Uma forma moderna de reinterpretar o "mito da caverna" de
Platão.
O mito
da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz
respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de
superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum
enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento
filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas
não no acaso, mas na causalidade.
No ventre de uma mãe havia dois bebês.
Um
perguntou ao outro:
"Você
acredita em vida após o parto?"
O outro
respondeu: "É claro. Tem que haver algo após o parto. Talvez nós estejamos
aqui para nos preparar para o que virá mais tarde."
"Bobagem",
disse o primeiro. "Não há vida após o parto. Que tipo de vida seria
esta?"
O
segundo disse: "Eu não sei, mas haverá mais luz do que aqui. Talvez nós
poderemos andar com as nossas próprias pernas e comer com nossas bocas. Talvez
teremos outros sentidos que não podemos entender agora."
O
primeiro retrucou: "Isto é um absurdo. Andar é impossível. E comer com a
boca!? Ridículo! O cordão umbilical nos fornece nutrição e tudo o mais de que
precisamos. O cordão umbilical é muito curto. A vida após o parto está fora de
cogitação."
O segundo insistiu: "Bem, eu acho que há alguma coisa e talvez seja diferente do que é aqui. Talvez a gente não vá mais precisar deste tubo físico."
O segundo insistiu: "Bem, eu acho que há alguma coisa e talvez seja diferente do que é aqui. Talvez a gente não vá mais precisar deste tubo físico."
O
primeiro contestou: "Bobagem, e além disso, se há realmente vida após o
parto, então, por que ninguém jamais voltou de lá? O parto é o fim da vida e no
pós-parto não há nada além de escuridão, silêncio e esquecimento. Ele não nos
levará a lugar nenhum."
"Bem, eu não sei", disse o segundo," mas certamente vamos encontrar a mamãe e ela vai cuidar de nós."
"Bem, eu não sei", disse o segundo," mas certamente vamos encontrar a mamãe e ela vai cuidar de nós."
O
primeiro respondeu: "Mamãe, você realmente acredita em mamãe? Isto é
ridículo. Se a mamãe existe, então, onde ela está agora?"
O segundo disse: "Ela está ao nosso redor. Estamos cercados por ela. Nós somos dela. É nela que vivemos. Sem ela este mundo não seria e não poderia existir."
O segundo disse: "Ela está ao nosso redor. Estamos cercados por ela. Nós somos dela. É nela que vivemos. Sem ela este mundo não seria e não poderia existir."
Disse o
primeiro: "Bem, eu não posso vê-la, então, é lógico que ela não
existe."
Ao que
o segundo respondeu: "Às vezes, quando você está em silêncio, se você se
concentrar e realmente ouvir, você poderá perceber a presença dela e ouvir sua
voz amorosa lá de cima."
Este
foi o modo pelo qual um escritor húngaro (?) explicou a existência de Deus.
COMENTÁRIOS
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Trata-se
de uma analogia que recorre a algo que tomamos como verdadeiro (os bebes têm
mães e nascem) para concluir que uma posição é insensata e, aparentemente,
outra não é.
Isso é fácil de fazer com qualquer posição. É um tipo de retórica habitual dos criacionistas, como os argumentos da Teoria da Evolução dos Talheres,(1) o pesadelo dos ateus e o fato da Teoria das Placas Tectônicas ter sido ridicularizada quando foi proposta.
No entanto, devemos ter em consideração os dados atribuídos aos personagens e o que é mais relevante, a metodologia que usaram para chegarem às suas conclusões. A questão é como ideias que foram consideradas falsas passaram a ser consideradas verdadeiras.
Tendo em conta isso, o feto que nega o nascimento e a existência da mãe é o mais sensato (apesar da atitude arrogante, própria das caricaturas), apesar de estar errado. Se não morrer prematuramente, terá a oportunidade de nascer, atualizando as suas crenças: supostamente os ateus seguem filosofias céticas com uma característica da filosofia de Carnéades,(2) que permite dinâmica nas suas crenças, preferindo as hipóteses que são mais prováveis através daquilo que experimentamos, mudando de opinião de acordo com a experiência.
Mas a única coisa que esses fetos ele têm visto durante toda a sua vida é o seu irmão, o cordão umbilical, a placenta e o útero em escuridão. O irmão acrescenta mais entidades nas suas crenças de forma dogmática: "Certamente que sim. Algo tem de haver depois de nascermos!" ... "com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós". Como raios é que ele sabe que há um nascimento, que há uma mãe, que é possível caminhar e comer com a boca? E como é que obteve esses conhecimentos? Mais parece aqueles que defendem que somos visitados por extraterrestres e que existe um dinossauro em Lock Ness.
Também
nos chama atenção o fato de que não existe diferença entre as crianças e nós,
há os que acreditam e os que não acreditam.
- aqui,
no "mundo pós-parto", não há evidência objetiva da existência do
"mundo pós-morte", nem de Deus, nem do Papai Noel. Deus não canta uma
canção para dormir que possa ser captada pelos ouvidos nem por instrumentos de
medição. Deus não se manifesta a nossos sentidos objetivos, nem pode ser
detectado por sensores, aparelhos, microfones, câmeras, nada. No máximo, Deus
aparece interiormente em momentos de grande emoção. Mas aí, quem garante que
não seja produto da imaginação?
Ainda que a maior parte da humanidade esteja
esperançosamente convencida de que haja sinais que antecipem a continuidade da
vida além da morte, o que garante tal verdade é indubitavelmente a fé. Por mais
que queiram uns e outros, não há certezas comprovadas cientificamente.
Parece
ser uma entre outras retóricas, que circulam pela internet, para chegar à
conclusão trivial que os ateus não sabem de tudo (assumindo-os como arrogantes)
(1) A Teoria
da Evolução dos Talheres. Não foram só os seres vivos que evoluíram. Os
talheres também.
(2) Carnéades, dito o platônico (em grego antigo:
Καρνεάδης, transl. Karneádēs), foi um filósofo grego
nascido em Cirene no ano de 214 a.C.. Suas idéias
filosóficas iam contra vários antigos preceitos. Foi um crítico do estoicismo,
criando as bases do ceticismo. De fato, Carnéades foi um cético radical e
o primeiro filósofo a apontar o fracasso dos metafísicos, que pretendiam
encontrar um significado racional nas crenças religiosas. Foi escolarca da Academia
Platônica.
Em 155
a.C. ele e mais dois filósofos, Critolau, o peripatético, e Diógenes,
o estóico, foram levados em missão diplomática, de Atenas a Roma,
onde fizeram conferências. Em uma delas, Carnéades afirmou que os deuses não
existiam e que a justiça e injustiça são questão de pura conveniência. Essa
declaração fez com que Catão fosse ao Senado, propondo que os três filósofos
fossem mandados de volta a Atenas.
SABER MAIS
- O BARBEIRO ATEU
- CONVERSANDO COM A MÃE D'ÁGUA
- FALÁCIAS E ERROS DE RACIOCÍNIO
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