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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O VELHO TESTAMENTO - UM SAPO CABELUDO QUE OS CRISTÃOS TEM QUE ENGOLIR.




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Poderia algum estudioso do Cristianismo explicar o Gênesis?

Sabemos que não é verdadeiro. Ele se contradiz por si só. Há duas citações da criação, no primeiro e segundo capítulos. Na primeira versão, pássaros e bestas tinham sido criados antes do homem.

Na Segunda, o homem foi criado antes das bestas e pássaros.

Na primeira, aves foram feitas da água.

Na Segunda, aves fora criadas da terra.

Na primeira, Adão e Eva foram criados juntos.

Na Segunda, Adão foi feito; depois as bestas e pássaros; e então, Eva é criada de uma das costelas de Adão.

Essas histórias são muito mais antigas que o Pentateuco.

Segundo os persas: Deus criou o mundo em seis dias, um homem chamado Adama, uma mulher chamada Eva, e então descansou.
 
Os etruscos, gregos, egípcios, chineses e hindus tiveram seu Jardim do Éden e a árvore da vida. Então os persas, babilônicos, nubianos, os povos do sul da Índia, todos tinham sua história da tentação do homem e da serpente astuta.

Os chineses acreditavam que o mal caiu sobre a terra por desobediência de uma mulher. E até os habitantes do Taiti acreditavam que o primeiro homem fora criado da terra, e a primeira mulher, dos seus ossos.

Todas estas histórias são igualmente importantes para o mundo, e todos os deuses, igualmente inspirados.

Sabemos também que a história do dilúvio é muito mais antiga que o livro do Gênesis e sabemos além disso que ela não é verdadeira.

Sabemos que esta história do Gênesis fora copiada dos caldeus. Aí encontra-se tudo sobre a chuva, a arca, os animais, a pomba que fora enviada três vezes, e a montanha na qual a arca descansou.
 
Então os chineses, persas, hindus, gregos, mexicanos e escandinavos tinham substancialmente a mesma história.

Sabemos hoje que o conto da Torre de Babel não passa de uma fábula infantil e ignorante.


O que restaria então deste inspirado livro do Gêneses? Há uma palavra sequer para desenvolver a mente e o coração? Há qualquer pensamento elevado - qualquer grande princípio - alguma coisa de poético - qualquer palavra que se abra num florescer?

Há algo além de tristes relatos detalhados de fatos que jamais aconteceram?

Há alguma coisa no Êxodo calculado para tornar o homem mais nobre, generoso e gentil?
 
Seria bom ensinar as crianças que Deus torturou o gado inocente dos egípcios - levou-os à morte por pedradas - para pagar os erros do faraó?

Tornaria-nos mais piedosos a crença de que Deus matou os primogênitos dos egípcios - os primogênitos de um povo pobre e sofrido - das pobres meninas trabalhando nos moinhos - por causa da maldade de um rei?

Podemos crer que os deuses dos egípcios operavam milagres? Poderiam eles transformar água em sangue e bastões em serpentes?
 
No Êxodo não há uma só linha que seja de valor ou pensamento original.
 
Sabemos, se é que sabemos algo, que este livro foi escrito por selvagens - selvagens que acreditavam em escravidão, poligamia e guerras de extermínio. Sabemos que a história contada é impossível, e que os fatos não aconteceram. Este livro admite que há outros deuses além de Jeová.

No 17º capítulo há este verso: "Agora sabemos que Nosso Senhor é maior que todos os deuses, pois, nas coisas em que atuou orgulhosamente ele estava acima de todos eles."

Então, neste livro abençoado, ensina-se a obrigação do sacrifício humano - o sacrifício de bebês.
 
No 22º capítulo há este comando: "Não demorarás a oferecer as primeiras das tuas frutas maduras e seus sucos: o primogênito dos teus filhos será dado a mim."

Seria o Êxodo um auxílio ou um obstáculo para a espécie humana?

Tire do Êxodo as leis comuns a todas as nações e, será que restou alguma coisa de valor?

Haverá algo de importância no Levítico? Há algum capítulo que valha a pena ler? Que interesse há para nós as vestes dos padres, as cortinas e castiçais do Tabernáculo, as pinças e pás do altar, e o óleo usados pelos levitas?

Para que serve o código cruel, a punição assustadora, as maldições, as falsidades e os milagres deste livro ignorante e infame?
 
E o que há no livro dos Números - com seus sacrifícios, e água de ciúmes, sua flores e fina farinha, seus óleos e candelabros, suas cebolas e manás - para instruir a humanidade? Que interesse teríamos nós na rebelião do corá, a água da separação, as cinzas da novilha vermelha, a serpente em brasa, a água que sobe e desce montanha, seguindo o povo durante quarenta anos, do jumento inspirado do profeta Balaam? Teriam esses absurdos e crueldades - esta superstição selvagem e infantil - ajudado a civilizar a humanidade?

Há alguma coisa em Josué - com suas guerras, assassinatos e massacres, com suas espadas pingando com o sangue de mulheres e crianças, com suas mutilações, suas fraudes e sua fúria, seu ódio e vingança - contribuído para melhorar o mundo?
 
Não chocará cada capítulo, o coração de um homem bom? Será este um bom livro para crianças lerem?

O livro de Josué é tão impiedoso como a fome, tão feroz como o coração de uma besta selvagem. É uma história, uma justificação, uma santificação para todo o tempo.

O livro dos Juizes é sobre o mesmo assunto, nada mais que guerra e derramamento de sangue; a história horrível de Jael e Sisera; de Gideão e seus trombetas e cântaros; de Jefta e suas filhas, que ele matou para agradar a Jeová.

Aqui encontramos a história de sansão, no qual um deus-sol é transformado em gigante.

Leia este livro de Josué - leia sobre o trucidamento de mulheres, viúvas, mães e bebês - leia seus milagres impossíveis, seus crimes sem compaixão e todos praticados de acordo com as ordens de Jeová, e diga se este livro foi feito para nos fazer piedosos, generosos e ternos.

Admito que a história de Rute é, sob alguns aspectos, uma história bela e tocante; que é contada com naturalidade, e que seu amor por Naomi era profundo e puro. Mas em matéria de namoro, dificilmente aconselharíamos nossas filhas a seguir o exemplo de Rute. Lembramos ainda que Rute era uma viúva.

Há algo que valha a pena ser lido no primeiro e segundo livros de Samuel? Seria possível a um profeta de Deus despedaçar um rei cativo? Seria a história da arca, sua captura e recuperação, de importância para nós? Seria justo e misericordioso matar cinqüenta mil homens apenas por terem olhado para uma caixa? Para que nos interessam as guerras de Saul e Davi, a história de Golias e a feiticeira de Endora?

Por que Jeová teria assassinado Uzzah por ter colocado sua mão para segurar a arca? E perdoado David por ter assassinado Urias e roubado sua esposa?
 
De acordo com "Samuel", Davi fez um censo do povo. Isto gerou a ira de Jeová, e como punição ele permitiu que Davi escolhesse entre sete anos de fome, uma viagem de três meses perseguindo inimigos ou três dias de pestes. Davi, tendo confiança em Deus, escolheu três dias de pestes; e então, Deus, o piedoso, para vingar os erros de Davi, matou setenta mil homens inocentes.
 
Diante das mesmas circunstâncias, o que o diabo teria feito?

Há alguma coisa entre o primeiro e segundo livros dos reis que sugira a idéia de inspiração?
 
Quando Davi está morrendo ele diz a seu filho Salomão para matar Joab - que não deixasse sua cabeça suja ir para o túmulo em paz. Com seu último suspiro, ele mandou seu filho trazer a cabeça de Shimei para o túmulo com sangue. Tendo expressado essas palavras ternas, o bom Davi, o homem do coração de Deus, foi dormir com seus pais.

Que necessidade teriam homens inspirados de contar a história da construção do templo, a história da visita da rainha de Sabá, ou contar o número das viúvas de Salomão?

Que temos a ver com a atrofia da mão de Jeroboão, a profecia de Jehu, a história de Elias e o corvo?

Podemos creditar que Elias trouxe faíscas do céu, ou que ele viajou para o paraíso numa carruagem de fogo?

Podemos crer na multiplicação do óleo da viúva por Elisha, que um exército foi atacado por cegueira, ou que um machado flutuou na água?
 
Tornaria-nos mais civilizados ler sobre a decapitação dos setenta filhos de Ahab, o arrancamento dos olhos de Zedequias e o assassinato de seus filhos? Há qualquer palavra nesse livro destinada a tornar o homem melhor?

A primeira e Segunda crônicas é a repetição do que foi dito no primeiro e segundo dos reis. As mesmas velhas histórias - um pouca acrescentado, um pouco resumido, mas nada de melhor ou pior.

O livro de Ezra é de nenhuma importância. Conta-nos que Ciro, o rei da Pérsia, proclamou a construção de um templo em Jerusalém e declarou ser Jeová o real e único Deus.

Nada podia ser mais absurdo. Ezra nos conta sobre o retorno do cativeiro, a construção do templo, a dedicação, umas poucas orações, e isto é tudo. Este livro não tem qualquer importância. Nenhuma utilidade.
 
Nehemias é o mesmo. Conta a história da construção da muralha, as queixas do povo com os impostos, a lista daqueles que voltaram da Babilônia, um catálogo daqueles que moravam em Jerusalém, e a dedicação às muralhas.

Nenhuma palavra de Nehemias vale a pena ser lida.

Então vem o livro de Ester; nele é dito a nós que o rei Assuero fora intoxicado; que ele mandara que a sua esposa Vasti, apresentá-la a ele e seus hóspedes. Vasti recusou-se a aparecer.
 
Isto enfureceu o rei, e ele ordenou que de cada província fosse trazida a mais bela moça para ele para que ele escolhesse uma para o lugar de Vasti.
 
Entre algumas, foi trazida Ester, uma judia. Ela foi escolhida e se tornou a esposa do rei. Então, um cavalheiro de nome Haman quis que todos os judeus fossem mortos, e o rei, desconhecendo que Ester fosse dessa raça, assinou um decreto para que os judeus fossem mortos.

Através da interferência de Mordecai e Ester, o decreto foi anulado e os judeus foram salvos.

Haman preparou uma forca para que Mordecai fosse enforcado, mas a boa Ester agiu para que Haman e seus dez filhos fossem enforcados na forca que Haman tinha construído, e os judeus foram autorizados a assassinar mais de setenta e cinco mil súditos do rei.
 
Esta é a história inspirada de Ester.

No livro de Jó nos encontramos alguns sentimentos elevados, alguns sentimentos sublimes e tolos, algumas das maravilhas e belezas da natureza, as alegrias e tristezas da vida; mas a história é infame.

Alguns dos Salmos são bons, muitos são indiferentes, uns poucos são infames. No meio deles há uma mistura de vícios e virtudes. Há versos que elevam e versos que degradam. Há orações de perdão e de vinganças. Na literatura humana nada há de mais cruel e infame que o 109o salmo.
 
Nos Provérbios há muita sagacidade, muita piedade, e máximas prudentes, muitos ditados sábios. As mesmas idéias são expressas de diferentes formas - a sabedoria da economia e do silêncio, o perigo da vaidade e da preguiça. Alguns são triviais, outros tolos, e muitos sábios. Esses provérbios não são generosos - nem altruístas. Provérbios do mesmo tipo são conhecidos em todas as nações.

Eclesiastes é o mais profundo dos livros da Bíblia. Foi escrito por um não crente - um filósofo - um agnóstico. Tire os trechos acrescentados e ele fica semelhante aos pensamentos do século dezenove. Neste livro estão as passagens mais poéticas e filosóficas da Bíblia.
 
Após atravessar um deserto de crimes e morte, depois de ler o Pentateuco, Josué, Juízos, Samuel, Reis e Crônicas - é deleitoso atingir este bosque de poesia chamado "Os filhos de Salomão". Um drama de amor - de amor humano; um poema sem Jeová - um poema nascido do coração e verdadeiro para os instintos divinos da alma.

"Eu durmo, mas minha alma está desperta."

Isaías é o trabalho de muitos. Seu palavrório, seu imaginário vago, suas profecias e maldições, seus bramidos contra reis e nações, suas gargalhadas da sabedoria humana, seu ódio à alegria, nada tem que melhore o bem estar do homem.

Neste livro relatam-se os mais absurdos dos milagres. A sombra do relógio desceu dez graus para informar a Ezequias que Jeová havia adicionado quinze anos à sua vida.

Neste milagre, o mundo, girando do leste para o oeste na velocidade de mais de mil milhas por hora, é não só parado, mas ele gira na direção contrária de modo que a sombra do relógio de sol retorna dez graus! Há neste mundo algum homem, ou uma mulher inteligente que acredite nesta falsidade absurda?
 
Jeremias não contém nada de importância - nenhum fato de valor; nada além de falsidades, lamentações, grasnados, gemidos, maldições e promessas; nada além de fome de oração, prosperidade dos maus, a ruína dos judeus, do cativeiro e retorno, e enfim, Jeremias, o traidor no tronco e na prisão.
 
E Lamentações é simplesmente a continuação dos delírios do mesmo pessimismo insano; nada além de pó e trapos e cinzas, lágrimas e gemidos, delírios e ofensas.
 
E Ezequiel - o manuscrito carcomido, profetizando vitórias e derrotas, com visões de carvão em brasa, e querubins, e rodas com olhos, e a figura do caldeirão fervendo, a ressurreição de ossos secos - é de nenhum valor.

Como Voltaire, digo que qualquer um que admire Ezequias deveria ser compelido a jantar com ele.
 
Daniel é um sonho distorcido - um pesadelo.


O que pode ser feito deste livro, com cabeças de ouro, com peito e braços de prata, com barriga e coxas de brasa, com pernas de aço, com pés de aço e argila; com suas inscrições nos muros, seus covis de leões, com sua visão de cordeiro e bode?

Há algo que possa ser aprendido de Oséas e sua esposa? Há alguma utilidade em Joel, Amós e Abadia? Podemos ter algum benefício em Jonas e sua cabaça? É possível que Deus seja o verdadeiro autor de Mica e Naum, de Habakkuk e Zefanias, de Hagai e Malaquias, e Zacarias, com seus cavalos vermelhos, seus quatro chifres, seus quatro carpinteiros, suas rodas voadoras, suas montanhas de brasa, e a pedra com quatro olhos?
 

Há qualquer coisa neste livro que seja de algum benefício para o homem?
 
Teria ele ensinado a nós a cultivar o mundo, construir casas, tecer roupas, preparar alimento?

Teria ele ensinado a nós pintar quadros, fazer esculturas, construir pontes, navios, ou qualquer coisa de bonito e útil? Conseguimos nossas idéias de governo, de liberdade de idéias, liberdade de pensamento, do Velho Testamento?

Conseguimos tirar de qualquer destes livro um fiapo que seja de ciência? Haveria nestes "Livros Sagrados" uma linha, uma palavra que melhorasse a saúde, a inteligência e a felicidade da Humanidade?

Há alguma uma coisa no Velho Testamento tão prazeroso de ler como "Robinson Crusoe", "As viagens de Gulliver", "Peter Willkins e sua esposa voadora"?
 
Saberia o autor do Gênesis mais sobre a natureza que Humboldt, ou Darwin, ou Haeckel? O que é conhecido como o Código Mosaico seria tão sábio e piedoso como o código de nações civilizadas?

Eram os escritores das Crônicas e Reis tão bons historiadores, tão bons escritores como Gibbon ou Drapper? Pode-se comparar Jeremias e Habakkuk com Dickens ou Thackeray?

Podem ser os autores dos salmos e Jó ser comparados a Shakespeare? Por que deveríamos atribuir o melhor ao homem e o pior a Deus?

Ensaio de Robert Ingersoll