sexta-feira, 31 de maio de 2013

JEAN CAUVIN ( JOÃO CALVINO )




JEAN CAUVIN, VULGO CALVINO



João Calvino (Jean Cauvin.) foi um teólogo cristão francês, que apostatou a fé católica por volta de 1532.


A REFORMA CALVINISTA - CENÁRIO: A SUÍÇA DO SÉCULO XVI:

O grande pólo de onde o calvinismo foi irradiado para o restante da Europa foi a Suíça, dividida em províncias denominadas de cantões, aonde uma burguesia próspera vinha se desenvolvendo. Antes mesmo da chegada de Calvino um movimento reformista já se desenhava na região, liderados por UIrich Zwglio os primeiros protestantes suíços acreditavam em João Calvino, um francês, oriundo de uma família burguesa que se dedicava aos estudos jurídicos e ao pensamento humanista.


O calvinismo não encontrou em solo francês um ambiente apropriado para a sua propagação (os reis eram  católicos fervorosos e defensores da igreja de Roma. Somente mais tarde  o movimento huguenotes inspirado na pregação de Calvino se tornaria  uma das mais importantes facções religiosas do reino), assim sendo o  reformador acabou migrando para a Suíça, onde a pregação de Zwiglio e  o anseio da burguesia por novas idéias criavam um terreno apropriado  para a difusão do protestantismo. 

Como já foi dito no parágrafo acima, Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este cristão facínora de maus sentimentos começou a ser visto, gradualmente, como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre".

Vítima das perseguições aos protestantes na França, fugiu para Genebra em 1536, de perseguido, passou a perseguidor, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo Europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça.

"Após tomar conhecimento da verdadeira fé e de lhe ter tomado o gosto, apossou-se de mim um tal zelo e vontade de avançar mais profundamente, de tal modo que apesar de eu não ter prescindido dos outros estudos, passei a ocupar-me menos com eles. Fiquei estupefato, quando antes mesmo do fim do ano, todos aqueles que desejavam conhecer a verdadeira fé me procuravam e queriam aprender comigo - eu, que ainda estava apenas no início! Pela minha parte, por natureza algo tímido, sempre preferi o sossego e permanecer discreto, de modo que comecei a procurar um pequeno refúgio que me permitisse recolher dos Homens. Mas, pelo contrário, todos os meus refúgios se tornavam em escolas públicas. Em resumo, apesar de eu sempre ter pretendido viver incógnito, Deus guiou-me por tais caminhos, onde não encontrei sossego, até que ele me puxou para a luz forte, contrariando o meu caráter, e como se costuma dizer, me colocou em jogo. E, na verdade, deixei a França e dirigi-me para a Alemanha para que ali pudesse viver em local desconhecido, incógnito, como sempre tinha desejado."

A Igreja Calvinista ao lado da doutrina “Sola Fides” (justificação apenas pela fé) e da doutrina “Sola Scriptura”, (somente as Escrituras) sobre a qual o protestantismo está edificado tem o sentido de que apenas a Bíblia basta, desprezado a tradição  legada pelo magistério da Igreja Mãe (Igreja Católica Apostólica ROMANA). Para os calvinistas, vale o que está escrito na Bíblia, uma vez que não se pode mudar a palavra de Deus.

O que Calvino queria demonstrar pela “Sola Scriptura” é que a Bíblia, e apenas ela, é a única autoridade infalível para a fé de uma pessoa. Qualquer coisa só pode ser aceita se estiver prevista na Bíblia; o que não estiver lá, não pode ser aceito como verdadeiro e, também, não pode ser tido como obrigatório. Qualquer coisa que não é encontrada na Bíblia é rotulada como "tradição" e é totalmente rejeitada, como se lê aparentemente - em Mateus 15.

A estrutura da Igreja Calvinista compunha-se basicamente de duas comissões: a “Venerável Companhia” e o “Consistório”, composto de pregadores e 12 senadores leigos que tinham a tarefa de zelar pela disciplina, a semelhança da Inquisição Medieval, sendo esta mais agressiva em seus julgamentos. Esta comissão visitava as casas e servia-se de denuncia e espionagem paga, os réus gravemente culpados se persistissem no erro eram entregue ao tribunal. Este proferiu de 1541 a 1546 58 sentenças de mortes, a tortura era aplicada com freqüência. Enquanto a “Venerável Companhia” se encarregava de propagar os ensinamentos de Calvino.

O Consistório, instituição equivalente ao Tribunal Inquisitorial do Santo Ofício, da Igreja Católica perseguiu os humanistas, que eram pessoas livres de qualquer peia moral com o total apoio de Lutero, que juntos faziam pressão à Igreja de Roma.

A doutrina de Calvino no seu aspecto religioso inquisitorial era mais radical que os Luteranos, Anabatistas e Católicos. Enquanto Lutero pregava que Jesus é amor e a misericórdia, para Calvino era juiz supremo, sem apelo. A misericórdia divina da doutrina luterana foi substituída pela “lei” de Calvino. São as regras ditadas pela autoridade de Calvino que seus seguidores tem que acomodar-se para continuar vivos. Calvino não hesita em dizer que os eleitos são a minoria e os maus, os perversos a maioria, talvez todo iluminado pelo Divino Espírito Santo e pela leitura bíblica que diz ser o caminho estreito o da salvação e o largo o caminho que leva a danação eterna.

Provavelmente, a interpretação dos versículos 19 e 20, da Primeira Epístola aos Coríntios, por Calvino o levou a cumprir a risca a “palavra de Deus” . Começou a perseguição dos mais sábios, os mais inteligentes, tornando-se o inimigo número um da ciência, da arte e da literatura. O terror fez calar os sábios pela crueldade das punições a que eram submetidos os que não rezavam pelo mesmo credo. O médico Jerônimo Bolsec, parisiense tecendo comentários críticos sobre a doutrina da predestinação, foi exilado em 1551. O médico Miguel Servet não teve igual sorte. Simpatizante dos Anabatistas e contestando o dogma da Santíssima Trindade, foi condenado a morte por Calvino. Genebra foi transformada em uma oligarquia religiosa, o povo foi proibido de dançar, jogar, ir ao teatro enquanto a população mediante o sentimento de grande inquietação e ainda diante de um perigo real e iminente, assistiu impotente nada mais do que 58 execuções apenas nos primeiros 4 anos, segundo o historiador Preserved Smith historiador da Reforma Protestante.

Em 1559 a pena de morte foi estabelecida por Calvino em Genebra aos hereges, aos adúlteros, no ano seguinte a pena capital foi estendida aos católicos e uma terrível perseguição a feitiçaria. Na Escócia o catolicismo foi abolido por lei e os padres que não aderiram ao novo mandamento legal foram condenados à morte. Católicos que insistiam em permanecer na sua fé, foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros foram arrasados, saqueados e transformados em templos calvinistas. Tribunais religiosos foram criados para condenar católicos clandestinos. ( Westminster Review, Tomo LIV, p. 453 )

O tratamento injusto e cruel aos católicos, levou o protestante Teodoro Bessa, em 1554, a pedir o uso da força pública contra os católicos. Essa perseguição na Inglaterra e na Irlanda, foi denominada pela mais escancarada intolerância religiosa. Através de leis, foi instituído o enforcamento a quem divulgasse a fé católica e a pena de isolamento perpétuo a todos os sacerdotes, sendo ainda condenado a forca e esquartejado logo em seguida, quem violasse o isolamento. Foi criado também o confisco de terras adquiridas por católicos.

Mediante tamanha intolerância, os camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o catolicismo. Foram trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. Ao fim da guerra, as melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses protestantes e os católicos forçados à migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000 de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra criou uma rivalidade entre ingleses protestantes e irlandeses católicos.


Em 1555 o consistório de Genebra recebe do conselho da cidade o direito de excomungar. Durante dez anos Calvino reina como senhor supremo, sendo que para ele, há uma necessidade da igreja pregar a palavra de Deus.


A LIGAÇÃO COM A BURGUESIA.

O vínculo histórico entre o desenvolvimento de uma mentalidade capitalista e o ideário calvinista foi popularizado na academia  pela obra do sociólogo alemão Max Weber. “A Ética Protestante e o  Espirito do Capitalismo”, apesar de algumas polêmicas com os marxistas. Nas regiões onde o calvinismo e suas variações foram difundidos a burguesia prosperou, tal construção seria embasada por alguns aspectos da doutrina de Calvino.

A) A VALORIZAÇÃO DO TRABALHO:

A imagem que as sociedades do mundo antigo clássico e da medievalidade construíram sobre o trabalho, especialmente os manuais, foi em geral a mais depreciativa possível. A luta seria reservada as camadas menos abastadas e o ócio era valorizado pelas elites, este pensamento foi duramente criticado por Calvino que  apresentava o trabalho como a virtude humana mais apreciada por Deus, o apego a esta atividade era a redenção de todos os pecados.

Procuremos lembrar que grande parte dos burgueses do século XVI eram mercadores e portando trabalhavam dia-a dia, ao contrário dos nobres e cléricos católicos denunciados como ociosos pelos seus antagonistas.


B) A SALVAÇÃO SEGUNDO CALVINO:

O calvinismo colaborou para a expansão da tese da predestinação ao defender que a salvação poderia ser confirmada por alguns indícios como, por exemplo”, a vida regrada sem a ostentação das riquezas adquiridas (observe que a opulência era uma das características mais valorizadas pelo clero católico e pelos nobres, no quadro ao lodo podemos ver os trajes discretos de protestantes calvinistas):

O sucesso econômico seria fruto do consentimento divino. Convém ressaltar que a relação entre protestantismo e capitalismo não deve ser conduzida como uma relação de causa e efeito, não significa de modo algum que sem o primeiro o segundo não teria se consolidado, mas sim que o estímulo ao trabalho, ao enriquecimento e aos lucros criaria um ambiente adequado para a construção de uma nova sociedade.


 A Inglaterra protestante com os seus Puritanos e os Estados Unidos com as inúmeras variações desta doutrina seriam os maiores exemplos de países calvinistas prósperos.
 

BÍBLIA
TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA

1Co 1:19 – Porque está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes.

1Co 1:20 -    Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?





quinta-feira, 30 de maio de 2013

MARTIN LUTHER ( MARTINHO LUTERO )

                 






                     Foi um sacerdote católico agostiniano, com doutorado em teologia, nascido em 10 de novembro de 1483, na cidade de Eisleben, Alemanha, que se rebelou contra a política de indulgências da Igreja Católica Apostólica ROMANA, insurgiu-se ainda contra a alegação de que os pecados poderiam ser perdoados mediante pagamento em dinheiro e confrontou ainda o vendedor de Indulgência João Tetzel.

Sua recusa em retirar seus escritos a pedido do Papa Leão X em 1520 e do Imperador  Carlos V  na Dieta de Wormsem 1521, resultou em sua excomunhão  pelo Papa e a condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Antigo. Mas a Igreja não teve condições de torturar e matar Martinho Lutero, este estava apoiado e protegido pelos príncipes alemães, que só por acaso estavam em disputa de poder com Roma dentro do Sacro Império Romano Germânico. Não foi à toa que, além da nobreza, ele recebeu forte apoio da burguesia, já que suas idéias coincidiam com os interesses, vide “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” de Max Weber.

Desta forma, a classe proletariada  foi obrigada a seguir a novo credo cristão e aqueles que se recusaram a aceitar a conversão e lutar por seus interesses, foram sumariamente massacrados pelos apoiadores poderosos de Lutero, com seu beneplácito.

“Assim, quem puder que bata, mate ou fira, secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial ou demoníaco que um rebelde”

O resultado da Guerra dos Camponeses foi 100 mil mortos do lado mais fraco. Enfim, toda religião é usurpada/usada para fins políticos.

E a religião mais uma vez foi usada como elemento de manobra das massas.

É de bom alvitre lembrar que Lutero foi o responsável pela violenta perseguição e morte de milhares de membros da seita dos anabatistas.



A LITURGIA DE LUTERO

Lutero ensinava que a salvação não se consegue com boas ações, mas é um livre presente de Deus, recebida apenas pela graça, através da fé em Jesus como único redentor do pecador. Sua teologia desafiou a autoridade papal na Igreja Católica Romana, pois ele ensinava que a Bíblia é a única fonte de conhecimento divinamente revelada e opôs-se ao sacerdotalismo, por considerar todos os cristãos batizados como um sacerdócio santo.  Aqueles que se identificavam com os ensinamentos de Lutero eram chamados luteranos.

Sua tradução da Bíblia para o alemão, que não o latim fez o livro mais acessível, causando um impacto gigantesco na Igreja e na cultura alemã. Promoveu um desenvolvimento de uma versão padrão da língua alemã, adicionando vários princípios à arte de traduzir, e influenciou a tradução para o inglês da Bíblia do Rei James. Seus hinos influenciaram o desenvolvimento do ato de cantar em igrejas. Seu casamento com Catarina von Bora estabeleceu um modelo para a prática do casamento clerical, permitindo o matrimônio de padres protestantes.

Em seus últimos anos, Lutero tornou-se algo anti-semita, chegando a escrever que as casas judaicas deveriam ser destruídas, e suas sinagogas queimadas, dinheiro confiscado e liberdade cerceada. Essas afirmações fizeram de Lutero uma figura controversa entre muitos historiadores e estudiosos. Há relatos de que momentos antes de sua morte Lutero estava com um rosário em sua mão.

Aqui, encontramos um paralelo ao desprezo de Lutero para com a razão. “Em sua esfera legítima, a razão é o mais elevado dom de Deus, mas no momento em que excede para a teologia, torna-se a “prostituta do diabo”.

Site cristão:
http://www.monergismo.com/textos/predestinacao/deixem_predestinacao_lutero_timothy.htm

Lutero dizia que a razão era "a prostituta do diabo".
http://www.veritatis.com.br/article/4248

Lutero, por exemplo, chegaria a chamar a razão de "prostituta do diabo",
http://educacao.uol.com.br/biografias/lutero.jhtm

Desta maneira a razão humana era depreciada.
Somente a fé nos levaria a falar dos valores transcendentais; pela razão não se provaria a existência de Deus nem a imortalidade da alma.

http://www.clerus.org/clerus/dati/2007-11/23-13/17LuteroPENSAM.html

Infelizmente, Lutero defendeu o absurdo de que a razão não pode fazer contribuições à teologia, visto o homem todo ter sido arruinado pelo pecado original.

http://www.doutrinacatolica.com/modules/news/article.php?storyid=1701

Para Lutero, a razão era "uma cortesã do diabo"
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_nicolau_copernico.htm


"A medicina cria pessoas doentes, a matemática, pessoas tristes, e a teologia, pecadores."
Fonte: Revista Caras, Edição de 27 de Setembro de 2006.
Martinho Lutero

"A Razão deveria ser destruída em todos os cristãos. Ela é o maior inimigo da fé. Quem quiser ser um cristão deve arrancar os olhos de sua razão."

"Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir."

Fonte Sermão “Tributo a César”


Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas... Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas... Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem [cobrança de juros extorsivos sobre empréstimos]... Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade ... Portanto, fora com eles...

Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus.

Em seu livro Why the Jews [Por Que os Judeus?], Dennis Prager e Joseph Telushkin escrevem:

[...] os escritos posteriores de Lutero, atacando os judeus, eram tão virulentos que os nazistas os citavam freqüentemente.

Martim Lutero: That Jesus Christ was born a Jew [Que Jesus Cristo Nasceu Judeu], reimpresso em Frank Ephraim Talmage, ed. Disputation and Dialogue: Readings in the Jewish-Christian Encounter (Nova York: Ktav/Anti-Defamation League of B’nai B’rith, 1975), p. 33.

Martim Lutero: Concerning the Jews and their lies [A respeito dos judeus e suas mentiras], reimpresso em Talmage, Disputation and Dialogue, pp. 34-36.

Michael L. Brown: Our hands are stained with blood [Nossas mãos estão manchadas de sangue] Shippensburg, PA: Destiny Image Publishers, 1992), p. 16.

Dennis Prager e Joseph Telushkin: Why the Jews? The reason for anti-Semitism [Por que os Judeus: A causa do anti-semitismo] (Nova York: Simon & Shuster, 1983), p. 107.

Adolf Hitler: Mein Kampf, p. 213.

Prager e Telushkin, p. 107


"Von den Juden und ihren Lügen" ("Sobre os judeus e suas mentiras"), escrito em 1543 quando Lutero tinha 60 anos,

Em suas "Conversas à Mesa" [Tischreden, em alemão] -- que eram anotadas por seus admiradores e que foram editadas em forma de livro, Lutero dizia as piores coisas sobre Deus e Cristo.

"Cristo Adúltero. Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte [do poço de Jacó] de que nos fala São João. Não se murmurava em torno dele: "Que fez, então, com ela? " Depois, com Madalena, depois, com a mulher adútera, que ele absolveu tão levianamente. Assim, Cristo, tão piedoso, também teve que fornicar, antes de morrer" (Lutero, Tischredden, Conversas à Mesa, N* 1472, edição de Weimar, Vol. II, p. 107, apud Franz Funck Brentano, Martim Lutero, Ed Vecchi Rio de Janeiro 1956, p. 15).

Noutra ocasião, Lutero blasfemou contra Deus, ao dizer que Deus age como louco ou como muito tolo: "Deus est stultissimus"( Lutero, Conversas à Mesa, ed Weimar, N* 963, Vol. I , p. 487. Apud Franz Funck Brentano op. cit. p. 147).

Doutra vez, ao falar Lutero do destino, ele culpava Deus por todos os crimes, e dizia que Judas não podia deixar de trair Cristo, nem Adão tinha liberdade para não pecar. Considerando que era Deus que determinava os pecadores a pecar, Lutero concluia dizendo "Deus age sempre como um louco" (Franz Funck Brentano, Martim Lutero, p. 111).

Recentemente foram descobertos os cadernos pessoais de Lutero. Eles foram estudados pelo Padre Theobald Beer que publicou um livro sobre eles. Segundo o Padre, Lutero teria afirmado que Cristo é ao mesmo tempo, Deus e o Diabo, o Bem e o Mal.

O historiador Robert Michael escreve que Lutero estava preocupado com a questão judaica toda a sua vida, apesar de dedicar apenas uma pequena parte de seu trabalho para ela.

Seus principais trabalhos sobre os judeus são Von den Juden und Ihren lügen ("Sobre os judeus e suas mentiras"), e Vom Schem Hamphoras und vom Geschlecht Christi ("Em Nome da Santa linhagem de Cristo") - reimpressas cinco vezes dentro de sua vida - ambas escritas em 1543, três anos antes de sua morte.

Nesses trabalhos Lutero afirmou que os judeus já não eram o povo eleito, mas o "povo do diabo".  A sinagoga era como "uma prostituta incorrigível e uma devassa maléfica" e os judeus estavam "cheios das fezes do demônio,... nas quais se rebolam como porcos".  Lutero aconselhou as pessoas à incendiarem às sinagogas, destruindo os livros judaicos, proibir os rabinos de pregar, e apreender os bens e dinheiro dos Judeus e também expulsá-los ou fazê-los trabalhar forçosamente. Lutero também parecia aconselhar seus assassinatos, escrevendo "É nossa a culpa em não matar eles."

A campanha contra os judeus de Lutero foi bem sucedida na Saxônia, Brandenburg, e Silésia. Josel de Rosheim (1480-1554), que tentou ajudar os judeus na Saxónia, escreveu em seu livro de memórias a situação de intolerância foi causada por "(…) esse sacerdote cujo nome é Martinho Lutero - (…) seu corpo e alma vinculada até no inferno!! - que escreveu e publicou muitos livros heréticos no qual disse que quem ajudasse judeus seriam condenados à perdição."  Josel teria pedido a cidade de Estrasburgo para proibir a venda das obras antijudaicas de Lutero; porém seu pedido foi-lhe negado quando um pastor luterano de Hochfelden argumentou em um sermão que os seus paroquianos deviam assassinar judeus. O anti-semitismo de Lutero persistiu após a sua morte, ao longo de todo o ano 1580, motins expulsaram judeus de vários estados luteranos alemães.

A opinião predominante entre os historiadores é que a sua retórica antijudaica contribuiu significativamente para o desenvolvimento do anti-semitismo na Alemanha, e na década de 1930 e 1940 auxiliou na fundamentação do ideal do nazismo de ataques a judeus. O próprio Adolf Hitler em sua autobiografia Mein Kampf considerou Lutero uma das três maiores figuras da Alemanha, juntamente com Frederico, o Grande, e Richard Wagner.

 Em 5 de outubro de 1933, o Pastor Wilhelm Rehm de Reutlingen declarou publicamente que "Hitler não teria sido possível, sem Martinho Lutero". Julius Streicher, o editor do jornal Nazista Der Stürmer, argumentou durante sua defesa no julgamento de Nuremberg "que nunca havia dito nada sobre os judeus que Martinho Lutero não tivesse dito 400 anos antes". Em novembro de 1933, uma manifestação protestante que reuniu um recorde de 20.000 pessoas, aprovou três resoluções:

- Adolf Hitler é a conclusão da Reforma;
- Judeus Batizados devem ser retirados da Igreja;
- O Antigo Testamento deve ser excluído da Sagrada Escritura.

Diversos historiadores (entre os quais se destacam William L. Shirer e Michael H. Hart ) sugerem que a influência de Lutero tenha auxiliado a aceitação do nazismo na Alemanha pelos protestantes no século XX. Shirer fez a seguinte observação em Ascensão e queda do Terceiro Reich:

"É difícil compreender a conduta da maioria dos protestantes nos primeiros anos do nazismo, salvo se estivermos prevenidos de dois fatos: sua história e a influência de Martinho Lutero (para evitar qualquer confusão, devo explicar aqui que o autor é protestante). O grande fundador do protestantismo não foi só anti-semita apaixonado como feroz defensor da obediência absoluta à autoridade política. Desejava a Alemanha livre de judeus (…) – conselho que foi literalmente seguido quatro séculos mais tarde por Hitler, Göring e Himmler.


Por outro lado, especialmente Shirer recebeu críticas por essa sua observação, sendo acusado de não conhecer suficientemente a história alemã e por ter interpretado incorretamente certos acontecimentos ou mesclado suas opiniões pessoais em seu livro. Também os cristãos luteranos afirmam que a Igreja Luterana tem esse nome em homenagem ao seu mais famoso líder, porém não acata todos os escritos teológicos de Lutero, principalmente os escritos que atacam os judeus.

Desde os anos 1980, alguns órgãos da Igreja Luterana formalmente denunciaram e dissociaram-se dos escritos de Lutero sobre os judeus. Em novembro de 1998, no 60º aniversário de Kristallnacht, a Igreja Luterana da Baviera emitiu uma afirmação: "é imperativo para a Igreja Luterana, que sabe que é endividada ao trabalho e a tradição de Martinho Lutero, de levar a sério também as suas declarações antijudaicas, reconhece a sua função teológica, e reflete nas suas conseqüências. Temos que nos distanciar de cada [expressão de] anti-semitismo na teologia Luterana."



Você sabia?


- É comemorado em 31 de outubro o Dia da Reforma Protestante. A data é uma referência ao 31 de outubro de 1517, dia em que Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da Igreja de Wittemberg (Alemanha).

Saber Mais:
A Salvação de Lutero e a Reforma Protestante

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A PIEDADE CRISTÃ









 “Os homens nunca fazem o mal tão plenamente e com tanto entusiasmo como quando o fazem por convicção religiosa".






O conquistador espanhol Francisco Pizarro, invadiu e saqueou a cidade de Cuzco. A maioria dos edifícios incas foi arrasada pelos clérigos católicos com o duplo objetivo de destruir a civilização inca e construir com suas pedras e tijolos as novas igrejas cristãs e demais edifícios administrativos dos dominadores, desta forma impondo sua pretensa superioridade cristã européia.

16 de novembro de 1532

Cajamarca, Peru.

“O governador Francisco Pizarro enviou então frei Vicente de Valverde para falar com Ataualpa e pedir que, em nome de Deus e do rei de Espanha, ele se submetesse a lei de nosso Senhor Jesus Cristo e ao serviço de Sua Majestade.

Avançando com a cruz em uma das mãos e a Bíblia na outra, por entre as tropas indígenas, até o local onde estava Ataualpa, o frei então falou:

‘Sou um sacerdote de Deus e ensino aos cristãos as coisas de Deus e, da mesma forma, venho para ensinar a vocês. O que ensino é o que Deus nos diz neste livro. Portanto, da parte de Deus e dos cristãos, eu lhe imploro que seja seu amigo, porque este é o desejo de Deus, e para o seu bem”.

Ataualpa pediu o livro, que queria ver, e o frei o entregou fechado. Ataualpa não sabia como abri-lo e o frei estava estendendo a mão para fazê-lo quando Ataualpa, com muita raiva, deu-lhe um golpe no braço, sem querer que fosse aberto. Então ele mesmo abriu o livro e, sem qualquer demonstração de surpresa com as letras ou o papel, atirou-o a uma distância de uns cinco ou seis passos, com o rosto extremamente vermelho.

O frei devolveu-o a Pizarro, gritando: Saiam! Saiam, cristãos! Invistam contra esses cães inimigos que rejeitam as coisas de Deus. O tirano jogou no chão meu livro com a sagrada lei! Vocês não viram o que aconteceu? Por que continuar polidos e servis diante desse cachorro super orgulhoso enquanto as planícies estão cheias de índios?

Marchem contra ele, porque eu os absolvo.

O governador então fez sinal para Candia, que começou a atirar. Ao mesmo tempo, as cornetas soaram e as tropas espanholas, tanto a cavalaria quanto a infantaria, deixaram seus esconderijos, avançando diretamente sobre a massa de índios desarmados que lotava a praça, dando o grito de guerra espanhol: ‘Santiago!’ Nós havíamos colocado matracas nos cavalos para aterrorizar os índios. Os estampidos das armas, o som das cornetas e as matracas nos cavalos deixaram os índios em verdadeiro pânico.

Os cristãos espanhóis caíram em cima deles, cortando-os em pedaços. Os índios ficaram com tanto medo que subiram uns nos outros, amontoados e sufocados. Como estavam desarmados, foram atacados sem risco para qualquer cristão. A cavalaria passou por cima deles, matando, ferindo e perseguindo-os. A infantaria fez um ataque tão certeiro contra aqueles que ainda estavam em pé que em pouco tempo a maioria foi submetida à espada.



Viemos para conquistar esta terra sob suas ordens, para que todos tomem conhecimento de Deus e de sua sagrada fé católica. Devido à nossa missão, Deus, o criador do céu e da terra e de todas as coisas nele existentes, nos autoriza a fazer isso para que vocês possam conhecê-Lo e deixar essa vida bestial e diabólica que levam. Disse o governador cristão Francisco Pizarro. 

7 mil índios mortos em apenas 2 horas.

Fonte: Livro Armas, Germes e Aço, p. 69-73



terça-feira, 28 de maio de 2013

EDITO DE TESSALÔNICA

O Edito de Tessalônica foi o responsável pelo atraso da humanidade em mais de mil anos. Promoveu o “Período das Trevas”, a inquisição, a intolerância religiosa, crimes, terror e repressão, além de ter construído a ideia do tormento eterno e poluído o coração da humanidade ocidental.


(Teodósio, ano 380)

 O Edito de Tessalônica, também conhecido como "Cunctos Populos" ou De Fide Catolica foi decretado pelo imperador romano Teodósio em 27 de fevereiro de 380 pelo qual estabeleceu que a "religião católica" tornar-se-ia a religião de estado exclusiva do Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas dentro do império e fechando templos pagãos.



PREÂMBULO


Queremos que todas as gentes que estão subordinadas a nossa clemência sigam a religião que o divino apóstolo Pedro pregou aos romanos e que, perpetuada até nossos dias, é o mais fiel testemunho das pregações do apóstolo, religião que seguem também o papa Damáso e Pedro, bispo de Alexandria, varão de notável santidade, de tal modo que segundo os ensinamentos dos apóstolos e as contidas no Evangelho, cremos na Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus e três pessoas com um mesmo poder e majestade. Ordenamos que de acordo com esta lei todas as gentes abracem o nome de cristãos e católicos, declarando que os dementes e insensatos que sustentam a heresia e cujas reuniões não recebem o nome de igrejas, têm de ser castigados primeiro pela justiça divina e depois pela pena que leva inerente o não cumprimento de nosso mandato, mandato que provém da vontade de Deus. CODEX THEODOSIANUS, XVI, 1-2. Edição Th. Momsen. Berlín, 1905

DECRETOS DE TEODÓSIO
(Imperador entre 379-395)



Que nada dedique a menor atenção aos maniqueístas nem aos donatistas, que segundo nossas notícias não cedem em sua loucura. Que haja um só culto católico e um só caminho de salvação e que se adore somente a sagrada Trindade uma e indivisível. E se alguém se atreve a se mesclar com estes grupos proibidos e ilícitos e não respeitar as ordens das inumeráveis e anteriores disposições, e da lei que faz pouco promulgou nossa benevolência, e se reunir com estes grupos rebeldes, não há duvida que têm de ser rapidamente extraídos os dolorosos aguilhões que promovem esta rebelião. CODEX THEODOSIANUS, XVI, 5 (ano 405)

Ordenamos que o edito que nossa clemência dirigiu às províncias africanas acerca da unidade, seja proclamado por todas as restantes para que todos saibam que se há de manter a única e verdadeira fé católica do Deus onipotente no que a reta fé popular crê.CODEX THEODOSIANUS, XVI, 11 (ano 405)

Ordenamos que os donatistas e hereges, aos que nossa paciência têm tolerado até agora, sejam castigados severamente pelas autoridades competentes até o ponto de que as leis os reconheçam pessoas sem facultatividade de declarar ante aos tribunais nem negociar transações nem contratos de nenhuma classe, senão que, como a pessoas marcadas com uma eterna desonra, se lhes afastará da sociedade das pessoas decentes e da comunidade de cidadãos.

Ordenamos que os lugares em que esta terrível superstição se há mantido até agora, voltem ao seio da venerável Igreja católica e que seus bispos, presbíteros e toda classe de clérigos e ministros sejam privados de todas suas prerrogativas e sejam conduzidos exilados cada um a uma ilha ou província distinta. E se algum destes fugir para escapar deste castigo e alguém o ocultar, saiba a pessoa que o oculta que seu patrimônio passará ao fisco e que ele sofrerá o castigo imposto àqueles.

Vamos impor também multas e perda de patrimônios a homens, mulheres, pessoas particulares e dignidades, a cada qual a multa que lhe pertencer segundo sua categoria. Todo que pertença a ordem procônsular, ou seja, substituto do prefeito do pretório ou pertença à dignidade de centurião da primeira corte, se não se converter à religião católica se verá obrigado a pagar 200 libras de prata que passarão a engrossar os fundos de nosso fisco.

E para que não se pense que só com isto uma pessoa pode ver-se livre de toda acusação, ordenamos que pague esta mesma multa todas as vezes que se demonstre e confesse haver voltado a ter tratos e simpatizar com tal comunidade religiosa.

E se uma mesma pessoa chegar a ser acusada cinco vezes e as multas não forem suficientes para afastá-la do erro, então se apresentará ante o nosso tribunal para ser julgada com maior rigor; se lhe confiscará a totalidade de seus bens e se verá privada de seu estado jurídico.

Nestas mesmas condições fazemos incorrer em responsabilidade aos restantes magistrados, a saber: se um senador, que não esteja protegido externamente por alguma prerrogativa especial de dignidade, é achado na seita dos donatistas, pagará como multa 100 libras de prata, os sacerdotes de províncias se verão obrigados a pagar esta mesma soma, os dez primeiros decuriões*(1) de um município abonarão cinqüenta libras de prata e os restantes dos decuriões dez libras de prata.

Estas serão as multas para todos aqueles que preferiram continuar no erro. Os arrendatários de imóveis do Estado, se tolerarem nelas o uso e manejo de coisas ou cerimônias sagradas, se verão obrigados a pagar de multa a quantidade que vêm pagando pelo aluguel do imóvel.

Também os enfiteutas*(2) estarão submetidos ao cumprimento desta lei religiosa.

Se os arrendatários de pessoas particulares permitirem reuniões nos imóveis ou tolerarem a profanação de cerimônias religiosas, se informará a seus donos destes feitos através dos juizes e os donos poderão, no máximo interesse, se querem ver-se livres do castigo desta ordem em que se emendem, e em caso contrário, se perseveraram no erro, os despedirão e porão na frente de seus Imóveis, administradores que velem pelos sagrados preceitos.

E se não se preocupam disto serão multados também na quantidade que vêm recebendo como arrendamento dos Imóveis, de tal modo que o que podia engrossar suas ganâncias passará a aumentar os fundos do sagrado erário público.

Os servidores de juizes vacilantes na fé, se forem achados neste erro pagarão de multa trinta libras de prata e se, multados por cinco vezes, não quiseram apartar-se deste erro, depois de serem açoitados serão feitos escravos e mandados ao exílio.

Aos escravos e colonos um severo castigo os afastará de tais atos de audácia. Mas se depois de castigados com açoites persistirem em seu propósito, terão que pagar como multa a terceira parte de seu pecúlio. E todo o que se possa reunir das multas desta classe de homens e destes lugares, passará em seguida a engrossar os fundos para a distribuição de donativos com destino religioso.

SABER MAIS: O CÓDIGO DE TEODÓSIO
EDITO DE MILÃO
CODEX THEODOSIANUS, XV, 5,5 (ano 425)
*(1) Os decuriões aqui eram os que governavam nas colônias ou municípios romanos, a modo dos senadores de Roma.
*(2) Enfiteutas eram as pessoas a quem se lhes cediam mediante contrato o domínio útil de um terreno, rústico ou urbano, mediante o pagamento de um cânon.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

SEGUNDO MATEUS, JESUS CITA PROFECIA INEXISTENTE





Mateus 16,21-23: Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressucitaria ao terceiro dia. Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos:

Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!?

Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe:

Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!?

Em lugar algum dos escritos proféticos está escrito que o Messias viria para morrer e que ressuscitaria no terceiro dia após a sua morte.

Por outro lado, a negativa de Pedro “Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!?” é muito curiosa, pois demonstra que ele não possuía conhecimento desta profecia, pois, na realidade, ela não existe.

Entretanto vale a pena fazer um comentário. Em Oséias 5,15-6,4 encontramos o seguinte:

Regressarei à minha morada, até que se arrependam de seus pecados e me procurem, e em sua miséria recorram a mim. Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra.? (Oséias 5,15-6,4)

Nesta passagem do Evangelho de Mateus parece que Jesus de Nazaré recorre às fórmulas penitenciais como aquelas encontradas em I Reis 8,23-53; Jeremias 3,11-25 e no Salmo Hb 86 e, desta forma, tenta convencer aos discípulos de que também deveria ser perseguido e morto assim como aconteceu com muitos profetas de Israel.

Por outro lado, as expressões hoje e amanhã e ao terceiro dia ou depois de amanhã, que aparecem em Lucas 13,31-33 significam apenas um curto espaço de tempo. De forma análoga, observamos em I Pedro 3,8 o seguinte: Mais há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. (II Pedro 3,8) Expressões semelhantes às anteriores como por causa do triplo e do quádruplo crime de... estão presentes em Amós 1,3.6.9.11.13 e Amós 2,1.4.6. Esta expressão também designa apenas um breve lapso de tempo.

Embora os apologistas cristãos apliquem os textos citados à suposta ressurreição corporal de Jesus, os escritos do Novo Testamento não os citam. Também dentro deste contexto devemos lembrar da estada de Jonas (Jonas 2,1) no ventre de um peixe, em que está presente a expressão "três dias e três noites", expressão referenciada em Mateus 12,39-40.

Assim, está explicada a origem da ressurreição corporal ao terceiro dia conforme mencionada em Marcos 16,12-14, Lucas 24,13-27 e em I Coríntios 15,3-5. O que os apologistas fizeram foi utilizar passagens dos livros proféticos, como as mencionadas anteriormente, para tentar convencer aos seguidores de Jesus de que o mesmo tinha ressuscitado.

Mas o significado das expressões, tais como, em dois dias e ao terceiro dia diz respeito ao que ocorreria em um curto espaço de tempo, e não a uma ressurreição corporal ao terceiro dia. De forma mais clara observamos em Oséias 6,1-2 o seguinte:

Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença.?

Aqui percebemos claramente que não se trata de ressurreição corporal alguma, mas sim de levantar ou reerguer alguém em um curto espaço de tempo que, após um castigo ou um grande sofrimento pelo qual passou, quase faleceu mas que, logo em seguida, teve suas forças revigoradas por Javé através do Seu sopro divino revigorador.

Assim, ou Jesus tentou convencer aos discípulos de que também deveria ser perseguido e morto, assim como aconteceu com muitos profetas de Israel, ou ele tentou se passar por algum destes profetas para conseguir apoio do povo.


domingo, 26 de maio de 2013

A CAÇA ÀS BRUXAS






                                A “caça às bruxas é um elemento histórico da Idade Média. Entre os séculos XV e XVI o “teocentrismo” – Deus como o centro de tudo – decai dando lugar ao “antropocentrismo“, onde o ser humano passa a ocupar o centro. Assim, a arte, a ciência e a filosofia desvincularam-se cada vez mais da teologia cristã, conduzindo, com isso a uma instabilidade e descentralização do poder da Igreja. Como uma forma de reconquistar o centro das atenções e o poder perdido, a Igreja Católica instaurou os “Tribunais da Inquisição”, efetivando-se assim a  “caça às bruxas“. Mas quem eram, enfim, estas mulheres que fizeram parte de um capítulo tão horrendo da história da humanidade, e por que o feminismo retoma as bruxas como um dos seus principais símbolos?

1. A “caça às bruxas
A caça às bruxas” durou mais de quatro séculos e ocorreu, principalmente, na Europa, iniciando-se, de fato,em 1450 e tendo seu fim somente por volta de 1750, com a ascensão do Iluminismo. A “caça às bruxas” admitiu diferentes formas, dependendo das regiões em que ocorreu, porém, não perdeu sua característica principal: uma massiva campanha judicial realizada pela Igreja e pela classe dominante contra as mulheres da população rural (EHRENREICH & ENGLISH, 1984: 10). Essa campanha foi assuminda, tanto pela Igreja Católica, como a Protestante e até pelo próprio Estado, tendo um significado religioso, político e sexual. Estima-se que aproximadamente 9 milhões de pessoas foram acusadas, julgadas e mortas neste período, onde mais de 80% eram mulheres, incluindo crianças e moças que haviam “herdado este mal” (MENSCHIK, 1977: 132).

1.1. Quem eram as bruxas
Ao buscarmos uma definição do termo “bruxa” em dicionários, logo pode-se perceber a direta vinculação com uma figura maléfica, feia e perigosa. Neste sentido, também os livros infanto-juvenis costumam descrever histórias onde existe uma fada boa e linda e uma bruxa má e horrível.
Ao analisarmos o contexto histórico da Idade Média, vemos que bruxas eram as parteiras, as enfermeiras e as assistentes. Conheciam e entendiam sobre o emprego de plantas medicinais para curar enfermidades e epidemias nas comunidades em que viviam e, conseqüentemente, eram portadoras de um elevado poder social. Estas mulheres eram, muitas vezes, a única possibilidade de atendimento médico para mulheres e pessoas pobres. Elas foram por um longo período médicas sem título. Aprendiam o ofício umas com as outras e passavam esse conhecimento para suas filhas, vizinhas e amigas.
Segundo afirmam EHERENREICH & ENGLISH (1984, S. 13), as bruxas não surgiram espontaneamente, mas foram fruto de uma campanha de terror realizada pela classe dominante. Poucas dessas mulheres realmente pertenciam à bruxaria, porém, criou-se uma histeria generalizada na população, de forma que muitas das mulheres acusadas passavam a acreditar que eram mesmo bruxas e que possuíam um “pacto com o demônio”.
 O estereótipo das bruxas era caracterizado, principalmente, por mulheres de aparência desagradável ou com alguma deficiência física, idosas, mentalmente perturbadas, mas também por mulheres bonitas que haviam ferido o ego de poderosos ou que despertavam desejos em padres celibatários ou homens casados.






1.2. A “caça às bruxas e o “Tribunal da Inquisição
Com a ascensão da Igreja Católica, o patriarcado imperou, até mesmo porque Jesus era um homem. Neste contexto, tudo o que a mulher tentava realizar, por conta própria, era visto como uma imoralidade (ALAMBERT, Ano II: 7). Os costumes pagãos que adoravam deuses e deusas, passaram a ser considerados uma ameaça. Em 1233, o papa Gregório IX instituiu o Tribunal Católico Romano, conhecido como “Inquisição” ou “Tribunal do Santo Ofício”, que tinha o objetivo de terminar com a heresia e com os que não praticavam o catolicismo. Em 1320 a Igreja declarou oficialmente que a bruxaria e a antiga religião dos pagãos representavam uma ameaça ao cristianismo, iniciando-se assim, lentamente, a perseguição aos hereges.
A “caça às bruxas” coincidiu com grandes mudanças sociais em curso na Europa. A nova conjuntura gerou instabilidade e descentralização no poder da Igreja. Além disso, a Europa foi assolada neste período por muitas guerras, cruzadas, pragas e revoltas camponesas, e se buscava culpados para tudo isso. Sendo assim, não foi difícil para a Igreja encontrar motivos para a perseguição das bruxas.



Para reconquistar o centro das atenções e o poder, a Igreja Católica efetivou a conhecida “caça às bruxas”. Com o apoio do Estado, criou tribunais, os chamados “Tribunais da Inquisição” ou “Tribunais do Santo Ofício”, os quais perseguiam, julgavam e condenavam todas as pessoas que representavam algum tipo de ameaça às doutrinas cristãs. As penas variavam entre a prisão temporária até a morte na fogueira. Em 1484 foi publicado pela Igreja Católica o chamado “Malleus Maleficarum”, mais conhecido como “Martelo das Bruxas”. Este livro continha uma lista de requerimentos e indícios para se condenar uma bruxa. Em uma de suas passagens, afirmava claramente, que as mulheres deveriam ser mais visadas neste processo, pois estas seriam, “naturalmente”, mais propensas às feitiçarias (MENSCHIK, 1977: 132 e EHRENREICH & ENGLISH, 1984: 13).

1. 3. Os “crimes” praticados pelas bruxas
No contexto da “caça às bruxas” haviam várias acusações contra as mulheres. As vítimas eram acusadas de praticar crimes sexuais contra os homens, tendo firmado um “pacto como demônio”. Também eram culpadas por se organizarem em grupos – geralmente reuniam-se para trocar conhecimentos acerca de ervas medicinais, conversar sobre problemas comuns ou notícias. Outra acusação levantada contra elas, era de que possuíam “poderes mágicos”, os quais provocavam problemas de saúde na população, problemas espirituais e catástrofes naturais (EHRENREICH & ENGLISH, 1984: 15).
Além disso, o fato dessas mulheres usarem seus conhecimentos para a cura de doenças e epidemias ocorridas em seus povoados, acabou despertando a ira da instituição médica masculina em ascensão, que viu na Inquisição um bom método de eliminar as suas concorrentes econômicas, aliando-se a ela.

1.4. Perseguição e condenação à fogueira
Qualquer pessoa podia ser denunciada ao “Tribunal da Inquisição”. Os suspeitos, em sua grande maioria mulheres, eram presos e considerados culpados até provarem sua inocência. Geralmente, não podiam ser mortos antes de confessarem sua ligação com o demônio. Na busca de provas de culpabilidade ou a confissão do crime, eram utilizados procedimentos de tortura como: raspar os pêlos de todo o corpo em busca de marcas do diabo, que podiam ser verrugas ou sardas;  perfuração da língua; imersão em água quente; tortura em rodas; perfuração do corpo da vítima com agulhas, na busca de uma parte indolor do corpo, parte esta que teria sido “tocada pelo diabo”; surras violentas; estupros com objetos cortantes; decapitação dos seios.
A intenção era torturar as vítimas até que assinassem confissões preparadas pelos inquisitores. Geralmente, quem sustentava sua inocência, acabava sendo queimada viva. Já as que confessavam, tinham uma morte mais misericordiosa: eram estranguladas antes de serem queimadas.
Em alguns países, como Alemanha e França, eram usadas madeiras verdes nas fogueiras para prorrogar o sofrimento das vítimas. E, na Itália e Espanha, as bruxas eram sempre queimadas vivas. Os postos de caçadores de bruxas e informantes eram financeiramente muito rentáveis. Estes, eram pagos pelo Tribunal por condenação ocorrida e os bens dos condenados eram todos confiscados.
O fim da “caça às bruxas” ocorreu somente no século XVIII, sendo que a última fogueira foi acesa em 1782, na Suíça. Porém, a Lei da Igreja Católica que fundou os “Tribunais da Inquisição”, permaneceu em vigor até meados do século XX. A “caça às bruxas” foi, sem dúvida, um processo bem organizado, financiado e realizado conjuntamente pela Igreja e o Estado.

2. O feminismo e o resgate da imagem das bruxas
Diante de tantas mortes de mulheres acusadas por bruxaria durante este período, podemos afirmar que o ocorrido se tratou de um verdadeiro genocídio contra o sexo feminino, com a finalidade de manter o poder da Igreja e punir as mulheres que ousavam manifestar seus conhecimentos médicos, políticos ou religiosos. Existem registros de que, em algumas regiões da Europa a bruxaria era compreendida como uma revolta de camponeses conduzida pelas mulheres (EHRENREICH & ENGLISH, 1984: 12). Nesse contexto político, pode-se citar a camponesa Joana D`arc, que aos 17 anos, em 1429, comandou o exército francês, lutando contra a ocupação inglesa.
Esta acabou sendo julgada como feiticeira e herege pela Inquisição e queimada na fogueira antes de completar 20 anos. Diante disso, configurava-se a clara intenção da classe dominante em conter um avanço da atuação destas mulheres e em acabar com seu poder na sociedade, a tal ponto que se utilizava meios de simplesmente exterminá-las.
O feminismo busca resgatar a verdadeira imagem das bruxas em nossa história, analisando não somente os aspectos religiosos, mas também políticos e sociais que envolveram a “caça às bruxas” na Idade Média. No olhar feminista, as bruxas, através de seus conhecimentos medicinais e sua atuação em suas comunidades, exerciam um contra-poder, afrontando o patriarcado e, principalmente, o poder da Igreja. Em verdade, elas nada mais foram do que vítimas do patriarcado (ALAMBERT, Ano II, n° 48: 7).

Atualmente, as mulheres ainda continuam sendo discriminadas e duramente criticadas por lutarem pela igualdade de gênero e a divisão do poder social e econômico, que ainda é predominantemente masculino, continuando vítimas do patriarcado. Por isto, as bruxas representam para o movimento feminista não somente resistência, força, coragem, mas também a rebeldia na busca de novos horizontes emancipadores.








SABER MAIS: