domingo, 14 de junho de 2015

A IGREJA ESCRAVISTA






Com o apoio de reis tiranos, a Igreja ávida por expandir o cristianismo, torturou e matou milhares de povos oprimidos por seus colonizadores, com especial destaque para a América Latina e África onde o apoio a captura dos nativos para serem escravizados deixou centenas de mortos e povoados inteiramente vazios.



BÍBLIA SAGRADA

NOVO TESTAMENTO

Efésios 1

1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus:

Efésios 6

5  Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo;





A Igreja, faminta por expansão, passou a dedicar-se às conquistas coloniais. São os sacerdotes os primeiros colonizadores da África negra. Encontramos padres, ao lado dos conquistadores espanhóis, que massacraram os índios da América. Foram os padres que organizaram o comércio de escravos.

Na verdade, foi o próprio Estado da Igreja que ordenou, em 1344, a conquista das Ilhas Canárias. E, provavelmente, foi o bispo De Las Casas, após a conquista da América, que sugeriu que os indígenas, que não suportavam o trabalho massacrante e as doenças levadas pelos colonos, fossem substituídos por africanos.1

Assim, desde o início de 1500, os missionários da África começaram a organizar a exportação de escravos para a América, equipando os navios "missionários" para tal fim.

Fala-se de dezenas de milhões de ameríndios mortos em batalha ou aprisionados, exterminados por doenças e pelo cansaço. O desastre foi tamanho que se calcula que, só no México, a população tenha passado de 25 milhões de índios, em 1520, a menos de um milhão e meio em 1595.

Calcular o massacre ocorrido com o comércio de escravos é impensável. Fala-se de pelo menos vinte milhões de pessoas levadas para a América. A expectativa de vida delas, a partir do momento do desembarque, era de sete anos. Mas, para cada negro que chegava à América como escravo, nove prisioneiros morriam durante a captura, a viagem até o porto de embarque ou a travessia.'

 Portanto, pode-se falar em 190 milhões de mortos. Mas a conta é bem mais dramática: as contínuas incursões dos escravistas por quase trezentos anos destruíram a economia de vastas áreas da África, privando populações inteiras de sua melhor mão-de-obra, o que fez milhões de pessoas morrerem de fome, epidemias e exaustão. Era possível percorrer centenas de quilômetros em meio às ruínas do que um dia foram civilizações brilhantes e culturalmente evoluídas e não encontrar um único sobrevivente, apenas ossos que brilhavam sob o sol.

O horror do colonialismo teve nos missionários seus mais ferozes defensores. Estes se dedicaram a extirpar as religiões tradicionais dos povos subjugados com a violência e a tortura. Chegaram até a impedir que as crianças falassem sua língua-mãe, punindo-as com castigos corporais.

E para entender como os padres brancos podiam ser desumanos, basta lembrar que muitas vezes eram enviados às missões sacerdotes manchados por crimes graves e que eram considerados indignos para realizar seu ofício na Europa.

Eles abençoaram todas as formas mais infames de apartheid. Em muitos países da África, por exemplo, os negros eram proibidos de comercializar com os brancos ou de cultivar hortaliças ou cereais nas áreas em que a monocultura dos latifundiários brancos era obrigatória.



Plantar abóboras custava uma das mãos na primeira vez, um pé na segunda e, na terceira, a cabeça. A razão de tanta brutalidade era simples: assim, os nativos eram obrigados a se dedicar à monocultura e a vender seu produto aos patrões brancos em troca de comida. Então, se quisessem sobreviver, teriam de vender aos brancos sem poder discutir o preço. Ou aceitavam ou morriam. E se analisarmos as condições em que muitos países do Terceiro Mundo se encontram hoje, não poderemos deixar de ver, na miséria e na violência atuais, a marca de séculos de exploração. Na escola, não aprendemos nada sobre o colonialismo e o papel da Igreja nele.

Os ingleses, por exemplo, especializaram-se no tráfico de drogas, vendendo enormes quantidades de ópio à China. Por três vezes, o imperador chinês proibiu este comércio e, por três vezes, canhoneiros ingleses bombardearam os portos chineses para impor sua liberdade de vender droga. Foram as famosas Guerras do Ópio: em 1848, em 1856 e em 1858. E tenham certeza de que o chumbo dos canhões era abençoado.

Finalmente, não podemos nos calar a respeito do papel que a Igreja teve ao apoiar o nazismo, o fascismo, o extermínio dos judeus, os massacres da Guerra Espanhola, e do suporte dado por boa parte do clero cristão a todas as mais infames ditaduras do planeta. Sacerdotes católicos abençoaram os torturadores e os esquadrões da morte no Chile, na Grécia, no Peru, na Bolívia, na Argentina, na Indonésia. E mesmo o papa Woityla mandou cartas demonstrando apreço e bênçãos a ditadores sanguinários como Pinochet (que conheceu pessoalmente durante uma de suas várias viagens).




NOTA

1.   Alguns autores afirmam que De Las Casas era contrário à escravidão dos negros. A esse propósito, ver Fernando Ortiz, Contrapuento cubano dei tobaco y del azucar, Biblioteca Ayacucho, Venezuela, 20/10/78.

Ver também Jacopo Fo, Laura Malucelli, Schiave ríbeli. 500 anni di vittorie africane censurate dai libri di storia, Nuovi Mondi Edizioni, Perugia, 2001, onde se conta, entre outras coisas, como os negros algumas vezes conseguiram derrotar os brancos e como a nossa idéia da África e da escravidão é uma concepção errônea, culpada de diminuir a gravidade dos horrores cometidos pelos europeus.


 SABER MAIS


Recomenda-se a leitura dos livros e sites quando indicados como fontes. Os posts contidos neste blogger são pequenos apontamentos de estudos.

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