“Tudo que a humanidade sofreu com as guerras, com a
pobreza, com a pestilência, com a fome, com o fogo e com o dilúvio, todo o
pavor e toda a dor de todas as doenças e de todas as mortes – tudo isso se
reduz a nada quando posto lado a lado com as agonias que se destinam às almas
perdidas.
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Este é o consolo da religião cristã. Esta é a justiça de
Deus – a misericórdia de Cristo. Este dogma aterrorizante, esta mentira
infinita: foi isto que me tornou um implacável inimigo do cristianismo.
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A verdade é que a crença na danação eterna tem sido o
verdadeiro perseguidor. Fundou a Inquisição, forjou as correntes e construiu
instrumentos de tortura. Obscureceu a vida de muitos milhões. Tornou o berço
tão terrível quanto o caixão. Escravizou nações e derramou o sangue de
incontáveis milhares.
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Sacrificou os
melhores, os mais sábios, os mais bravos. Subverteu a noção de justiça,
derriscou a compaixão dos corações, transformou homens em demônios e baniu a
razão dos cérebros. Como uma serpente peçonhenta, rasteja, sussurra e se
insinua em toda crença ortodoxa.
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Transforma o homem numa eterna vítima e Deus num eterno
demônio. É o horror infinito. Cada igreja em que se ensina esta idéia é uma
maldição pública. Todo pregador que a difunde é um inimigo da humanidade. Em
vão se procuraria uma selvageria mais ignóbil que este dogma cristão.
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Representa a maldade, o ódio e a vingança sem fim. Nada
poderia tornar o inferno pior, exceto a presença de seu criador, Deus. Enquanto
estiver vivo, enquanto estiver respirando, negarei esta mentira infinita com
toda minha força, a odiarei com cada gota de meu sangue.”
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