MUITÍSSIMO IMPORTANTE -
Não encare nada aqui como mentira ou verdade, risque o verbo "acreditar" do seu vocabulário. Substitua ele por "comprovar" e por "experimentar".
Não acredite, a priori, em nada aqui escrito. Apenas use como uma orientação para que você possa comprovar, por si só, se é verdadeiro ou falso.
"Deus e os salvos, nos céus, contemplarão os condenados
no inferno nos estertores do sofrimento para que sua alegria seja
completa" Filósofo São Tomás de Aquino, Teólogo Oficial da Igreja Católica, em sua Suma
Teológica
Se você acredita nas palavras dos evangelizadores repetidas
diuturnamente por vários séculos de que o Cristianismo é uma fonte inigualável
de bondade humana, está profundamente enganado.
Se você acredita que Jesus ensinou as virtudes do amor, da compaixão e
do altruísmo, melhor do que outro que já viveu, é porque acreditou na verdade da
autoridade sem ao menos abrir a bíblia no Novo Testamento
Você acredita que a Bíblia é o livro mais profundo jamais escrito, e que
seu conteúdo suportou tão bem o teste do tempo que só pode ter sido escrito por
inspiração divina.
Todas essas crenças são falsas.
Muitos cristãos acreditam que Jesus acabou com toda essa barbárie, nos
termos mais claros imagináveis, e pregou uma doutrina de puro amor e
tolerância. Mas não foi assim. Em vários pontos do Novo Testamento se pode ler
que Jesus, se porventura tivesse existido, confirmou integralmente a lei do Velho Testamento.
“Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um “i”
ou um “til” jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que
violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos
homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os
observar e ensinar esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos
digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escritas e fariseus,
jamais entrareis nos reino dos céus.
Os apóstolos repetiram várias vezes esse tema (por exemplo, veja 2
Timóteo 3, 16-17). É verdade, claro, que Jesus pela boca de outrem disse coisas profundas sobre o
amor, a caridade e o perdão. A regra de Ouro é realmente um preceito moral
maravilhoso. Mas numerosos mestres já deram essa mesma orientação séculos antes
da suposta existência de Jesus (Zoroastro, Buda, Confúcio, Epictelo...) e incontáveis escrituras
discutem a importância do amor que transcende o próprio eu de maneira mais
articulada do que a Bíblia, sem serem maculadas pelas obscenas celebrações de
violência que encontramos em abundância tanto no Velho como no Novo Testamento.
Se você acha que o cristianismo é a expressão mais direta e pura de amor
e compaixão que o mundo já viu, é porque não conhece bem as outras religiões.
Veja, por exemplo, o jainismo. Essa religião prega a doutrina da
absoluta não-violência. É verdade que os jainistas acreditam em coisas
improváveis acerca do universo, mas não do tipo de coisas que acenderam as
fogueiras da Inquisição.
Você provavelmente pensa que a Inquisição foi uma perversão do
“verdadeiro” espírito do cristianismo. Talvez tenha sido. O problema, porém, é
que os ensinamentos da Bíblia são tão confusos e contraditórios que foi
possível para os cristãos queimarem alegremente os heréticos na fogueira,
durante cinco longos séculos. Inclusive foi possível para os mais venerados
patriarcas da Igreja como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, concluir que
os heréticos deviam ser torturados (Santo Agostinho) ou mortos logo de uma vez
(São Tomás de Aquino).
Martinho Lutero e João Calvino defendiam o assassinato em massa de
heréticos, apóstatas, judeus e feiticeiras.
Naturalmente, você é livre para interpretar a Bíblia de outra maneira –
mas não é espantoso que você tenha conseguido discernir os verdadeiros
ensinamentos do cristianismo, enquanto os mais influentes pensadores na
história da religião cristã falharam nesse ponto?
É claro que muitos cristãos acreditam que uma pessoa inofensiva como
Martin Luther King Jr. é o exemplo da religião cristã. Mas isso apresenta um
sério problema, pois a doutrina do jainismo é, objetivamente, uma orientação
melhor do que a doutrina do cristianismo para quem deseja ser como Martin Luther King Jr. Não há dúvida de que king se considerava um cristão devoto, mas
ele assumiu seu compromisso com a não-violência basicamente a partir dos
escritos de Mohandas K. Gandhi. Em 1959, King até viajou para a Índia a fim de
aprender os princípios do protesto social não-violento diretamente com os
discípulos de Gandhi. E com quem Gandhi, um hinduísta, aprendeu a doutrina da
não-violência? Com os jainistas.
Se você acredita que Jesus ensinou apenas a Regra de Ouro e o amor ao
próximo, deve reler o Novo Testamento. Preste atenção especial à moralidade que
ficará em evidência quando Jesus voltar à terra, deixando um rastro de nuvens
de glória:
“Se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos
que vos atribulam (...) quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos
do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a
Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes
sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória
do seu poder”. (2 Tessalonicenses 1,6-9)
Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do
ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam. (João 15,6)
Se levarmos em conta a metade das afirmações de Jesus, podemos
facilmente justificar as ações de São Francisco de Assis ou Martin Luther King
jr. Levando em conta a outra metade podemos justificar a Inquisição.
Se no Velho Testamento temos Moisés como o mais cruel e
impiedoso assassino de todos os tempos, Jesus, sem dúvidas, assumirá o mais
alto lugar do "podium", quando ocorrer sua segunda volta, para julgar
os vivos e os mortos, deixando nos patamares bem mais embaixo, Moisés, Saul, David, Salomão, entre outros facínoras, dos quais a bíblia, no Velho Testamento, nos dá notícias amplas de diversos crimes como assassinatos, estupros, roubos, furtos, fraudes, abortos, prostituição, incestos, rufianismo, inclusive extermínio de povos associado a sequestros de crianças para o cometimento de sexo.
É ensinado pelos cristãos de todos os tempos e de todas as
idades, que Jesus voltará em breve e mandará para o inferno todos aqueles em
que nele não creram. Se assim for, considerando que a estimativa da população
terrestre soma algo em torno de 7 bilhões, de pronto, sabe-se logo que apenas 1
bilhões e 500 milhões, serão separados e 5 bilhões e 500 milhões de pessoas
(Chineses, Japoneses, Indianos, Judeus, Muçulmanos, Índios, Espíritas, e toda e
qualquer pessoa que professe uma religião não cristão) vão arder por toda
eternidade no caldeirão fumegante de azeite e fogo no inferno, sem chance alguma de arrependimento.
Segundo os doutores da Igreja, São Jerônimo e principalmente
o filósofo São Tomás de Aquino, Teólogo Oficial da Igreja Católica, em sua Suma
Teológica disse: "Deus e os salvos, nos céus, contemplarão os condenados
no inferno nos estertores do sofrimento para que sua alegria seja
completa"
Há um porém: Se a Igreja Católica que detém 1,254 bilhões de
cristãos no mundo for o caminho da Salvação, a quantidade dos condenados ao
suplício eterno aumenta para 5,746 bilhões. Isso considerando que todos os
batizados na Igreja Católica serão salvos.
Há um fator complicado. É o que diz o Livro Apocalipse,
capítulo 7, versículo 4:
"E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e
quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel."
Número de
salvos confirmado no mesmo livro, capítulo 14, versículo 1:
"E
OLHEI, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e
quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai."
O Livro Apocalipse reforça mais ainda a tese dos 144 mil que
serão salvos, em uma seleção limitada, taxativa e restritiva:
Apocalipse 7
"4.Ouvi
então o número dos assinalados: cento e quarenta e quatro mil assinalados, de
toda tribo dos filhos de Israel;
5. da tribo
de Judá, doze mil assinalados;
da tribo de
Rubem, doze mil;
da tribo de
Gad, doze mil;
6.da tribo
de Aser, doze mil;
da tribo de
Neftali, doze mil;
da tribo de
Manassés, doze mil;
7.da tribo
de Simeão, doze mil;
da tribo de
Levi, doze mil;
da tribo de
Issacar, doze mil;
8.da tribo
de Zabulon, doze mil;
da tribo de
José, doze mil;
da tribo de
Benjamim, doze mil assinalados."
Naturalmente, não posso saber o que isso diz para os cristãos fundamentalistas,
mas a mim parece dizer que são apenas 144 mil. Se assim for, a quantidade de
almas penadas no inferno subirá para 6.999.856.000.
Há um porém,
Todos os salvos são judeus, homens virgens (1) e nenhum outro povo se
encaixa entre os salvos, as mulheres principalmente, vão tudo para o inferno
juntas com os (2)cachorros, os homossexuais, os adúlteros, os criminosos, as
bruxas e os mentirosos.
(1)Apocalipse 14
4Estes
são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são
os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os
homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro.
(2)Apocalipse 22
15. Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se
prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a
mentira.
É claro que você pode mostrar outros versículos dizendo o
contrário, são visíveis as contradições bíblicas, mas um versículo tirado de
dentro da gaveta, não tem o condão de revogar ou tornar sem efeito, aquele cujo
sentido se tenta alterar para fins de convencimento na catequese. OUTRAS INCONGRUÊNCIAS
- Qualquer pessoa que negue que “Jesus é o Cristo”é um mentiroso e anticristo. (1 João 2:22)
- Os cristãos são de Deus o resto é do demônio. (1 João 5:19)
- Os não cristãos são enganadores e anticristo. (1 João 1:7)
- Qualquer um que não compartilhe da crença de Paulo tem um“demônio
no coração”. (Hebreus 3:12)
- Os que se dizem judeus e não creem em Jesus são membros da“sinagoga
de Satanás”. (Apocalipse 2:9; 3:9)
Jesus repudiou os fariseus e saduceus, notoriamente em Mateus 23:13-33.
Nessa passagem, ele disse as seguintes palavras a respeito dos fariseus e da
sua tradição oral. Disse que eram:
Cegos ou condutores cegos - versos 16, 17, 19, 24 e 26
Filhos do inferno - verso 15
Serpentes e raça de víboras, condenados ao inferno - verso 33
E mais,
- Não se associecom osnão cristãos. Não o
receba em casa e nem o cumprimente.(2 João 1:10)
- Afaste-sedaqueles que não
concordam com suas visões religiosas.(Romanos 16:17)
- Se as pessoasnão são cristãoseles são inimigos do Cristianismo. (Mateus 12:30)
Lucas confirma o que Mateus disse e
acrescenta:
Ele (Jesus) respondeu: "Eu digo-vos: a todo aquele que já possui, será
dado mais ainda. Mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem.
E quantoa esses meus
inimigos,que não queriam que eu reinasse sobre
eles,
trazei-os aqui e matai-os na minha frente".Lucas19:26 e 27
Luc 22:36- Disse-lhes pois: Mas agora,
aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a;
E eles (os
discípulos) disseram: Senhor, eis aqui duas espadas. E ele lhes disse: Basta.
(Lucas 22:38)
“Então Jesus disse-lhe: mete no seu lugar tua espada, porque
todos os que lançaram mão da espada, à espada morrerão.” —
Mateus, 26:52
- Todos os não cristãos foram cegados por Deus(2 Coríntios 3:14-16)
INSTIGAÇÃO AO SUICÍDIO:
MARCOS 9:42 E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em
mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse
lançado no mar.
LUCAS 14:26- “Quem se chegar a mim e não odiar
seu pai, e mãe, e esposa e filhos, e irmãos, e irmãs, sim, e até mesmo a sua
própria alma, não pode ser meu discípulo”.
VERSÃO DA VULGATA
"i quis venit
ad me et non odit patrem suum et matrem et uxorem et filios et fratres et
sorores adhuc autem et animam suam non potest esse meus discipulus"
Diga-se, de passagem, que Jesus afirmou: “Não penseis que vim trazer
paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada” (Mt.10:34). Pois vim causar a
divisão: o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a jovem esposa
contra sua sogra. (Lc. 12:53)
Em suma: os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. Aquele
que não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim. Aquele que acha a
sua vida, vai perdê-la, mas quem perde a sua vida por causa de mim, achá-la-á. (Mateus 10:36-39)
JESUS REGULAMENTANDO A ESCRAVIDÃO
COLOSSENSES 3:22-25
Vós, servos, obedecei em tudo a vossos
senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos
homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus.
E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos
homens,
Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o
Senhor, servis.
Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas.
Lucas 12
47 - E O SERVO QUE SOUBE A VONTADE DO SEU SENHOR, E NÃO SE APRONTOU, NEM FEZ CONFORME A SUA VONTADE, SERÁ CASTIGADO COM MUITOS AÇOITES;
Mas o que a não soube, e fez
coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que
muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais
se lhe pedirá. (Lucas 12:48)
MATEUS 25
30 Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali
haverá pranto e ranger de dentes.
Em outra passagem, Jesus diz: “Vim lançar fogo na terra, e que mais
quero, se já está aceso?”(Lc.12:49).
Apocalipse 13:10- Se alguém leva em cativeiro,
em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja
morto.
Apocalipse 14:2 Aqui esta a paciência dos santos os que guardam os
mandamentos de Deus e a fé em Jesus.
JESUS
BANDIDO
LESÃO CORPORAL - Jesus usa de violência física para expulsar os vendilhões e cambistas no
templo de Jerusalém.
Deus
ou Jesus, partindo do princípio de que os dois são um só, mata Ananias e sua
mulher por sonegarem doação ao Apóstolo Pedro, guardião do tesouro divino.
(Atos 5:5-10)
Deus
ou Jesus se vinga de Herodes mandando um Anjo matá-lo carcomido de bichos. Fato
registrado no Livro Atos 12:19-23, redação dada pela Bíblia Almeida, Corrigida,
Revisada e Fiel.
A
Infância de Jesus
-
Secou um menino como uma árvore sem que possa dar folhas, raízes nem frutos,
por ter o mesmo lhe contrariado.
-
Matou um rapaz que correndo esbarrou em suas costas e cegou todos os que
presenciaram o fato e reprovaram tal atitude.
- Mal
aluno, foi expulso da escola por discutir com os professores chegando até as vias de fato, quando Jesus amaldiçoou o professor e o fez desmaiar e cair no
chão.
E
todos aqueles que os aborreciam vinham a morrer.
Textos
extraídos do Livro Apócrifo a Infância de Jesus, atribuído a Tomé, aquele discípulo
que precisava ver para crer.
CRIME ECOLÓGICO
Matou uma figueira porque não lhe deu frutos extemporâneos.(Mat 21:19 )
MAUS-TRATOS CONTRA ANIMAIS
Matou uma manada de muitos porcos, segundoMateus 8:30,
Lucas confirma ( 8:32)(quase 2 mil)
segundo(Mar 5:13) afogados no mar,
segundo (Mat 8:32), afogados em um lago, segundo(Luc 8:33)
Roubou espigas no dia de sábado (Santificado), fato registrado por(Mat 12:1), (Mar 2:23) e (Luc 6:1)
Mandou seus discípulos roubar uma Jumenta(Mat 21:2)para entrar triunfante em Jerusalém.
2 Tessalonicenses – Capítulo 2
7 Com efeito, o mistério da iniqüidade
já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém;
8 então, será, de fato, revelado o
iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela
manifestação de sua vinda.
RELIGIÃO É VENENO
OUTRAS INCONGRUÊNCIAS CITADAS NA BÍBLIA.
“Eis que vos
corromperei a semente, e espalharei esterco sobre os vossos rostos…” —Malaquias, 2:3
“E o que
comeres será como bolos de cevada, e os cozerás com o esterco que sai do homem…”
—Ezequiel, 4:12
“Vê, tenho-te
dado esterco de vacas, em lugar do esterco de homem, e com ele prepararás o teu
pão.” —Ezequiel,
4:15
“… e não antes
aos homens que estão assentados sobre os muros, para que comam convosco o seu
esterco, e bebam sua urina?” —Isaías, 36:12
“Feliz aquele
que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras.” —Salmos, 137:9
1Co 14:33- Porque Deus não
é Deus de confusão, senão de paz, como em
todas as igrejas dos santos.
?????????????????????????????????? Razão assiste a Ritchens: Jesus supera Deus em crueldade.
“Em verdade, o
Novo Testamento é incalculavelmente pior que o Velho. No Velho não há a punição
eterna. Jeová não tinha prisões nem chamas perpétuas. Seu ódio cessava com a
morte. Sua sede de vingança saciava-se com a morte do inimigo.”
As falácias lógicas são erros de
raciocínio ou de argumentação, erros que podem ser reconhecidos e corrigidos
por pensadores prudentes. Este ensaio lista e descreve todas as falácias
lógicas conhecidas.
O propósito deste ensaio é assegurar
que a informação sobre as falácias lógicas estará livremente disponível. Para
assegurar que esta informação permaneça gratuitamente acessível, este ensaio e
o seu conteúdo são protegidos por direitos autorais.
O ponto central de um argumento é
expor razões que sirvam de suporte para alguma conclusão. Um argumento comete
uma falácia quando as razões apresentadas, de fato, não sustentam a conclusão.
Como usar este guia
As falácias estão agrupadas em
categorias de quatro a seis falácias cada. Este agrupamento é um tanto quanto
arbitrário e foi feito apenas por pura conveniência.
Cada falácia é descrita no seguinte
formato:
Nome: o nome pelo qual a falácia é geralmente
conhecida
Definição: a falácia é definida
Exemplos: são dados exemplos da falácia
Prova: os passos necessários para provar que
foi cometida uma falácia
Nota: Por favor,
fique ciente que este guia está em construção e, portanto, não deve ser tomado
como completo de modo algum.
Cada uma destas falácias
caracteriza-se pelo uso ilegítimo de um operador lógico, uso que desvia a atenção do auditório da
falsidade de uma certa proposição. Falácias de dispersão:
É dado um limitado número de opções
(na maioria dos casos apenas duas), quando de fato há mais. O falso dilema é um
uso ilegítimo do operador “ou”.
Pôr as questões ou opiniões em termos
de “ou sim ou não” gera, com frequência (mas nem sempre), esta falácia.
Exemplos:
(i) Estás por mim ou contra mim.
(ii) América: ama-a ou deixa-a.
(iii) Ou suportas Meech Lake ou o Quebec separa-se.
(iv) Uma pessoa ou é boa ou é má.
Prova:
Identifique as opções dadas e mostre
(de preferência com um exemplo) que há pelo menos uma opção adicional.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 136
Apelo à ignorância
(argumentum ad ignorantiam)
Definição:
Os argumentos desta classe concluem
que algo é verdadeiro por não se ter provado que é falso; ou conclui que algo é
falso porque não se provou que é verdadeiro. (Isto é um caso especial do falso dilema, já que assume que todas as proposições têm de
ser de fato conhecidas como sendo verdadeiras ou falsas). Mas, como Davis
escreve, “A falta de prova não é uma prova.” (p. 59)
Exemplos:
(i) Já que você não pode provar que
fantasmas não existem, eles existem sim.
(ii) Já que os cientistas não podem provar que acontecerá o aquecimento global,
ele provavelmente não ocorrerá.
(iii) Fred disse que era mais esperto do que Jill, mas não o provou. Portanto,
isso deve ser falso.
Prova:
Identifique a proposição em questão.
Argumente que ela pode ser verdadeira (ou falsa) mesmo que, por enquanto, não o
saibamos.
Referências:
Copi e Cohen: 93,
Davis: 59
Declive
escorregadio (Derrapagem)
Definição:
Para mostrar que uma proposição P é inaceitável, extraem-se consequências
inaceitáveis de P e consequências das consequências… O argumento é falacioso
quando pelo menos um dos seus passos é falso ou duvidoso. Mas a falsidade de
uma ou mais premissas é ocultada pelos vários passos “se-então” que constituem o todo do argumento.
Exemplos:
(i) Se aprovamos leis contra as armas
automáticas, não demorará muito até aprovarmos leis contra todas as armas, e
então começaremos a restringir todos os nossos direitos. Acabaremos por viver
num estado totalitário. Portanto, não devemos banir as armas automáticas.
(ii) Nunca deves jogar. Uma vez que comeces a jogar verás que é difícil deixar
o jogo. Em breve estarás a deixar todo o teu dinheiro no jogo e,
inclusivamente, pode acontecer que te vires para o crime para suportar as tuas
despesas e pagar as dívidas.
(iii) Se eu abrir uma exceção para ti, terei de abrir exceções para todos.
Prova:
Identifique a proposição, P, que está
a ser refutada e identifique o evento final, Q, da série de eventos. Depois
mostre que este evento final, Q, não tem de ocorrer como consequência de P.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 137
Pergunta complexa
Definição:
Dois tópicos sem relação, ou de
relação duvidosa, são conjugados e tratados como sendo uma única proposição.
Pretende-se que o auditório aceite ou rejeite ambas quando, de fato, uma pode
ser aceitável e a outra não. Trata-se de um uso abusivo do operador “e”.
Exemplos:
(i) Deves apoiar a educação familiar
e o Direito, dado por Deus, de os pais educarem os filhos de acordo com as suas
crenças.
(ii) Apoias a liberdade e o direito de andar armado?
(iii) Já deixaste de fazer vendas ilegais? (São duas questões: já cometeste
ilegalidades? Já te deixaste disso?)
Prova:
Identifique as duas proposições
conectadas e mostre que acreditar numa não implica acreditar na outra.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 86, Copi e Cohen: 96
Apelo a motivos em
vez de razões
As falácias desta seção têm em comum
o fato de apelarem a emoções ou a outros fatores psicológicos. Não levantam
razões para apoiar a conclusão.
O auditório é informado de que
consequências desagradáveis se seguirão à discordância com o autor.
Exemplos:
(i) É melhor admitires que a nova
orientação da empresa é a melhor — se pretendes manter o emprego.
(ii) A NAFTA é um erro! E se não votares contra a NAFTA então te votaremos para
fora do escritório.
Prova:
Identifique a ameaça e a proposição.
Argumente que a ameaça não tem relação com a verdade ou a falsidade da
proposição.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 151, Copi e Cohen: 103
Apelo à piedade (argumentum
ad misercordiam)
Definição:
Pede-se a aprovação do auditório na
base do estado lastimoso do Autor.
Exemplos:
(i) Como pode dizer que eu reprovo?
Eu estava mais perto da positiva e, além disso, estudei 16 horas por dia.
(ii) Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passamos os últimos três
meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório.
Prova:
Identifique a proposição e o apelo à
autoridade e argumente que o estado lastimoso do argumentador nada tem a ver
com a verdade da proposição.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 151, Copi e Cohen: 103, Davis: 82
Apelo às
consequências (argumentum ad consequentiam)
Definição:
O argumentador, para “mostrar” que
uma crença é falsa, aponta consequências desagradáveis que advirão da sua
defesa.
Exemplos:
(i) Não podes aceitar que a teoria da
evolução é verdadeira, porque se ela fosse verdadeira não éramos melhores que
os macacos.
(ii) Deve acreditar em Deus, porque de outro modo a vida não teria sentido.
(Talvez. Mas também é possível dizer que, como a vida não tem sentido, Deus não
existe.)
Prova:
Identifique as consequências e
argumente que a realidade não tem de se adaptar aos nossos desejos.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 100, Davis: 63
Linguagem
preconceituosa
Definição:
Termos carregados e emotivos são
usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição.
Exemplos:
(i) Os portugueses bem intencionados
estão de acordo em plebiscitar a pena de morte.
(ii) Pessoas razoáveis concordarão com a nossa política fiscal.
(iii) O primeiro ministro pretende que as novas taxas de juro ajudarão a
diminuir o déficit. (O uso de “pretende” sugere que o primeiro ministro está
errado.)
(iv) Os burocratas do Parlamento resistem às leis de defesa do patrimônio.
(Compare com: “Os parlamentares rejeitaram a proposta de lei de defesa do
patrimônio.”)
Prova:
Identifique os termos preconceituosos
usados: (p. ex.: “portugueses bem intencionados” ou “Pessoas razoáveis”).
Mostre que discordar da conclusão não é suficiente para dizer que a pessoa é
“mal intencionada” ou “pouco razoável”.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 153, Davis: 62
Apelo ao povo (argumentum
ad populum)
Definição:
Com esta falácia sustenta-se que uma
proposição é verdadeira por ser aceita como verdadeira por algum setor
representativo da população. Esta falácia é, por vezes, chamada “Apelo à
emoção” porque os apelos emocionais pretendem atingir, muitas vezes, a
população como um todo.
Exemplos:
(i) Se você fosse bela poderia viver
como nós, então compre também Buty-EZ e torne-se bela. (Aqui apela-se às
“pessoas bonitas”)
(ii) As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento,
também deves votar neles.
(iii) Toda a gente sabe que a Terra é plana. Então porque insistes nas tuas
excêntricas teorias?
Referências:
Copi e Cohen: 103,
Davis: 62
Fugir ao assunto
As falácias desta seção fogem ao
assunto, discutindo a pessoa que avançou um argumento em vez de discutir razões
para aceitar ou não aceitar a conclusão. Em algumas ocasiões é aceitável citar
autoridades (por exemplo, citar o médico para justificar o uso de um
medicamento), quase nunca é apropriado discutir a pessoa em vez dos seus
argumentos.
Ataca-se pessoa que apresentou um
argumento e não o argumento que apresentou. A falácia ad hominem assume
muitas formas. Ataca, por exemplo, o caráter, a nacionalidade, a raça ou a
religião da pessoa. Em outros casos, a falácia sugere que a pessoa, por ter
algo tem algo a ganhar com o argumento, é movida pelo interesse. A pessoa pode
ainda ser atacada por associação ou pelas suas companhias.
Há três formas maiores da
falácia ad hominem:
(1) ad hominem (abusivo): em vez de atacar uma afirmação, o argumento ataca
pessoa que a proferiu.
(2) ad hominem (circunstancial): em vez de atacar uma afirmação, o autor aponta
para as circunstâncias em que a pessoa que a fez e as suas circunstâncias.
(3) ad hominem (tu quoque): esta forma de ataque à pessoa consiste em fazer
notar que a pessoa não pratica o que diz.
Exemplos:
(i) Podes dizer que Deus não existe,
mas estás apenas seguindo a moda. (ad hominem abusivo)
(ii) É natural que o ministro diga que essa política fiscal é boa porque ele
não será atingido por ela. (ad hominem circunstancial)
(iii) Podemos passar por alto as afirmações de Simplício porque ele é
patrocinado pela indústria da madeira. (ad hominem circunstancial)
(iv) Dizes que eu não devo beber, mas não estás sóbrio faz mais de um ano. (tu
quoque)
Prova:
Identifique o ataque e mostre que o
caráter ou as circunstâncias da pessoa nada tem a ver com a verdade ou falsidade
da proposição defendida.
Referências:
Barker: 166,
Cedarblom e Paulsen: 155, Copi e Cohen: 97, Davis: 80
Apelo à autoridade
(argumentum ad verecundiam)
Definição:
Ainda que às vezes seja apropriado
citar uma autoridade para suportar uma opinião, a maioria das vezes não o é. O
apelo à autoridade é especialmente impróprio se:
(i) a pessoa não está qualificada
para ter uma opinião de perito no assunto.
(ii) não há acordo entre os peritos do campo em questão.
(iii) a autoridade não pode, por algum motivo, ser levada a sério — porque
estava a brincar, estava ébria ou por qualquer outro motivo.
Uma variante da falácia do apelo à
autoridade é o “ouvi dizer” ou “diz-se que”. Um argumento por “ouvir dizer” é
um argumento que depende de fontes em segunda ou terceira mão.
Exemplos:
(i) O famoso psicólogo Dr. Frasier
Crane recomenda-lhe que compre o último modelo de carro da Skoda.
(ii) O economista John Kenneth Galbraith defende que uma apertada política
econômica é a melhor cura para a recessão. (Apesar de Galbraith ser um perito,
nem todos os economistas estão de acordo nesta questão.)
(iii) Encaminhamo-nos para uma guerra nuclear. A semana passada Ronald Reagan
disse que começaríamos a bombardear a Rússia em menos de cinco minutos. (Claro
que o disse por piada durante o teste do microfone)
(iv) Outro dia meu amigo viu no jornal que o Canadá declarará guerra à Sérvia.
(Isso é um caso de ouvir dizer; na verdade, o repórter disse que o Canadá não
declararia guerra.)
(v) Os cidadãos de Ottawa disseram que as vendas aumentaram 5.9 por cento este
ano. (Isso é um ouvir dizer; não estamos em posição de verificar as fontes.)
Prova:
Mostre uma de duas coisas (ou ambas):
(i) a pessoa citada não é uma autoridade no campo em questão; (ii) mesmo entre
os especialistas não há consenso sobre o assunto discutido.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 155, Copi e Cohen: 95, Davis: 69
Autoridade anônima
Definição:
A autoridade em questão não é
nomeada. Isto é uma forma de apelo à autoridade porque quando a autoridade não
é nomeada é impossível confirmar se se trata de um perito. Esta falácia é tão
comum que merece uma menção especial.
Uma variante desta falácia é o apelo
ao rumor. Como a fonte do rumor é, em regra, desconhecida, não é possível
verificar se o rumor merece crédito. Rumores falsos e caluniosos são lançados
muitas vezes intencionalmente com o objetivo de desacreditar o oponente.
Exemplos:
(i) Um membro do governo disse hoje
que uma nova lei sobre posse e uso de armas será proposta amanhã.
(ii) Os peritos dizem que a melhor maneira de prevenir uma guerra nuclear é
estar preparado para ela.
(iii) Sabe-se que milhares de operações desnecessárias são realizadas todos os
anos.
(iv) Diz-se por aí que o Primeiro Ministro vai decretar outro feriado antes das
eleições.
Prova:
Argumente que pelo fato de não
conhecermos a fonte e a base da informação, não temos maneira de avaliar a
confiabilidade da informação.
Referências:
Davis: 73
Estilo sem
substância
Definição:
Pretende-se que o modo como o
argumento ou o argumentador se apresentam contribui para a verdade da
conclusão.
Exemplos:
(i) Nixon perdeu o debate
presidencial porque tinha suor na testa.
(ii) Trudeau sabe como dirigir as massas. Ele deve estar certo.
(iii) Porque não aceitas o conselho daquele jovem elegante e bem parecido?
Prova:
É um fato que o modo como o argumento
é apresentado influencia a crença das pessoas na verdade da conclusão. Mas a
verdade da conclusão não depende do modo como o argumento é apresentado. Para
mostrar que esta falácia está a ser cometida, mostre que, neste caso, o estilo
não afeta a verdade ou a falsidade da conclusão.
Referências:
Davis: 61
Falácias indutivas
O raciocínio indutivo consiste em
inferir das propriedades de uma amostra para as propriedades de um elemento não
pertencente à amostra ou para as propriedades da população como um todo.
Suponha, por exemplo, que temos uma
lata com 1.000 feijões. Alguns são pretos e outros são brancos. Suponha agora
que retiramos da lata uma amostra de 100 feijões e que 50 eram brancos e outros
50 eram pretos. Então podemos inferir indutivamente que metade dos feijões da
lata (500 feijões) é preta e que a outra metade é branca.
Todo o raciocínio indutivo depende da
similitude entre a amostra e a população. Quanto maior for a semelhança entre a
amostra e a população como um todo, maior confiabilidade terá a inferência
indutiva. Por outro lado, se a amostra tiver diferenças relevantes face à
população, então a inferência indutiva não será confiável.
Nenhuma inferência indutiva é
perfeita. Isto significa que qualquer inferência indutiva pode vir a falhar.
Mesmo que as premissas sejam verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Apesar
disso, uma boa inferência indutiva dá-nos uma razão para crermos que a
conclusão é verdadeira.
As seguintes falácias indutivas são
descritas nesta seção:
A amostra é demasiado limitada e é
usada apenas para apoiar uma conclusão tendenciosa.
Exemplos:
(i) Fred, o Australiano, roubou a
minha carteira. Portanto, os Australianos são ladrões. (Claro que não devemos
julgar os Australianos na base de um exemplo)
(ii) Perguntei a seis dos meus amigos o que eles pensavam das novas restrições
ao consumo e eles concordaram em que se trata de uma boa ideia. Portanto, as
novas restrições são populares.
Prova:
Identifique as dimensões da amostra e
a população em questão. Depois mostre que a amostra é insuficiente. Note: uma
prova formal requer cálculo matemático porque está em jogo a teoria das
probabilidades. Mas em muitas situações podemos confiar no bom senso.
Referências:
Barker: 189,
Cedarblom e Paulsen: 372, Davis: 103
Amostra limitada
Definição:
Há diferenças relevantes entre a amostra
usada na inferência indutiva e a população como um todo
Exemplos:
(i) Para vermos como os canadenses
vão votar na próxima eleição, sondamos uma centena de pessoas em Calgary. Isto
mostra, sem dúvida, que o Partido Reformador vai limpar as eleições. (As
pessoas de Calgary tendem a ser mais conservadoras e, portanto, mais propensas
a votar Reformador do que as outras pessoas no resto do país).
(ii) As maçãs do topo da caixa parecem boas. Todas as maçãs desta caixa devem
ser boas. (As maçãs com bicho, claro, estão em camadas mais fundas…)
Prova:
Mostre que há diferenças relevantes
entre a amostra e a população como um todo. Depois, argumente que por a amostra
ser diferente, a conclusão é provavelmente diferente.
Referências:
Barker: 188,
Cedarblom e Paulsen: 226, Davis: 106
Falsa analogia
Definição:
Numa analogia mostra-se, primeiro,
que dois objetos, A e B, são semelhantes em algumas das suas propriedades, R,
S, T. Conclui-se, depois, que como A tem a propriedade P, então B também deve
ter a propriedade P. A analogia falha quando os dois objetos, A e B, diferem de
tal modo que isso possa afetar o fato de ambos terem a propriedade P. Diz-se,
neste caso, que a analogia esqueceu diferenças relevantes.
Exemplos:
(i) Os empregados são como pregos.
Temos de martelar a cabeça dos pregos para estes desempenharem a sua função. O
mesmo deve acontecer aos empregados.
(ii) O Governo é como o negócio. Assim, como o negócio deve ser sensível, em
primeiro lugar, ao balanço final, também o governo o deve ser. (Mas os objetivos
do governo e dos negócios são completamente diferentes; assim, provavelmente
têm de encontrar critérios diferentes)
Prova:
Identifique os dois objetos ou
eventos que estão a ser comparados e a propriedade que se diz que ambos
possuem. Mostre que os dois objetos diferem de tal modo que a analogia se torna
insuficiente.
Referências:
Barker: 192,
Cedarblom e Paulsen: 257, Davis: 84
Indução preguiçosa
Definição:
A conclusão apropriada de um
argumento indutivo é negada apesar dos dados.
Exemplos:
(i) Hugo teve doze acidentes nos
últimos 6 meses. No entanto, ele continua a dizer que se trata de coincidência
e não de culpa sua. (Indutivamente, as provas apontam irresistivelmente para a
culpa de Hugo. Este exemplo foi retirado de Barker, p. 189)
(ii) Sondagens e mais sondagens mostram que o N.D.P. ganhará menos de 10
lugares no Parlamento. Apesar disso, o líder do Partido insiste em que o
Partido está a fazer melhor do que as sondagens sugerem. (De fato o N.D.P. só
obteve 9 lugares)
Prova:
Acima de tudo pode insistir na força
da inferência.
Referências:
Barker: 189
Omissão de provas
Definição:
Dados importantes, que arruinariam um
argumento indutivo, são excluídos. A exigência de que toda a informação
relevante e disponível seja incluída num argumento indutivo, é chamada
“princípio da evidência total”.
Exemplos:
(i) Jones é Albertano, e a maioria
dos Albertanos vota Tori, portanto Jones provavelmente votará Tory. (A
informação deixada de fora é que Jones vive em Edmonton e a maioria dos
Edmontanos vota Liberal ou N.D.P.)
(ii) Muito provavelmente os Leafs vão ganhar este jogo porque ganharam nove dos
últimos dez jogos. (Oito das vitórias dos Leafs foram obtidas sobre equipes de
escalões secundários, na fase de preparação, e agora vão defrontar uma equipe
de primeiro plano)
Prova:
Exponha os dados em falta e mostre
que eles mudam a conclusão do argumento indutivo. Note que não basta mostrar
que nem todas as provas foram incluídas — é preciso mostrar que as provas em
falta justificam outra conclusão.
Referências:
Davis: 115
Falácias envolvendo
silogismos estatísticos
Uma generalização estatística é um
enunciado habitualmente verdadeiro, mas nem sempre o é. A generalização
estatística é indicada, muitas vezes, por expressões como “quase sempre” ou “a
maioria”. Por exemplo, “a maioria dos conservadores favorece cortes na
Segurança Social”.
A generalização estatística nem
sempre é verdadeira. Portanto, quando um autor trata a generalização
estatística como se ela fosse sempre verdadeira, comete uma falácia.
Esta seção descreve as seguintes
falácias que envolvem silogismos estatísticos:
Uma regra geral é aplicada quando as
circunstâncias sugerem que a exceção à regra deve ser aplicada.
Exemplos:
(i) A lei diz que não deves conduzir
a mais de 50 Km/h. Portanto, mesmo que o teu pai não possa respirar, não deves
passar dos 50 Km/h.
(ii) É bom devolver as coisas que nos emprestaram. Portanto, deves devolver
essa arma automática ao louco que te emprestou. (Adaptado de Platão, “A
República”, I).
Prova:
Identifique a generalização em
questão e mostre que não é uma generalização universal. Depois mostre que as
circunstâncias deste caso sugerem que a generalização não deve aplicar-se.
Referências:
Copi e Cohen: 100
Inversa do acidente
Definição:
Uma exceção à generalização é
aplicada nos casos em que a generalização deve aplicar-se.
Exemplos:
(i) Se deixarmos os doentes terminais
usarem heroína, devemos deixar toda a gente usá-la.
(ii) Se deixou que Joana, a tal moça que foi atropelada por um caminhão,
entregasse o trabalho mais tarde, também deveria permitir que toda a turma
entregasse o trabalho mais tarde.
Prova:
Identifique a generalização em
questão e mostre como o caso especial é uma exceção à generalização.
Referências:
Copi e Cohen: 100
Falácias causais
Os argumentos causais são os
argumentos onde se conclui que uma coisa ou acontecimento causa outra. São
muito comuns, mas como a relação entre causa e efeito é complexa, é fácil
cometer erros.
Em regra, dizemos que a causa C é a
causa do efeito E se e só se:
(i) Geralmente, quando C ocorre,
também E ocorre, e
(ii) Geralmente, se C não ocorre, então E também não ocorre.
Dizemos “geralmente” porque há sempre
exceções.
Dizemos, por exemplo, que riscar o
fósforo é a causa da chama porque:
(i) Geralmente, quando riscamos o
fósforo, ele acende (exceto quando riscamos o fósforo dentro de água…), e
(ii) Geralmente, quando o fósforo não é riscado, ele não acende (exceto quando
o acendemos com um maçarico…)
Muitos estudiosos requerem também que
um enunciado causal seja apoiado por uma lei da natureza. Por exemplo, o
enunciado “riscar o fósforo é a causa da chama” é justificado pelo princípio “a
fricção produz calor, e o calor produz o fogo”. Os seguintes argumentos são
falácias causais:
Post hoc (Por uma coisa se seguir a outra,
conclui-se que ela é a causa da outra.)
Efeito conjunto (A alegada causa e o efeito são
ambos efeitos de uma mesma causa.)
Insignificância (A causa alegada é insignificante
quando comparada a outras.)
Causa complexa (A causa identificada é apenas uma
parte do conjunto de causas do objeto ou acontecimento.)
Correlação de
coincidência (post hoc ergo propter hoc)
Definição:
O nome em Latim significa: “depois
disso, logo, por causa disso”. Isto descreve a falácia. Um autor comete a
falácia quando assume que, por uma coisa se seguir a outra, então aquela teve
de ser causada por esta.
Exemplos:
(i) A imigração de Alberta para
Ontário aumentou mal a prosperidade aumentou. Portanto o incremento da
imigração foi causado pelo incremento da prosperidade.
(ii) Tomei o EZ-Mata-Gripe e dois dias depois a minha gripe desapareceu…
Prova:
Mostre que a correlação é
coincidência, mostrando: (i) que o “efeito” teria ocorrido mesmo sem a alegada
causa ocorrer, ou que (ii) o efeito teve uma causa diferente da que foi
indicada.
Referências:
(Cedarblom e
Paulsen: 237, Copi e Cohen: 101)
Efeito conjunto
Definição:
Sustenta-se que uma coisa causa outra
quando, de fato, são ambas o efeito de uma mesma causa subjacente. Esta falácia
é muitas vezes apresentada como um caso especial de falácia post hoc ergo
propter hoc.
Exemplos:
(i) Estamos a viver uma fase de
elevado desemprego que é provocado por uma baixa procura de consumo. (na
verdade, ambos podem ser causados por taxas de juro muito elevadas)
(ii) Estás com febre e isso está a fazer com que te enchas de borbulhas. (na
verdade, ambos os sintomas são causados pelo sarampo)
Prova:
Identifique os dois efeitos e mostre
que ambos são provocados pela mesma causa subjacente. É preciso indicar a causa
oculta e provar que ela causa cada efeito.
Referências:
(Cedarblom e
Paulsen: 238)
Causa genuína mas
insignificante
Definição:
O objeto ou evento identificado como
sendo a causa de um efeito, é uma causa genuína — mas insignificante quando
comparada com outras causas desse evento. Note que não se trata desta falácia
quando todas as outras causas são igualmente insignificantes. Não é falacioso
dizer que a sua ajuda causou a derrota do partido do governo, porque o seu voto
tem o mesmo peso de qualquer outro voto e, portanto, é igualmente parte da
causa.
Exemplos:
(i) Fumar causa a poluição do ar em
Edmonton. (É verdade, mas o efeito do fumo do tabaco é insignificante comparado
com o efeito poluente dos automóveis)
(ii) Deixando a tua fornalha acesa durante a noite contribui para o aquecimento
global do planeta.
Prova:
Identifique uma causa mais
significativa.
Referências:
(Cedarblom e
Paulsen: 238)
O efeito pela causa
Definição:
A relação entre causa e efeito é
invertida.
Exemplos:
(i) O câncer faz fumar.
(ii) A propagação da AIDS foi provocada pela educação sexual. (Na verdade, o
desenvolvimento da educação sexual foi provocado pela propagação da AIDS)
Prova:
Exponha um argumento causal,
mostrando que a relação entre causa e efeito foi, de fato, invertida.
Referências:
(Cedarblom e
Paulsen: 238)
Causa complexa
Definição:
O efeito é provocado por um certo
número de objetos ou eventos, dos quais a causa identificada é apenas um parte.
Uma variante disto são os ciclos de feedback onde o efeito é
ele mesmo parte da causa.
Exemplos:
(i) O acidente não teria ocorrido se
não fosse a má localização do arbusto. (Certo, mas o acidente não teria
ocorrido se o condutor não estivesse bêbado, e o peão tivesse prestado atenção
ao trânsito)
(ii) A explosão do Challenger foi causada pelo tempo frio. (Verdadeiro, mas não
teria ocorrido se os O-anéis fossem bem construídos)
(iii) As pessoas estão com medo por causa do incremento do crime. (Certo, mas
as pessoas têm sido levadas a violar a lei em consequência do seu medo. O que
ainda incrementa mais o crime)
Prova:
Mostre que todas as causas, e não
apenas aquela que foi mencionada, são precisas para explicar o efeito.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 238
Errando o alvo
Estas falácias têm em comum o fato de
falharem a prova de que a conclusão é verdadeira.
Espantalho (O argumentador prova uma versão mais
fraca do argumento do oponente)
Petição de
princípio (petitio principii)
Definição:
A verdade da conclusão é assumida
pelas premissas. Muitas vezes, a conclusão é apenas reafirmada nas premissas de
uma forma ligeiramente diferente. Nos casos mais sutis, a premissa é
consequência da conclusão.
Exemplos:
(i) Dado que não estou a mentir, segue-se
que estou a dizer a verdade.
(ii) Sabemos que Deus existe, porque a Bíblia o diz. E o que a Bíblia diz deve
ser verdadeiro, dado que foi escrita por Deus e Deus não mente. (Neste caso
teríamos de concordar primeiro que Deus existe para aceitarmos que ele escreveu
a Bíblia.)
Prova:
Mostre que para acreditarmos nas
premissas já teríamos de aceitar a conclusão.
Referências:
Barker: 159,
Cedarblom e Paulsen: 144, Copi e Cohen: 102, Davis: 33
Conclusão
irrelevante (ignoratio elenchi)
Definição:
Um argumento prova uma coisa
diferente da pretendida.
Exemplos:
(i) Deves aceitar a nova política de
arrendamento. Não podemos continuar a ver pessoas a viver nas ruas, devemos ter
rendas mais baratas. (Podemos pensar que é inaceitável ver pessoas a viver nas
ruas e, no entanto, não estarmos de acordo com as novas rendas)
(ii) A lei deve estipular uma percentagem mínima de mulheres nos cargos
políticos, repartições e empresas. Os homens dominam praticamente todos os
cargos importantes. Só uma sociedade discriminatória o pode suportar. Não
fazermos nada para alterar esse estado de coisas é inaceitável. (Podemos
concluir, com o argumentador, que a nossa sociedade é machista sem termos de
aceitar que a discriminação positiva que ele propõe seja a solução)
Prova:
Mostre que a conclusão apresentada
pelo argumentador, com a qual até pode concordar, não é a conclusão que ele
pretendia tirar.
Referências:
Copi e Cohen: 105
Espantalho
Definição:
O argumentador, em vez de atacar o
melhor argumento do seu opositor, ataca um argumento diferente, mais fraco e/ou
tendenciosamente interpretado. Infelizmente é uma das “técnicas” de
argumentação mais usadas…
Exemplos:
(i) As pessoas que querem legalizar o
aborto querem prevenção irresponsável da gravidez. Mas nós queremos uma
sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser legalizado.
(ii) Devemos manter o recrutamento obrigatório. As pessoas não querem o fazer o
serviço militar porque não lhes convém. Mas devem reconhecer que há coisas mais
importantes do que a conveniência.
Prova:
Mostre que o argumento oposto foi mal
representado, mostrando que os opositores têm argumentos mais fortes. Descreva
um argumento mais forte.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 138
Falácias de
ambiguidade
As falácias desta seção são, todas
elas, falácias geradas pela falta de clareza no uso de uma frase ou palavra.
Dois modos de isto suceder:
(i) A palavra ou frase pode ser
ambígua, caso em que tem mais de sentido distinto.
(ii) A palavra ou frase pode ser vaga. Nesse caso não tem um sentido distinto.
As seguintes falácias são de
ambiguidade:
Equívoco (O mesmo termo é usado de duas maneiras
diferentes)
Anfibologia (A estrutura de uma frase permite
duas interpretações diferentes)
Ênfase (Uma ênfase sugere um significado
diferente do qual é normalmente usado)
Equívoco
Definição:
A mesma palavra pode ser usada com
dois significados diferentes
Exemplos:
(i) Criminalidade é ilegalidade. O
julgamento de um roubo ou assassínio são ações criminais. Os julgamentos de
roubos e assassínios são designados de ações criminais. Logo, os julgamentos de
roubos e assassínios são ilegais. (Exemplo retirado de Copi)
(ii) Os assassinos de crianças são desumanos. Portanto, os humanos não matam
crianças. (O argumento joga com os significados moral e descritivo de “humano”)
(iii) Para ser grande ou pequeno um objeto tem, primeiro, de ser. Logo, o ser
do objeto surgiu primeiro. (Jogo com os significados lógico e físico de “ser”)
Prova:
Identifique a palavra que é usada
mais de uma vez. Depois, mostre que a palavra surge com diferentes definições,
inadequadas num dos seus usos, adequadas em outros.
Referências:
(Barker: 163,
Cedarblom e Paulsen: 142, Copi e Cohen: 113, Davis: 58)
Anfibologia
Definição:
Uma anfibologia ocorre quando a
construção da frase permite atribuir-lhe diferentes significados
Exemplos:
(i) No teu emprego todos gostam de um
carro. Portanto, há um carro muito especial. (Todos gostam de pelo menos um
carro ou de um mesmo carro?)
(ii) O Oráculo de Delos disse a Croseus que se ele continuasse a guerra
destruiria um reino poderoso. (O Oráculo não disse que seria o seu próprio
reino…)
Prova:
Evidencie a ambiguidade da frase,
mostrando que ele pode receber diferentes interpretações.
Referências:
(Copi e Cohen: 114)
Ênfase
Definição:
A ênfase é usada para sugerir uma
proposição diferente daquela que, de fato, é expressa.
Exemplos:
(i) Não distribuímos CERVEJA
GRÁTIS!
(ii) A ex-namorada, procurando vingar-se do capitão, escreveu no jornal: “hoje
o capitão estava sóbrio” (Ela sugere, com a ênfase, que habitualmente o capitão
está bêbado. Copi, p. 117)
Referências:
(Copi e Cohen: 115)
Erros de
categorização
Estas falácias ocorrem porque o autor
assume erroneamente que as partes e o todo devem ter propriedades semelhantes.
No entanto, as coisas podem ter, como um todo, propriedades diferentes das que
cada uma tinha em separado.
As seguintes falácias são erros de
categorização:
Falácia da composição (Como as partes de um todo
têm a propriedade X, defende-se que o todo tem a propriedade X.)
Falácia da divisão (Como o todo tem uma certa
propriedade, X, argumenta-se que as partes têm essa propriedade X.)
Composição
Definição:
Por as partes de um todo terem uma
certa propriedade, argumenta-se que o todo tem essa mesma propriedade. Esse
todo pode ser tanto um objeto composto de diferentes partes, como uma coleção
ou conjunto de membros individuais.
Exemplos:
(i) Cada tijolo tem três polegadas de
altura, portanto a parede de tijolo tem três polegadas de altura.
(ii) As células não têm consciência. Portanto, o cérebro, que é feito de
células, não tem consciência.
Prova:
Identifique o todo e as partes em
questão. Mostre que, em geral, o todo não tem de ter as propriedades das
partes, ou, podendo ser mais específico, mostre que o todo em questão não tem
as propriedades das partes.
Referencias
(Barker: 164, Copi
e Cohen: 117)
Divisão
Definição:
Como o todo tem uma certa
propriedade, argumenta-se que as partes têm essa propriedade. O todo em questão
pode ser tanto um objeto como uma coleção ou conjunto de membros individuais.
Exemplos:
(i) Cada tijolo da parede tem três
polegadas de altura. Portanto a parede de tijolos tem três polegadas de altura.
(ii) Como o cérebro tem consciência, cada célula do cérebro deve ter a
consciência.
(iii) Como tudo tem uma causa, então há uma causa de tudo.
(iv) Como todos têm uma mãe, então há uma mãe de todos.
Prova:
Mostre que as propriedades em questão
são propriedades das partes, mas não do todo. Se for preciso, descreva as
partes para mostrar que elas não têm as propriedades do todo.
Referências:
Barker: 164, Copi e
Cohen: 119
Non sequitur
O termo non sequitur significa
literalmente “não se segue que”. Nesta seção descrevemos falácias que ocorrem
como consequência da sua forma de argumento inválida. As seguintes falácias são non
sequiturs:
Todo o argumento com a seguinte forma
é inválido:
Se A então B
Ora, B
Logo, A
Exemplos:
(i) Se jogamos bem, ganhamos. Ora,
ganhamos. Logo, jogamos bem. (Na verdade, jogamos mal, mas o adversário jogou
pior e o árbitro ajudou)
(ii) Se estou em Campinas, estou em São Paulo. Ora, estou em São Paulo. Logo,
estou em Campinas. (Claro, ainda que as premissas sejam verdadeiras, posso
estar em Santos ou em Presidente Prudente.)
(iii) Se a fábrica estivesse poluindo o rio, então veríamos o número de peixes
mortos aumentar. Há cada vez mais peixes a morrer. Logo, a fábrica está
poluindo o rio.
Prova:
Mostre que, mesmo sendo as premissas
verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Em geral, basta mostrar que B pode ser
consequência de outra coisa que não A. Por exemplo, a morte dos peixes pode ser
provocada pela aplicação de pesticidas e não pela fábrica.
Referências:
Barker: 69,
Cedarblom e Paulsen: 24, Copi e Cohen: 241
Negação do
antecedente
Definição:
Os argumentos com a seguinte forma
são inválidos:
Se A então B
Não-A
Logo, não-B
Exemplos:
(i) Se fores atingido por um carro
quando tiveres 6 anos, morres jovem. Mas não foste atingido por um carro aos 6
anos. Portanto, não vais morrer jovem. (Claro que ele poderia ser atingido por
um comboio com a idade de 6 anos e, nesse caso, morria jovem)
(ii) Se estou em Faro, então estou no Algarve. Não estou em Faro. Logo, não
estou no Algarve. (Mas pode estar em Olhão…)
Prova:
Mostre que a conclusão pode ser falsa
mesmo que as premissas sejam verdadeiras. Em particular, mostre que o
consequente, B, pode ocorrer mesmo que A não ocorra.
Referências:
Barker: 69,
Cedarblom e Paulsen: 26, Copi e Cohen: 241
Inconsistência
Definição:
O argumentador avança pelo menos duas
proposições que não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Em tais casos as
proposições podem ser contrárias ou contraditórias.
Exemplos:
(i) Montreal está a cerca de 200 km
de Otava, enquanto Toronto está a 400 km de Otava. Toronto está mais perto de
Otava do que Montreal.
(ii) John é maior do que Jake, e Jake é maior do que Fred, enquanto Fred é
maior do que John.
Prova:
Assuma que um dos enunciados é
verdadeiro e use-o como uma premissa para mostrar que o outro enunciado é
falso.
Referências:
Barker: 157
Erros silogísticos
As falácias nesta seção são todas
casos de silogismos categóricos inválidos. Leitores que não estão familiarizados
com silogismos categóricos devem consultar o Guia do Stephen de
Silogismos Categóricos.
(i) Todos os cães são animais e todos
os gatos são mamíferos, portanto todos os cães são mamíferos.
Os quatro termos são: cães, animais,
gatos e mamíferos.
Nota: Em muitos
casos a falácia dos quatro termos é um caso especial de equívoco. Enquanto a mesma palavra é
usada, a palavra possui significados diferentes e, portanto, a
palavra é tratada como dois termos diferentes. Considere o exemplo seguinte:
(ii) Apenas o homem nasce livre e
nenhuma mulher é homem, portanto, nenhuma mulher nasce livre.
Os quatro termos são: homem (no
sentido de “humanidade”), homem (no sentido de “macho, masculino”), mulher e
nasce livre.
Prova:
Identifique os quatro termos e onde
necessário enuncie o significado de cada termo.
Referências:
Copi e Cohen: 206
Meio não
distribuído
Definição:
O termo do meio nas premissas de uma forma padrão de
silogismo categórico nunca se refere à totalidade dos membros
da categoria que ele descreve.
Exemplos:
(i) Todos os russos eram
revolucionários e todos os anarquistas eram revolucionários, portanto, todos os
anarquistas eram russos.
O termo do meio é “revolucionário”.
Mesmo que ambos russos e anarquistas compartilhem a propriedade comum de serem
revolucionários, eles podem ser grupos separados de revolucionários, portanto
não podemos concluir que os anarquistas são o mesmo que russos de maneira
alguma. Exemplo de Copi e Cohen, 208.
(ii) Todos os que ultrapassam
receberão tiros e alguém foi atingido por um tiro, portanto, alguém
ultrapassou.
O termo do meio é “tiro”. Mesmo que
ambos “alguém” e “quem ultrapassa” compartilhem a propriedade de terem recebido
um tiro, isso não quer dizer que o alguém em questão ultrapassou, ele pode ter
sido vítima de um assalto.
Prova:
Mostre como cada uma das duas
categorias identificadas na conclusão podem ser grupos separados, mesmo que
compartilhem uma propriedade em comum.
Referências:
Copi e Cohen: 207
Ilícito maior
Definição:
O termo predicado da conclusão
refere-se à totalidade dos membros desta categoria, mas o mesmo termo nas
premissas refere-se apenas a alguns membros desta categoria.
Exemplos:
(i) Todos os cariocas são brasileiros
e nenhum paulista é carioca, portanto, nenhum paulista é brasileiro.
O termo predicado na conclusão é
“cariocas”. A conclusão refere-se a todos os brasileiros (cada brasileiro não é
paulista, de acordo com a conclusão). Mas as premissas referem-se apenas a
alguns brasileiros (aqueles que são cariocas).
Prova:
Mostre que pode haver outros membros
da categoria do predicado que não foram mencionados nas premissas e que são
contrários à conclusão.
Por exemplo, no (i) acima, pode-se
dizer que “Embora seja verdade que todos os cariocas são brasileiros, também é
verdade que o Faustão é brasileiro, mas o Faustão é paulista, então não é
verdade que nenhum paulista é brasileiro”.
Referências:
Copi e Cohen: 207
Ilícito menor
Definição:
O termo sujeito da conclusão
refere-se à totalidade de membros desta categoria, mas o mesmo termo nas
premissas refere-se apenas a alguns membros desta categoria.
Exemplos:
(i) Todos os comunistas são
subversivos e todos os comunistas são críticos do capitalismo, portanto, todos
os críticos do capitalismo são subversivos.
O termo sujeito na conclusão é
“críticos do capitalismo”. A conclusão refere-se a todos os críticos. A
premissa que “todos os comunistas são críticos do capitalismo” refere-se apenas
a alguns críticos do capitalismo; pode haver outros críticos que
não são comunistas.
Prova:
Mostre que pode haver outros membros
da categoria do sujeito que não foram mencionados nas premissas que são
contrários à conclusão.
Por exemplo, no (i) acima, pode-se
dizer que “Embora seja verdade que todos os comunistas são críticos do
capitalismo, também é verdade que Thomas Jefferson foi um crítico do
capitalismo, mas Thomas Jefferson não era subversivo, então nem todos os
críticos do capitalismo são subversivos”.
Referências:
Copi e Cohen: 208
Premissas exclusivas
Definição:
Uma forma padrão de silogismo
categórico possui duas premissas negativas (uma premissa negativa é qualquer
premissa na forma “Nenhum S é P” ou “Alguns S não são P”).
Exemplos:
(i) Nenhum nova-iorquino é brasileiro
e nenhum brasileiro é americano, portanto, nenhum nova-iorquino é americano.
Na verdade, já que Nova Iorque é um
estado dos Estados Unidos, todos os nova-iorquinos são americanos.
Prova:
Presuma que as premissas são
verdadeiras. Encontre um exemplo que permita que as premissas sejam verdadeiras,
mas que claramente contradiga a conclusão.
Referências:
Copi e Cohen: 209
Falácia de criar
uma conclusão afirmativa de uma premissa negativa
Definição:
A conclusão da forma padrão de
silogismo categórico é afirmativa, mas pelo menos uma das premissas é negativa.
Exemplos:
(i) Todos os ratos são animais e
alguns animais não são perigosos, portanto alguns ratos são perigosos.
(ii) Nenhuma pessoa honesta rouba e todas as pessoas honestas pagam impostos,
então algumas pessoas que roubam pagam impostos.
Prova:
Presuma que as premissas são
verdadeiras. Encontre um exemplo que permita que as premissas sejam
verdadeiras, mas que claramente contradiga a conclusão.
Referências:
Copi e Cohen: 210
Falácia existencial
Definição:
Uma forma padrão de silogismo
categórico com duas premissas universais possui uma conclusão particular.
A ideia é que algumas propriedades
universais não precisam ser exemplificadas. Pode até ser verdade que “todos os
que ultrapassarem serão alvejados”, mesmo se não houver ninguém que ultrapasse.
Pode ser verdade que “todos os trens sem freio são perigosos”, embora não
exista trem sem freio. Esta é a ideia desta falácia.
Exemplos:
(i) Todos os camundongos são animais
e todos os animais são perigosos, então alguns camundongos são perigosos.
(ii) Nenhuma pessoa honesta rouba e todas as pessoas honestas pagam impostos,
então algumas pessoas honestas pagam impostos.
Prova:
Presuma que as premissas são
verdadeiras, mas que não existem exemplos da categoria descrita. Por exemplo,
no (i) acima, presuma que não há camundongo e no (ii) acima, presuma que não há
pessoa honesta. Isto mostra que a conclusão é falsa.
Referências:
Copi e Cohen: 210
Falácias de
explicação
Uma explicação é uma forma de
raciocínio que tenta dar resposta à pergunta “Por quê?” Por exemplo: é com uma
explicação que respondemos a uma pergunta como “Por que o céu é azul?”
Uma boa explicação será baseada
numa teoria científica ou empírica. A explicação do azul do
céu será dada em termos da composição dos céus e das teorias da reflexão.
Falácias da explicação:
Inventando fatos (O fenômeno que se pretende
explicar não existe)
Torcendo os fatos (Há parcialidade nas provas
invocadas para estabelecer a ocorrência de um fenômeno)
Irrefutabilidade (A teoria usada para explicar um
fenômeno não pode ser testada)
Âmbito limitado (ad-hoc) (A teoria só pode
explicar uma coisa)
Uma explicação pretende dizer-nos por
que acontece certo fenômeno. A explicação é falaciosa se o fenômeno não ocorre
ou se não houver prova de que possa ocorrer.
Exemplos:
(i) A razão da timidez da maioria dos
solteiros reside no caráter possessivo das mães. (Uma tentativa de explicar por
que a maioria dos solteiros é tímida. No entanto não sucede que a maioria dos
solteiros sejam pessoas tímidas)
(ii) João entrou na loja porque queria ver a Maria. (Isto é uma falácia porque,
na verdade, João queria ver a Maria, mas sabia ela não estava na loja. Por isso
não entrou…)
(iii) A razão pela qual a maioria das pessoas se opõe à greve é o medo de
perder o emprego. (Pretende-se explicar a oposição dos trabalhadores à greve.
Mas suponha que eles votem a continuação da greve. Então não há, de fato,
oposição à greve. Isto tem acontecido…)
Prova:
Identifique o fenômeno que está a ser
explicado. Mostre que não há razão para acreditar que o fenômeno tenha de fato
ocorrido.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 158
Torcendo os fatos
Definição:
Uma explicação pretende dizer-nos por
que acontece certo fenômeno (fato). O fenômeno ou fato está estabelecido, o
argumento visa estabelecer a explicação. Neste tipo de falácia, no entanto,
apesar de algo semelhante ao fenômeno a explicar ter ocorrido, ele é falsificado,
montado com parcialidade ou baseado em provas ad hoc.
Exemplos:
(i) A timidez da maioria dos
solteiros explica-se pelo caráter dominador das mães. (Pretende-se explicar a
timidez da maioria dos solteiros. No entanto, provou-se que o autor baseou a
sua argumentação em dois solteiros que conheceu em tempos, sendo ambos tímidos…
Isto está longe de ser artificial: é assim que muitas vezes formamos a nossa
opinião sobre diversos grupos humanos)
(ii) A razão pela qual obtenho boas classificações é que os meus alunos me
apreciam. (Isto é uma falácia quando as avaliações com menos de 70% são
eliminadas com a justificação de que os alunos não compreenderam a questão…)
Prova:
Identifique o fenômeno que está a ser
explicado. Mostre que as provas avançadas para afirmar a existência do fenômeno
foram, de algum modo, manipuladas.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 160
Irrefutabilidade
Definição:
A teoria que foi apresentada para
explicar a ocorrência de algum fenômeno não pode ser testada.
Testamos uma teoria por meio das suas
previsões. Por exemplo, uma teoria pode predizer que a luz encurva em certas
condições, ou que um líquido muda de cor com o ácido, ou que um psicótico
responda mal a certos estímulos. Se o evento previsto não ocorrer, então as
provas contradizem a teoria.
Uma teoria não pode ser testada se
não faz previsões. Também não é testada quando prevê acontecimentos que
poderiam ocorrer, fosse ou não a teoria verdadeira.
Exemplos:
(i) Um avião desapareceu no meio do
Atlântico devido ao efeito do Triângulo das Bermudas, uma força tão sutil que
não pode ser medida por qualquer instrumento. (A força do Triângulo das
Bermudas não manifesta qualquer efeito para além do desaparecimento ocasional
de um avião. Por isso, a única previsão que ela permite é que mais aviões se
perderão. Mas isto é o que pode muito bem acontecer independentemente de a
teoria ser verdadeira ou falsa.)
(ii) Ganhei a loteria porque a minha aura psíquica fez-me ganhar (Uma maneira
de testar esta teoria é tentar ganhar de novo a loteria. Mas a pessoa responde
que essa aura só o faz ganhar uma vez. Não há, portanto, uma maneira de
determinar se o ganho foi resultado da aura ou do acaso.)
(iii) A razão pela qual tudo existe é que Deus tudo criou. (Isto pode ser
verdade, mas a explicação não tem qualquer peso porque não temos meios para
testar tal teoria. Nenhuma evidência no mundo pode mostrar que esta teoria é
falsa porque, de acordo com tal teoria, todos os fatos foram criados por Deus.)
(iv) NyQuil fá-lo dormir devido à sua fórmula dormitiva. (Quando pressionado, o
fabricante definirá a “fórmula dormitiva” como “qualquer coisa que o faz
dormir”. Para testar esta teoria, teríamos de descobrir outra coisa que
contivesse a fórmula dormitiva e verificar se ela faz dormir. Mas, como
encontramos alguma coisa que contenha a fórmula dormitiva? Procuramos por
coisas que façam dormir! Mas nós podemos predizer que as coisas que fazem
dormir, fazem dormir, não interessando o que a teoria diz. Esta teoria é
vazia.)
Prova:
Identifique a teoria. Mostre que ela
não faz previsões ou que as previsões feitas com a teoria são falsas ou que as
previsões que ela faz podem ser verdadeiras mesmo que a teoria seja falsa.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 161
Âmbito limitado (Ad
Hoc)
Definição:
A teoria só explica um fenômeno e
nada mais.
Exemplos:
(i) Havia hostilidade em relação aos
hippies dos anos 60 por causa do ressentimento dos seus pais em relação às crianças.
(Esta é deficiente porque explica a hostilidade em relação aos hippies e nada
mais. Uma teoria melhor seria dizer que havia hostilidade em relação aos
hippies porque os hippies são diferentes, e as pessoas temem coisas diferentes.
Esta teoria explicaria não só a hostilidade em relação aos hippies, mas também
outras formas de hostilidade. )
(ii) As pessoas tornam-se esquizofrênicas porque as diferentes partes do seu
cérebro funcionam separadas. (Esta teoria explica a esquizofrenia e nada mais.)
Prova:
Identifique a teoria e o fenômeno que
ela explica mostre que a teoria não explica nada mais. Argumente que as teorias
que só explicam um fenômeno estão, no melhor dos casos, incompletas.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 163
Profundidade
limitada (superficialidade)
Definição:
As teorias explicam os fatos apelando
a causas ou fenômenos subjacentes. As teorias que não apelam a causas
subjacentes e apenas apelam à pertença a uma categoria (apenas incluem o
fenômeno em uma classe de fenômenos) são superficiais.
Exemplos:
(i) A minha gata gosta de atum porque
é uma gata. (Esta teoria apenas afirma que os gatos gostam de atum, sem
explicar este fato.)
(ii) Ronald Reagan era militarista porque era americano. (Certo, ele era
americano. Mas, em que é que o fato de ser americano o torna militarista? O que
o levou a agir desta maneira? A teoria não nos diz isso e, portanto, não nos dá
uma boa explicação.)
(iii) Está dizendo isso só porque pertences à União. (Esta tentativa de
rejeição do argumento pretende explicar o comportamento do opositor como
manifestação de frivolidade. Falha, no entanto, porque não é uma explicação.
Suponhamos que toda a gente da União dizia o mesmo. E daí? Tínhamos de ir mais
fundo — tínhamos de perguntar por que razão toda a gente da
União dizia isso, antes de podermos concluir que as afirmações do opositor são
frívolas.)
Prova:
As teorias desta espécie tentam
explicar um fenômeno mostrando que ele é parte de uma classe ou categoria de
fenômenos semelhantes. Aceitando esse fato exija uma explicação mais vasta para
os fenômenos dessa categoria. Argumente que uma teoria explicativa deve referir
causas e não apenas classificações.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 164
Falácias de
definição
Usamos definições para tornar os
nossos conceitos mais claros. O propósito da definição é enunciar com exatidão
o significado de uma palavra. Uma boa definição deve permitir que o leitor a
aplique a casos concretos sem ajuda exterior.
Por exemplo, suponhamos que queremos
definir a palavra “maçã”. Se a definição for bem sucedida, então o leitor deve
estar apto a ir para o mundo e a aplicá-la a cada maçã que existe e só a maçãs.
Se o leitor deixar passar algumas maçãs ou incluir outros objetos (como pêras)
ou não puder dizer se algo é maçã ou não, então a definição é falha. As
definições não são argumentos. Por isso, não se pode, com rigor, falar de
“Falácias de definição”. Mas definições incorretas, por vezes tendenciosas, são
muitas vezes incluídas em argumentos, tornando-os falaciosos.
Falácias de definição:
Demasiado ampla (A definição inclui itens que não
devia incluir.)
(i) Uma maçã é um objeto vermelho e
redondo. (O planeta Marte é vermelho e redondo. Portanto, está incluído na
definição. Mas é óbvio que Marte não é uma maçã.)
(ii) Uma figura é quadrada se e somente se tiver quatro lados de igual
comprimento. (Não são só quadrados que têm quatro lados de igual comprimento.
Os losangos também.)
Prova:
Identifique o termo que está a ser
definido. Identifique as condições da definição. Procure um objeto que preencha
as condições da conclusão mas que obviamente não seja uma instância do termo a
definir.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 182
Demasiado restrita
Definição:
A definição não inclui tudo o que
deveria incluir.
Exemplos:
(i) Uma maçã é algo vermelho e
redondo. (Há muitas maçãs, e deliciosas maçãs, que, não sendo maçãs vermelhas, não
estão incluídas na definição e deveriam estar.)
(ii) Um livro é pornográfico se e somente se contiver fotografias de pessoas
nuas. (Os livros escritos pelo Marquês de Sade não contêm figuras. No entanto,
são tidos como sendo pornográficos. Portanto, a definição é demasiado limitada)
(iii) Alguma coisa é música se e somente se for tocável num piano. (Um solo de
bateria não pode ser tocado num piano e, no entanto, não deixa de ser música.)
Prova:
Identifique o termo que está a ser
definido. Identifique as condições da definição. Apresente um item que seja uma
instância do termo, mas não satisfaça essas condições.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 182
Falta de clareza
Definição:
A definição é tão ou mais difícil de
compreender do que o termo a definir.
Exemplos:
(i) Uma pessoa é dissoluta se e
somente se for lasciva. (Pretende-se definir o termo “dissoluta”. Mas o
significado do termo “dissoluta” é tão obscuro como o do termo “lasciva”.
Assim, a definição falha o seu objetivo de clarificação.)
(ii) Um objeto é belo se e somente se for esteticamente bem sucedido. (O termo
“esteticamente bem sucedido” é mais difícil de compreender do que o termo
“belo”.)
Prova:
Identifique o termo que está a ser
definido. Identifique as condições da definição. Mostre que as condições não
estão mais claramente definidas do que o termo a definir.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 184
Circularidade
Definição:
A definição inclui o termo definido
como parte da definição.
(Uma definição circular é um caso
especial da Falta de clareza)
Exemplos:
(i) Um animal é humano se e só se tem
pais humanos. (Pretende-se definir “humano”. Mas para encontrarmos um ser
humano temos de encontrar pais humanos. Para encontrarmos pais humanos temos já
de saber o que é um ser humano.)
(ii) Um livro é pornográfico se e somente se contiver pornografia. (Teríamos já
de saber o que é a pornografia para dizermos se um livro é ou não
pornográfico.)
Prova:
Identifique o termo que está a ser
definido. Identifique as condições da definição. Mostre que pelo menos um termo
usado nas condições é o mesmo que o termo que está a ser definido.
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 184
Contradição
Definição:
A definição é contraditória.
Exemplos:
(i) Uma sociedade é livre se e
somente se a liberdade for maximizada e as pessoas forem legalmente obrigadas a
tomar a responsabilidade das suas ações. (As definições deste tipo são muito
comuns, especialmente na internet. Mas, se uma pessoa é legalmente obrigada a
fazer alguma coisa, já não podemos dizer que a liberdade está maximizada.)
(ii) As pessoas podem candidatar-se à licença de condução se: (a) não tiverem
experiência anterior de condução (b) tiverem acesso a um veículo e (c) tiverem
experiência de operação com veículos motorizados. (Uma pessoa não pode ter
operado com veículos motorizados se não tiver experiência prévia de condução.)
Prova:
Identifique as condições da
definição. Mostre que nem todas podem ser, ao mesmo tempo, verdadeiras. (Em
particular, assuma que uma das condições é verdadeira e, depois, mostre que uma
das outras condições deve ser falsa).
Referências:
Cedarblom e
Paulsen: 186
Proposição
Definição:
Uma proposição é a afirmação de que
algo é verdadeiro. Usamos frases para exprimir proposições.
Exemplos:
(i) As seguintes frases exprimem a
mesma proposição:
Está chovendo.
Esta llooviendo.
It is raining.
Il pleut.
(ii) As seguintes frases exprimem a
mesma proposição:
João ama Maria.
Maria é amada pelo João.
Discussão:
Faz sentido pensar numa proposição
como sendo o significado de uma frase. O significado de uma
frase tem vários componentes:
denotação: o estado de
coisas que a frase afirma ser o caso. conotação: os sentimentos, ideias ou emoções provocadas pela frase no
auditor. ênfase: a importância relativa que o autor atribui aos diferentes
elementos da frase.
Por exemplo, na frase “O fogo
enfurecia-se morro abaixo” a denotação da frase é afirmação de que um incêndio
ocorre no morro e que ele alastra-se morro abaixo. A conotação é a de que isso
deve ser temido (a palavra “enfurecia-se” implica fúria e perigo). A ênfase
desta frase está no próprio fogo. Se tivéssemos escrito “Morro abaixo se
enfurecia o fogo” a ênfase estaria no morro.
Os filósofos discutem bastante sobre
o significado. Alguns dizem que o significado é apenas a denotação. Outros
dizem que é a combinação apenas da denotação e da conotação. Outros ainda
(incluindo Stephen Downes) dizem que o significado é a combinação dos três —
denotação, conotação e ênfase.
Referências
Copi: 5
Valor da verdade
Uma proposição pode ter um dos seguintes valores
de verdade:
Verdadeiro
Falso
Os filósofos discutem muito sobre o
que constitui a verdade. Por agora podemos usar uma caracterização muito
simples:
“P” é verdadeiro se e somente se
P.
“P” é falso se e somente se não P.
Por exemplo:
A proposição “A neve é branca” é
verdadeira se e somente se a neve for branca.
A proposição “A neve é branca” é falsa se e somente se a neve não for branca.
Por outras palavras, uma proposição é
verdadeira se ela descreve corretamente um estado do mundo e será falsa se
descrever incorretamente um estado do mundo. Isto é conhecido como A
Teoria da Verdade de Tarski.
Tabela da verdade
Uma tabela da verdade mostra o valor
da verdade da proposição complexa que resultou da aplicação de um operador lógico a duas proposições mais simples, formando uma nova proposição
mais complexa.
Suponhamos que as duas proposições
conectadas eram P e Q. Cada uma destas proposições
tem dois valores da verdadepossíveis: verdadeiro ou falso. Isto
dá-nos quatro possíveis combinações que estão representadas na tabela que se
segue:
P
Q
V
V
V
F
F
V
F
F
Na coluna da direita acrescentaremos
a proposição complexa formada pela ligação de P e Q.
Por baixo escreveremos o valor de verdade que ela adquire em cada um dos casos
possíveis. Vejamos, por exemplo, a tabela da verdade da proposição
complexa P e Q:
P
Q
P e Q
V
V
V
V
F
F
F
V
F
F
F
F
Note-se que a proposição complexa
pode ser verdadeira ou falsa em função dos diferentes valores da verdade
de P e Q e dooperador usado. Então, se sabemos quais são os valores
da verdade de P e Q, sabemos quais é o valor da
verdade de P e Q.
Operadores lógicos
Os operadores lógicos aplicam-se a
uma ou duas proposições para formar novas proposições. (Se ainda não
leu nada sobre proposições deve fazê-lo agora)
O valor da verdade da nova proposição é determinado:
pelos valores de verdade das proposições ligadas e pelo operador aplicado.
Selecione os valores da verdade para
as proposições P e Q clicando nos botões ao
lado de “P” e “Q” respectivamente. Qual é o valor da verdade de P ou Q?
Descubra clicando no botão “Computar”.
Parte
superior do formulário
P é:
V
F
Q é:
V
F
Portanto, P ou Q é:
Parte
inferior do formulário
Negação
Qualquer proposiçãoP pode ser negada mediante o
operador negação, gerando uma nova proposição complexa:
Não-P
A proposição Não P será
verdadeira apenas se P for falsa. Será falsa apenas se P for
verdadeira. A tabela da verdade de Não Pé a seguinte:
P
Q
Não P
V
V
F
V
F
F
F
V
V
F
F
V
Se você possui Javascript, tente por
si mesmo:
Selecione os valores da verdade para
as proposições P e Q clicando nos botões ao
lado de “P” e “Q” respectivamente. Qual é o valor da verdade de Não P?
Descubra clicando no botão “Computar”.
Parte
superior do formulário
P é:
V
F
Q é:
V
F
Portanto, Não P é:
Parte
inferior do formulário
Perceba que não importa se Q é
verdadeiro ou falso. Não P é sempre verdadeiro se P é
falso, e falso se P é verdadeiro.
Condicional
Quaisquer duas proposições, P e Q, podem ser
conectadas pelo condicional, gerando a nova proposição complexa:
Se P, então Q
A proposição Se P, então Q é
verdadeira se e somente se P for falsa ou Q for
verdadeira. Só é falsa quando P é verdadeira e Qfalsa.
Selecione os valores da verdade para
as proposições P e Q clicando nos botões ao
lado de “P” e “Q” respectivamente. Qual é o valor da verdade de Se P,
então Q? Descubra clicando no botão “Computar”.
Parte
superior do formulário
P é:
V
F
Q é:
V
F
Portanto, Se P então Q é:
Parte
inferior do formulário
Uma condicional especial ocorre se
trocamos o P e o Q de lugar: temos se
Q, então P, que é o mesmo que dizer P apenas se Q.
Qual é o valor da verdade de P
apenas se Q? Descubra clicando no botão “Computar”.
Parte
superior do formulário
P é:
V
F
Q é:
V
F
Portanto, P apena se Q é:
Parte
inferior do formulário
Perceba que P apenas se Q é
falso apenas quando Q é verdadeiro e P é
falso.
Conjunção
Quaisquer duas proposições, P e Q, podem
ser conectadas gerando uma proposição nova e complexa:
P e Q
A proposição P e Q será
verdadeira se e somente se P e Q forem
verdadeiras. Com qualquer outra combinação de valores de verdade será falsa.
Selecione os valores da verdade para
as proposições P e Q clicando nos botões ao
lado de “P” e “Q” respectivamente. Qual é o valor da verdade de P e Q?
Descubra clicando no botão “Computar”.
Parte
superior do formulário
P é:
V
F
Q é:
V
F
Portanto, P e Q é:
Parte
inferior do formulário
Bicondicional
Quaisquer duas proposiçõesP e Q podem
ser ligadas com o bicondicional, gerando uma nova proposição complexa:
P se e somente se Q
A proposição P se e somente
se Q é verdadeira se e somente se P e Q tiverem o mesmo valor da verdade — se ambas P eQ forem
verdadeiras ou ambas falsas. A tabela da verdade de P se e somente se Q é
a seguinte:
P
Q
P se e somente se
Q
V
V
V
V
F
F
F
V
F
F
F
V
Se você possui Javascript, tente por
si mesmo:
Selecione os valores da verdade para
as proposições P e Q clicando nos botões ao
lado de “P” e “Q” respectivamente. Qual é o valor da verdade de P se e
apenas se Q? Descubra clicando no botão “Computar”.
Parte
superior do formulário
P é:
V
F
Q é:
V
F
Portanto, P se e apenas se Q é:
Parte
inferior do formulário
O bicondicional é um operador
complexo, feito de operadores mais simples. Pense nele desta forma:
P se e apenas se Q é o mesmo
que:
( Se P então Q ) e
( P apenas se Q ). Isso é o mesmo que dizer:
( Se P então Q ) e
( Se Q então P ).
O operador se e apenas se tem
um papel especial nas Definições. Quando dizemos P se e somente se Q,
estamos dizendo que P diz a mesma coisa que Q.
Referências
A lista que se segue recenseia os
melhores textos em lógica e em raciocínio crítico. Apesar de não ser um guia
completo (poderá haver tal coisa?), deverá ser um bom ponto de partida.
Restringi a a selecção a livros publicados neste século.
Barker, Stephen F. The
Elements of Logic. 5.ª ed.
McGraw-Hill, 1989.
Boolos, George., and Jeffrey, Richard. Computability and Logic.
2.ª ed. Cambridge University Press, 1980.
Bergmann, Merrie, James Moor, and Jack Nelson. The LogicBook.
2.ª ed. McGraw-Hill, 1990.
Cohen, Morris, and Nagel, Ernest. An Introduction to Logic.Harcourt,
Brace and World, 1932, 1962.
Copi, Irving M. and Cohen, Carl. Introduction to Logic. 8.ª
ed. Macmillan, 1990.
Gianelli, A.P. Meaningful Logic. Bruce Publishing Company,
1962.
Haack, Susan. Philosophy of Logics. Cambridge University
Press, 1978.
Huff, Darrell. How to Lie With Statistics. W.W. Norton,
1954.
Hughes, G.H., and Cresswell, M.J. An Introduction to Modal Logic.
Methuen and Co. Ltd., 1968.
Jason, Gary. Introduction to Logic. Jones and Bartlett,1994.
Jager, Ronald. Essays in Logic From Aristotle to Russell.
Prentice-Hall, 1963.
Jeffrey, Richard. Formal Logic: Its Scope and Limits.McGraw-Hill,
1981, 1967.
Johnson, R.H., and Blair, J.A. Logical Self-Defense.
McGraw-Hill Ryerson, 1983, 1977.
Kahane, Howard. Logic and Philosophy: A Modern Introduction. Wadsworth,
1990.
Kelly, David. The Art of Reasoning. W.W. Norton, 1988.
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