sábado, 30 de julho de 2016

É CRISTO UM EXEMPLO PARA NÓS?






Ele nunca exclamou uma palavra pela educação. Ele nem sequer insinuou nada sobre ciência. Ele nunca defendeu a indústria, economia e fez qualquer esforço para melhorar nossas condições neste mundo. Ele era inimigo do bem sucedido e do rico. Dives foi mandado para o inferno, não porque fosse mau, mas porque era rico. Lázaro foi para o céu, não porque fosse bom, mas porque era pobre. (1)


Lázaro e Dives , iluminação do Codex Aureus de Echternach



Cristo nunca se importou com escultura, pintura, música - e nenhuma arte. Nunca disse nada sobre obrigações de nação a nação, nada sobre os direitos do homem; nada sobre liberdade intelectual ou liberdade de expressão. Não disse coisa alguma sobre a santidade do lar; nenhuma palavra sobre a lareira; nenhuma palavra em favor do casamento, em honra da maternidade. 

Ele nunca casou. Vagava sem lar de lugar em lugar com uns poucos discípulos. Nenhum parecia engajado em qualquer trabalho que fosse útil e pareciam viver de esmolas. 

Todas as ligações humanas eram vistas com desprezo; este mundo era sacrificado em favor de um próximo; todos os esforços humanos eram desencorajados. Deus ajudaria e protegeria. 

Por fim, no crepúsculo da vida, Cristo, reconhecendo que se enganara, e chorou: "Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonaste?" 

Temos consciência de que o homem depende se si mesmo. Ele deve preparar a terra; ele deve construir sua casa; ele deve arar e plantar; ele deve inventar; ele deve trabalhar com as mãos e mente; ele deve suplantar as dificuldades e obstáculos; ele deve conquistar e escravizar as forças da natureza de modo que ela faça o trabalho para o mundo.


Fonte



Ensaio de Robert Ingersoll



Tradução: Afonso M. C. Amorim 


Fonte: 
infidels.org/library/historical/robert_ingersoll/about_the_holy_bible.html




 (1) Jesus e o jovem rico é um episódio da vida de Jesus que trata da vida eterna. Ele pode ser encontrado nos três evangelhos sinópticos: Mateus 19:16-30, Marcos 10:17-31 e Lucas 18:18-30. É neste episódio que Jesus faz referência a «Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Pois mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus» (Lucas 18:24-25), uma frase que se tornaria uma de suas mais famosas expressões.

Narrativa Bíblica

No Evangelho de Mateus, um jovem rico pergunta a Jesus quais atos levariam à "vida eterna". Primeiro Jesus recomenda ao rapaz que obedeça aos mandamentos. Quando ele responde que já os observa, Jesus então acrescenta:

«Se queres ser perfeito, vai vender tudo o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois vem seguir-me.» (Mateus 19:21)

No Evangelho de Lucas, a reação foi uma das frases mais conhecidas de Jesus:

«Jesus, olhando-o, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Pois mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.» (Lucas 18:18-30)


NOTA

Parábola do Rico e Lázaro


A "Parábola do Rico e Lázaro" é uma das mais conhecidas parábolas de Jesus e aparece somente em Lucas (Lucas 16:19-31). Ela conta sobre a relação, na vida e na morte, de um rico não nomeado e um pobre mendigo chamado Lázaro. Algumas tradições chamam o rico de "Dives", um engano, pois esta palavra é um termo latino para designar "homem rico" na Vulgata. Ele já foi chamado também de Neuēs (Nínive) e Fineas nos séculos III e IV. 

Os discípulos então perguntam a Jesus quem poderá ser salvo, ao que Ele responde: "O que é impossível aos homens, é possível a Deus."



sexta-feira, 29 de julho de 2016

A FILOSOFIA DE CRISTO










Milhões asseguram que a filosofia de Cristo é perfeita - que ele foi o mais sábio que já pregou. 

Vejamos: 

Não resistas ao mal. Se atingido numa face, oferece a outra. 

Há alguma sabedoria, alguma filosofia nisto? Cristo tira da bondade, da virtude, da verdade, o direito à autodefesa. Vício se torna dono do mundo, e o bom se torna vítima do infame. 

Nenhum homem tem direito à autodefesa, defender sua propriedade, sua esposa e crianças. governar se torna impossível e o mundo está à mercê dos criminosos. Há algo mais absurdo que isto? 

Ama teus inimigos. 

É possível isto? Será que qualquer ser humano já amou seu inimigo? Será que Cristo amou os seus quando ele os denunciou como hipócritas e víboras? 

Não podemos amar aqueles que nos odeiam. Ódio no coração dos outros não semeia amor nos nossos. Não resistir à maldade é absurdo; amar nossos inimigos é impossível. 

Não te preocupes com o sofrimento. 

A idéia é de que Deus tomaria conta de nós como ele tomava conta de pardais e lírios. Será que há um menor sentido nesta crença? 

Será que Deus cuida de alguém? 

Podemos viver sem nos preocupar com o sofrimento? Arar, semear, cultivar, colher, é se preocupar com o sofrimento. Nós planejamos e trabalhamos para o futuro de nossas crianças, para as gerações que estão por vir. Sem essas preocupações não haveria nenhum progresso, nenhuma civilização. O mundo retornaria às cavernas e às masmorras da selvageria. 

Se teu olho direito te ofende, tira-o fora. Se tua mão direita te ofende, corta-a fora. 

Por que? Por que é melhor que uma parte do corpo pereça a permitir que o corpo inteiro seja mandado para o inferno. 

Existe alguma sabedoria em aconselhar a retirar um olho ou amputar sua mão? É possível extrair desses ensinamentos esdrúxulos o menor grão de bom senso? 

Não jurais; nem pelos céus, porque este é o trono de Deus; nem pela terra, porque esta é o seu apoio; nem por Jerusalém, porque esta é a sua cidade sagrada.

 Aqui achamos a astronomia e a geologia de Cristo. O céu é o trono de Deus, o monarca; a terra é o seu apoio. um apoio que gira na velocidade de milhares de milhas por hora, e viaja pelo espaço a uma velocidade de mais de mil milhas por minuto! 

 Onde os Cristãos pensavam que o céu ficava? Por que seria Jerusalém uma cidade santa? Seria pelo fato de que seus habitantes eram ignorantes, rudes e supersticiosos? 

Se algum homem te atingir com a lei e tomar tua roupa, dá-lhe teu manto também. 

Há qualquer ensinamento, qualquer filosofia, qualquer bom senso nesta ordem? Não seria tão sensível quanto dizer: "Se um homem obtém um processo contra ti de cem dólares, dá a ele duzentos."? 

Só um louco seguiria este conselho. 

Não penses que vim trazer a paz para a terra. Não vim para trazer a paz, mas uma espada. Porque eu vim para colocar um homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe. 

Se isto é verdade, como o mundo seria melhor se ele ficasse fora. 

É possível que aquele que disse "Não resistas a ofensas", veio trazendo uma espada? aquele que disse "Ama teus inimigos" veio para destruir a paz no mundo? 

Colocar pai contra filho, e filha contra mãe -- que gloriosa missão! 

Ele trouxe uma espada e ela foi molhada por milhares de anos com sangue de inocentes. Em milhares de corações ele semeou a semente do ódio e vingança. Ele dividiu nações e famílias, apagou a luz da razão, petrificou os corações dos homens. 

E cada um que tenha abandonado sua casa, seus amigos, suas irmãs, ou pai, ou mãe, ou esposa, ou filhos, ou países, em meu nome, receberá cem vezes, e herdará a vida eterna. 

De acordo com os escritos de Mateus, Cristo, o compadecido, o piedoso, exclamou estas terríveis palavras. Seria possível que Cristo tivesse subornado com a vida eterna de alegrias aqueles que abandonassem seus pais, mães, esposas e filhos? Estaríamos nós para receber a felicidade eterna desertando aqueles que nos amam? Deveríamos arruinar um lar aqui para construir uma mansão lá?

 E no entanto, é dito que Cristo é um exemplo para o mundo. Teria ele desertado seu pai e mãe? Ele disse, referindo-se à sua mãe: "Mulher, o que tenho a ver contigo?" 

 Os fariseus disseram a Cristo: "É legal pagar tributo a César?" 

Cristo disse: "Mostra-me a moeda do tributo. Eles trouxeram para ele uma moeda. E eles disseram: É de César. E Cristo disse: Dá a César o que é de César". 

Será que Cristo pensou que a moeda era de César apenas porque possuía sua imagem estampada sobre ela? Pertenceria a moeda a César ou ao homem que a ganhara? Teria César o direito de requisitá-la só porque nela estava estampada a sua imagem? 

Não nos parece que por esta conversa que Cristo não entendia a real utilização e natureza do dinheiro? 

Podemos ainda afirmar que Cristo tenha sido o maior dos filósofos?



Fonte



Ensaio de Robert Ingersoll



Tradução: Afonso M. C. Amorim 

Fonte: 
infidels.org/library/historical/robert_ingersoll/about_the_holy_bible.html