua verve polêmica, o autor afronta um arraigado lugar-comum: o de que existe uma "tradição judaico-cristã". "Isso é um mito usado para fins políticos, e eu detesto intensamente a política", disse o crítico a VEJA. "Não existe nenhuma continuidade entre o judaísmo e o cristianismo." 

O cristianismo, afirma Bloom, reorganizou a Bíblia hebraica para transformá-la em uma espécie de preâmbulo da salvação cristã – o Antigo Testamento. Os profetas, por exemplo, foram deslocados do centro da Bíblia hebraica para o fim do Antigo Testamento, imediatamente antes dos Evangelhos – e essa mudança simples transformou-os em arautos da vinda de Jesus. Mas a junção dos dois Testamentos é, segundo o crítico, artificial. Escrito em grego, o Novo Testamento – e em especial as epístolas de São Paulo – tem dívidas com o pensamento helênico.

A idéia de um Deus Pai etéreo e espiritual, que se consolidou na tradição cristã, tem mais afinidade com a filosofia idealista de Platão do que com a imagem hebraica da divindade. Javé, o Deus hebraico, era um personagem muito humano. Seu poder é incomensurável, mas ele tem uma realidade corpórea muito palpável. Divide uma refeição com Abraão na tenda desse patriarca e se apresenta para Josué como um guerreiro de espada em punho.

Esse Deus caprichoso e violento não é o objeto de estudo da teologia, disciplina abstrata inventada pelos gregos. E tampouco é uma divindade amorosa como aquela que os cristãos cultuam: em certas passagens da Bíblia, a distância que ele mostra em relação ao seu povo escravizado por invasores estrangeiros justifica o apelido que o poeta inglês William Blake – um dos favoritos de Bloom – lhe deu: Nobodaddy, palavra composta que se traduziria mais ou menos como "pai de ninguém".

É claro que Jesus também tem uma personalidade muito humana, que em alguns pontos até pode ser aproximada de Javé – especialmente no Evangelho de São Marcos. O exame que Bloom faz desse livro revela um personagem muito diferente daquele consolidado pela fé: um profeta enigmático, que cultiva o silêncio. Jesus mostra muito pouco afeto por seus discípulos, que parecem escolhidos por sua incapacidade de entender o que o mestre prega – em um dos lances mais excêntricos e iconoclastas do livro, Bloom diz que o brutamontes Sylvester Stallone seria o ator ideal para interpretar o apóstolo Pedro no cinema.

A morte na cruz, porém, é o que separa definitivamente Javé e Jesus. O Deus temperamental da Bíblia hebraica jamais teria essa disposição para o sacrifício – ou, como diz Bloom, para o suicídio. Jesus e Javé, portanto, não são feitos da mesma substância, como prega a doutrina cristã. E o cristianismo ainda se afastaria da fé judaica ao instaurar o que seria de fato uma volta ao politeísmo: Deus Pai divide seu poder com o filho, o Espírito Santo – e até com a Virgem Maria. O judaísmo, portanto, estaria mais próximo do Islã, com sua crença unívoca em Alá, do que do cristianismo. "Mas é claro que ninguém hoje, seja muçulmano ou judeu, se sente disposto a falar em uma 'tradição judaico-islâmica'", diz Bloom.

A leitura de Jesus e Javé está destinada a incomodar os religiosos mais ortodoxos, sejam eles judeus ou cristãos. No entanto, Bloom não contesta uma só linha dos textos sagrados – apenas enfatiza certos aspectos que a fé normativa negligencia. Ele admira pensadores anti-religiosos como Nietzsche e Freud, mas não os segue até o fim na negação de qualquer idéia de divindade.

Bloom se define com um paradoxo: um judeu que não confia na Aliança firmada entre Deus e o seu povo. No epílogo do livro, ele se diz assombrado por pesadelos em que Javé aparece nas mais diversas formas, inclusive com a cara e o charuto de Freud. Javé e Jesus são figuras incontornáveis – respostas para uma sede de transcendência que nem mesmo a literatura de Shakespeare, tão amada por Bloom, parece suficiente para suprir.

Trecho de Jesus e Javé – Os Nomes Divinos, de Harold Bloom


PARTE I JESUS
Capítulo 1
Quem Foi Jesus e o que Ocorreu com Ele?


Não há fatos comprovados acerca de Jesus de Nazaré. Os poucos fatos que constam da obra de Flávio Josefo, fonte da qual todos os estudiosos dependem, são suspeitos, pois o historiador era José ben Matias, um dos líderes da Rebelião Judaica, que salvou a própria pele por ter bajulado os imperadores da Dinastia Flaviana: Vespasiano, Tito e Domício.

Depois que um indivíduo proclama Vespasiano como o Messias, ninguém deve mais acreditar no que tal pessoa escreve a respeito da sua própria gente. Josefo, mentiroso inveterado, assistiu, tranqüilamente, à captura de Jerusalém, à destruição do Templo e à matança dos habitantes.

Os especialistas afirmam que Josefo tinha pouco ou nada a ganhar com as informações fragmentadas acerca do galileu Josué (Yeshuá, em hebraico, Jesus, em grego), mas o historiador que traiu seu povo era tão sorrateiro que suas motivações (se é que as tinha) permanecem enigmáticas. Josefo esclarece que Jesus de Nazaré era filho de José e Maria (Míriam), e irmão de Jacó (Tiago), foi batizado por João, e depois passou a atrair pupilos, atuando como mestre sapiencial, sendo, finalmente, crucificado sob ordens do sátrapa romano, Pôncio Pilatos.

A leitura e reflexão sobre materiais aos quais tive acesso levam-me a duvidar que Jesus constasse da multidão de vítimas de Pilatos. O carismático rabino de Nazaré era perito em evasiva e equivocação, era também um hábil sobrevivente, desde a infância, quando os pais lhe disseram que, embora artesão, sua descendência o colocava em lugar de destaque na casa real de Davi, cuja prole carregava consigo a bênção insofismável de Javé.

Primogênito de pais davídicos, Jesus era candidato ao extermínio nas mãos dos seguidores de Herodes e outras autoridades romanas. Entre os judeus, nunca existira um Messias mais relutante e mais legítimo. A idéia de comandar uma guerra nacionalista contra os romanos e os brutamontes mercenários que lhes serviam contrariava, inteiramente, a natureza daquele gênio espiritual judaico, que, involuntariamente e, sem dúvida, infeliz por sê-lo, era o rei legítimo dos judeus.

Jesus não integrou a resistência, ao contrário do que, inicialmente, fez Josefo, embora viesse a abandonar os companheiros aguerridos, tais como Simão bar Giora e João de Gischala, líderes da Guerra Judaica contra Roma, salvando a pele, à custa da própria integridade e da estima dos judeus.

Tampouco dispomos de fatos comprovados sobre os ensinamentos de Jesus; sequer sabemos se ele teria nascido quatro anos antes do início da Era Comum, ou com que idade teria sido crucificado, levando em conta o registro cronológico de 33 anos.

Conforme reza a lenda, desconfio que fosse sábio o bastante para escapar da execução, e que tenha se dirigido ao norte helenizado da Índia, limite extremo das grandes conquistas de Alexandre, onde algumas tradições situam seu sepulcro.

Nesse particular, sigo a tradição gnóstica, simplesmente porque os ditos gnósticos de Jesus, no Evangelho de Tomé, parecem-me mais autênticos do que toda a gama de pronunciamentos atribuídos ao rabino de Nazaré nos Evangelhos Sinóticos e no mais-que-tardio Evangelho de João.

Não há uma sentença a respeito de Jesus, em todo o Novo Testamento, composta por alguém que tenha conhecido pessoalmente o relutante Rei dos Judeus, a menos que (suposição improvável) a Epístola de Tiago seja, com efeito, de autoria de Tiago, seu irmão, e não de um dos seguidores de Tiago, os ebionitas, ou "homens pobres", alguns dos quais sobreviveram ao holocausto de Jerusalém ao fugir para Pella, na Jordânia, obedecendo ao comando profético de Tiago.

Segundo os estudiosos, as epístolas de São Paulo datam de quarenta anos após a morte de Jesus, os Evangelhos têm datação fixada em cerca de uma geração posterior, e o sumamente helenístico (e quase gnóstico) Evangelho de João data de um século, ao menos, após o possível desaparecimento do mestre itinerante dos pobres e dos excluídos. Não há motivos razoáveis para se questionar o consenso dos especialistas, mesmo que outra pessoa não tenha sido crucificada no lugar de Jesus, conforme sugere, maliciosamente, a tradição gnóstica. Tiago, o Justo, líder dos judeu-cristãos de Jerusalém, na verdade poderia ter sido filho, ou até mesmo neto, de Jacó (Tiago), irmão do próprio Jesus.

Leitores de hoje em dia, quer cristãos, judeus ou muçulmanos, quer céticos ou fiéis, precisam voltar ao ponto de partida para decifrar a história secreta do pregador carismático que, agindo com sabedoria, declinou de se tornar Rei dos Judeus, mas que, ironicamente, talvez tenha sofrido como tal, nas mãos dos romanos.

Capítulo 2 As Buscas e os que Buscam Jesus

A menos que a pessoa atue como um profissional da busca de Jesus, cujo sustento, auto-respeito e saúde espiritual sejam uma questão de vocação, convém alterar quaisquer planos relativos à participação nesse estranho empreendimento. As advertências sensatas sobejam; uma das minhas favoritas é expressa pela sorrateira ironia expressa em um ensaio escrito por Jacob Neusner — homem imensamente erudito — e incluído em um livrinho contumaz por ele publicado sob o título Judaism in the Beginning of Christianity  (O judaísmo no início do cristianismo, 1984). No quarto capítulo, Neusner nos oferece "A Figura de Hillel: Contrapartida à Questão do Jesus Histórico". O admirável Hillel, contemporâneo de Jesus, foi um fariseu exemplar. Até mesmo uma obra honrosa, como o American Heritage College Dictionary (terceira edição, 1993), apresenta duas definições de "fariseu" absolutamente inúteis e inverídicas, e inaplicáveis a Hillel:

1. Membro de antiga seita judaica que enfatizava uma rígida interpretação e obediência à Lei de Moisés.

2. Pessoa hipócrita e moralista.

Não culpo os editores do mencionado dicionário. À exceção de Paulo e Marcos, o Novo Testamento difama, cruel e continuamente, os fariseus. No entanto, proponho que a primeira definição descarte a palavra "rígida" e a substitua por "santificante". Neusner demonstra que o grande Hillel, conquanto, sem dúvida, tenha existido, para todos os efeitos, é uma invenção de rabinos que viveram no século II da Era Comum (e mais tarde).

Hillel é o Jesus do judaísmo, de vez que Yeshuá de Nazaré, sem sombra de dúvida, existiu, mas, na prática, foi uma invenção do Novo Testamento. Recomendo o livro de Charlotte Allen, The Human Christ  (O Cristo humano, 1998), relato judicioso e inteligente (escrito por uma católica) da comédia humana que constitui "a busca do Jesus histórico". Ao aludir à "comédia humana" e a Balzac, não o faço por depreciação, apenas por lamentar que Balzac já não esteja conosco, para compor uma saga ficcional capaz de superar a pitoresca e infinda aventura retratada por Charlotte Allen e outros.

Temos um enxame de cristãos, de todas as denominações, judeus mais diversos, secularistas, romancistas (bons e ruins) e multidões que poderiam fazer parte de uma obra-prima de Balzac, se pudéssemos ressuscitar o mago da narrativa francesa, autor que eu, de todo o coração, aprecio mais do que Stendhal, Flaubert e Proust, ainda que a vivacidade de Stendhal, o talento artístico de Flaubert e a sabedoria de Proust superem Balzac.

A busca incessante do Jesus "verdadeiro", "histórico", não contaminado pelo dogma, é similar à minha incapacidade perpétua de apreender o protéico Vautrin, o mais vivaz personagem de Balzac, na interminável procissão de gênios que figuram na Comédia Humana. Vautrin é Balzac transformado em um homoerótico mestre do crime, conhecido como "Esquiva-Morte", tanto pela polícia quanto pelo submundo. Cada crítico/leitor vê o seu próprio Vautrin, e cada pesquisador que busca o Jesus "histórico", invariavelmente, descobre a si mesmo em Jesus. Como poderia ser diferente? Isso nada tem de deplorável, especialmente nos Estados Unidos, onde, ao longo dos últimos dois séculos, Jesus tem atuado como um protestante sem denominação específica.

 Se tal afirmação parece irônica, minha intenção é, exclusivamente, literal, e não desaprovo a nossa tendência natural de entabular conversas particulares com um Jesus nosso. Não penso que isso torne os norte-americanos mais amáveis ou generosos, mas, somente em casos extremos, os torna piores. A não ser pelo Hamlet shakespeariano, não me ocorre outra figura tão volátil quanto Jesus; ele, de fato, pode ser tudo, para todos os seres humanos.

Da minha parte, por motivos literários e espirituais, prefiro o Evangelho de Tomé a todo o Novo Testamento canônico, porque o referido Testamento apresenta-se repleto de um ódio mal informado contra os judeus, ainda que seja composto, quase na íntegra, por judeus que fogem de si mesmos, desesperados por agradar as autoridades romanas que os exploravam.

Leio, com admiração, a obra de estudiosos católicos, tais como padre Raymond Brown e padre John P. Meier, mas me pergunto por que não admitem o quão pouco é possível saber, de fato, acerca de Jesus. O Novo Testamento tem sido revirado por séculos de estudo minucioso, mas de todo esse trabalho não resulta o mínimo de informação que exigiríamos no caso de qualquer outra questão similar.

Ninguém sabe quem escreveu os quatro Evangelhos, e ninguém é capaz de precisar quando e onde foram compostos, tampouco que tipo de fontes lhes servem de base. Nenhum dos autores conheceu Jesus; sequer ouviram-no pregar. O historiador Robin Lane Fox defende a hipótese contrária, em favor do Evangelho de João, mas o argumento constitui uma das raras aberrações de Fox. Até mesmo Flávio Josefo, escritor brilhante e mentiroso inveterado, mostra-se muito mais interessado em João Batista do que em Jesus, objeto de não mais que um punhado de menções supérfluas.

Raramente, antigos profetas judaicos e supostos messias transformavam-se em anjos, e jamais no próprio Javé, motivo pelo qual Jesus Cristo (e não Jesus de Nazaré) é um Deus cristão, e não judaico.

A grande exceção é Enoque, que caminhava ao lado de Javé, e foi por ele alçado ao céu, sem ter de passar pelo incômodo da morte. Nas alturas, Enoque é Metatron, anjo tão excelso que chega a ser "o Javé Menor", com um trono só para si. Consta que o rabino Elisha ben Abuyah, o mais célebre dos antigos minim (gnósticos) judaicos, tenha ascendido, a fim de verificar que Metatron e Javé sentavam-se em tronos posicionados lado a lado. Ao retornar, o rabino gnóstico (conhecido pelos oponentes como Acher, "o Outro", ou "o Estranho") proclamou a heresia suprema: "Há dois Deuses no céu!"

No livro The Human Christ, Charlotte Allen nos faz lembrar, corretamente, que os Evangelhos estabelecem "Jesus Cristo acima da Torá". Uma vez que a Torá é Javé, a noção situa Cristo acima e além de Javé, o que vai de encontro à complexidade trinitária. Quem quer que tenha sido o Jesus histórico, certamente, teria rejeitado tamanha blasfêmia (conforme ele o faz no Alcorão). Parece um absurdo que Jesus, fiel apenas a Javé, assim como o foram Hillel e Akiba, tenha usurpado Deus. Contudo, Jesus não é o usurpador, tampouco o foi São Paulo (ao contrário do que pensavam Nietzsche e George Bernard Shaw). À semelhança do mentor, João Batista, Jesus é oriundo dos judeus, e veio para os judeus. O cristianismo se baseia na afirmação de que Jesus não foi recebido por sua própria gente, mas todas as evidências apresentadas pelo cristianismo são polêmicas, suspeitas e inadmissíveis em qualquer tribunal de justiça.

A indústria acadêmica não tem por hábito se dispersar, e sempre haverá buscas do Jesus verdadeiro. Por mais honrosas que sejam, aqui as dispenso. Até mesmo os melhores especialistas (penso, primeiramente, em E. P. Sanders e padre Meier) vêem-se forçados a aceitar como válidas determinadas passagens do Novo Testamento, em lugar de outras, e as explicações dos critérios adotados são sinuosas. Forçosamente, os resultados são confusos.

Desagrada-me a argumentação proposta por padre Meier em favor da historicidade de Judas Iscariotes, que, na minha visão e de outros — judeus ou gentios —, surge como uma ficção maléfica que tem contribuído para justificar o extermínio de judeus há dois mil anos. Sanders jamais me deprime, mas fico perplexo quando ele exalta o carisma singular de Jesus, baseando-se na lealdade dos discípulos. Não devemos esquecer a advertência do sociólogo Max Weber contra a "rotinização do carisma". Carismáticos existem em abundância, e Hitler magnetizou toda uma geração de alemães. É pífia a argumentação em prol da singularidade de Jesus como conseqüência de seu carisma.

No entanto, ao escrever este livro, que, absolutamente, não é para mim uma busca, surpreendi-me tanto com Jesus quanto com Javé. Embora eu nele não confie nem o ame, Javé não pode ser dispensado, pois, ausente ou presente, é indistinguível da realidade, seja esta ordinária ou um arremedo de transcendência.

Ao menos duas versões distintas de Jesus, que constam do quase gnóstico Evangelho de Tomé e do extraordinariamente críptico Evangelho de Marcos, parecem-me autênticas, embora amiúde sejam antitéticas. Javé é morte-nossa-morte e vida-nossa-vida, mas não sei quem foi ou é Jesus Nazareno.

Não o considero antitético nem comparável a Javé: os dois se encontram em sistemas cósmicos distintos. Javé nada tem de grego: Homero, Platão, Aristóteles, estóicos e epicuristas são, para ele, estranhos. Jesus, a exemplo do contemporâneo Hillel e de Akiba, este surgido um século mais tarde, emerge de um judaísmo helenizado, ainda que o grau de contaminação por elementos gregos seja questionado e questionável.

Javé é incognoscível, por mais que nos aprofundemos na Torá, no Talmude e na Cabala. Será Jesus — comparado ao Jesus Cristo da teologia — cognoscível? O Jesus norte-americano é conhecido intimamente, na qualidade de amigo e amparo, por dezenas de milhões de pessoas.

O Jesus norte-americano é por vezes mais orientado por Paulo do que pelos Evangelhos: os batistas moderados baseiam-se na Epístola dos Romanos; os pentecostais, que grassam por todos os Estados Unidos, na realidade, substituem Jesus pela crença cinética no Espírito Santo; os mórmons, a mais norte-americana e surpreendente das seitas, consideram o Livro do Mórmon, de Joseph Smith (ou do Anjo Moroni), o Outro Testamento de Jesus Cristo, mas, em Pérola de Grande Valor e Doutrina e Assembléias, dispõem de escrituras inusitadas, das quais a atual hierarquia da Igreja se esquiva.

Atualmente, considera-se que Joseph Smith tenha ascendido e se transformado em Enoque, e talvez no maior dos anjos, Metatron, ou Javé Menor, uma visão cabalística. Não conheço muito bem esses conceitos ora irradiados de Salt Lake City, mas Joseph Smith e Brigham Young acreditavam na doutrina de que Adão e Deus são, em última instância, a mesma pessoa. O humano e o divino se interpenetram na visão de Joseph Smith de maneira muito mais radical do que na insistência da Igreja Católica de que Cristo é, ao mesmo tempo, "homem verdadeiro" e "Deus verdadeiro". Porque fiéis norte-americanos (inclusive espíritos elevados, tais como Emerson e Whitman) acreditavam que o melhor e mais primordial de si mesmos não era natural, e sim divino, é possível, para muitos de nós, interagir livre e intensamente com Jesus. Talvez não seja esse o "Jesus histórico", objeto das buscas dos estudiosos, mas, a meu ver, está bem próximo ao "Jesus vivo" que fala no Evangelho de Tomé.

 Fonte
Revista Veja Edição 1944 .