.
Alguns advogados cristãos - alguns juizes estúpidos e eminentes - têm dito e
ainda dizem, que os dez mandamentos são a fundação de toda a lei.
Nada poderia ser mais absurdo. Muito antes desses códigos serem ditos, houvera
códigos de leis na Índia e Egito -- leis contra assassinato, perjúrio, furto,
adultério e fraude.
Essas leis são tão antigas quanto a sociedade humana; tão antigas como o amor à
vida; tão antigas quanto a indústria; quanto à idéia de prosperidade; antigas
como o amor humano.
Todos os mandamentos que eram bons, eram antigos; todos os que eram novos, eram
tolos. Se Jeová fosse civilizado, deixaria de fora o mandamento sobre guardar
os sábados e em seu lugar colocaria: "Não escravizarás teu
semelhante".
Ele omitiria aquele que fala de juramento e colocaria: "O homem terá
apenas uma mulher, e a mulher, apenas um homem".
Deixaria de lado aquele sobre imagens esculpidas e colocaria: "Não
provocarás guerras de extermínio e só desembainharás tua espada em legítima
defesa".
Se Jeová fosse civilizado, como seriam melhor aqueles mandamentos.
Tudo o que chamamos de progresso - a emancipação do homem, o trabalho, a
substituição da pena do encarceramento pela pena de morte, o fim da poligamia,
o estabelecimento da liberdade de expressão, os direitos de consciência; em
suma, tudo o que tende à civilização do homem; todos os resultados da
investigação, observação, experiência e livre pensamento; tudo o que se
conseguiu em benefício do homem desde o fim da idade das trevas -- tem sido
feito apesar do Velho Testamento.
Ensaio de Robert Ingersoll
Nenhum comentário:
Postar um comentário