JOANA PAPISA
Vide, também este nome – seu
verdadeiro nome: Gilberta (Nome de batismo). E seu apelido: - Anglica – por ter
nascido na Inglaterra. Vários livros – e todos Católicos – tratam da vida desta
mulher. Papisa Joana, que nos idos de 848 chegou ao altíssimo e supremo cargo
de Suma Pontífice da Igreja Romana.
Era inteligentíssima menina
inglesa. Fugiu de casa, travestida de homem (vide “Papisa Joana”, edição Católica
devidamente autorizada pela antiga e exigentíssima Cúria Romana, de autoria do
Monge Wernero Besllevinsh, contemporâneo da Papisa, no seu livro: - “Fasciculus
Temporum Aetatis”, do ano de 850 – V. VI, existente em todas as bibliotecas do
mundo – e em algumas livrarias). Aqui, pois, neste verbete, não há – nem
poderia haver – sectarismo religioso. Há na verdade: - o fato – relatado por
vários autores e numerosos livros – e todos católicos, e anteriores a 1555,
data em que o Papa proibiu que tais livros fossem disseminados.
A Papisa Joana chegou às púrpuras
cardinalísticas no ano de 848. De Cardial passou a Papa – apesar de ser mulher.
E, assim, como Sumo Pontífice, reinou durante 2 anos, 5 meses e 4 dias, do
primeiro milênio da nossa época. Repetimos: ano 848, e 2 anos, 5 meses e 4
dias, de duração de seu pontificado.
HISTÓRICO
As mulheres, àquele tempo, eram
consideradas “coisas”, eram escravas por assim dizer. Não podiam sequer
frequentar escolas, o que, aliás, chegou o nossos dias, até ao século findo,
século XIX, pois somente agora no século XX, a mulher virou quase homem, e até
já vestem calças... Assim, pois a futura Papisa Joana, não podendo aos 15 anos,
frequentar escolas públicas, e o pouco que sabia aprendeu em casa, resolveu,
travestida de homem, fugir para a Grécia – e, ali, onde ninguém a conhecia como
tal (mulher) e, sim, como rapaz, vestida que estava de homem, afinal, era
“homem” e com o nome de João (embora, como acima ficou dito, seu verdadeiro
nome fosse Gilberta) encontrou, certo dia, nas ruas de Atenas, um frade pedindo
esmolas para o seu convento. O nome do frade era Frumêncio.
A mulher-homem, a futura papisa
Joana, simpatizou-se com o também jovem frade Frumêncio, fez-se amigo dele e
convidou-o a deixar seu claustro.
O convento de Frumêncio era
chamado “Convento de Fula”. Aquiescendo, o frade, foram ambos, já amancebados
morar juntos, e logo a futura papisa lhe foi dizendo que estava vestida de
calças mas era mulher e não homem! Ambos jovens, fortes e vigorosos... assim
conviveram algum tempo.
Frumêncio, porém, ao que se crê,
já cheio de suas luxúrias, foi a Roma pedir perdão ao Papa a fim de – só assim
– poder voltar para um outro Convento. Enquanto isso, “João” – a futura papisa
– já suficientemente enfronhada (por Frumêncio) dos segredos dos Conventos –
dos modus faciendi para as internações, não teve nenhuma dificuldade em se
fazer frade do Convento de São Martinho, mais conhecido por Mosteiro. Daí, após
longos estudos, saiu “frade” para correr mundo... Depois de longa peregrinação
pela Itália, acabou (dado seus altos dotes intelectuais) auxiliar o Papa Leão
IV, e, ao fim de longos anos, seu “secretário” de confiança. Com a morte deste
Papa, ele mesmo, o Papa, antes de morrer, indicou para seu substituto o seu
“Secretário” – embora, como era de praxe, a homologação tivesse de ser feita –
como foi – pelo Clero, Nobreza e Povo.
Foi eleito Papa como o nome de
João VIII. Fez ser secretário um Cardeal – Cardeal Floro. Mas certo dia... (Ah!
a carne é fraca) – viu-se na contingência de lhe dizer (ao secretário) que era
mulher!
Estarrecido, o Secretário quase
desmaiou de pânico pelo imprevisto da revelação e pela surpresa!... o que não o
impediu, todavia, de muito logo conviver com a Papisa. Mas num dia de
calamidade pública (2 anos, 5 meses e 4 dias depois de sua ascensão) em que
“várias pestes assolavam Roma”, além de uma “nuvem de gafanhotos”, Roma inteira
conclamava a presença do Papa para fazer milagre, e sair à rua a fim de pedir a
Deus clemência para a cessação da calamidade.
Mas a Papisa estava grávida de 8
meses para 9 e, por isso, estava refugiada na quinta papal, no alto sertão.
Coagida, todavia, pelo Clero e pelos Embaixadores, teve que sair de seus
esconderijos, da casa de campo, e vir à rua, a cavalo, pois, ao tempo, não
havia a “Cadeira Gestatória.” Foi quando teve a dor do parto nas imediações da
Igreja de São Clemente (junto ao marco de Nero) e ali mesmo teve a criança
morrendo, ambos, no meio da praça!
É tudo da história romana,
autêntica, em livros dos cardeais que assistiram ao parto, livros em latim, e
não lendas. Está nos livros! Mas o povo fanático, ontem como hoje, dizia que,
com a graça de Deus, “o papa virou mulher” e, assim, “era mais um milagre de
Deus”... E erigiram, de logo no local uma estátua para mãe e filho! (A estátua
era ela com o filho ao colo nos braços...) Por estranho que pareça, tal estátua
durou 7 séculos, e perpetuou a “glória dessa mulher” 700 anos!
Ali esteve a estátua, até que...
já no ano de 1568 (quando o Brasil comemorava seus 68 anos) o Papa Pio V, que
então reinava no Vaticano, inteligentemente mandou arrancar tudo (estátua e
seus dizeres).
Da Papisa Joana ainda existe um
busto comemorativo de seu pontificado feminino, mas não em Roma, e, sim, em
Toscana, Itália, na catedral de Siene. Dito busto está entre os Papas Benedito
III e Leão IV.
Vasta é a bibliografia a respeito
para quem quiser ler. A cadeira giratória com um orifício do centro para se
ver, de fato, apalpado por cardeais no ato da posse, se, depois, da Papisa
Joana outras mulheres se inculcariam “papa” – esta cadeira é público e notória
está ainda, no Museu do Vaticano, e é de conhecimento bibliográfico universal.
E está no seu Museu (da Santa Sé) em Roma, para quem quiser ver.
Mas, convenhamos, àquela época
tudo isso era cediço, comum, mercê de uma ignorância geral, não há, pois, neste
evento, nenhum desdouro para a atual Religião Católica.
A Igreja – no caso a Cúria Romana
– nega peremptoriamente a existência da Papisa Joana – atribuindo essa lenda a
uma perfídia dos Protestantes. E, quanto a estátua de uma mulher com um
filhinho no colo, precisamente no local onde Joana teria tido a sua criança, a
Cura diz que “era uma estátua de uma divindade pagã com uma criança no colo, e
que um papa mandou jogar no Tibre.”
E, quanto a existência de uma
cadeira furada (de mármore) na Basílica de São João Latrão, que depois passou
para o Museu, “era proveniente, das Termas”.
Nada temos a opor a estas
assertivas. Cumpre-nos apenas registrar que a religião Católica nega. Mas só
nega agora, há 50 anos para cá. Entretanto o busto da Papisa Joana está na
Catedral de Sienne; onde ainda agora, em 1923, vimos Joana Papisa em bronze
entre os bustos de Leão IV e Benedito III.
Fonte
PEQUENO DICIONÁRIO HISTÓRICO E
ELUCIDATIVO DE ASSUNTOS POUCOS VULGARES.
Autor – Desembargador Alfredo de
Castro Silveira
Rua Djalma Ulrich, 271 – Apto.
503
Copacabana – Guanabara.
Sobre o primeiro esboço deste
Pequeno Dicionário escreveu Brito Broca no “Correio da Manhã” e no “Município”
de Guaratinguetá, o seguinte:
“O Autor deste Pequeno Dicionário
contou com tão poucos colaboradores no seu trabalho, que, sem favor, pode ser
ele considerado (neste particular) o mais notável feito por um só homem. E,
como já dissemos em crônica anterior, de 10 de setembro de 1960, - tê-lo
compondo centenas de verbetes que integram o livro, sempre claros e explícitos
na sinonímia. – Enfim, uma tarefa exaustiva e meritória, da qual se desobrigou
com maestria.”
Nota do Editor
Brito Broca, autor da “Vida
Literária de 1900”,
foi um dos críticos mais imparciais e o publicista mais notável da imprensa
carioca e paulista destes últimos trinta anos.
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