Mostrando postagens com marcador Jean Cauvin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jean Cauvin. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 31 de maio de 2013

JEAN CAUVIN ( JOÃO CALVINO )




JEAN CAUVIN, VULGO CALVINO



João Calvino (Jean Cauvin.) foi um teólogo cristão francês, que apostatou a fé católica por volta de 1532.


A REFORMA CALVINISTA - CENÁRIO: A SUÍÇA DO SÉCULO XVI:

O grande pólo de onde o calvinismo foi irradiado para o restante da Europa foi a Suíça, dividida em províncias denominadas de cantões, aonde uma burguesia próspera vinha se desenvolvendo. Antes mesmo da chegada de Calvino um movimento reformista já se desenhava na região, liderados por UIrich Zwglio os primeiros protestantes suíços acreditavam em João Calvino, um francês, oriundo de uma família burguesa que se dedicava aos estudos jurídicos e ao pensamento humanista.


O calvinismo não encontrou em solo francês um ambiente apropriado para a sua propagação (os reis eram  católicos fervorosos e defensores da igreja de Roma. Somente mais tarde  o movimento huguenotes inspirado na pregação de Calvino se tornaria  uma das mais importantes facções religiosas do reino), assim sendo o  reformador acabou migrando para a Suíça, onde a pregação de Zwiglio e  o anseio da burguesia por novas idéias criavam um terreno apropriado  para a difusão do protestantismo. 

Como já foi dito no parágrafo acima, Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este cristão facínora de maus sentimentos começou a ser visto, gradualmente, como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre".

Vítima das perseguições aos protestantes na França, fugiu para Genebra em 1536, de perseguido, passou a perseguidor, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo Europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça.

"Após tomar conhecimento da verdadeira fé e de lhe ter tomado o gosto, apossou-se de mim um tal zelo e vontade de avançar mais profundamente, de tal modo que apesar de eu não ter prescindido dos outros estudos, passei a ocupar-me menos com eles. Fiquei estupefato, quando antes mesmo do fim do ano, todos aqueles que desejavam conhecer a verdadeira fé me procuravam e queriam aprender comigo - eu, que ainda estava apenas no início! Pela minha parte, por natureza algo tímido, sempre preferi o sossego e permanecer discreto, de modo que comecei a procurar um pequeno refúgio que me permitisse recolher dos Homens. Mas, pelo contrário, todos os meus refúgios se tornavam em escolas públicas. Em resumo, apesar de eu sempre ter pretendido viver incógnito, Deus guiou-me por tais caminhos, onde não encontrei sossego, até que ele me puxou para a luz forte, contrariando o meu caráter, e como se costuma dizer, me colocou em jogo. E, na verdade, deixei a França e dirigi-me para a Alemanha para que ali pudesse viver em local desconhecido, incógnito, como sempre tinha desejado."

A Igreja Calvinista ao lado da doutrina “Sola Fides” (justificação apenas pela fé) e da doutrina “Sola Scriptura”, (somente as Escrituras) sobre a qual o protestantismo está edificado tem o sentido de que apenas a Bíblia basta, desprezado a tradição  legada pelo magistério da Igreja Mãe (Igreja Católica Apostólica ROMANA). Para os calvinistas, vale o que está escrito na Bíblia, uma vez que não se pode mudar a palavra de Deus.

O que Calvino queria demonstrar pela “Sola Scriptura” é que a Bíblia, e apenas ela, é a única autoridade infalível para a fé de uma pessoa. Qualquer coisa só pode ser aceita se estiver prevista na Bíblia; o que não estiver lá, não pode ser aceito como verdadeiro e, também, não pode ser tido como obrigatório. Qualquer coisa que não é encontrada na Bíblia é rotulada como "tradição" e é totalmente rejeitada, como se lê aparentemente - em Mateus 15.

A estrutura da Igreja Calvinista compunha-se basicamente de duas comissões: a “Venerável Companhia” e o “Consistório”, composto de pregadores e 12 senadores leigos que tinham a tarefa de zelar pela disciplina, a semelhança da Inquisição Medieval, sendo esta mais agressiva em seus julgamentos. Esta comissão visitava as casas e servia-se de denuncia e espionagem paga, os réus gravemente culpados se persistissem no erro eram entregue ao tribunal. Este proferiu de 1541 a 1546 58 sentenças de mortes, a tortura era aplicada com freqüência. Enquanto a “Venerável Companhia” se encarregava de propagar os ensinamentos de Calvino.

O Consistório, instituição equivalente ao Tribunal Inquisitorial do Santo Ofício, da Igreja Católica perseguiu os humanistas, que eram pessoas livres de qualquer peia moral com o total apoio de Lutero, que juntos faziam pressão à Igreja de Roma.

A doutrina de Calvino no seu aspecto religioso inquisitorial era mais radical que os Luteranos, Anabatistas e Católicos. Enquanto Lutero pregava que Jesus é amor e a misericórdia, para Calvino era juiz supremo, sem apelo. A misericórdia divina da doutrina luterana foi substituída pela “lei” de Calvino. São as regras ditadas pela autoridade de Calvino que seus seguidores tem que acomodar-se para continuar vivos. Calvino não hesita em dizer que os eleitos são a minoria e os maus, os perversos a maioria, talvez todo iluminado pelo Divino Espírito Santo e pela leitura bíblica que diz ser o caminho estreito o da salvação e o largo o caminho que leva a danação eterna.

Provavelmente, a interpretação dos versículos 19 e 20, da Primeira Epístola aos Coríntios, por Calvino o levou a cumprir a risca a “palavra de Deus” . Começou a perseguição dos mais sábios, os mais inteligentes, tornando-se o inimigo número um da ciência, da arte e da literatura. O terror fez calar os sábios pela crueldade das punições a que eram submetidos os que não rezavam pelo mesmo credo. O médico Jerônimo Bolsec, parisiense tecendo comentários críticos sobre a doutrina da predestinação, foi exilado em 1551. O médico Miguel Servet não teve igual sorte. Simpatizante dos Anabatistas e contestando o dogma da Santíssima Trindade, foi condenado a morte por Calvino. Genebra foi transformada em uma oligarquia religiosa, o povo foi proibido de dançar, jogar, ir ao teatro enquanto a população mediante o sentimento de grande inquietação e ainda diante de um perigo real e iminente, assistiu impotente nada mais do que 58 execuções apenas nos primeiros 4 anos, segundo o historiador Preserved Smith historiador da Reforma Protestante.

Em 1559 a pena de morte foi estabelecida por Calvino em Genebra aos hereges, aos adúlteros, no ano seguinte a pena capital foi estendida aos católicos e uma terrível perseguição a feitiçaria. Na Escócia o catolicismo foi abolido por lei e os padres que não aderiram ao novo mandamento legal foram condenados à morte. Católicos que insistiam em permanecer na sua fé, foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros foram arrasados, saqueados e transformados em templos calvinistas. Tribunais religiosos foram criados para condenar católicos clandestinos. ( Westminster Review, Tomo LIV, p. 453 )

O tratamento injusto e cruel aos católicos, levou o protestante Teodoro Bessa, em 1554, a pedir o uso da força pública contra os católicos. Essa perseguição na Inglaterra e na Irlanda, foi denominada pela mais escancarada intolerância religiosa. Através de leis, foi instituído o enforcamento a quem divulgasse a fé católica e a pena de isolamento perpétuo a todos os sacerdotes, sendo ainda condenado a forca e esquartejado logo em seguida, quem violasse o isolamento. Foi criado também o confisco de terras adquiridas por católicos.

Mediante tamanha intolerância, os camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o catolicismo. Foram trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. Ao fim da guerra, as melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses protestantes e os católicos forçados à migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000 de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra criou uma rivalidade entre ingleses protestantes e irlandeses católicos.


Em 1555 o consistório de Genebra recebe do conselho da cidade o direito de excomungar. Durante dez anos Calvino reina como senhor supremo, sendo que para ele, há uma necessidade da igreja pregar a palavra de Deus.


A LIGAÇÃO COM A BURGUESIA.

O vínculo histórico entre o desenvolvimento de uma mentalidade capitalista e o ideário calvinista foi popularizado na academia  pela obra do sociólogo alemão Max Weber. “A Ética Protestante e o  Espirito do Capitalismo”, apesar de algumas polêmicas com os marxistas. Nas regiões onde o calvinismo e suas variações foram difundidos a burguesia prosperou, tal construção seria embasada por alguns aspectos da doutrina de Calvino.

A) A VALORIZAÇÃO DO TRABALHO:

A imagem que as sociedades do mundo antigo clássico e da medievalidade construíram sobre o trabalho, especialmente os manuais, foi em geral a mais depreciativa possível. A luta seria reservada as camadas menos abastadas e o ócio era valorizado pelas elites, este pensamento foi duramente criticado por Calvino que  apresentava o trabalho como a virtude humana mais apreciada por Deus, o apego a esta atividade era a redenção de todos os pecados.

Procuremos lembrar que grande parte dos burgueses do século XVI eram mercadores e portando trabalhavam dia-a dia, ao contrário dos nobres e cléricos católicos denunciados como ociosos pelos seus antagonistas.


B) A SALVAÇÃO SEGUNDO CALVINO:

O calvinismo colaborou para a expansão da tese da predestinação ao defender que a salvação poderia ser confirmada por alguns indícios como, por exemplo”, a vida regrada sem a ostentação das riquezas adquiridas (observe que a opulência era uma das características mais valorizadas pelo clero católico e pelos nobres, no quadro ao lodo podemos ver os trajes discretos de protestantes calvinistas):

O sucesso econômico seria fruto do consentimento divino. Convém ressaltar que a relação entre protestantismo e capitalismo não deve ser conduzida como uma relação de causa e efeito, não significa de modo algum que sem o primeiro o segundo não teria se consolidado, mas sim que o estímulo ao trabalho, ao enriquecimento e aos lucros criaria um ambiente adequado para a construção de uma nova sociedade.


 A Inglaterra protestante com os seus Puritanos e os Estados Unidos com as inúmeras variações desta doutrina seriam os maiores exemplos de países calvinistas prósperos.
 

BÍBLIA
TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA

1Co 1:19 – Porque está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes.

1Co 1:20 -    Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?