MUITÍSSIMO IMPORTANTE -
Não encare nada aqui como mentira ou verdade, risque o verbo "acreditar" do seu vocabulário. Substitua ele por "comprovar" e por "experimentar".
Não acredite, a priori, em nada aqui escrito. Apenas use como uma orientação para que você possa comprovar, por si só, se é verdadeiro ou falso.
Hoje encontrei Rosa minha companheira de dança muito triste, mais pra lá
do que pra cá. Há pouco tempo Rosa vivia maritalmente com um mancebo, a relação
entre o casal era marcada por brigas que terminava em vias de fato. No entanto
hoje, a saudade lhe atormenta.
Foi catimbó que fizeram para separar ele de mim. - Assegurou-me Rosa.
Tentei explicar para Rosa que catimbó, feitiço, macumba, ou seja lá
outro adjetivo dado, não existe. Nunca vi um ateu endemoninhado ou que tenha
sido afetado direta ou indiretamente por despachos de pais ou mães-de-santo.
A resposta saiu na ponta da língua: - É porque você tem o corpo fechado,
respondeu-me a Rosa.
O que é isso que compele uma pessoa a, ultrapassando os limites da
razão, crer no inacreditável? Como pode uma pessoa normalmente equilibrada
tornar-se tão apaixonada por uma fantasia, uma impostura que, mesmo após esta
ter sido exposta à luz clara do dia, ainda se agarra a ela - na verdade, se
agarra ainda mais fortemente a ela?
Certa vez – disse-lhe – Namorei uma filha de uma mãe-de-santo que se
chamava Girleide. Contou-me esta ex amada, que certo dia não tinha nada para o
almoço. De repente surgiu de carro uma mulher a procura de sua mãe, queria
desfazer um despacho que lhe fora feito. Foi a salvação do almoço.
Contou-me Girleide que sua mãe, de cara, cobrou R$ 100,00 pelo serviço e
pediu dinheiro para comprar uma galinha preta, cachaça, charutos e outros
ingredientes do contrafeitiço. A mulher nem pensou duas vezes, pagou o que foi
pedido.
Rosa contestou – Você não acredita nisso, mas eu fui a um Centro
Espírita e me confirmaram – Foi catimbó. Fui à Igreja Universal do Reino de
Deus e ouvi novamente a confirmação. E por fim fui à Igreja Deus é Amor e
disseram-me a mesma coisa, logo não pode ser mentira – concluiu Rosa.
Na igreja Deus é Amor, o pastor levou-me ao altar fez pedidos e orações
a Deus. Confesso que chorei copiosamente e saí de lá com uma certa
tranqüilidade. Só não gostei da gritaria, os fiés gritavam muito e em voz alta
– “Aleluia, Aleluia Senhor”. Por fim me assegurou o pastor que se fosse da
vontade de Deus, meu amado voltaria.
Ontem no centro espírita, continuou Rosa, fui até a presença de uma
mãe-de-santo na esperança que ela trouxesse de volta o meu amado. Fui levada
para um quarto com pouca iluminação e cheiro de incenso pelo ar. Estávamos lá
sentadas em uma mesa coberta com uma toalha branca, a mãe-de-santo e eu em lados
opostos e um homem que ajudava na preparação do ambiente. De repente a
sacerdotisa começou a se contorcer, fazer munganga e bufar. Levantou-se
repentinamente e soltou um grito com uma voz rouca – “Eu tomei seu marido e não
vou mais te entregar”. O susto foi tão grande que eu me agarrei com o homem que
estava no recinto – Disse-me Rosa.
O homem pediu calma, falou com o espírito maligno que havia se
incorporado na mãe-de-santo pedindo que ele deixasse o meu marido em paz. Foi quando a
sacerdotisa com os olhos esbugalhados disse em voz bem alta – “Jamais, seu
homem agora é meu.”
Para me convencer de que há pessoas videntes, Rosa contou-me que tinha
um apartamento para vender e não achava compradores, foi quando uma amiga lhe
indicou uma cartomante residente na cidade de Campina Grande. Sem delongas,
Rosa pegou o carro e partiu para o encontro com a cartomante.
Homero, ela disse tudo da minha vida, se você concordar em ir lá comigo
e fizer uma consulta com ela, você vai comprovar o que digo, ela vai dizer tudo
da sua vida. Assegurou-me Rosa.
Bom, continuou Rosa, em menos de uma semana consegui vender o
apartamento.
As convicções são piores inimigos da verdade que as mentiras.
Esse lixo mental entupiu a mente de Rosa cegando os dois olhos,
ensurdecendo-lhes os ouvidos. Sem ver e sem ouvir nada, fica impedida de
raciocinar, a falência intelectual foi instalada e sua mente dominada.
Dito isto tenho como certo a luta entre os religiosos pela mente de
Rosa.
Passados alguns dias, eis que a Rosa me aparece e conta as novidades.
Estava ela na sala de orações no Centro Espírita, quando de repente o espírito
do falecido marido se incorpora em um homem que fazia parte da mesa e com a voz
rouca e olhos esbugalhados em sua direção falou – “Eu não deixo você namorar
com ninguém, eu tenho muito ciúmes de você, vou atrapalhar qualquer
relacionamento seu.”
Nem precisa dizer que a Rosa acreditou nos charlatões.
- Boa noite Herculano, como vai esse grande advogado trabalhista?
- Bem e você trabalha onde? Perguntou-me Herculano.
- Sou aposentado há 14 anos, respondi.
- Graças a Deus, disse Herculano.
- Graças a Deus não. Graças aos meus esforços. Deixei de gozar férias,
licença prêmio, tudo para contar em dobro e aposentar-me cedo antes das
reformas.
- Você não acredita em Deus?
- Claro que não Herculano. E em qual Deus você acredita?
Herculano ficou meio sem jeito e respondeu-me. Acredito que Deus seja
uma força superior, uma energia...
- Provavelmente não é o Deus dos hebreus.
- É o Deus que criou todas as coisas, o céu e a Terra.
- Mas esse Herculano, é o Deus dos hebreus, e sua criação está descrita
no livro Êxodo Capítulo III, da Bíblia, livro sagrado do Judaísmo.
Herculano olha para o céu e mostra as nuvens. - Como não acreditar em
Deus, se há nuvens no céu e lá se sustentam sem cair?
Fiquei pasmo – ouvir isso de um advogado!
Certo, Herculano. Então o seu Deus é o Deus das lacunas, aquilo que você
não sabe explicar basta atribuir o feito a Deus e tudo está resolvido, mesmo
porque um dos efeitos negativo da religião é satisfazer-se com o não
entendimento. Aceite com fé e cale a boca.
Você ainda lembra das aulas de ciências no ginásio onde se estudava as
propriedades da água em sólida, líquida e gasosa?
Mas em Jesus você acredita! Exclamou Herculano.
- Esse Deus é mais fácil contestar a sua existência, porque segundo o
mito, viveu entre nós, em carne e osso. Pelos livros que tenho lido é um Deus
romano, muitíssimo parecido com o Deus Mithra.
Herculano apela para a Bíblia e cita Isaías profetizando a vinda de
Jesus.
- Mas Herculano, qual é a dificuldade de se escrever um profecia? Que
dificuldade tiveram os antigos cristãos que fizeram o Novo Testamento no ano 325 em ligar o Antigo ao Novo Testamento?
Herculano concorda comigo, apenas por alguns segundos e em seguida cita
passagens do Evangelho de João em uma tentativa tênue para justificar a sua fé.
Você sabe quem escreveu o livro de João, este que chegou até nós no Novo
Testamento? Pergunto a Herculano.
Herculano não responde. Prefere mudar de assunto e pergunta – Você não
acredita na ressurreição de Lázaro?
Claro que não Herculano, Lázaro estava morto e sepultado havia 3 dias,
inclusive já fedia, segundo o Novo Testamento. Acreditar em um milagre dessa
magnitude é acreditar que todas as leis da natureza foram modificadas e
alteradas para atender a Lázaro e isso é impossível.
E você acredita em Deuses nascidos de virgens, cobras e jumentas falantes? Perguntei.
Fiquei sem resposta. Herculano se despediu - Boa noite, vou dormir,
amanhã tenho que trabalhar.
A necessidade de acreditar em falsos milagres às vezes ultrapassa não só
a lógica, mas, aparentemente, até a sanidade mental.
Ter fé sem raciocinar não é o caminho para o entendimento, e estaria em oposição ao método científico. As pesquisas prosseguem, pois quem abrirá as portas da limitada percepção humana, será a ciência, e não alguma mitologia irracional.
Ontem, 03 de março, fui visitar um primo no dia do seu aniversário. Bebia-se e comia-se um delicioso churrasco. De repente a mãe de um dos participantes que é protestante, questionou a fé do filho, adquirida em outra vertente do Cristianismo, que acredita que será arrebatado no dia 30 de junho de 2012, tornando-se imortal.
Ânimos foram exaltados, a regra de ouro – “Amai-vos uns aos outros” foi esquecida. Em seu lugar surgiu – “MATE a qualquer que tenha uma religião diferente da sua” – (Deuteronômio 17:2-7)
Diga-se, de passagem, que se Jesus afirmou: “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada” (Mt.10:34). Em outra passagem, Jesus teria dito: “Vim lançar fogo na terra, e que mais quero, se já está aceso?” (Lc.12:49).
Mateus (10:35), “Porque eu vim separar, o filho do seu pai, e a filha da sua mãe, e a nora da sua sogra de tal modo que os inimigos de um homem serão seus próprios familiares.
Esta profecia vem se cumprindo em todos os seus termos.
É a fé separando pessoas de uma mesma família.
Goretti é uma cristã católica divorciada que procura um segundo marido para levá-la a
igreja todos os domingos para assistir missase de lá sair de braços dados. Entrar com um marido na missa é uma demonstração
de união, paz e harmonia no lar, além de fazer esquecer os infortúnios da vida,
por um momento fazendo-a livre e feliz. Para tanto, faz promessas para Santo Antônio,
inclusive já roubou uma estátua deste santo casamenteiro, uma espécie de
simpatia para aparecer o pretendente, enrolou a estatueta em uma calcinha e a
colocou escondida de cabeça para baixo. Botar perto de pote ou geladeira nem
pensar, esfria ou congela o pedido.
Rosa já
foi casada duas vezes. Deixou o primeiro marido beberrão e ciumento e nas suas
orações diárias pedia a Jesus que lhe mostrasse um marido que não bebesse. Foi
atendida – segundo ela.
O que
estas duas cristãs tem em comum é a crença em um Deus misericordioso que
atende aos pedidos dos fiéis. O que elas não sabem é que o Deus adorado por
ambas proíbe o divórcio.
Marcos 19
5. Por
isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois
formarão uma só carne.
6. Assim,
já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus
uniu.
A Maldição
9. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua
mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete
adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério.
O casamento na religião cristã é
indissolúvel e será automaticamente excomungado todo aquele ou aquela que
contrair novas núpcias.
A questão do divórcio no Livro de Mateus, Capítulo 19, que originalmente
foi escrito em grego não se sabe por quem, nem exatamente quando,
intrinsecamente está ligada a Roma. É que nesse período 60 a 80 da nossa era, o
divórcio estava sendo usado abusivamente pelos romanos causando danos
irreparáveis a instituição familiar.
E os danos de hoje?
Imaginemos, pois que uma adolescente de 16 anos contraia matrimônio com
um jovem de 17 anos. Decorrido o primeiro ano, o jovem marido contrai aids em
uma relação extra conjugal instigado pelo não uso da camisinha propagado como
pecado pela igreja católica. Tal casamento não pode ser desfeito, mesmo com o
risco atual e iminente de contrair a doença transmitida pelo marido. Filhos
poderão nascer contaminados e a jovem traída terá que esperar a morte do marido
irresponsável para refazer a sua vida.
Exemplos diversos de danos a pessoa dos cônjuges podem ser dados,
vejamos: o desaparecimento de um dos cônjuges, a decisão unilateral de viver
maritalmente com uma pessoa ou mesmo de abandonar a relação, ou ainda, nestes
tempos modernos - um dos cônjuges vier a morar sobre o mesmo teto com uma
pessoa do mesmo sexo, torna o outro cônjuge impedido de contrair outro
casamento enquanto o outro que deu causa a dissolução do matrimônio estiver
vivo.
Neste sentido, confesso uma certa simpatia pelo Deus dos muçulmanos – Allah
que permite quatro esposas para um só homem e ainda direito ao divórcio.
Nesta vida terrena está de bom tamanho.
Para os que morrem em nome da causa mulçumana com o corpo recheado de
bombas – Vida eterna no paraíso cercado de 72 mulheres virgens.
Alguém tinha de dizer a verdade sobre a Bíblia. Os padres não ousariam, porque seriam expulsos de seus púlpitos. Professores nas escolas não ousariam porque assim, perderiam seus salários. Políticos não ousariam. Eles seriam derrotados. Editores não ousariam. Perderiam seus leitores. Comerciantes não ousariam. Perderiam seus clientes. Homens da alta sociedade não ousariam. Perderiam prestígio. Nem balconistas ousariam. Eles seriam dispensados.
Então, decidi eu mesmo fazer isto.
Há milhões de pessoas que acreditam que a Bíblia é a palavra inspirada de Deus -- milhões que crêem que este livro é um cajado e uma guia, conselheiro e consolador, que ele preenche o presente com paz e o futuro com esperança -- milhões crêem que ele é a fonte da lei, da justiça e piedade, e que através de seus sábios e benignos ensinamentos o mundo conquistou sua liberdade, riqueza e civilidade -- milhões que imaginam que este livro é uma revelação da sabedoria e amor de Deus na mente e coração do homem -- milhões que têm neste livro como uma tocha que conquista a escuridão da morte e que derrama seu brilho numa outra vida -- uma vida sem lágrimas.
Eles esquecem sua ignorância e selvageria, seu ódio à liberdade, sua perseguição religiosa; eles lembram do céu mas esquecem as masmorras do sofrimento eterno.
Eles esquecem que este livro aprisiona a mente e corrompe o coração. Esquecem que ele é inimigo da liberdade de pensamento.
Liberdade é minha religião. Liberdade de mãos e mente -- de pensamento e trabalho. Liberdade é uma palavra odiada pelos reis. Abominada pelos papas. É uma palavra que abala coroas e altares. É uma palavra que já deixou coroados sem súditos, e as mãos estendidas da superstição sem esmolas.
Liberdade é o fruto da justiça. O perfume da piedade. Liberdade é semente e solo, o ar e a luz. O orvalho e a chuva do progresso, amor e alegria.
Muitos sacerdotes me questionam como posso ser tão mau em atacar a Bíblia.
Vou dizer a você: Este livro, a Bíblia, tem perseguido até a morte, os mais inteligentes, os melhores. Este livro obstruiu e dificultou o progresso da espécie humana. Este livro envenenou as fontes do aprendizado e desviou as energias do homem.
Este livro é inimigo da liberdade, o suporte da escravidão.
Este livro semeou as sementes do ódio dentro de famílias e nações, alimentou as chamas da guerra e empobreceu o mundo.
Este livro é o livro de cabeceira de reis e tiranos - o escravizador de mulheres e crianças.
Este livro corrompeu parlamentos e cortes.
Este livro fez de colégios e universidades os professores do erro e os inimigos da ciência.
Este livro encheu a cristandade com seitas cruéis, cheias de ódio e guerreiras.
Este livro ensinou homens a matar seus semelhantes por motivos religiosos.
Este livro fundou a Inquisição, seus instrumentos de tortura, construiu as masmorras, nas quais os bons e justos pereceram, forjou as correntes que rasgavam suas carnes, erigiu os patíbulos onde eles eram assassinados.
Este livro juntou pilhas de lenha nos pés dos homens justos. Este livro baniu a razão da mente de milhões e encheu os asilos com os insanos.
Este livro fez pais e mães derramar o sangue de seus bebês.
Este livro foi a justificativa que se dava para separar a mãe escrava de seu bebê.
Este livro encheu os navios mercantes e fez da carne humana mercadoria.
Este livro acendeu as fogueiras que queimaram as "bruxas" e "feiticeiras".
Este livro preencheu a escuridão com fantasmas e os corpos de homens e mulheres com demônios.
Este livro poluiu a alma humana com o infame dogma do sofrimento eterno.
Este livro fez da credulidade a maior das virtudes e a investigação o pior dos crimes.
Este livro encheu as nações com eremitas, monges e freiras -- com piedosos e inúteis.
Este livro colocou santos sujos e ignorantes acima de filósofos e filantropos.
Este livro ensinou o homem a desprezar as alegrias da vida para que pudesse ser feliz numa outra -- desperdiçar este mundo em benefício de um próximo.
Eu ataco este livro porque ele é inimigo da liberdade -- a maior obstrução na frente do progresso da humanidade.
Deixe-me fazer uma pergunta aos sacerdotes: Como vocês podem ser tão maus em defender este livro?
Você deveria ter vergonha de dizer tamanha asneira. Ter vergonha de compactuar com as mortes dos primogênitos do Egito, por primar pela mentira de que a Terra parou para permitir que Josué, sob o comando do seu Deus, exterminasse a população de Jericó, por defender o extermínio dos cananeus e os abortos provocados a golpes de espada a mando do Senhor dos Exércitos.
Você deveria sentir vergonha por pertencer a uma instituição que no passado queimava crianças, jovens, adultos e velhos nas fogueiras para expiarem seus pecados.
Deveria sentir vergonha pela demasiada preocupação da salvação a qualquer custo, sacrificando esta vida para viver em outra eterna após a morte.
Tenha vergonha da sua passividade, aceitando tudo e calando a boca, ouvindo sem pronunciar uma só palavra aceitando desculpas esfarrapadas como esta que diz que um Deus nascido de virgem veio ao nosso mundo para salvarmos dos pecados, quando sabemos que pecados são normas religiosas ditadas por homens dominadores de massas.
Tenha vergonha de ouvir calado as desculpas ditadas apenas pela fé, de que morcego é ave, que o grão de mostarda é a menor semente do mundo e tem que morrer para poder germinar.
Tenha decência para reconhecer que a bíblia não é a palavra de Deus e sim escritas por homens que tinham o conhecimento limitado a ponto de afirmar que ouro e prata enferrujam.
Tenha dignidade para recusar os argumentos cheios de floreios para justificar atos criminosos como a perseguição dos mais sábios, inclusive até a morte dos não crentes.
Por que tanta relutância em voltar atrás e reconhecer o erro cometido, contestar fatos duvidosos como essa “teoria” do criacionismo e mudar o futuro da humanidade?
Tenha vergonha de si por fazer parte de um povo fracionado que luta entre si pela posse da sua mente para tão somente tirar de ti o sustento luxuoso deles.
Tenha vergonha da sua impotência, da sua falta de garra, das suas desilusões a respeito dos noticiários dos jornais dando conta dos crimes praticados pelos padres, pastores e bispos.
No mais, tenho pena de ti ó cristão iludido por anos e anos de catequese com métodos aprimorados por séculos.
A canalha não é, entre nós, no Brasil, essa gente de pés descalços que arrasta nas ruas a sua vida miserável e anônima.
Não é essa turba faminta e resignada na sua desgraça, a pedir emprego de porta em porta, a matar a sede nos chafarizes, a dormir nos bancos da praça pública.
Não é a vagabundagem forçada, sonâmbulos da morte, que não tem um lar que os receba, nem um braço que os ampare, nem um carinho que os console.
Não é esse triste cordão de deserdados, filhos de nossa terra e filhos de terra estranha, que por subúrbios tropeçam na fome de dias inteiros, golfando sangue.
Não é o desgraçado que escamoteia um níquel ou escala um galinheiro para haver pão e o caldo suavisador nos últimos instantes do ente amado que escabuja no chão nu de um cubículo.
Nessa Pátria que se desfaz em lama e nessa gente que se desfaz em pus, a canalha tem o seu trono.
Reina em sonho absoluto.
É a nobreza. É o poder. São os maiores da Nação.
Não é o soldado raso; é o Marechal do Exército.
Não é o marinheiro; é o Almirante.
Não é o guarda civil, nem o secreta, nem o capanga; é o Chefe da Polícia.
Não é o porteiro do Senado; é o Senador da República.
Não tem casacos rotos, nem calças de remendos; tem bordados, tem luvas e brilhantes à botoeira.
Não é o servente que furta e vende uma caneta; é o Ministro que furta e vende as armas da Nação.
Não é a gentalha corrida a coice de arma; é a joldra afortunada que pode, que manda, que julga, que absolve, que mata, que tem nas mãos os dinheiros do tesouro e nos pés a honra do Brasil.
(De Coelho Cavalcanti, João Barafunda)
Transcrito de “A Imprensa” – Rio, 18/03/1916
Transcrito de “O Dia” – Recife 27/04/1953
Transcrito do Livro “Um Juiz no Reino do Malaio",
(Dr. Alfredo Pessoa de Lima)
Por André Fontenelle
Reportagem publicada na Revista Veja de 25/05/2005
O filósofo francês mais lido da atualidade diz que as três grandes religiões monoteístas vendem ilusões e devem ser desmascaradas como o rei da fábula de Andersen
Em um tempo em que a religiosidade está em alta, surpreende o livro que se encontra no topo da lista dos mais vendidos na França desde o mês passado, à frente até das biografias de João Paulo II: Tratado de Ateologia. Escrita pelo filósofo mais popular da França na atualidade, Michel Onfray, de 46 anos, a obra é um ataque pesado ao que o autor classifica como "os três grandes monoteísmos". Segundo Onfray, por trás do discurso pacifista e amoroso, o cristianismo, o islamismo e o judaísmo pregam na verdade a destruição de tudo o que represente liberdade e prazer: "Odeiam o corpo, os desejos, a sexualidade, as mulheres, a inteligência e todos os livros, exceto um". Essas religiões, afirma o filósofo, exaltam a submissão, a castidade, a fé cega e conformista em nome de um paraíso fictício depois da morte.
Para defender essa argumentação, Onfray valeu-se de uma análise detalhada dos textos sagrados, cujas contradições aponta ao longo de todo o livro, e do legado de outros filósofos, como o alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), que proclamou, em uma célebre expressão, a "morte de Deus". O filósofo escreve em linguagem acessível, a mesma que emprega ao lecionar na cidade de Caen, no norte da França. Ali criou uma "universidade popular" que atrai milhares de pessoas a palestras diárias e gratuitas sobre filosofia, artes e política. Gravadas pela rádio pública France Culture, as aulas de Onfray são sucesso de audiência. Os fãs o consideram um sucessor de Michel Foucault (1926-1984), o mais influente filósofo francês do século passado. Em seus livros, Onfray propõe o que chama de "projeto hedonista ético", em que defende o direito do ser humano ao prazer. Uma de suas obras, A Escultura de Si, ganhou em 1993 o Prêmio Médicis, o mais importante da França para jovens autores. Onfray também tem detratores, que o acusam de repetir idéias ultrapassadas. Em dois meses seu Tratado vendeu 150.000 exemplares. De seu escritório em Argentan, Onfray concedeu a seguinte entrevista a VEJA.
Veja - Em sua opinião, só o ateu é verdadeiramente livre?
Onfray - Só o homem ateu pode ser livre, porque Deus é incompatível com a liberdade humana. Deus pressupõe a existência de uma providência divina, o que nega a possibilidade de escolher o próprio destino e inventar a própria existência. Se Deus existe, eu não sou livre; por outro lado, se Deus não existe, posso me libertar. A liberdade nunca é dada. Ela se constrói no dia-a-dia. Ora, o princípio fundamental do Deus do cristianismo, do judaísmo e do Islã é um entrave e um inibidor da autonomia do homem.
Veja - A que o senhor atribui o sucesso de seu livro num momento em que há tanta discussão sobre religiosidade?
Onfray - Acho que muitos franceses esperavam uma declaração claramente atéia. As primeiras páginas de jornais e as capas de revistas sobre o retorno da religiosidade, a polêmica sobre o direito de usar ou não o véu muçulmano na escola leiga, a oposição maniqueísta entre um eixo do bem judeo-cristão e um eixo do mal muçulmano, a obrigação de escolher um lado entre George W. Bush e Osama bin Laden, a religiosidade dos políticos exposta na imprensa, o crescimento do Islã nos subúrbios franceses, tudo isso contribuiu para uma presença monoteísta forte no primeiro plano da mídia. Meu livro provavelmente funciona como um antídoto a esse estado de coisas, pelo menos na França. Ele ainda está sendo traduzido para outros idiomas.
Veja - Seu livro defende um ateísmo "fundamentado, construído, sólidoe militante". Isso quer dizer que é preciso convencer as pessoas da inexistência de Deus?
Onfray - Isso quer dizer que, quando uma pessoa não se contenta apenas em acreditar estupidamente, mas começa a fazer perguntas sobre os textos sagrados, a doutrina, os ensinamentos da religião, não há como não chegar às conclusões que eu proponho. Trata-se de não deixar a razão, com R maiúsculo, em segundo plano, atrás da fé - e sim dar à razão o poder e a nobreza que ela merece. Essa é a missão, a tarefa e o trabalho do filósofo, pelo menos de todo filósofo que se dê ao respeito.
Veja- A desconstrução dos três grandes monoteísmos equivale a mostrar que o rei está nu, como na fábula de Hans-Christian Andersen?
Onfray - Sim. É preciso mostrar que o rei está nu, deixar claro que o mecanismo das religiões é o de uma ilusão. É como um brinquedo cujo mistério tentamos decifrar quebrando-o. O encanto e a magia da religião desaparecem quando se vêem as engrenagens, a mecânica e as razões materiais por trás das crenças.
Veja - O senhor cita constantemente trechos do Corão, da Bíblia e da Torá para apontar contradições. Por que razão, se em muitos casos esses trechos nem são mencionados pelos religiosos na defesa de suas convicções? [/blue]
Onfray - Os sacerdotes limitam-se a usar apenas um punhado de palavras, textos e referências, sempre postos em evidência porque são aqueles trechos que permitem assegurar melhor o domínio sobre os corpos, os corações e as almas dos fiéis. A mitologia das religiões precisa de simplicidade para se tornar mais eficaz. Elas fazem uma promoção permanente da fé em detrimento da razão, da crença diante da inteligência, da submissão ao clero contra a liberdade do pensamento autônomo, da treva contra a luz.
Veja - Seu livro cita contradições entre a pregação da paz e a da violência. O senhor pode dar os exemplos mais marcantes dessa situação?
Onfray - O famoso sexto mandamento da Torá ensina: "Não matarás". Linhas abaixo, uma lei autoriza a matar quem fere ou amaldiçoa os pais (Exodo 21:15 e adiante). Nos Evangelhos, lê-se em Mateus (10:34) a seguinte frase de Jesus: "Não vim trazer a paz, e sim a espada". O mesmo evangelista afirma a todo instante que Jesus traz a doçura, o perdão e a paz. O Corão afirma que "quem matar uma pessoa sem que ela tenha cometido homicídio será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade" (quinta sura, versículo 32). Mas ao mesmo tempo o texto transborda de incitações ao crime contra os infiéis ("Matai-os onde quer que os encontreis", segunda sura, versículo 191), os judeus ("Que Deus os combata", nona sura, versículo 30), os ateus ("Deus amaldiçoou os descrentes", 33ª sura, versículo 64) e os politeístas ("Matai os idólatras, onde quer que os acheis", nona sura, versículo 5).
Veja - O livro ataca com virulência particular o apóstolo Paulo, descrevendo-o como um histérico. Por quê?
Onfray - Basta ler os Atos dos Apóstolos, nos trechos que descrevem a conversão de Paulo, e conhecer um pouco de psiquiatria, ou ter um manual de psicologia ao alcance da mão, para ver quanto os sintomas da visão que originou sua conversão coincidem com os descritos pelos especialistas em histeria: perda de tônus muscular, queda, cegueira momentânea etc. Ao me referir a Paulo, eu não emprego o termo neurose como um insulto de caráter moral, mas como um diagnóstico que pode ser estabelecido por um psiquiatra.
Veja - Há uma diferença entre ser contra as religiões e não acreditar na existência de Deus?
Onfray- É possível acreditar em Deus e viver sem religião. Mas não conheço religião que viva sem Deus. Trata-se do mesmo combate, verso e reverso da mesma medalha.
Veja - Mas não são poucos os que sustentam que a necessidade de Deus é inerente ao ser humano. Há quem acredite que essa necessidade é genética.
Onfray - Essa necessidade é cultivada culturalmente. É claro que não existe. Muito menos geneticamente. Essa é uma idéia ridícula. Não há nada no cérebro além daquilo que é posto nele. Já se viu alguma criança - imagem do que pode haver de mais natural - nascer acreditando em algum deus ou em alguma transcendência? Deus e a religião são invenções puramente humanas, assim como a filosofia, a arte ou a metafísica. Essas criações, é bem verdade, respondem a necessidades, como a de esconjurar a angústia da morte, mas podemos reagir de outra forma: por exemplo, com a filosofia.
Veja - Como o senhor explica o fato de muitos cientistas, diante da impossibilidade de explicar a imensa complexidade do universo, se voltarem para a hipótese da criação divina?
Onfray - O recurso a Deus e à transcendência é um sinal de impotência. A razão não pode tudo. Deve ser consciente de suas possibilidades. Quando ela não consegue provar alguma coisa, é preciso reconhecer essas limitações e não fazer concessões à fábula, ao pensamento mitológico ou mágico. A idéia da criação divina é uma espécie de doença infantil do pensamento reflexivo.
Veja- Como filósofo ateu, como o senhor viu a forte comoção popular pela morte do papa?
Onfray - Tamanho fervor deve ser relacionado com o fato de que João Paulo II foi de fato o primeiro "papa catódico", o primeiro sumo pontífice da era da comunicação de massa. Foi o homem mais filmado do planeta. Logo, era o maior portador da aura que a mídia confere. A maioria das pessoas tem fascínio pelos ícones eleitos pela mídia e acredita mais neles do que na verdade física. Daí a estranha sensação quando a TV prova que por trás daquela imagem divinizada havia alguém bem real, de carne e osso. Isso ficou demonstrado, na morte do papa, pelo uso espetaculoso da exposição do cadáver e pela criação de uma reação histérica entretida e amplificada pela transmissão televisiva.
Veja - O senhor retoma casos recentes e antigos em que o papel da Igreja Católica não foi dos melhores: ataques a Galileu, silêncio diante do holocausto ou do genocídio em Ruanda. Mas é possível encontrar outros tantos exemplos de bons momentos do catolicismo. Isso não mostra que o problema não são as religiões e sim os homens que as interpretam?
Onfray - Não me proponho a escrever uma resposta ao livro O Gênio do Cristianismo (obra de 1802 do escritor francês François-René de Chateaubriand, que refutava os filósofos anti-religiosos de seu tempo). O que quero é mostrar que as religiões, que dizem querer promover a paz, o amor ao próximo, a fraternidade, a amizade entre os povos e as nações, produzem na maior parte do tempo o contrário. Não me parece muito digno de interesse que os monoteísmos possam ter gerado o bem aqui ou acolá. Afinal, é a isso mesmo que eles dizem se propor. Não há motivo para espanto. Em compensação, que se devam a eles tantas barbaridades terrenas, extremamente humanas, me parece muito mais importante como prova da inanidade das doutrinas.
Veja - Críticos católicos alegam que seu livro nada fez senão repetir antigos argumentos contra a religião. Quais são seus argumentos novos?
Onfray - Não se pode fazer muito a respeito, a não ser dizer e redizer o que é verdade há muito tempo. E repetir que os cristãos têm pouca moral para me reprovar por dizer antigas verdades, quando eles mesmos propagandeiam erros ainda mais antigos.
Veja - Não se pode negar que a religião proporciona valores morais e éticos a muitas pessoas que de outra forma não os teriam. Isso, por si, não bastaria para justificar a existência das religiões?
Onfray - Se não houvesse alternativa, certamente. Mas há. A filosofia permite a cada um a apreensão do que é o mundo, do que pode ser a moral, a justiça, a regra do jogo para uma existência feliz entre os homens, sem que seja preciso recorrer a Deus, ao divino, ao sagrado, ao céu, às religiões. É preciso passar da era teológica à era da filosofia de massa.
Veja - O senhor acha que um dia o mundo será predominantemente ateu?
Onfray - Não. A fraqueza, o medo, a angústia diante da morte, que são as fontes de todas as crenças religiosas, nunca abandonarão os homens. Por outro lado, é preciso que alguns espíritos fortes, para usar uma expressão do século XVII, defendam as idéias justas. A questão é converter novos espíritos fortes. Só isso já seria muita coisa.
Veja - Quando e como o senhor se tornou ateu?
Onfray - Até onde consigo me lembrar, sempre fui ateu, a não ser na infância, quando acreditava na mitologia católica como se acredita em Papai Noel ou nas lendas do folclore. A história contada pelo catolicismo tem tanto valor quanto essas. Está no mesmo nível dos contos da carochinha, em que os animais conversam e os ogros comem criancinhas. Assim que um embrião de razão habitou meu espírito, não me importei mais com esse pensamento mágico - que só serve, justamente, para as crianças.
Veja - Do que se trata, exatamente, a "universidade popular" que o senhor criou?
Onfray - Eu criei essa universidade, com um grupo de amigos, três anos atrás, com o objetivo de proporcionar um saber filosófico exigente ao maior número possível de pessoas, de todas as origens, sem distinção de classe, religião, sexo, idade, formação, poder aquisitivo ou nível intelectual. E, ao mesmo tempo, permitir a construção de si mesmo como pessoa livre, independente e autônoma. Organizamos seminários sobre idéias feministas, política, cinema, arte contemporânea ou psicanálise, entre outros. Também temos uma oficina de filosofia para crianças. No que me diz respeito, ensino uma contra-história da filosofia - atéia, materialista, sensualista, hedonista, anarquista.
Veja - Que tipo de público freqüenta seus cursos?
Onfray - O público é indefinível, verdadeiramente popular: jovens, velhos, homens, mulheres, universitários, gente sem diploma, trabalhadores especializados, como pilotos de Airbus e neurocirurgiões, não qualificados ou desempregados, como os demitidos de uma montadora de automóveis da região.
Veja- A idéia está dando certo?
Onfray - O princípio dela já permitiu que se espalhe por cinco ou seis outras cidades. Há outros projetos de expansão.
Jesus ama você. Ele deu a vida por você. Agora se você não acreditar no que dizem os padres, os pastores, os bispos e os papas, ele lançará você no inferno para ser queimado por toda a eternidade.
A inclinação da Igreja para o mal é uma verdade incontestável.
Prefácio
Há cerca de 2000 anos, nascia na Galiléia um fundador de seita, que acabaria crucificado uns trinta anos mais tarde. Algumas de suas últimas palavras na cruz foram “Dêem-me de beber”. E só.
A seita que ele tinha fundado tornar-se-ia, com o passar dos anos, a maior de todos os tempos. Ela tomará o poder político dentro do Império Romano, abolirá a liberdade de religião, depois ajuntará montanhas de cadáveres: os seus membros massacrarão milhões de “infiéis”, “hereges”, “feiticeiras” e outros, depois se matarão entre eles próprios, levando a Europa às guerras mais ferozes que ela conheceu. Um passado destes poderia incitar à modéstia, mas os cristãos reivindicam, pelo contrário, o monopólio da ética. Proclamam que adoram o Deus único, que deus é “amor”, e se consideram melhores que o resto da humanidade.
Única ideologia capaz de dividir com o comunismo e o nazismo o pódio dedicado às ideologias mais mortíferas da história humana, o cristianismo mantém-se uma ideologia dominante em muitos países ocidentais, como o “gendarme do mundo”, os EUA. Chegou a hora de abrir o “Livro Negro do Cristianismo: 2000 anos de terror, perseguições e repressão”, que resume algumas das piores atrocidades cometidas em nome dessa ideologia que pretende promover o amor ao próximo.
ANO UM
“Os deuses não estavam mais, e Deus não estava ainda”
O Império Romano garantia a liberdade de culto. O ateísmo e a razão dominavam. É nessa época que nasce um sujeito que, segundo dizem certos judeus, perdeu o juízo porque leu o Tora demasiadamente jovem. Ele funda uma seita que visa proibir o culto dos outros deuses, exceto o seu. O sujeito é finalmente morto, mas a seita se expande com o êxito que se conhece.
O culto da personalidade do fundador da seita atinge, nos cristãos, um nível que mesmo o estalinismo não conseguirá igualar: o fundador é proclamado “verdadeiro homem e verdadeiro Deus” (“Deus-Homem”, em linguagem comum). Os que duvidam disso são proclamados imediatamente hereges, e sofrerão mais tarde os raios da Inquisição. A partir do século IV da nossa era, começará o assassinato dos não-crentes pelos cristãos.
ANOS 50-70
A seita cristã se desenvolve. Textos gregos, escritos por membros da seita fora da Palestina (“Os evangelhos”) (1) relatam a vida do fundador: nascido duma virgem, que se manterá virgem (2) mesmo tendo vários outros filhos, ele terá sarado doentes, mas também amaldiçoa uma figueira que fica instantaneamente seca, e fará precipitar num lago centenas de porcos que lhe não pertenciam.
Este personagem, que defende os pobres mas também afirma que “aqueles que têm tudo serão louvados, e aqueles que nada têm, o pouco que têm ser-lhe-á retirado”, um pouco patético quando amaldiçoa uma figueira ou se deixa crucificar, é declarado a encarnação do “Deus único”. O fato de, segundo os evangelhos “canônicos”, as suas últimas palavras sobre a cruz terem sido “Dai-me de beber” não parece perturbar os adeptos da seita, que se expande por todo o Império.
A intolerância religiosa dos cristãos, que visam abertamente, desde o início, impor uma interdição aos cultos de deuses que não o seu, o qual eles insistem ser o “único Deus”, começa logo a atrair a atenção da justiça romana, que defende a liberdade de culto, a qual é um dos pilares dessa sociedade complexa e multicultural que é o Império Romano dos primeiros séculos da nossa era.
A propaganda cristã inverte habilmente a situação. Os condenados pela justiça romana são declarados “mártires” e os seus restos são venerados nas igrejas, inventando-se a lenda de eles terem sido executados por terem “recusado a renegar a fé”, desculpa essa bem melhor do que a verdade nua, que mostra que foram condenados por desordem e imposição da intolerância religiosa na sociedade multicultural.
ANO 312
Tomada do poder pelos cristãos. No fim duma guerra civil, Constantino toma o poder. Pouco depois ele se converte oficialmente ao cristianismo, e “autoriza”, num primeiro tempo, o culto do deus único cristão, pelo Édito de Milão (3): é o início da perseguição religiosa na Europa. Pouco a pouco o culto dos outros deuses, exceto o deus cristão, vai sendo proibido. Os santuários clássicos serão destruídos ou transformados em igrejas cristãs. No fim do século IV, não haverá mais nenhum templo pagão em toda a bacia do Mediterrâneo.
OUTUBRO DE 366
Dâmaso I conseguiu, após vencer em lutas sangrentas o seu concorrente Ursinus, ocupa o trono papal.
Foram necessários dois anos de lutas sangrentas e chacinas para que Dâmaso chegasse ao papado. As batalhas entre os bandos seguidores dos dois postulantes foram de tal violência que em em um único dia de batalha foram recolhidos 137 mortos. Acusado por seus adversários de assassinato, Dâmaso teve que se defender perante um tribunal imperial. Porém o imperador Valentiniano I apoiava a Dámaso e no ANO DE 378 ele foi absolvido, enquanto que o seu inimigo Ursino era desterrado.
Esse processo deu a Dâmaso I a oportunidade de ajustar as relações entre a justiça civil e a eclesiástica. O Estado passou a reconhecer oficialmente a competência da Igreja em matéria de fé e de moral, enquanto tomava a seu encargo a execução das sentenças ditadas pelo tribunal do episcopal.
ANO DE 380
O imperador Teodósio (4) proclama oficialmente o Cristianismo a única “Religião de Estado”. Mas ainda será necessário esperar mais 12 anos para que todos os outros cultos sejam definitivamente proibidos.
ANO DE 389
Teófilo, hoje Santo Teófilo, é nomeado patriarca de Alexandria e inicia imediatamente uma violenta campanha de destruição de todos os templos e santuários não-cristãos. Tem o apoio do pio imperador Teodósio. Deve-se a Teófilo a destruição, em Alexandria, dos templos de Mitríade e de Dionísio. Essa loucura destruidora culmina em 391 com a destruição do templo de Serapis e da sua biblioteca. As pedras dos santuários destruídos serão usadas para edificar igrejas para a nova religião única, a cristã.
Em seguida e para demonstrar que ele é capaz de perseguir também cristãos (na medida em que eles não sejam 100% ortodoxos), Teófilo comanda pessoalmente as tropas que atacam e destroem os mosteiros que aderiram às idéias de Orígeno, um teólogo cristão que foi declarado herege porque afirmava que deus era puramente imaterial.
ANO DE 389
Pela primeira vez, um chefe cristão dita a um imperador a política a ser seguida: Santo Ambrósio de Milão levanta-se em plena catedral e, com o sentido de caridade tão particular aos cristãos, impõe que o imperador anule a ordem que dera ao bispo de Calinicum, sobre o Eufrates, para que reconstruísse uma sinagoga que ele e a sua congregação tinham destruído. A Igreja toma partido, assim, desde o princípio, dos incendiários de sinagogas, posição que continuará a manter até ao ANO DE 1940.
Início dos anos 390
O piedoso imperador cristão Teodósio interdita progressivamente todos os cultos não cristãos. Pouco a pouco, os templos não-cristãos são fechados ao culto, as procissões “pagãs” são proibidas. Esta supressão da liberdade de religião em proveito exclusivo do cristianismo causa, por vezes, revoltas, como a de 408, em Calama, na Numídia. É nessa época que acontecem na Germânia as primeiras execuções de hereges, uma bela tradição que a Igreja desenvolverá com a Inquisição e a perpetuará até 1826.
ANO DE 391
Uma multidão de cristãos, guiados por Santo Atanásio e Santo Teófilo, deita abaixo o templo e a enorme estátua de Serapis, em Alexandria, duas obras-primas da antiguidade. A coleção de literatura do templo também é igualmente destruída.
Serapis
ANO DE 412
Cirilo, hoje Santo Cirilo, doutor da Igreja, é nomeado bispo de Alexandria e sucede a seu tio Teófilo. Excita os sentimentos anti-semitas difundidos entre os cristãos da cidade e, à frente duma multidão de cristãos, incendeia as sinagogas da cidade e faz fugir os judeus. Em seguida encoraja os cristãos a tomar os bens dos fugitivos, deixados para trás.
ANO DE 415
Hypatia, a última grande matemática da Escola de Alexandria, filha de Theon de Alexandria, é assassinada por uma multidão de monges cristãos, incitados por Cirilo, patriarca de Alexandria, que será depois canonizado pela Igreja.
O motivo dessa ação foi que a brilhante professora de matemática representava uma ameaça para a difusão do cristianismo pela sua defesa da Ciência e do Neoplatonismo. O fato de ela ser mulher, muito bela e carismática, fazia a sua existência ainda mais intolerável aos olhos dos cristãos. A sua morte marcou uma reviravolta: após o seu assassinato, numerosos pesquisadores e filósofos trocaram Alexandria pela Índia e pela Pérsia, e Alexandria deixou de ser o grande centro de ensino das ciências do Mundo Antigo.
Além do mais, a Ciência retrocederá no Ocidente e não atingirá de novo um nível comparável ao da Alexandria antiga senão no início da Revolução Industrial. Os trabalhos da Escola de Alexandria sobre matemática, física e astronomia serão preservados, em parte, pelos árabes, persas, indianos e também chineses.
O Ocidente, por outro lado, mergulha no obscurantismo, do qual começará a sair mais de um milênio depois. Em reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos judeus de Alexandria, Cirilo será canonizado e promovido a “Doutor da Igreja”, em 1882.
Séculos V a XV
A “Idade Média Cristã”. Aproveitando o desaparecimento das grandes bibliotecas romanas e na ausência quase total da atividade editorial na Europa, a Igreja obtém, de fato, um monopólio sobre o conjunto da escrita e da informação. O povo é deixado propositadamente na ignorância, a leitura da Bíblia é desencorajada mesmo no caso de se ter acesso a um exemplar.
Pouco a pouco, a Igreja impõe o seu domínio sobre a sociedade. A inquisição, o celibato dos padres, o caráter obrigatório do casamento antes de qualquer relação sexual, são todas instituições que datam dessa época. É também nessa época que se desenvolve o que se tornará uma das mais ricas tradições cristãs: queimar pessoas vivas. Cerca de um milhão de “bruxos” serão torrados durante a Idade Média.
As cidades concorrerão para tentar bater recordes de quantidade de bruxos queimados por ano. O recorde foi estabelecido pela cidade de Bamberg, sede do episcopado, que conseguiu assar 600 feiticeiros num só ano.
Um grande número de membros da Igreja atual ainda lamenta o fim dessa época, quando a Igreja dominava totalmente a vida social. Religiosos (e outros) cristãos lembram com saudade a “espiritualidade” da época, a arte que deu grande ênfase à morte – assunto que sempre apaixonou os cristãos, e a música envolvente.
ANO DE 804
O imperador cristão Carlos Magno converte grande número de saxões, propondo-lhes a seguinte escolha: converter-se ao catolicismo ou serem decapitados. Vários milhares de cabeças caem, com a bênção da Igreja: os sacerdotes presentes participam da jogada do imperador.
Século IX
Cisma do Oriente. O patriarca de Constantinopla pretende que se deve utilizar o pão com levedura para a Eucaristia. O Papa, bispo de Roma, afirma que se deve usar pão sem levedura. Com base neste problema de capital importância, a cristandade se divide, e os dois patriarcas, de Roma e de Constantinopla, se excomungam mutuamente. O Cisma vai provocar mortes até aos anos 90 (guerras nos Balcãs, ex-Iugoslávia, de católicos contra ortodoxos).
ANO DE 1182
Os “pogroms” latinos de Constantinopla. Na cidade do piedoso patriarca que come pão levedado, estabeleceu-se, desde o início de século XII, uma colônia de mercadores “latinos”, essencialmente originários de Veneza, Gênova, Pisa e Amalfi.
Mas essas pessoas têm tudo para desagradar aos prelados ortodoxos: além de utilizarem o pão sem levedura para a Eucaristia, fazem o sinal da cruz no sentido errado, da esquerda para a direita e não da direita para a esquerda!
Os popes excitam a população e enfim, nos dias radiosos de maio de 1182, a multidão guiada pelos popes pega os latinos: vários milhares deles, homens, mulheres e crianças são trucidados.
Séculos XI e XII
Em face do crescimento da população da Europa, a Igreja propõe um método de controle populacional “natural”: as cruzadas. O apelo às cruzadas foi lançado em 1095. Em 1099 Jerusalém é “libertada”: logo que as tropas cruzadas entraram na cidade, o governador muçulmano rendeu-se sob a promessa da população civil ser poupada.
Claro, a totalidade da população (que compreende essencialmente judeus e muçulmanos) é passada pelas armas nas horas seguintes, mas com o cuidado de antes violentar todas as mulheres e decapitar as crianças.
Estima-se em 70.000 o número de civis massacrados. A última fase do massacre passa-se nas sinagogas e mesquitas da cidade, onde os habitantes aterrorizados se refugiaram: pensam que o caráter religioso dos locais possa inspirar os piedosos cruzados à clemência.
Nada disso acontece: os cruzados entram e transformam os locais de culto em vastas carnificinas. O massacre de milhares de civis amontoados na grande mesquita da esplanada do templo dura várias horas.
“Tudo o que respira” na cidade foi morto, informam com orgulho os comandantes dos cruzados.
ANO DE 1204
A 4a Cruzada fez uma parada em Constantinopla, na época a maior cidade cristã. Mas os cristãos sabem fazer entre eles o que fazem aos outros: durante três dias, Constantinopla foi posta a saque, com uma orgia de violências indescritíveis.
Anos de 1208 a 1244
Cruzada dos Albigences: por iniciativa do papa Inocêncio III, uma cruzada é preparada. Em 1209, como alguns “hereges” se haviam misturado com a população de Beziers, o duque Simon de Monfort deu uma ordem que lhe assegurou a posteridade:
“Matem-nos todos, Deus reconhecerá os seus”. Toda a população, homens, mulheres e crianças são passados pelas armas. A Provence e a região de Toulouse ficam muito despovoadas após essa guerra que é dirigida contra a população civil, com uma ferocidade sem precedentes desde as invasões bárbaras.
Anos de 1226 a 1270
Luís IX, rei de França. Finalmente um católico, de reputação piedosa e íntegra, ascende à coroa de França. A Igreja o canoniza em 1290, em reconhecimento de seus méritos que, ninguém duvida serem excepcionais.
De fato, durante o seu reinado, São Luís lança duas cruzadas, que terminam as duas de modo catastrófico: pouco importa, é a intenção (de matar e de pilhar) que conta, aos olhos da misericordiosa Igreja católica! No plano interno, São Luís faz de modo que a justiça puna de modo sistemático os blasfemeadores: são postos nos pelourinhos e têm as suas línguas atravessadas por ferros em brasa.
ANO DE 1231
Fundação da Inquisição. O Santo Ofício, durante toda a sua história, queimou mais de um milhão de pessoas, essencialmente hereges, judeus e muçulmanos convertidos e também os “bruxos”. A última feiticeira será queimada em 1788. O último “herege” chegará à sua vez em 1826. A inquisição e os seus imitadores protestantes queimam também médicos e cientistas, desde que haja uma oportunidade.
A Igreja nunca se arrependeu dos atos da Inquisição e até garantiu a continuidade histórica da instituição até aos nossos dias, limitando-se apenas a mudar-lhe o nome: será necessário esperar que Pio X, em 1906, faça que o “Santo Ofício da Inquisição” seja renomeado como “Santo Ofício”, e em 1965, para que seja rebatizado como “Congregação para a doutrina da fé”.
Enfim, em 1997, o papa abre os arquivos do Santo Ofício, e historiadores escolhidos a dedo são autorizados a fazer pesquisas. As estimativas do número total de vítimas da inquisição são então revistas para cima, havendo um consenso que roda hoje em torno de um milhão de pessoas executadas, ao qual é necessário acrescentar as inúmeras pessoas torturadas e com todos os seus bens apreendidos.
ANO DE 1251
O papa Inocêncio IV autoriza enfim a inquisição a praticar a tortura.
A obtenção das confissões de culpa é grandemente facilitada. A inquisição pode aplicar, com base em confissões arrancadas através de tortura, penas indo duma simples oração ou dum jejum até à confiscação dos bens e mesmo prisão perpétua. Mas ela não pode condenar à morte. Com a subtileza característica da Igreja católica, a inquisição podia “passar” um herege para a justiça comum, que o levará à morte na fogueira, com base na confissão obtida pela Igreja, mesmo com tortura. Essa subtilidade permitirá à Igreja afirmar que ela nunca matou ninguém...
Anos 1347 a 1354
Em toda a Europa reina a Morte Negra, a primeira grande epidemia de peste no continente. Os prelados católicos logo descobriram os culpados: os judeus teriam envenenado os poços de água. Esse boato espalha-se por toda a Europa e inúmeros “pogroms” acontecem.
Na Alemanha contam-se 350 comunidades judias totalmente destruídas pelos “pogroms” nesse período. Na Itália, em Milão, as autoridades civis e eclesiásticas, depois de terem executado no braseiro os “untori” judeus, inauguraram uma coluna comemorativa para lembrar o seu feito. Essa coluna passou à História com o nome de “Coluna infame”, quando, no século XIX, o romancista Manzoni teve, em primeira mão, a coragem de denunciar esse monumento à perversão religiosa.
ANO DE 1483
Tomás de Torquemada é nomeado Grande Inquisidor de Castela. Esse monge dominicANO faz uma ampla utilização da tortura e da confiscação dos bens das vítimas. Estima-se em 20.000 o número de pessoas queimadas durante o seu mandato.
ANO DE 1487
Dois monges dominicanos alemães, Jacob Sprenger e Heinrich Institoris publicam o “Malleus Malleficarum”: trata-se dum espesso volume de 400 páginas que é um guia (claro que aprovado pela hierarquia católica) de caça às bruxas.
Lá se pode aprender a identificá-las (p. ex. se uma mulher acariciar um gato preto e a centenas de metros alguém se sentir mal, etc), a torturá-las para as fazer confessar, e como os inquisidores podem se absolver mutuamente, depois duma sessão de tortura.
A obra afirma também que negar a existência da feitiçaria é uma heresia muito grave, passível de morte na fogueira. Durante dois séculos e meio, na Alemanha, depois da publicação do Malleus Malleficarum, negar a bruxaria podia levar ao braseiro. O manual foi um “best-seller”...
ANO DE 1492
O rei “muito católico” e a rainha “muito católica” (títulos dados pelo papa em pessoa!) de Espanha, expulsam os judeus. Eles podem escolher se converter, para então poderem ser justiçados pela inquisição (que queimará grande número deles) ou partir. Mais de 160.000 judeus saíram da Espanha. A hierarquia católica não fica indiferente a essa medida duma crueldade assustadora: ela aprova a medida, e o papa encoraja os outros soberanos europeus a se inspirarem no exemplo espanhol. Em toda a Europa os padres católicos se mobilizam para obrigar os governos a proibir a entrada dos judeus expulsos.
Os judeus que escolheram se converter são perseguidos pela inquisição com uma impressionante determinação: até ao século XVIII, far-se-á o “Teste da banha de porco” aos judeus convertidos e seus descendentes: uma salada com pedaços de carne e banha de porco é apresentada ao “convertido”. Se for notado que ele não comeu a carne suína, será queimado como “falso convertido”. Esse método será também aplicado aos muçulmanos e seus descendentes.
Se a expulsão dos judeus de Espanha foi a maior do gênero registrada na História, não foi a primeira. Na França, os prelados católicos tinham já conseguido a expulsão dos judeus em 1306, e que foi logo revogada, antes de ser confirmada em 1394. A Inglaterra já tinha procedido à expulsão em 1290. Em 1496, Portugal imita o seu poderoso vizinho, expulsando também os judeus.
ANO DE 1493
O primeiro índio da América no paraíso. Quando Cristóvão Colombo, que teve o cuidado de levar um monge nas bagagens, chega à América, encontra os índios que descreverá como gente amigável e solícita. Prende 12 deles e os leva para Espanha. À chegada, um deles fica doente: antes da sua morte, é batizado rapidamente, o que permite a corte dos muito católicos reis exultar, porque um indígena do Novo Mundo acabava de entrar no paraíso cristão. Esta triste história marcará o início da trágica cristianização dos índios americanos, onde os episódios dos redutos do Paraguai e as perseguições aos índios Pueblo serão alguns dos mais trágicos.
ANO DE 1499
Acontece neste ANO o maior “auto da fé” que a História registra. Em um só auto de fé, o inquisidor Diego Rodrigues Lucero queima vivos nada menos que 107 judeus convertidos ao cristianismo, em Córdova.
Século XVI
O drama dos castrados. A Igreja, que tinha proibido que mulheres cantassem no coral das igrejas, enfrenta um problema trágico: como não torturar os ouvidos dos piedosos prelados de cristo, privando-os das vozes sopranas, tão importantes nos coros para louvar o amor a deus? Uma solução bárbara é encontrada: castrar jovens meninos cuja voz tenha sido considerada bela. Nos corais da Santa Igreja católica não faltarão assim nunca os sopranos e contraltos...
Esta prática bárbara só terminará em 1878, por ordem do Papa Leão XIII. Mas é mantida ainda durante o século XIX, a ponto de Rossini, quando ele compôs a “Pequena missa solene”; escreveu, com naturalidade, que serão suficientes para executá-la “um piano e uma dúzia de cantores dos três sexos, homens, mulheres e castrados”.
ANO DE 1506
“Pogrom” de Lisboa: 3000 judeus são trucidados pelos piedosos católicos, incitados pelos prelados.
Século XVI
Júlio II della Rovere, papa. Hábil chefe militar, veste uma armadura durante a missa, quando um monge insolente lhe diz que o traje não é conveniente. “Quando se trata de conquistar terras, deus não faz questão do traje, mas da fé do seu servidor”, lhe responde, passando assim à História. Deus lhe permitiu, de fato, conquistar a cidade de Bolonha, que foi, como deveria, posta a saque.
ANO DE 1521
Inspirado pelo Espírito Santo, que aparentemente não tinha o que fazer, um monge alemão, Martin Luther, traduz do latim o “Novo Testamento”, em algumas semanas. O diabo acaba de o tentar: Lutero não encontra coisa melhor a fazer do que lançar sobre ele um tinteiro, que suja a parede. Essa mancha está religiosamente preservada para os turistas do castelo de Wartburg.
O acontecimento pareceria insignificante. Mas não é, pois ele inaugura o maior cisma da cristandade: durante os séculos seguintes, os cristãos vão se massacrar mutuamente ainda com mais entusiasmo do que quando eles matavam e queimavam os não-cristãos, os hereges, as bruxas, os judeus e muçulmanos convertidos, etc.
Lutero escreverá e dirá diversas vezes que era necessário queimar as sinagogas e escorraçar os judeus das cidades: ele se situa assim dentro da tradição dos pais da Igreja católica, e que será mantida até ao século XIX pela inquisição e depois no século XX pelos camisas castanhas (seguidores de Mussolini).
ANO DE 1527 6 de maio de 1527
Saque de Roma. Os soldados protestantes massacram a totalidade da população de Roma, umas 40.000 almas, e pilham a cidade. O papa é salvo pelos guardas suíços. Ele se fecha com eles no Castelo de Santo Ângelo, enquanto a população é massacrada. Ele passou um grande medo. Os suíços ganham assim uma fama profissional no estrangeiro, o que se perpetua até hoje.
"Escreve o leitor Christian Salles longa carta (publicada no Caderno B de quinta-feira) para listar uma extensa série de massacres cometidos por protestantes contra católicos, em resposta a trecho de meu artigo em que relato o massacre dos cátaros e as cruzadas. O mais notório desses massacres foi a invasão de Roma em 1527. Diz o leitor: ‘A partir de 6 de maio de 1527 começa o saque de Roma pelas tropas de Carlos V, comandadas pelo duque de Bourbon. Cerca de 40 mil homens espalharam o terror, a violência e a morte. A horda dos invasores protestantes penetrou no Hospital do Espírito Santo e degolou os enfermos.’
Terrível relato. Mas cabe lembrar que o espanhol Carlos V, que ordenou o ataque e o saque de Roma, era católico apostólico e romano e extremamente fervoroso. Os protestantes holandeses e alemães (a Holanda e parte da Alemanha estavam sob domínio espanhol) serviam a um soberano católico, que entrou em conflito com o papa Clemente VII, que só escapou porque buscou refúgio no castelo Sant’Angelo. Três anos depois, o mesmo papa coroava Carlos V imperador, os estados papais eram reconhecidos pelo monarca e tudo voltou à santa paz. Quem morreu, morreu em vão.
Foi no dia 6 de maio de 1527 que cerca de quarenta mil homens espalharam na Cidade Eterna o terror, a violência e a morte. Eram seis mil espanhóis, quatorze mil italianos e vinte mil alemães, quase todos fanáticos luteranos. Gritavam: ”Viva Lutero, nosso papa!” Ávidos, incansáveis na busca das riquezas, os invasores assaltaram, estupraram, saquearam, incendiaram, trucidaram, jogaram crianças pelas janelas e as esmagaram contra as paredes. Grande parte da população foi dizimada. Conforme disse o historiador Maurice Andrieux, esse ataque a Roma “superou em atrocidade todas as tragédias da História, até mesmo a destruição de Jerusalém e a tomada de Constantinopla". Um banho de sangue correu pelas ruas da cidade, e por todo o lado se viam pilhagens, violações e torturas contra a população.
VIVA O NOSSO PAPA MARTINHO LUTERO!
Dia 6 de maio de 1527, quando saquearam Roma cerca de quarenta mil homens espalharam na Cidade Eterna o terror, a violência e a morte. Eram seis mil espanhóis, quatorze mil italianos e vinte mil alemães. Quase todos luteranos, esses últimos, indivíduos perversos, gananciosos, desprovidos de qualquer escrúpulo.
Ávidos, incansáveis na busca das riquezas, dos despojos do inimigo, os lansquenetes luteranos e os outros invasores assaltam, saqueiam, incendeiam, trucidam, arrebentam as suas vítimas,jogam crianças pelas janelas ou as esmagam contra as paredes. Conforme disse Maurice Andrieux, esse ataque a Roma "superou em atrocidade todas as tragédias da História", até mesmo a destruição de Jerusalém e a tomada de Constantinopla.
Igrejas são devastadas, soldados bêbados profanam o túmulo de São Pedro, mexem nos restos mortais do papa Júlio II, do qual lhe arrancam do dedo o anel. A cruz do imperador Constantino é arrastada na lama. Cibórios, missais, cálices de ouro, relíquias, crucifixos, alfaias, paramentos, vestes litúrgicas, o sudário de Santa Verônica, tudo isto anda de mão em mão, no meio dos bêbados e das prostitutas, por todas as tabernas da cidade. Os selvagens roubam as tapeçarias de Rafael e transformam em manjedouras as capelas e as naves laterais da catedral de São Pedro. Bulas do papa, bem como os manuscritos do Vaticano, servem de colchões para o repouso dos cavalos.
Montados em burros, os lansquenetes alemães aparecem vestidos de púrpura, com chapéus de cardeais e gritando: Viva o nosso papa Martinho Lutero!
Os brutos iam violentando as virgens em cima das mães destas, e em seguida as próprias mães. Algumas mulheres punham termo à vida nas águas do Tibre, ou então, com os dedos, arrancavam os seus olhos.
Nem as religiosas conseguiram escapar. Freiras são estupradas nos conventos, sobre os degraus dos altares, e se resistem, os monstros as degolam. Após a violência sexual, qualquer soldado tem o direito de novamente possuí-las nos bordéis, em troca de dois ducados.
E as leigas condessas, baronesas, marquesas, respeitáveis matronas saciam a luxúria dos vândalos até na presença de familiares, mas certos pais, a fim de eliminar estas denas, não hesitam em matar as suas filhas.
Os facínoras se valem de todos os meios para extorquir o dinheiro das vítimas: sangram as pessoas, chicoteiam, esmurram, deitam chumbo derretido pela boca, enterram lascas finas debaixo das unhas, queimam as carnes com tenazes aquecidas ao rubro. Dante Alighieri, se visse estas crueldades, poderia acrescentar na Divina comédia, ao seu Inferno, uma segunda parte, mais alguns cantos.
Um nobre, chamado Gattinara, comunicou a Carlos V: "Neste exército [o dos invasores de Roma], não há nem comandante, nem soldados, nem obediência, nem regras... Os comandantes fazem o que podem, mas os lansquenetes se comportaram como verdadeiros luteranos."
Centenas de cadáveres apodreciam ao ar livre nas ruas de Roma, a população diminuiu, outras centenas de cadáveres se afundaram ou ficaram boiando nas águas do rio Tibre. Durou oito dias o saque e várias semanas as brutalidades. A truculência dos lansquenetes e a eleição do papa Martinho Lutero, indignou os católicos em todo o mundo. Os apelos de Lutero a violência, durante a guerra dos camponeses, devem ter estimulado o furor inssano dos soldados germânicos na capital da cristandade. Citamos aqui, as palavras do reformador, dirigidas aos príncipes da Alemanha: Esmagai! Degolai! Trespassai de todo modo! Matar um revoltoso é abater um cão danado. Um conselho adotado quando os lansquenetes luteranos se desembestaram pelas ruas de Roma.
Livro "Lutero e a igreja do pecado", do jornalista Fernando Jorge. Pág. 149-155. Editora Mercúrio.
ANO DE 1532
O conquistador espanhol Francisco Pizarro, invadiu e saqueou a cidade de Cuzco. A maioria dos edifícios incas foi arrasada pelos clérigos católicos com o duplo objetivo de destruir a civilização inca e construir com suas pedras e tijolos as novas igrejas cristãs e demais edifícios administrativos dos dominadores, desta forma impondo sua pretensa superioridade cristã européia.
16 de novembro. Cajamarca, Peru.
“O governador Francisco Pizarro enviou então frei Vicente de Valverde para falar com Ataualpa e pedir que, em nome de Deus e do rei de Espanha, ele se submetesse a lei de nosso Senhor Jesus Cristo e ao serviço de Sua Majestade.
Avançando com a cruz em uma das mãos e a Bíblia na outra, por entre as tropas indígenas, até o local onde estava Ataualpa, o frei então falou: ‘Sou um sacerdote de Deus e ensino aos cristãos as coisas de Deus e, da mesma forma, venho para ensinar a vocês. O que ensino é o que Deus nos diz neste livro. Portanto, da parte de Deus e dos cristãos, eu lhe imploro que seja seu amigo, porque este é o desejo de Deus, e para o seu bem.’
“Ataualpa pediu o livro, que queria ver, e o frei o entregou fechado. Ataualpa não sabia como abri-lo e o frei estava estendendo a mão para fazê-lo quando Ataualpa, com muita raiva, deu-lhe um golpe no braço, sem querer que fosse aberto. Então ele mesmo abriu o livro e, sem qualquer demonstração de surpresa com as letras ou o papel, atirou-o a uma distância de uns cinco ou seis passos, com o rosto extremamente vermelho.
“O frei devolveu-o a Pizarro, gritando: ‘Saiam! Saiam, cristãos! Invistam contra esses cães inimigos que rejeitam as coisas de Deus. O tirano jogou no chão meu livro com a sagrada lei! Vocês não viram o que aconteceu? Por que continuar polidos e servis diante desse cachorro superorgulhoso enquanto as planícies estão cheias de índios? Marchem contra ele, porque eu os absolvo.
“O governador então fez sinal para Candia, que começou a atirar. Ao mesmo tempo, as cornetas soaram e as tropas espanholas, tanto a cavalaria quanto a infantaria, deixaram seus esconderijos, avançando diretamente sobre a massa de índios desarmados que lotava a praça, dando o grito de guerra espanhol: ‘Santiago!’ Nós havíamos colocado matracas nos cavalos para aterrorizar os índios. Os estampidos das armas, o som das cornetas e as matracas nos cavalos deixaram os índios em verdadeiro pânico.
Os cristãos espanhóis caíram em cima deles, cortando-os em pedaços. Os índios ficaram com tanto medo que subiram uns nos outros, amontoados e sufocados. Como estavam desarmados, foram atacados sem risco para qualquer cristão. A cavalaria passou por cima deles, matando, ferindo e perseguindo-os. A infantaria fez um ataque tão certeiro contra aqueles que ainda estavam em pé que em pouco tempo a maioria foi submetida à espada.
Viemos para conquistar esta terra sob suas ordens, para que todos tomem conhecimento de Deus e de sua sagrada fé católica. Devido à nossa missão, Deus, o criador do céu e da terra e de todas as coisas nele existentes, nos autoriza a fazer isso para que vocês possam conhecê-Lo e deixar essa vida bestial e diabólica que levam. Disse o governador cristão Francisco Pizarro.
30 de novembro – Morre a primeira vítima da inquisição no México.
ANO DE 1553
Calvino, que condena os excessos da Igreja Católica, faz decapitar o livre-pensador e médico Michel Servet, que havia descoberto a circulação sanguínea. Esse é somente um dos 15 hereges que o reformador fez executar durante a sua ditadura sobre Genebra.
Calvino tem um papel muito ativo na prisão e depois na condenação à morte de Michel Servet. Primeiro ele troca correspondência com ele e depois que o médico, fugindo da inquisição, chega a Genebra, manda-o prender. Calvino havia dito a seu amigo, o reformador Farel, que se Servet entrasse em Genebra, de lá não sairia vivo. Ele manteve a sua promessa e interveio pessoalmente no julgamento pedindo a sua execução. A única clemência dada a Servet foi de ser decapitado em vez de queimado vivo.
ANO DE 1570
29 DE JANEIRO – Instalação do Tribunal Inquisitorial em Lima, Peru.
ANO DE 1571
A invenção da imprensa permite que um número crescente de pessoas se informe. A Igreja reage criando o Índex (Index Additus Librorum Prohibitorum): essa instituição editava regularmente a lista dos livros proibidos. A última edição do Índex foi publicada em 1961.
Anos de 1566 a 1572
Pio V, Papa. Este santo da Igreja católica vangloria-se publicamente diversas vezes de ter, durante a sua carreira de inquisidor, colocado fogo com suas próprias mãos em mais de 100 fogueiras de hereges que ele mesmo acusara, confundira e condenara.
Publica também uma nova edição do catecismo oficial da Igreja, no qual o amor ao próximo e a misericórdia ocupam um lugar importante.
Anos de 1547 a 1593
Guerras de religião na França. As subseitas cristãs entregam-se a uma guerra civil sem perdão, interrompida por diversas pazes e tréguas temporárias. Durante uma delas, teve lugar o massacre de 20.000 protestantes, homens, mulheres e crianças, numa só noite, a tristemente célebre Noite de S. Bartolomeu (1572).
O monoteísmo é a forma religiosa mais propensa à realização de guerras santas. Desde quando os judeus inventaram o deus único, o ocidente nunca mais ficou livre da intolerância religiosa. Primeiro os romanos, depois os bárbaros do norte da Europa, em seguida os islamitas, os protestantes, os indígenas, os ateus, todos que não professavam a mesma fé no mesmo deus eram tidos por infiéis, hereges, que deveriam ser “salvos”, pela palavra ou pela força.
A Noite de São Bartolomeu de 1572 é apenas mais um dos episódios sangrentos na história monoteísta. Fruto da explosiva relação entre igreja e Estado, esse massacre foi planejado sigilosamente pelos líderes católicos franceses (Guises), contra os protestantes huguenotes e calvinistas de Paris, contando com o apoio da rainha francesa Catarina de Médicis (1519-1589), que temia um golpe de Estado.
Fim do século XVI até ao início do século XVIII
Conversão forçada dos índios Pueblo.
Subindo pela costa do golfo do México, os exploradores espanhóis, sempre acompanhados de monges e padres, entram em contato com a tribo dos Pueblo, no território que hoje pertence ao estado americano do Novo México: diferentes dos índios nômades das planícies do Norte e doutros indígenas mais combativos que os espanhóis encontraram no México e na América do Sul, os índios Pueblo vivem em aldeias (los pueblos) de casas de tijolos com 2 ou 3 andares, são pacíficos e praticam a agricultura.
Seguem uma religião na qual se venera o “Pai do Céu” e a “Terra Mãe”, temem os demônios (os Skinnwalkers) que andam pela crista das montanhas ao pôr do sol, veneram os corvos como reencarnação dos seus antepassados. Eles têm também um rico templo de deuses semelhantes aos dos gregos, sendo o seu deus principal a Mulher-aranha. As cerimônias são celebradas em pequenas igrejas familiares, as Kivas.
Estes pacíficos agricultores logo se tornam objeto de atenção dos padres espanhóis, impacientes por substituir o culto do Pai Céu e da Mãe Terra por aquele de cujo deus se bebe o sangue durante as cerimônias: os pajés índios são acusados de bruxaria e executados.
As Kivas são destruídas pelos militares hispânicos. Os cultos religiosos tradicionais são proibidos, sob pena de mutilação. Índios surpreendidos a celebrar uma cerimônia tradicional terão um braço ou um pé cortados. Apesar disso tudo, alguns índios continuarão a fazer os seus cultos, em segredo e à noite.
Os padres católicos usarão esse fato nos seus sermões e que os índios ainda hoje citam com amargura: os padres diziam que a religião dos índios era a das trevas, pois era sempre à noite, enquanto que o cristianismo era a religião da luz, pois se come a carne e se bebe o sangue do deus cristão em pleno dia. Diversas revoltas sangrentas pontuam a cristianização dos Pueblo. Essa perseguição religiosa só cessará depois da anexação do território pelos EUA, em 1847.
ANO DE 1600
Giordano Bruno é queimado vivo em Roma, condenado por heresia. Ele havia ousado definir o Universo como infinito e admitido a hipótese da existência de formas de vida fora da Terra. Era demais para a Igreja. Depois de 8 anos de processo, durante os quais lhe são arrancadas confissões, sob tortura, ele é condenado à morte como “herege obstinado e ímpio”. Ele se defende tentando mostrar que as suas idéias não estão em contradição com as doutrinas cristãs, mas em vão.
Ele foi queimado vivo, em público, em Roma, no Campo dei Fiori. Tiveram o cuidado de lhe cortar a língua antes de o enviar ao local da execução, para evitar todo o risco de que as suas palavras emocionassem a multidão que veio assistir ao espetáculo. O seu principal acusador, o cardeal Bellarmino, será mais tarde canonizado e, em 1930, proclamado “Doutor da Igreja”.
É interessante notar que, no caso de Galileu, a Igreja católica expressou o seu arrependimento no fim do séc. XX, com a sua reabilitação em 1992, nunca se arrependerá da execução de Bruno. Pelo contrário, ela se opôs com veemência à instalação duma estátua de Giordano Bruno, em 1889. Em 1929, o papa pediu a Mussolini para que destruísse essa estátua, antes de canonizar e depois nomear “Doutor da igreja” o cardeal Roberto Bellarmino, acusador de Giordano Bruno.
ANO DE 1609
Expulsão dos mouros de Espanha. Depois da expulsão dos judeus de Espanha, a inquisição se aborrecia um pouco nesse belo país. Lança então a caça aos “morescos”, os árabes convertidos ao cristianismo. Há a suspeita de serem falsos convertidos e são executados todos os que se recusam a beber vinho ou comer carne de porco, ou que sejam limpos demais.
Com efeito, o Islamismo, contrariamente ao cristianismo, prescreve lavagens periódicas. A higiene nunca foi tão perigosa como no séc. XVI em Espanha! Enfim, em 1609, temendo talvez ter deixado passar alguns falsos convertidos, a inquisição consegue do rei a expulsão dos “morescos” para o Norte da África. O número dos expulsos é mal conhecido: as estimativas variam entre 300.000 e 3.000.000. Os expulsos chegam a terras islâmicas, onde o Corão prevê a pena de morte para os que renegaram Mahomé...
ANO DE 1624
20 de julho – Assinatura da Carta Régia permitindo a introdução do Tribunal da Inquisição no Brasil.
ANO DE 1633
Processo de Galileu. Por ter duvidado da teoria geocêntrica de Ptolomeu, (que, diga-se de passagem, não era cristão), Galileo Galilei é obrigado a retratar-se: são-lhe mostrados os instrumentos de tortura que seriam usados se ele insistisse. O processo de Galileu só foi reaberto para revisão pelo papa João Paulo II, e Galileu é reabilitado em 1992.
As suas obras já tinham sido colocadas no Índex em 1616. Passará o resto da sua vida confinado na sua casa (prisão domiciliar). Foi a sua reputação internacional de cientista que lhe evitou conseqüências mais graves.
ANOS DE 1618 a 1648
Guerra dos 30 anos. Os muito católicos reis de Habsbourg forçam a conversão dos seus súbditos protestantes da Boêmia, iniciando a maior guerra que o continente europeu tinha conhecido. A população da Alemanha é reduzida à metade. Numerosas cidades são devastadas. Epidemias de peste assolam toda a Europa Central, desde a Lombardia à Prússia.
Trata-se realmente duma guerra religiosa, embora as igrejas tenham tentado fazer crer que se tratava dum conflito político: a guerra iniciou-se por conflitos religiosos e pela ação de reis estrangeiros, como Gustavo II da Suécia, que intervieram por razões de convicção religiosa.
O caso de Gustavo II é particularmente significativo, pois obrigava seus soldados a cantar canções religiosas todas as noites, embora eles fossem uns terríveis saqueadores. O exército sueco ganhou o título de “Schrecken des Krieges” pela população alemã, que teme a pilhagem dos suecos ainda mais do que as feitas pelos exércitos dos Habsbourg.
16 DE JUNHO DE 1645
Rio Grande do Norte – O Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis estavam participando da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú - no município de Canguaretama (RN). O que motivou a chacina? A intolerância calvinista dos invasores que não admitiam a prática da religião católica: isso custou-lhes a própria vida.
SETEMBRO DE 1645
Chacina de Uruaçu Rio Grande do Norte
Três meses depois aconteceu o martírio de mais 80 pessoas, e sempre pelas mãos dos calvinistas holandeses. Entre elas estava o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento"
Os índios já tinham sido avisados das intenções dos dois e lá estava o chefe potiguar com os seus comandados: mais de duzentos índios, bem armados.
Logo que desceram dos batéis, os flamengos ordenaram aos moradores que se despissem e se ajoelhassem. A um sinal dado por eles, os índios, que estavam emboscados, saíram dos matos e cercaram os indefesos colonos.
Teve início, então, a terrível carnificina, descrita com impressionante realismo pelos cronistas portugueses. Nas descrições, nota-se o contraste entre a crueldade dos algozes e a resignação e o perdão das vítimas:
"Começaram a dar tão desumanos e atrozes tormentos aos homens que já muitos dos que padeciam tomavam por mercê a morte. Mas os holandeses usaram da última crueldade entregando-os aos tapuias e potiguares, que ainda vivos os foram fazendo em pedaços, e nos corpos fizeram anatomias incríveis, arrancando a uns os olhos, tirando a outros as línguas e cortando as partes verendas e metendo-lhas nas bocas..." (Santiago).
A descrição da morte de Mateus Moreira é o ponto mais expressivo de toda a narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio.
"Os algozes arrancaram-lhe o coração pelas costas, e ele morreu exclamando: 'Louvado Seja o Santíssimo Sacramento."
O assunto das reduções do Paraguai. Este caso é particularmente interessante, pois aqui os católicos se massacram e se excomungam entre eles. Os jesuítas haviam estabelecido no Paraguai um pequeno império particular feito de reduções (redutos), ou seja, pequenas aldeias fortificadas na floresta, onde viviam os índios convertidos ao cristianismo, mas uma correção das fronteiras coloca alguns desses redutos em território português. Ora, Portugal, país católico e cristão, mantém na época a tradição da escravatura: os portugueses pensam então roubar aos jesuítas os índios para depois vendê-los como escravos.
O papa intervém, excomunga os jesuítas das reduções. Depois, um exército, com os canhões e espadas benzidas pelos padres de serviço, ataca as reduções, massacra os jesuítas e toma os índios como escravos. Um Te Deum solene celebra a vitória, como deve.
Pouco depois o papa interdita a ordem dos jesuítas, culpada de ser muito inteligente e racional, e sobretudo de não ter servido com lealdade a família de Bourbon, reis de França e de Espanha, monarcas absolutos e grandes amigos da Igreja católica.
ANO DE 1738
09 DE MAIO – Poeta italina Tommaso Crudeli é preso pela Inquisição.
ANO DE 1739
Antônio José da Silva, brasileiro, carioca, filho de advogado João Mendes da Silva, assistiu a prisão e a deportação de sua mãe Lourença Coutinho para Portugal acusada de praticar em segredo o judaísmo.
O pai de Antônio decidiu então partir para Portugal, para estar próximo de sua mulher, levando o jovem António consigo.
Antônio José da Silva estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde se inscreveu em 1725/6. Interessado pela dramaturgia, escreveu uma sátira, o que serviu de pretexto às autoridades para prendê-lo, acusado de práticas judaizantes. Foi torturado, tendo ficado parcialmente inválido durante algumas semanas, o que o impediu de assinar a sua "reconciliação" com a Igreja Católica, acabando por fazê-lo em auto-de-fé. Finalmente libertaram-no.
Antônio José da Silva iniciou-se na advocacia mas acabaria por se dedicar à escrita, tendo-se tornado o mais famoso dramaturgo português do seu tempo.
Foi um escritor prolífico, tendo escrito sátiras, criticando a sociedade portuguesa da época. As suas comédias ficaram conhecidas como a obra do "Judeu" e foram encenadas frequentemente em Portugal nos anos 1730.
Sua obra teatral inspirava-se no espírito e na linguagem do povo, rompendo com os modelos clássicos e incorporando o canto e a música como elemento do espetáculo. Oito de suas óperas, publicadas em 1744, em dois volumes, na série que ostenta o título Theatro comico portuguez, foram recuperadas em 1940, pelo pesquisador Luis Freitas Branco.
Em 1737, António foi preso pela Inquisição, juntamente com a mãe e a esposa (Leonor de Carvalho, com quem casara em 1728, que era sua prima e também judia). A mãe e a mulher seriam libertadas posteriormente.
António José da Silva foi novamente torturado. Descobriram que era circuncidado. Uma escrava negra testemunhou que ele observava o Shabbat. O processo decorreu com notória má-fé por parte do tribunal e António José da Silva foi condenado, apesar de a leitura da sentença deixar transparecer que ele não seria, de fato, judaizante.
Como era regra com os prisioneiros que, condenados, afirmavam desejar morrer na fé católica, António José da Silva foi garrotado antes de ser queimado num Auto-de-Fé em Lisboa em Outubro de 1739 com 34 anos de idade. Sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria pouco depois.
A história deste autor inspirou Bernardo Santareno, ele próprio de origem judaica, a escrever a peça O Judeu.
Mais recentemente, a vida de António José da Silva foi encenada por Tom Job Azulay no filme O Judeu, de 1995. No filme, António José foi interpretado pelo ator Felipe Pinheiro, que faleceu ainda durante as filmagens.
ANO DE 1761
Em Toulouse vivia um pequeno
comerciante de secos chamado Jean Calas, de fé cristã protestante.
Por quarenta anos ele esteve no
seu negócio, e seu caráter era irrepreensível. Era honesto, bom e agradável.
Tinha uma esposa e seis filhos – quatro rapazes e duas moças. Um dos filhos
tornou-se católico. O filho mais velho, Marc Antoin, não gostava do trabalho do
pai e das leis estúpidas. Ele não teve autorização de trabalhar na cidade,
desde que se tornasse um católico. Ele tentou conseguir autorização negando que
fosse protestante. Foi descoberto e ficou revoltado. Finalmente ele se
desinteressou pela vida e cometeu suicídio, enforcando-se numa noite, na loja
do pai.
Os fanáticos de Toulouse inventaram a história de que seu pai o matou para
impedi-lo de se tornar um católico.
Com esta acusação terrível o pai, a mãe, um filho, uma serviçal e um hóspede de
sua casa foram presos.
O filho morto foi considerado um mártir e a igreja se apossou de seu corpo. Isto aconteceu em 1761.
Isto é o que eles chamavam de julgamento. Não havia qualquer evidência, mesmo a
mais leve, com exceção do interrogatório. Todos os fatos eram favoráveis aos
acusados. A força de união dos acusados não poderiam ter feito o ato.
Jean Calas foi condenado à tortura e à morte na roda. Foi em 9 de marco de 1762
e a sentença deveria ser cumprida no dia seguinte.
No dia dez o pai foi levado à sala de tortura. O carrasco e seus assistentes
juraram na cruz cumprir a sentença de acordo com a lei.
Eles o prenderam nos pulsos por uma algema de ferro no muro de pedra quatro pés
do chão. Então eles apertaram a corda de tal modo que as articulações dos
braços e pernas foram deslocadas. Então ele foi interrogado. Ele se declarou
inocente. Então as cordas foram distendidas até que a vida se esvaía no corpo
distendido. Mas ele suportava.
Isto foi denominado "A questão ordinária".
Na boca da vítima era colocado um chifre contendo três quartilhos de água.
Desta maneira, trinta quartilhos de água eram forçados a entrar no corpo do
condenado. A dor era acima de qualquer descrição, mas Jean Calas permaneceu
firme.
Ele foi levado ao cadafalso num carro especial de levar prisioneiros. Ele foi
amarrado numa cruz de madeira que havia no patíbulo. Então os verdugos pegaram
uma barra de ferro e quebraram cada perna e cada braço em dois pedaços,
desferindo onze golpes, ao todo. Então ele foi deixado para morrer. Ele
sobreviveu ainda duas horas, declarando sua inocência até o último instante. Já
que ele demorava a morrer, o carrasco o estrangulou. Então, seu corpo
dilacerado, ensangüentado e quebrado foi levado para a fogueira e queimado. Tudo isso era um espetáculo, uma festa para os selvagens de Toulouse. O que
eles teriam feito se seus corações não tivessem sido amolecidos pelo alegre
ensinamento – paz na terra aos homens de boa vontade?
Mas isso não foi tudo. As propriedades da família foram confiscadas; os filhos
foram deixados em condições que se tornassem católicos; a serviçal foi levada a
um convento; as duas filhas foram entregues a um convento; a viúva, de coração
partido, foi liberada para ir aonde quisesse.
Voltaire soube deste caso. Por um momento sua alma queimou. Ele adotou um dos
filhos. Escreveu uma história sobre o caso. Correspondeu-se com reis e rainhas,
com diplomatas e advogados. Se fosse necessário dinheiro, ele conseguiria. Por
anos ele encheu a Europa com os gemidos de Jean Calas. E foi bem sucedido. O
julgamento horrendo foi anulado – os pobres acusados foram declarados inocentes
e milhares de dólares foram levantados para apoiar a família.
ANO DE 1772
A
FAMÍLIA SIRVEN
Sirven,
um protestante, vivia em Languedoc com sua esposa e três filhas. O empregado do
bispo quis fazer de uma das filhas uma católica. A lei dava permissão para que
um bispo retirasse um filho de uma família protestante para o bem da sua alma.
Esta pequena moça foi, então, levada a um convento. Ela fugiu e retornou para
seus pais. O pequeno corpo estava marcado pelas cordas do convento.
"Sofre, criancinha, para vir a mim".
A criança estava fora de si – subitamente ela desapareceu e seu pequeno corpo
foi encontrado dias depois a três milhas de casa. Então surgiu o boato de que
os pais a assassinaram com o intuito de impedir que ela se tornasse católica.
Isto aconteceu a apenas algumas milhas da cidade católica de Toulouse, onde Jean
Calais estivera preso. Os Sirvens sabiam que um julgamento acabaria em condenação. Eles
fugiram. Na sua ausência eles foram julgados à revelia, seus bens foram
confiscados, os pais condenados à morte na forca, as filhas condenadas a
permanecer em baixo da forca enquanto sua mãe era executada, e depois expulsas.
A família fugiu no meio do inverno; uma das filhas deu à luz nas neves dos
Alpes. A mãe faleceu, e o pai, chegando à Suíça, viu-se sem condições de
sustentar a família.
Eles foram até Voltaire. Ele abraçou sua causa. Ele tomou conta deles, deu-lhes
meios para sobreviver, e lutou para que a sentença fosse revogada durante nove
longos anos. Ele apelou aos reis por dinheiro, para Catarina II da Prússia, e
para centenas de outros. Ele conseguiu. O que ele disse deste caso: os Sirvens
foram julgados e condenados em duas horas em janeiro de 1762 e agora, em
janeiro de 1772 depois de dez anos de luta, eles recuperaram os seus direitos.
ANO DE 1766
Em pleno século das luzes, um jovem de 19 anos, o Cavaleiro de la Barre, passa “a vinte passos duma procissão, sem tirar o chapéu”. É preso e torturado. Finalmente é decapitado depois de lhe terem cortado a língua. O seu corpo é depois colocado sobre uma fogueira e queimado junto com um exemplar do Dicionário Filosófico de Voltaire, diante duma multidão entusiasmada.
14 DE JUNHO de 1781
“No século 18, a invenção do pára-raios, por Benjamin Franklin, cristão calvinista, foi condenada pela Igreja como invenção do diabo. Sendo o raio expressão da cólera do Senhor, só podia ser tentação do demo impedir que o castigo divino caísse sobre o mundo. Na França, a "excomunhão" foi levada a sério: em Saint-Omer, Vissery de Bois foi processado por heresia, por instalar um pára-raios em sua casa”.
No Cantão de Glaris, na Suíça, a última bruxa foi queimada. Esta execução da Inquisição não foi a última, e continuará queimando hereges até 1826.
ANO DE 1793
Kant, professor de Filosofia em Konigsberg e estrela internacional da filosofia moderna, depois da publicação da “Crítica da Razão Pura”, publica “A religião nos limites da Razão”, onde ele coloca as doutrinas cristãs à prova do raciocínio e do “imperativo categórico”.
É demais para os piedosos reis da Prússia, que empurrados pelos prelados protestantes, intervém e Kant é forçado a retratar-se publicamente, sob pena de perder imediatamente o seu posto na universidade de Konigsberg.
Todos os professores universitários são obrigados a assinar, sob pena de dispensa imediata, um documento onde prometem não citar os ensinamentos de Kant com relação à religião. Como no caso de Galileu, a fama internacional de Kant o salva de conseqüências mais severas. Kant ainda pensa em se exilar, mas neste fim de século, há poucos céus clementes para pensadores que ousaram criticar aspectos da ideologia cristã. Assim acabará os seus dias em Konigsberg.
ANO DE 1826
O último herege é queimado vivo pela inquisição espanhola. Uma rica tradição cristã termina. Daí para a frente, a Igreja recorrerá a meios mais sutis para matar, como proibir a assistência a mulheres que devem abortar, sabotando o planejamento familiar nos países pobres, proibindo os preservativos como modo de lutar contra a Aids-Sida, etc.
ANO DE 1847
Guerra do Sonderbund.
A Suíça é dilacerada por uma guerra religiosa. Os cantões católicos, cujos governos estão muito influenciados pelos conselheiros jesuítas, fundam uma aliança militar, o Sonderbund, que exige a anexação aos cantões católicos de regiões majoritariamente protestantes. Chamam os monarcas católicos da Áustria em seu auxílio, depois iniciam as hostilidades. Somente uma vitória rápida das tropas federais/protestantes permitiu evitar uma intervenção austríaca, que levaria a um conflito de extensão européia.
Os protestantes, por seu lado, encetam uma feroz “Caça aos católicos”, nos campos de Genebra.
Os jesuítas, considerados responsáveis pela guerra, são expulsos da Suíça, e essa expulsão valerá até 1970.
ANO DE 1848
A população de Roma revolta-se contra a ditadura papal. O papa é expulso. Volta ao poder em 1849, devido à ação das tropas francesas enviadas por Luís Napoleão Bonaparte, presidente da república francesa. Os opositores são fuzilados. O Estado da Igreja volta a ser uma monarquia absoluta, cujo soberano é o papa.
ANO DE 1871
O papa excomunga todo aquele que participar de qualquer eleição do estado italiano, que é classificado como “diabólico”, porque retirou aos papas o seu poder temporal. Essa sentença de excomunhão automática não impedirá o papa de abençoar, alguns anos depois, a fundação do “Partito populare”, de inspiração católica e fundado por um padre.
ANO DE 1881
Os “Pogroms” russos começam. Incitados pelos prelados ortodoxos, que difundiram um boato que o Czar Alexandre II teria sido assassinado por um judeu, multidões se juntam em mais de 200 cidades russas e destroem os bens dos judeus.
Os pogroms tornar-se-ão comuns na piedosa Rússia Czarista, sobretudo entre 1908 e 1917. O mais violento dentre eles teve lugar em Kishinev, em 1913: as autoridades civis e religiosas da cidade incitam a multidão que ataca violentamente os judeus. Durante dois dias a multidão mata 45 judeus, fere 600 e pilha 1500 casas. Claro que os responsáveis (popes e políticos) nunca serão incomodados pela justiça.
ANO DE 1889
Numa Roma livre do jugo papal, no dia 9 de junho, é inaugurada a estátua de Giordano Bruno, no Campo das Flores. O papa Leão XIII, sofredor, passará o dia todo de jejum aos pés da estátua de S. Pedro. A imprensa católica dispara: fala de “orgia satânica”, descrevendo a manifestação da inauguração, o “triunfo da sinagoga, dos arquibandidos da Maçonaria, dos chefes do liberalismo demagógico”, “o máximo da ignorância e da malignidade anti-clerical”.
ANOS DE 1918 a 1945
Os anos do compromisso. A Igreja católica apóia ativamente o crescimento dos totalitarismos na Europa. Na Áustria, o seu apoio ao Austro-Fascismo é total. Na Itália, ela assina com o regime fascista uma concordata que faz do catolicismo a religião de estado: os italianos podem de novo votar sem serem excomungados, pena que isso de pouco serve em período de ditadura. A Igreja sacrifica em grande parte as suas próprias associações: todas, exceto a Ação Católica, devem integrar as organizações fascistas. O Vaticano promete a Mussolini de fazer com que a Ação Católica não se deixe tentar por ações antifascistas.
Em 1929, Mussolini, depois de ter assinado a concordata dita “Patti Lateranensi”, é qualificado pelo papa como “o homem da providência”. Em 1932, o ditador recebe das mãos do papa a Ordem da Espora de Ouro, que é a mais alta distinção concedida pelo Estado do Vaticano.
Essa bela harmonia vai resistir mesmo ao momento de tensão causado pela estátua de Giordano Bruno. O papa aproveita a concordata para pedir ao seu amigo ditador que destrua a estátua erigida em 1889. O ditador, que tem um filho com o nome de Bruno, toma a defesa do livre-pensador e declara à Câmara de Deputados que “A estátua de Giordano Bruno, melancólica como o destino desse monge, ficará onde ela está.
Tenho a impressão que seria se encarniçar contra esse filósofo que, se equivocado e persistiu no erro, no entanto já pagou”. Para mostrar que não se arrepende de nada a Igreja canoniza então Roberto Bellarmino, o acusador de G. Bruno, nomeando-o “Doutor da Igreja”.
Na Alemanha, em janeiro de 1933, o Zentrum, partido católico, cujo líder é um prelado católico(Pralat Kaas), vota plenos poderes para Hitler: este último pode assim atingir a maioria de dois terços necessária para suspender os direitos garantidos pela Constituição.
Com uma caridade toda cristã, o bom prelado aceita também fechar os olhos para os discutíveis processos nazistas, como a prisão dos deputados comunistas antes da votação. Depois a Igreja começa a negociar uma nova concordata com a Alemanha: nesse cenário, ela sacrifica o Zentrum, então o único partido significativo que os nazistas não tinham proibido. Na realidade ele tinha-o ajudado a chegar ao poder. Em 5 de julho de 1933, o Zentrum se dissolve sob solicitação da hierarquia católica, deixando o caminho livre para o NSDAP de Hitler, então partido único.
Hitler declara-se católico no “Mein Kampf”, o livro onde ele anuncia o seu programa político. Também afirma que está convencido ser ele um “instrumento de deus”. A Igreja católica nunca colocou no seu Índex o “Mein Kampf”, mesmo antes da ascensão de Hitler ao poder. Podemos acreditar que o programa anti-semita do futuro chanceler não desagradava à Igreja. Hitler mostrará o seu reconhecimento tornando obrigatória uma prece a Jesus nas escolas públicas alemãs e reintroduzindo a frase “Gott mit uns” (Deus está conosco) nos uniformes do exército alemão.
Em 1938, as SS e SA organizam a “Noite de Cristal”: com trajes civis, os milicianos nazistas atacam sinagogas e lojas pertencentes a judeus. A população alemã está horrorizada e aterrorizada. O bispo de Freiburg, monsenhor Gröber, declara então, em resposta às perguntas sobre as leis racistas e os pogroms da noite de cristal: “Não podemos recusar a ninguém o direito de salvaguardar a pureza da sua raça e de elaborar medidas necessárias a esse fim”.
Na Espanha, um general tenta um golpe de estado militar, que aborta mas degenera em guerra civil. A Igreja o apóia, padres e bispos benzem os canhões de Franco, celebram com muita pompa Te Deum pelas suas vitórias contra o governo republicano legítimo. A guerra faz mais de um milhão de mortos, e Franco fuzila todos os prisioneiros.
Franco se mostrará reconhecido por seus piedosos aliados, nomeando diversos membros da Opus Dei para o seu governo. A influência da Opus Dei crescerá ao longo da ditadura franquista, ao ponto de se chegar a mais de metade dos ministros serem membros dessa venerável instituição católica.
Na França, a Igreja declara, desde 1940, que “Petain é a França”: ela prefere de fato o Trabalho-Família-Pátria do estado francês às Liberté-Égalité-Fraternité da República, que sempre a horrorizaram.
Durante a 2a guerra mundial, o Vaticano estava ciente do extermínio dos judeus pelos nazistas. Saber-se-á, após a guerra, que o papa diversas vezes esteve para fazer um pronunciamento público, mas que finalmente se absteve essencialmente pela sua comunistofobia e achando que uma vitória russa seria “pior”. No entanto ele chorou em 1942, junto às ruínas de Roma, bombardeada pelos aliados. Também ele se esquece de mencionar que o seu aliado político Mussolini tinha solicitado a Hitler para ter “a honra de participar dos bombardeamentos sobre Londres”, é verdade que o papa não habitava em Londres...
SABER MAIS:
As igrejas católica e luterana admitiram ter explorado escravos do nazismo:
Berlim, 31 ago (RV) - A Igreja Católica na Alemanha indenizou, com uma quantia simbólica de € 2.556,00 cada um, 594 trabalhadores forçados e estrangeiros que se viram obrigados a trabalhar nas 27 dioceses do país, durante o III Reich, sob a tirania de Adolf Hitler.
IGREJA CATÓLICA ALEMÃ INDENIZA 594 ESCRAVOS DO NAZISMO.
En Bariloche, un sacerdote evocó a un criminal nazi. El religioso expresó su "gratitud" a Erich Priebke durante la inauguración de una sede universitaria.
Evangélicos reconhecem cumplicidade com o nazismo.
ANO DE 1941
«Deus, que dirige o destino das nações e controla o coração dos reis, deu-nos Ante Pavelic e inspirou o líder de um povo amigo e aliado, Adolf Hitler, para usar as suas tropas vitoriosas para dispersar os nossos opressores. Glória a Deus, a nossa gratidão a Adolf Hitler e lealdade ao nosso Poglavnik [fuhrer], Ante Pavelic.»
Carta Pastoral de 1941 do Arcebispo de Zagreb Aloysius Stepinac, beatificado por João Paulo II em 1998.
Cristianismo - Sobre o Papado de Roma e os seus Crimes - Parte VII.
A História revela que a conexão Igreja-Estado sempre produziu uma máquina poderosa, pronta para destruir a liberdade de consciência. No dia 28 de junho de 1941, o Arcebispo Alojzije Stepinac abençoou e aprovou o novo governo com as seguintes palavras: Enquanto o saudamos cordialmente como Chefe do Estado Independente da Croácia, imploramos ao Senhor dos Astros que lhe dê as bênçãos divinas como líder do nosso povo.
Em seu livro, Avro Manhattan diz que Pavelic, o novo líder, era o mesmo homem sentenciado à morte por assassinatos políticos; uma vez pelos tribunais iugoslavos, pela morte do Rei Alexandre I, e outra, pelos franceses, pela morte do Ministro Francês do Exterior, Barthou. O Vaticano ficou mais vinculado ainda ao Novo Estado Fascista quando membros da Hierarquia Católica foram eleitos para o SABOR (Parlamento Totalitarista), dentre eles o Arcebispo Stepinac.
Avro Manhattan revela que todos os oponentes em potencial – comunistas, socialistas, liberais - foram banidos ou aprisionados. Uniões comerciais foram abolidas, a imprensa foi paralisada, a liberdade da fala, de expressão e pensamento tornaram-se coisa do passado.
Durante este episódio, a ferocidade foi de tal proporção que os nazistas ficaram horrorizados. A bestialidade suplantou tudo que fora experimentado na Alemanha de Hitler.
Mônica Farrell, uma ex-católica romana, fez um relato em seu livro Ravening Wolves (Lobos Vorazes) sobre tal acontecimento: Este é um registro das torturas e assassinatos cometidos na Europa entre 1941-1943, pelo exército de ativistas católicos, conhecido como Ustashi (uma organização terrorista), liderado por monges e padres e do qual até mesmo freiras participaram.
Só para concluir
.
As vítimas sofreram e morreram por causa da liberdade de consciência. O mínimo que podemos fazer é ler os registros de seus sofrimentos e guardar na lembrança o que aconteceu, não na Idade Média, mas na nossa própria geração iluminada. Ustashi é outro nome da Ação Católica. O novo Estado Independente da Croácia, agindo em conexão com o nazismo de Adolf Hitler, da forma mais cruel e repugnante perseguiu, trucidou, torturou e matou mais de um milhão de pessoas em pouco tempo.
O papa declara que todo aquele que votar nos comunistas ou que ajudar esse partido de qualquer maneira será automaticamente excomungado. Essa medida divide as famílias, provoca exclusões socialmente intoleráveis para muitos e obriga à clandestinidade de numerosos comunistas nas zonas rurais.
Os curas italianos apressaram-se a traduzir essa decisão em fatos, e pedem que as suas ovelhas votem no grande partido anticomunista (DC – Democrazia Cristiana). O partido DC vai-se afundar logo em seguida na corrupção generalizada nos anos 90.
ANO DE 1961
Última edição do índex (Índex Additus Librorum Prohibitorum), que cita como autores cujas obras são proibidas de leitura pelos católicos entre outros: Jean-Paul Sartre, Alberto Moravia, André Gide.
ANOS 80
Depois de um período de aparente liberalização, o papa João Paulo II chega à cabeça da maior seita do mundo e rende-se às mais terríveis tradições da Igreja.
A sua condenação do preservativo, como modo de luta contra a Aids-Sida, provoca um grande número de mortos, difícil de estimar. Pratica uma política ativa de sabotagem às medidas de controle da natalidade no terceiro mundo. As conseqüências são difíceis de contabilizar, mas podem ser medidas em termos de fome, miséria, criminalidade e falta de assistência médica nos continentes mais pobres – América do Sul e África. Esta proibição só vai findar em 23 de novembro de 2009, depois de inúmeros protestos de diversos seguimentos da sociedade. A pressão social obriga o Papa Bento XVII a revogar a proibição irracional do Papa João Paulo II.
Na sua caça aos hereges, o papa suspende “A divinis”, dois teólogos alemães que tinham ousado duvidar, um da infalibilidade papal, e outro da imaculada concepção de Maria.
ANOS 90: guerras de religião na Iugoslávia.
A Iugoslávia era, nos anos 80, uma das terras favoritas para férias balneares dos europeus. A publicidade iugoslava da época vendia o caráter multireligioso do país como um argumento turístico, pois se podia ver em Mostar e em outras belas cidades as mesquitas e as igrejas lado a lado.
Mas o país se afundou numa série de guerras civis que se querem descrever como guerras “étnicas”, quando na verdade se tratam de guerras religiosas. O caso da guerra da Croácia é o mais flagrante. Sérvios e croatas têm a mesma origem étnica e até a mesma língua, o Croata-servo. O mais irônico é que o croata-servo (servo-croata, escrito em caracteres latinos), é hoje a língua oficial dos soldados do exército Iugoslavo que combateu em Kosovo contra a OTAN, depois de ter lutado contra os croatas no início dos anos 90.
Mas a religião separa os croatas dos Sérvios: os croatas foram cristianizados por Roma e são católicos. Os sérvios foram cristianizados pelos bizantinos e são ortodoxos.
Quando Milosevitch começa a agitar o espectro da “Grande Sérvia”, a Croácia declara a independência. Imediatamente o Vaticano e a R. F. da Alemanha, cujo chanceler se declarava um católico convicto, reconhecem a Croácia católica como estado independente.
O Vaticano mandou para todo o mundo anúncios para que os países reconhecessem o novo estado católico. O papa multiplica os apelos, as preces e as missas pela independência da Croácia. Durante esse tempo, o ditador croata, antigo oficial superior do regime comunista e também católico praticante, deu férias para todos os seus funcionários ortodoxos, isto é, sérvios. Depois escolheu como bandeira nacional a antiga insígnia dos Oustachis, que entre 1940 e 44 tinham praticado um genocídio de cerca de 600.000 sérvios. A guerra civil iniciou-se.
Finalmente termina essa guerra, e o papa beatifica o cardeal Stepinac que havia qualificado Ante Palevitc, o ditador Oustachi durante a ocupação de 1940/44, de “Dom de deus”, para a Croácia e o havia apoiado ativamente.
A guerra da Iugoslávia continuou depois na Bósnia, onde os membros dos três grupos religiosos (ortodoxos, muçulmanos e católicos) se enfrentaram em uma série de combates triangulares, tendo a população civil como a principal vítima. Depois a guerra passou para o Kosovo, província agrícola sem interesse estratégico, e todos sabemos o que se passou.
As guerras da Iugoslávia são um caso emblemático da catastrófica intolerância que é típica das religiões “reveladas”: as comunidades religiosas se enfrentam, neste final de século, em nome de religiões que elas receberam dos acasos da expansão dos diversos impérios (Romano, Bizantino e Otomano) desde a idade-média.
Julho de 1998
Um atentado terrorista promovido pelos protestantes na Irlanda do Norte tendo como alvo Igreja e casas de católicos, em Belfast, teve um saldo de três crianças mortas.
A Igreja Católica revida no mês seguinte. A bomba católica fez 28 vítimas fatais e 220 feridos em Omagh.
Uma Guerra entre Cristãos que já dura cinco décadas.
No Ulster, a briga continua porque, embora minoritária, a população católica (38,4%) é quase tão grande quanto a protestante (42,8%) e não aceita fazer parte da Inglaterra. Além disso, há fortes queixas de discriminação anticatólica na região. Resultado: na década de 60 surgiu a luta armada entre as duas facções que, até hoje, fez 3280 mortos e 37.500 feridos. É muito para uma população de 1,6 milhão de habitantes.
Em Belfast, capital da Irlanda do Norte, os conflitos incessantes levaram, em 1969, à construção de um muro de 3,5 quilômetros de comprimento e 3,5 metros de altura separando o bairro católico Falls do protestante Shankill. A cicatriz da violência permanece até hoje.
OUTUBRO DE 1999
Um fim para a religião como causa de
violência:
Budistas, cristãos (católicos,
ortodoxos, protestantes e católicos romanos), judeus e líderes religiosos
muçulmanos realizaram uma reunião de Genebra Suíça no mês de outubro de1999.
Também estiveram presentes os chefes de grupos seculares: o Presidente da Cruz
Vermelha, membros da Comissão da ONU para os Direitos Humanos e para os
Refugiados, e do Director-Geral da Organização Mundial de Saúde.
Muitas conferências têm sido
realizadas no passado para discutir como os grupos religiosos poderiam amenizar
o sofrimento humano, e reduzir os conflitos. No entanto, este foi um dos
primeiros a reconhecer a religião como causa de violência e discriminação.
Em 24 de outubro de 1999, eles
assinaram um documento "O apelo de Genebra Espiritual". Eles pedem a
líderes políticos e religiosos e organizações para garantir que as crenças
religiosas não são utilizadas para justificar a violência futuro.
Texto
do Recurso:
Porque nossas convicções pessoais
ou as religiões a que devemos fidelidade têm comum o respeito pela integridade
da humanidade.
Porque nossas convicções pessoais
ou os religiosos a que devemos fidelidade têm comum a rejeição do ódio e da
violência.
Porque nossas convicções pessoais
ou as religiões a que devemos fidelidade têm comum a esperança de um mundo
melhor e mais justo.
Representando as comunidades
religiosas e da sociedade civil que apelar para os líderes do mundo,
independentemente da área de influência, de respeitar estritamente as três
seguintes princípios:
1) A recusa de invocar um poder
religioso ou espiritual para justificar qualquer tipo de violência,
2) A recusa de invocar uma origem
religiosa ou espiritual para justificar a discriminação e exclusão;
3) A recusa de explorar ou
dominar os outros por meio da capacidade de força, intelectual ou espiritual
persuasão, riqueza ou status social.
Fundamentada na tradição de
boas-vindas de Genebra, nosso apelo é aberta a todos os que têm convicções de
acordo com estas três exigências.
Duas semanas antes da assinatura
do Recurso, um serviço foi realizada na Catedral de São Pedro. Ele comemorou o Festival
anual de Genebra. Naquele ano, tinha o povo tibetano como seus convidados
especiais.
O Dalai Lama foi pregador
convidado. Ele disse que aqueles que travaram uma guerra em nome da religião
não conseguiu olhar para além de sua religião para outras religiões que se
opõem. Se eles fizeram examinar outras religiões, eles reconheceriam o mesmo
desejo de transformação, como em seu próprio.
Disse ainda: "Não é o suficiente para
pertencer a uma religião Você tem que experimentar espiritualidade é como um
remédio para curar a doença, mas não é suficiente para olhar para a medicina e
falar sobre isso Você tem que ingeri-lo..... " Ele continuou dizendo que,
apesar de seus métodos diferentes, as grandes religiões compartilhado um
objetivo comum - para fazer as pessoas melhores. Ele aconselhou a congregação
de seguir a sério "o seu próprio caminho espiritual".
O recurso foi assinado no
domingo, 24 de outubro de 1999. Coincidiu com um serviço inter religioso, que
também foi realizada na Catedral de São Pedro, em Genebra Dia das Nações
Unidas. O serviço foi "organizado em estreita colaboração com o Conselho
Mundial de Igrejas (CMI) e foi assistido por representantes do Protestante,
Católica Romana, Católica Antiga, ortodoxos, judeus, muçulmanos, budistas, Baha
' e comunidades, e outras congregações religiosas presentes em Genebra. ".
De acordo com Ecumenical News
International, os delegados afirmam que 56 conflitos atuais, distúrbios
civis, guerras, etc ter
importantes elementos religiosos . Teólogo protestante William McComish
disse: "A religião é parte da identidade de um grupo étnico que se
coloca um contra o outro."
15 de abril de 2003
Argentina
Um sacerdote invocou o nome de um criminoso nazista e expressou sua gratidão, durante a inauguração de uma sede da Universidade Fasta, provocando grande polêmica. Trata-se de Erich Priebke, condenado a prisão perpétua por um massacre de 335 italianos em Fosas Ardeatinas de Roma, ocorrido em 24 de março de 1944.
Organismos de Direitos Humanos repudiaram a atitude do Frei Aníbal Fosbery e pediram uma investigação por suspeita na participação do padre durante a ditadura de Busse, em Tucumán.
O presidente norte-americano George W. Bush justifica a invasão do Afeganistão e Iraque, alegando ser mensageiro de Deus.
O presidente norte-americano George W. Bush declarou no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh na presença de Nabil Shaath e Mahmud Abbas, que na ocasião eram ministro palestino das Relações Exteriores e dirigente palestinos, respectivamente que:
Teria obedecido a uma ordem divina ao invadir o Afeganistão e, em seguida, o Iraque, segundo um documentário do canal BBC, que foi transmitido na segunda semana de outubro de 2005
Segundo o canal britânico, Shaath e Abbas teriam ouvido o presidente americANO dizer que Deus lhe ordenou a criação de um Estado palestino. "O presidente Bush disse a todos nós: 'Estou movido por uma missão divina", afirmou, ante as câmeras da BBC, Nabil Shaath, atual ministro da Informação.
Segundo Shaath, Bush acrescentou: "Deus me disse, George, vai e luta contra os terroristas no Afeganistão. E eu o fiz. E Deus me disse: George, acabe com a tirania no Iraque. E eu o fiz. E agora, sinto ainda a palavra de Deus que me diz: dá um Estado aos palestinos e aos israelenses sua segurança e consiga a paz no Oriente Médio. E, por Deus, eu o farei".
Abbas, atualmente presidente da Autoridade Palestina, também recordou ante as câmeras da BBC ter ouvido de Bush nessa reunião: "Tenho uma obrigação moral e religiosa. Portanto, vou conseguir um Estado palestino".
Protesto inusitado aconteceu durante a Procissão do Senhor Morto no Centro
A Procissão do Senhor Morto, um dos momentos mais marcantes da Semana Santa, foi marcada por palavras de ordem de evangélicos contra a Igreja Católica, na saída do cortejo da Catedral Metropolitana, na Avenida Chile. As cerca de 2 mil pessoas que seguiram o cônego Haroldo da Silva Ribeiro ouviram frases como ''Roma caiu!'' e ''Chega de Mentira'', gritadas pelos manifestantes.
Jovem morre após ser surrado por protestantes na Irlanda do Norte
Publicidade da France Presse, em Belfast
Um adolescente católico surrado por protestantes no domingo na cidade de Ballymena, na Irlanda do Norte, morreu nesta segunda-feira no hospital, informou a polícia.
Quatro homens e um adolescente foram presos devido à agressão.
Michael McIlveen, 15, foi surrado por um grupo de jovens protestantes na noite de domingo em uma ruela de Ballymena, quando ia comprar uma pizza.
Segundo testemunhas, um grupo de jovens fanáticos atacou a vítima com bastões de beisebol. Já caído no chão, McIlveen foi chutado repetidamente na cabeça.
A vítima conseguiu voltar andando para casa, mas desmaiou e foi levado para o hospital, onde morreu na noite de hoje.
A tia de McIlveen afirmou que o jovem foi morto apenas por ser católico.
O comissário encarregado do caso, Terry Devlin, confirmou que o crime foi cometido por "razões religiosas".
26 de março de 2008
IGREJA NA ALEMANHA RECONHECE QUE EXPLOROU CERCA DE SEIS MIL DEPORTADOS DURANTE O NAZISMO
Berlim, 26 (RV) - A Igreja Católica alemã empregou durante o nazismo cerca de seis mil "trabalhadores forçados", sendo a maioria proveniente da Polônia e das repúblicas da ex-União Soviética.
É o que revela um documento de mais de 700 páginas que o ex-presidente da Conferência episcopal alemã, Cardeal Karl Lehmann, apresentará oficialmente em 4 de abril em Mogúncia.
Ontem, a Igreja alemã antecipou que, entre 1939 e 1945, foram utilizados como escravos 4.829 deportados de países do leste europeu e 1.075 prisioneiros de guerra.
A Conferência Episcopal precisou que o estudo, intitulado "Trabalho coercitivo e Igreja Católica de 1939 a 1945", constitui "a pesquisa mais ampla das últimas décadas sobre todo o catolicismo alemão".
A Igreja evangélica, que também utilizou trabalhadores forçados, decidiu indenizar os sobreviventes com uma contribuição à "Fundação Memória, Responsabilidade e Futuro", o fundo criado nos anos passados pelo governo alemão.
Já a Igreja Católica preferiu criar seu próprio fundo para o ressarcimento das vítimas mediante a criação, em 2000, de um fundo especial de 2,55 milhões de euros. Em 2005, foram identificados cerca de cinco mil trabalhadores sobreviventes, 590 dos quais já receberam a indenização de 2.556 euros.
Entretanto, as Nações Unidas decretaram o 25 de março o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravatura e Tráfico Transatlântico.
Quatro jovens protestantes invadiram e destruíram todas as imagens do Centro Cruz de Oxalá, no bairro do Catete no Rio de Janeiro.
Jovens foram detidos em flagrante
De acordo com o delegado Fábio Pereira, da 9ª DP (Catete), os quatro jovens foram detidos em flagrante e levados para a delegacia, onde prestaram depoimento.
Pereira afirma que eles não pareciam arrependidos e testemunhas contaram que o grupo gritava que aquilo era "coisa do diabo" enquanto quebrava as imagens do Centro.
Eles foram autuados por crime contra o sentimento religioso e liberados depois de se comprometer a comparecer à audiência no 1º Juizado Especial Criminal de Botafogo, em data a ser marcada pela Justiça.
Arcebispo irlandês pede desculpas por abusos sexuais
Investigação revela agressões e abusos em instituições católicas
O arcebispo da Igreja Católica irlandesa, o cardeal Sean Brady, pediu desculpas e disse estar "envergonhado" pelos milhares de casos de abusos sexuais, físicos e psicológicos cometidos por religiosos em instituições do país durante quase 70 anos.
Brady emitiu um comunicado hoje em resposta à publicação de um relatório da Comissão sobre Abusos a Menores, realizada em 2000, para esclarecer denúncias de abusos ocorridos desde 1940, até meados da década de 80.
Um relatório governamental divulgado nesta quarta-feira (20) na Irlanda acusa padres de terem agredido e abusado sexualmente de milhares de crianças durante décadas em instituições católicas como orfanatos e escolas de ofícios.
A Comissão de Inquérito sobre Abuso Infantil foi estabelecida pelo governo em 2000. O resultado de sua investigação acusa sucessivas gerações de padres, freiras e irmãos de agredir, deixar à mingua e, em algum casos, abusar de crianças entre 1930 e 1990.
"Um clima de medo, criado por punições pervasivas, excessivas e arbitrárias permeava a maioria das instituições", diz o relatório.
Catálogo vergonhoso
O relatório, disse o arcebispo, "documenta um catálogo vergonhoso de crueldade, abandono, abusos físicos, sexuais e emocionais", que aconteceram em escolas públicas, orfanatos, centros para doentes mentais e em outras instituições, que, em sua maioria, eram administradas por sacerdotes e freiras católicas.
"O relatório ilumina um período obscuro do passado. A publicação deste extenso documento e análise é um passo bem-vindo e importante para estabelecer a verdade, para dar justiça às vítimas e para assegurar que um abuso como esse não volte a acontecer", disse Brady.
O cardeal reconheceu o "grande dano e sofrimento" causado a "alguns dos menores e mais vulneráveis integrantes de nossa sociedade", e acredita que estas revelações "ajudarão a curar a dor das vítimas".
"A Igreja Católica continua decidida a fazer tudo o que for necessário para transformar a Igreja em um lugar seguro, alegre e provedor de vida para as crianças", disse. "Sinto muito e estou envergonhado que menores tenham sofrido de maneiras tão horríveis nestas instituições", acrescentou Brady.
Abusos
O relatório, de cinco volumes, trata de instituições que já foram fechadas.O Departamento de Educação também é criticado, por ter sido incompetente para impedir os abusos.
A comissão entrevistou 1.090 homens e mulheres que frequentaram 216 instituições entre orfanatos, hospitais e escolas. A divulgação do documento foi feita em um clima tenso, pois muitas das vítimas, algumas já idosas, estavam presentes.
O presidente da comissão, o juiz Sean Ryan, disse que, quando surgia uma denúncia de abusos, as autoridades transferiam os acusados para outra unidade, onde, "em muitos casos", eles voltavam a cometer crimes.
A igreja local ainda não se pronunciou sobre o conteúdo do relatório.
Nas próximas semanas, será divulgado o conteúdo de uma outra investigação da comissão sobre abusos ocorridos entre 1975 e 2004 em várias paróquias da capital irlandesa, que já foi qualificado como "horroroso" pelo arcebispo da diocese de Dublin, Diarmud Martin.
São Miguel do Guamá, (Pará), 30 de maio de 2009
Protestantes invadem igreja para quebrar os santos.
Hoje pela manhã, por volta de 09:30 a Senhora Denise Elem dos Santos de 22 anos e a Sra. A. R. C. A. de 49 anos (deficiente mental) entraram na Igreja Matriz da Cidade de São Miguel do Guamá, enquanto o zelador fazia o trabalho de limpeza, as duas senhoras que estavam rezando e com um a Bíblia na mão e começaram a quebrar as Imagens de vários Santos que ali ficam, foram quebradas as imagens de São Miguel Arcanjo o padroeiro da Cidade, São Sebastião, Sagrado Coração de Jesus e a Imagem de Nossa Senhora da Conceição, além de derrubarem quadro de Santos e a ornamentação da Igreja Matriz, o objetivo das duas eram de quebrar todas as imagens e de arrombar o Sacrário onde ficam Partículas Sagradas e o Círio pascal mais não conseguiram, a policia foi acionada e uma viatura da PM chegou no local e acabou detendo as duas senhoras que foram conduzidas para a Delegacia de Polícia civil de São Miguel do Guamá, onde lá foi comprovado através de laudos médicos que a Sra. A. R. C. A. de 49 anos é deficiente mental, mais que Denise Elem dos Santos de 22 anos vai responder por DANO doloso.
Devido ao grande número de pessoas que se aglomeravam em frente a Dpol de São Miguel do Guamá as duas foram transferidas para a cidade de Santa Maria do Pará onde lá seria feito todo o processo contra as duas senhoras.
A guarnição da Pm que fez a prisão das duas senhoras CB David, CB Dias, CB Tavares, SD Augusto, SD Lisboa e com a participação do IPC Océlio da Polícia Civil.
A Comunidade Católica de São Miguel do Guamá ficou muito triste com tal fato que chamou a atenção da sociedade porque as duas senhoras congregam na Igreja Protestante Deus e Amor de nossa Cidade.
«Ken Pagano, pastor de uma igreja pentecostal de Louisville, Kentucky, convida os fiéis a assistirem à missa munidos de armas de fogo.
O objectivo é "celebrar os nossos direitos como americanos", explica a "The New York Times" este padre de 49 anos, para quem "Deus e as armas fazem parte dos elementos fundadores deste país".
Pagano, que é fascinado por armas e pratica tiro, proferiu recentemente um sermão subordinado ao tema "Deus, Armas, Evangelho e Geometria" »
SETEMBRO DE 2010
A igreja cristã “Alcançar Um Mundo de Paz”, da Flórida (EUA), anuncia que vai promover através do seu pastor Terry Jones, o “Dia Internacional da queima do Alcorão” no dia 11 de setembro, no lugar onde ficavam as torres gêmeas, para lembrar o atentado terrorista.
Em seu site, a igreja está vendendo o livro “O Islã é do Demônio”, do pastor Terry Jones, e camiseta e caneco com a mesmo inscrição. Em um vídeo, o pastor diz por que acredita que o Islã é a encarnação do mal.
"Acreditamos firmemente que foi Deus quem pediu para que fizéssemos isto". Pistola na cintura, Wayne e Stephanie Sapp não se abalam: apesar dos protestos no mundo inteiro,
Os planos provocaram ira no Afeganistão e em todo mundo muçulmano.
Com frases como "Morte à América" e "Morte aos Cristãos", centenas de afegãos marchavam em direção a Pul-e-Alam, capital da Província, quando enfrentaram as forças de segurança.
Entre os dias 10 e 12 de setembro, cinco pessoas morreram, duas fuziladas e sete pessoas foram feridas pelas forças de seguranças do Afeganistão na província afegã de Logar durante o terceiro dia de violentos protestos contra a ameaça do pastor americano Terry Jones de queimar exemplares do Alcorão, o livro sagrado do Islã, na Flórida.
O Papa Bento XVI chama de irresponsável o pastor Terry Jones.
Terry Jones vai queimar o Alcorão em 21 de março de 2011.
Em conseqüência dessa atitude, 12 membros da ONU foram mortos no Afeganistão no dia 1º de abril de 2011, dois deles foram decapitados.
08 de fevereiro de 2011.
Igreja Católica na França Condena Nascimento de Bebê-medicamento.
Nasce o primeiro 'bebê medicamento' da França
Paris - Um bebê gerado com a intenção de curar um de seus irmãos maiores, para quem é um doador compatível de tecidos, nasceu na França. O pequeno Umut (“Esperança”, em turco) Talha, que pesou 3,65 kg, nasceu livre da grave doença genética que afeta o sangue de seus irmãos mais velhos. A decisão dos pais e especialistas envolvidos causou polêmica com a Igreja.
O recém-nascido nasceu através de fecundação in vitro, com uma técnica de seleção de embriões. O procedimento permitiu assegurar que o bebê estava livre da grave doença genética beta-talassemia, da qual sofrem os irmãos. Com isso, virou doador para eles de células-tronco através de seu cordão umbilical. A beta-talassemia é uma doença genética grave, causadora de anemia, que torna necessárias repetidas transfusões de sangue.
Todavia, legalizar o uso do ser humano mais vulnerável para curar outro não é digno do homem, e conceber um bebê com esse objetivo não respeita a sua dignidade", afirmam os bispos franceses.
A prática do chamado “bebê-medicamento” já foi feita em outros países, mas a Igreja Católica na França a condenou. “Sou totalmente contra a instrumentalização de um ser humano em benefício de outro”, disse o Cardeal Vingt-Trois, presidente da Conferência Episcopal Francesa. O professor René Frydman, um dos responsáveis pelo nascimento, rebateu: “A Igreja deve refletir antes de condenar, porque damos, assim, dignidade e felicidade a uma família que vai ter agora um novo filho saudável e oferece a possibilidade de salvar o irmão”.
É o Cristianismo contra a ciência e o progresso.
21 de março de 2011
Mesmo após pressão internacional, pastor americano queima Alcorão
Um polêmico pastor evangélico americano queimou um exemplar do Alcorão na noite de domingo em uma igreja de Gainesville, Flórida, ato que havia desistido de executar há alguns meses após as reações no mundo muçulmano.
O pastor Terry Jones programou um "julgamento" dentro de sua igreja, no qual o livro sagrado muçulmano foi declarado "culpado" de várias acusações, entre elas assassinato. Em seguida a pena foi executada: o exemplar foi queimado.
O livro foi molhado com querosene e colocado em um recipiente de metal no centro do templo da igreja "Dove World Outreach Center". O exemplar queimou por 10 minutos.
"Tentamos dar ao mundo muçulmano uma oportunidade de defesa de seu livro", disse o pastor Terry Jones.
O religioso disse ainda que o evento foi um sucesso e uma "experiência daquelas que temos uma vez na vida".
Em setembro de 2010, Jones despertou a atenção mundial por seu plano de queimar exemplares do Alcorão em sua igreja no aniversário dos atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos.
Após as fortes reações no mundo muçulmano e das críticas de líderes internacionais, incluindo o presidente americano Barack Obama, Jones desistiu da ideia e afirmou que nunca mais voltaria a tentar queimar um Alcorão.
Fonte: AFP
Via: www.guiame.com.br
ARGENTINA, 27 DE MARÇO DE 2011
Padre que abençoava voos da morte é denunciado durante missa.
O padre Alberto Angel Zanchetta, que em 2009 se aposentou como capitão de fragata e capelão da Marinha, é acusado de ter abençoado os voos da morte por meio dos quais presos políticos e desaparecidos eram lançados ao mar durante a última ditadura argentina. No último domingo, Zanchetta foi denunciado publicamente por jovens militantes peronistas e familiares de desaparecidos enquanto rezava missa em uma paróquia de Buenos Aires. Os moradores da região pediram sua remoção imediata da paróquia.
Stella Calloni - La Jornada
Um padre que abençoava militares argentinos e os voos da morte por meio dos quais a ditadura jogava presos políticos-desaparecidos vivos no mar, foi localizado por jovens militantes em uma paróquia de San Martín, na província de Buenos Aires, e denunciado publicamente enquanto rezava a missa. O padre Alberto Angel Zanchetta, que em 2009 foi aposentado como capitão de fragata e capelão da Marinha, continua exercendo o sacerdócio em paróquias da capital argentina e arredores.
CHILE 21 de dezembro de 2012
Ramón Gustavo, que se diz ser uma
divindade, líder da seita “Antares da
Luz”, queimou vivo um bebê de apenas
três dias por crer que era o Anticristo. Segundo informou a polícia de
investigações, a seita incinerou vivo o bebê, que era filho de dois membros do
agrupamento, na zona rural de Colliguay, uma pequena cidade da região de
Valparaíso, a cerca de 100
quilômetros de Santiago, em novembro passado. Segundo o relato da PDI, em um
suposto rito de cura, o líder - que aparentemente é o pai da criança - pediu à
mãe que entregasse o menino, o levou até uma pira e o lançou sobre a fogueira
que os discípulos haviam acendido.
Bernardo Bastres, Bispo da Igreja
Católica, incentiva o povo de Punta de Arenas, no extremo sul do Chile, a matar
os cachorros de ruas citando base bíblica.
“Nesta quarta-feira (9/1), o
religioso publicou um artigo no jornal regional Hoy
Por Hoy, no qual condena a falta de atenção do Estado
chileno para “a praga de cachorros de rua que infesta diversas cidades do país
e especialmente a esquecida Punta Arenas”. O artigo foi motivado também por um
incidente ocorrido no último sábado (5/1), na catedral da cidade, quando um
idoso de 73 anos foi atacado por seis cachorros de rua após uma missa
ministrada pelo próprio bispo.
No artigo, o Bispo Mata-cachorros diz
que, na Europa, algumas cidades têm autonomia para eliminar os cachorros de rua
quando eles são um incômodo para a sociedade e tal medida está justificada pela
Bíblia. “Deus criou todas as coisas e as colocou à disposição do ser humano,
esse é um princípio do Gênese, tudo está ao nosso serviço, e, portanto, também
podemos nos desfazer problemas criados pela natureza”, afirmou.”
A população reagiu protestando diante da Igreja
impedindo a celebração da missa e o Bispo Mata-cachorros recuou dizendo que “o
tema é delicado e não se trata de matar os cachorros por matar, porque isso sim
seria considerado barbárie. Mas também não podemos aceitar que neste momento
nós tenhamos uma invasão desses cachorros, que parecem ter mais direitos que as
pessoas”.
Outras polêmicas do bispo Bastres
Não é a primeira vez que as
polêmicas opiniões do bispo Bastres se propagam por todo o Chile. Aliás, em sua
primeira aparição no noticiário nacional, ele também usou a “praga dos
cachorros de rua” como argumento.
Em 2008, quando o governo da então presidente Michelle Bachelet anunciou que
sua política de saúde da mulher incluiria a distribuição da chamada “pílula do
dia seguinte” nos hospitais e postos de saúde públicos, Bastres foi um dos
porta-vozes da Igreja Católica na ofensiva religiosa para tentar reverter a
medida.
Em artigo publicado na época pelo jornal El Mercurio, um dos mais
importantes do país, Bastres comentou que “não cabe aos governos ditar normas
que alterem as regras da vida humana e atentam contra o próprio ser humano”, e
logo complementou dizendo que “é exagerada a prioridade que os políticos de
esquerda (a ex-presidente Michelle Bachelet é socialista) dão à legalização
desta e de outras políticas de controle de natalidade, enquanto não tomam
nenhuma iniciativa em outros problemas como, por exemplo, o excesso de
cachorros de rua que existe em algumas cidades”.
Outra controvérsia criada pelo bispo Bastres aconteceu às vésperas do esperado
dia 21 de dezembro, quando o sacerdote participou de um programa da televisão
regional de Magallanes, em um debate sobre a profecia maia. Na ocasião, Bastres
afirmou que os fiéis católicos que acreditavam no apocalipse deveriam deixar
seus bens materiais aos cuidados da Igreja Católica antes de esperar o fim do
mundo.
Onde estava Deus que não salvou o
homem atacado por cachorros vadios quando acabava de sair de sua igreja onde o
adorava a poucos minutos?
Outra de Cachorro:
31 de março de 2013.
Pastor surta, cria milícia religiosa e queima terreiro na
Paraíba
Revoltado com a aprovação da nova proposta do
Ministério da Educação em relação ao Ensino Religioso nas escolas brasileiras,
o pastor Luís Fernando dos Santos causou um lamentável episódio de intolerância
religiosa na Paraíba.
A determinação do MEC implementa um programa com abordagem
da história e das práticas religiosas afrodescendentes. Para o pastor, isso
demonstrou que o governo está tomado pelas forças de Lúcifer, o que
justificaria a formação de uma milícia religiosa iconoclasta, cujo objetivo é
dizimar religiões que não seguem os preceitos do Criador. Sob a égide do
correto entendimento da vontade do Senhor, seu grupo invadiu, furtou, profanou
e destruiu um Terreiro no município de Brejo dos Santos.
Questionado sobre o uso da violência e da clara contradição
com os ensinamentos de Cristo, LúIn Fernando declarou: “essa coisa de direitos
e Constituição é do Diabo. A única lei é a divina. Mas o poder do Senhor se
mostrou insuficiente no domínio dos homens. Com a Sua determinação, formei um
exército. Só assim poderemos fazer valer os Seus desígnios. Eu sei quais eles
são. E são absolutos! Aleluia!”
SÁBADO, 6 DE ABRIL DE 2013
Iemanjá decapitada teria
sido vítima de intolerância religiosa
A estátua de Iemanjá que fica defronte a uma praia turística de
Cabo Branco, em João Pessoa (PB), foi decapitada no início da semana por
pessoas sobre as quais a polícia não conseguiu obter informações.
A imagem de 2,5 metros de altura tem cerca de 20 anos. A cabeça foi deixada
intacta, na base de concreto da deusa das águas. Instalada na Praça Iemanjá, a
imagem nunca tinha sofrido atos de vandalismo.
Mãe Renilda, presidente da federação de cultos afro-brasileiros da Paraíba,
afirmou que a decapitação “foi intolerância religiosa”.