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segunda-feira, 24 de junho de 2013

FELIZ É O ATEU

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Feliz aquele que vive sua vida honestamente, pelo simples fato de saber que essa é a forma correta , sem a exigência de recompensas ou medo de castigos eternos.

Feliz aquele que tem a certeza de que após sua morte, restarão apenas seus atos, que, por mais insignificantes que possam parecer, decidirão o futuro de muitos.

Feliz aquele que acredita na ciência como o caminho possível de adquirir conhecimentos que ajudarão a desvendar mistérios naturais e facilitar a vida do próximo.

Feliz aquele que não teme a escuridão e a vê como apenas falta de luz e não como um esconderijo de fantasmas.

Feliz aquele que adquiriu a maioridade intelectual e não precisa se apoiar num pai eternamente castrador e punitivo.

Feliz aquele que sabe que o maior tesouro da humanidade é a liberdade de escolher o rumo de seus pensamentos e imaginação.

Feliz aquele que tem a humildade de se colocar ao lado de todos os outros animais que convivem no mesmo planeta.

Feliz aquele que conseguiu se libertar dos fantasmas que povoaram as mentes dos nossos antepassados , mas não os condena por isso.

Feliz aquele que reconhece que seu corpo pertence apenas ao Universo, berço de toda manifestação física e estará para sempre contido nele.

Feliz aquele que desistiu de perseguir e condenar o próximo porque o mesmo não se coaduna com suas fantasias.

Feliz aquele que não é obrigado por convenções a fingir que vê o que não existe.

Feliz aquele que presta justa homenagem a todos os ancestrais, reconhecendo as incertezas e dificuldades que nos trouxeram até este ponto de evolução.

Feliz aquele que encontrou a paz da simplicidade das coisas simples.

Feliz é aquele que se rebela e questiona em busca da verdade e da liberdade, não aquele que se cala e acredita por medo de pecar.

Feliz o pai e a mãe que tem competência de dar educação para seus filhos sem empurrar a responsabilidade para a escola e a religião.

Feliz aquele que ao conquistar um objetivo aumenta o seu ego e não a sua fé.


Seja feliz, ateu!



sábado, 22 de junho de 2013

POR QUE OS JUDEUS NÃO CREEM EM JESUS





Por: Shraga Simmons 



Por séculos os judeus foram perseguidos por sua fé e prática religiosa. Muitos tentaram impor suas idéias e aniquilar o Judaísmo. Nem as cruzadas, nem a Inquisição implacável, nem os pogroms conseguiram manipular nossas almas cumprindo seu intento.

O Judaísmo mantém sua chama sempre viva.

A história comprova: os judeus continuam rejeitando o Cristianismo. Por quê? Porque somos simplesmente judeus, nascemos e vivemos o Judaísmo e temos nossas próprias convicções. Mas quando judeus são seguidamente questionados sobre esta questão e não-judeus freqüentemente perguntam: "Por que os judeus não acreditam em Jesus?" Preparamos alguns argumentos com o objetivo, não de depreciar outras religiões, pois respeitamos a todos e por esta razão não fazemos proselitismo, mas sim apenas para esclarecer a posição judaica.

Por que os judeus não acreditam em Jesus?

Porque:

1. Jesus não preencheu as profecias messiânicas

O que o Messias deveria atingir?

A Torá diz que ele:

a - Construirá o terceiro Templo Sagrado (Yechezkel 37:26-28); b - Levará todos os judeus de volta à Terra de Israel (Yeshayáhu 43:5-6);

c - Introduzirá uma era de paz mundial, e terminará com o ódio, opressão, sofrimento e doenças. Como está escrito: "Nação não erguerá a espada contra nação, nem o homem aprenderá a guerra”.(Yeshayáhu 2:4);

d - Divulgará o conhecimento universal sobre o D-us de Israel - unificando toda a raça humana como uma só. Como está escrito: "D-us reinará sobre todo o mundo - naquele dia, D-us será Um e seu nome será Um" (Zecharyá 14:9). O fato histórico é que Jesus não preencheu nenhuma destas profecias messiânicas.


2. O Cristianismo contradiz a teologia judaica

a – D-us em três? A idéia cristã da trindade quebra D-us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mateus 28:19). Compare isto com o Shemá, a base da crença judaica: "Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D-us, o Senhor é UM" (Devarim 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D-us todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça (Tefilin - filactérios). Esta declaração da unicidade de D-us são as primeiras palavras que uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes de morrer. Na Lei Judaica, adorar um deus em três partes é considerado idolatria - um dos três pecados cardeais, que o judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se converterem.

b - Um homem como Deus? Os cristãos acreditam que D-us veio à terra em forma humana, como disse Jesus: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30). Maimônides devota a maior parte do "Guia dos Perplexos" a idéia fundamental que D-us é incorpóreo, significando que Ele não assume forma física. D-us é eterno, acima do tempo. É infinito, além do espaço. Não pode nascer, e não pode morrer. Dizer que D-us assume forma humana torna D-us pequeno, diminuindo tanto Sua Unidade como Sua Divindade. Como diz a Torá: "D-us não é um mortal" (Bamidbar 23:19).

O Judaísmo diz que Messias nascerá de pais humanos, com atributos físicos normais, como qualquer outra pessoa. Não será um semideus, e não possuirá qualidades sobrenaturais. De fato, em cada geração vive um indivíduo com a capacidade de tornar-se o Messias. (veja Maimônides - Leis dos Reis 11:3).

c - Um intermediário para a oração? É uma idéia básica na crença cristã que a prece deve ser dirigida através de um intermediário - i.e., confessando-se os pecados a um padre. O próprio Jesus é um intermediário, pois disse: "Nenhum homem chega ao Pai a não ser através de mim”. No Judaísmo, a prece é assunto totalmente particular, entre cada pessoa e D-us. A Torá diz: "D-us está perto de todos que clamam por Ele" (Tehilim 145:18). Além disso, os Dez Mandamentos declaram: "Não terá outros deuses DIANTE DE MIM”, significando que é proibido colocar um mediador entre D-us e o homem. (veja Maimônides - Leis da Idolatria cap.1).

d - Envolvimento no mundo físico. O Cristianismo freqüentemente trata o mundo físico como um mal a ser evitado. Maria, a mais sagrada mulher cristã, é retratada como uma virgem. Padres e freiras são celibatários. E os mosteiros estão em locais remotos e segregados. Em contraste, o Judaísmo acredita que D-us criou o mundo físico não para nos frustrar, mas para nosso prazer. A espiritualidade judaica vem através do envolvimento no mundo físico de maneira tal que ascenda e eleve. O sexo no contexto apropriado é um dos atos mais sagrados que podemos realizar. O Talmud diz que se uma pessoa tem a oportunidade de saborear uma nova fruta e recusa-se a fazê-lo, terá de prestar contas por isso no Mundo Vindouro. As escolas rabínicas ensinam como viver entre o alvoroço da atividade comercial. Os judeus não se afastam da vida, elevam-na.


3. Jesus não personifica as qualificações pessoais do Messias

a - Messias como profeta. Jesus não foi um profeta. A profecia apenas pode existir em Israel quando a terra for habitada por uma maioridade de judeus. Durante o tempo de Ezra (cerca de 300 a.E.C), a maioria dos judeus recusou-se a mudar da Babilônia para Israel, e assim a profecia terminou com a morte dos três últimos profetas - Chagai, Zecharyá e Malachi.

Jesus apareceu em cena aproximadamente 350 anos após a profecia ter terminado.

b - Descendente de David. O Messias deve ser descendente do Rei David pelo lado paterno (veja Bereshit 49:10 e Yeshayáhu 11:1). Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai - e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno!

c - Observância da Torá. O Messias levará o povo judeu à completa observância da Torá. A Torá declara que todas as mitsvot (preceitos) permanecem para sempre, e quem quer que altere a Torá é imediatamente identificado como um falso profeta. (Devarim 13:1-4). No decorrer de todo o Novo Testamento, Jesus contradiz a Torá e declara que seus mandamentos não se aplicam mais. (veja João 1:45 e 9:16, Atos 3:22 e 7:37).


4. Versículos bíblicos "referindo-se" a Jesus são traduções incorretas

Os versículos bíblicos apenas podem ser entendidos estudando-se o texto original em hebraico - que revela muitas discrepâncias na tradução cristã.

a - Nascimento virgem. A idéia cristã de um nascimento virgem é extraído de um versículo em Yeshayáhu descrevendo uma "alma" que dá à luz. A palavra "alma" sempre significou uma mulher jovem, mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como "virgem". Isto relaciona o nascimento de Jesus com a idéia pagã do primeiro século, de mortais sendo impregnados por deuses.

b – Crucificação. O versículo em Tehilim (salmos) 22:17 afirma: "Como um leão, eles estão em minhas mãos e pés”. A palavra hebraica ka'ari (como um leão) é gramaticalmente semelhante às palavras "ferir muito". Dessa maneira o Cristianismo lê o versículo como uma referência à crucificação: "Eles furaram minhas mãos e pés”.

c - Servo sofredor. Os cristãos afirmam que Yeshayáhu (Isaías) 53 refere-se a Jesus. Na verdade, Yeshayáhu 53 segue diretamente o tema do capítulo 52, descrevendo o exílio e a redenção do povo judeu. As profecias são escritas na forma singular porque os judeus (Israel) são considerados como sendo uma unidade. 

A Torá está repleta de exemplos de referências à nação judaica com um pronome singular. Ironicamente, as profecias de perseguição de Yeshayáhu referem-se em parte ao século XI, quando os judeus foram torturados e mortos pelas Cruzadas, que agiram em nome de Jesus. De onde provêm estas traduções erradas? S. Gregório, Bispo de Nanianzus no século IV, escreveu: "Um certo jargão é necessário para se impor ao povo. Quantos menos compreenderem, mais admirarão”.


5. A crença judaica é baseada na revelação nacional

Das 15.000 religiões na História Humana, apenas o Judaísmo baseia sua crença na revelação nacional - i.e., D-us falando à toda a nação. Se D-us está para iniciar uma religião, faz sentido que Ele falará à todos, não apenas a uma pessoa. O Judaísmo é a única entre todas as grandes religiões do mundo que não confia em "reivindicações de milagres" como base para estabelecer uma religião.

De fato, a Torá afirma que D-us às vezes concede o poder de "milagres" a charlatões, para testar a lealdade judaica à Torá (Devarim 13:4). Maimônides declara (Fundações da Torá, cap. 8): "Os Judeus não creram em Moshê (Moisés), nosso mestre, por causa dos milagres que realizou. Sempre que a crença de alguém se baseia na contemplação de milagres, tem dúvidas remanescentes, porque é possível que os milagres tenham sido realizados através de mágica ou feitiçaria.

Todos os milagres realizados por Moshê no deserto aconteceram porque eram necessários, e não como prova de sua profecia”. Qual era então a base da crença judaica? A revelação no Monte Sinai, que vimos com nossos próprios olhos e ouvimos com nossos ouvidos, não dependendo do testemunho de outros... como está escrito: 'Face a face, D-us falou com vocês...' A Torá também declara: 'D-us não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco - que hoje estamos todos aqui, vivos.' (Devarim 5:3).”O Judaísmo não são os milagres. É o testemunho da experiência pessoal de todo homem, mulher e criança”.


6. Judeus e gentios

O Judaísmo não exige que todos se convertam à religião. A Torá de Moshê é uma verdade para toda a Humanidade, seja judia ou não. O Rei Salomão pediu a D-us para considerar as preces de não-judeus que vão ao Templo Sagrado (Reis I, 8:41-43). O profeta Yeshayáhu refere-se ao Templo Sagrado como uma "Casa para todas as nações”. O serviço no Templo durante Sucot realizava 70 oferendas de touros, correspondendo às 70 nações do mundo.

De fato, o Talmud diz que se os romanos tivessem percebido quantos benefícios estavam conseguindo do Templo, jamais o teriam destruído. Os judeus nunca buscaram ativamente converter as pessoas ao Judaísmo, porque a Torá prescreve um caminho correto para que os gentios o sigam, conhecido como "As Sete Leis de Nôach”.

Maimônides explica que qualquer ser humano que observe fielmente estas leis morais básicas recebe um lugar apropriado no céu.

1. Creia em D-us - não adore ídolos.
2. Respeite D-us e ame-O. Não blasfeme Seu nome.
3. Respeite a vida humana - não mate.
4. Respeite a família - não cometa atos sexuais imorais.
5. Respeite os direitos e a propriedade dos outros - não roube.
6. Estabeleça tribunais para a manutenção da justiça.
7. Respeite todas as criaturas - não coma a carne de um animal enquanto ele ainda está vivo.


7. Trazendo o Messias

De fato, o mundo está desesperadamente necessitado da Redenção Messiânica. A guerra e a poluição ameaçam nosso planeta; o ego e a confusão estão erodindo a vida familiar. Na mesma extensão em que estamos conscientes dos problemas da sociedade, é a extensão em que ansiamos pela Redenção. Como declara o Talmud, uma das primeiras perguntas que um judeu recebe no Dia do Julgamento é: "Você ansiou pela vinda do Messias?"

Como podemos apressar a vinda de Mashiach (Messias)? A melhor maneira é amar generosamente toda a humanidade, cumprir as mitsvot da Torá (da melhor maneira que pudermos) e encorajar outros para que as cumpram também. O Mashiach pode chegar a qualquer momento e tudo depende de nossas ações. D-us estará pronto quando estivermos. Pois, como disse o Rei David: "A Redenção chegará hoje - se derem atenção à Sua voz”.

·       Shraga Simmons é rabino nos Estados Unidos e escreveu este artigo para o Aish.com
·      
(www.aish.com).
 


sexta-feira, 21 de junho de 2013

APOCALIPSE





Prólogo da Bíblia Sagrada, 33ª Edição, Editora Ave Maria, Edição Claretiana – 2001, revisada por João José Pedreira de Castro, O.F.M., e pela equipe auxiliar da Editora.



APOCALIPSE

O Apocalipse (palavra grega que significa revelação) é obra do apóstolo João, que o escreveu no fim da sua vida, mais ou menos no ano 100, sob a forma de uma carta dirigida as Igrejas na Ásia Menor.

Este livro é considerado pela maioria dos leitores como o mais difícil de compreender e o mais misterioso de toda a Bíblia. Ele é, com efeito, bastante enigmático, mas sua interpretação pode tornar-se mais clara, se se levar em conta, de um lado, o gênero literário utilizado pelo autor e, de outro, a circunstância em que a obra foi escrita.

A situação dos cristãos da Ásia era, naquela época, das mais críticas. As perseguições já tinham começado. Por outro lado, muitos cristãos, que esperavam uma próxima libertação pelo retorno glorioso do Cristo, verificavam com tristeza que esse retorno demorava e que seu termo era quase indefinidamente adiado. Tomados de angústia, começavam a perder a esperança de encontrar um dia independência religiosa.

O apóstolo João, fazendo de seu livro uma mensagem de reconforto e de encorajamento, e ao mesmo tempo um manifesto contra o paganismo reinante, quer anunciar aos seus leitores a inevitável oposição do mal e do bem sobre a terra, e predizer a vitória de Deus, decisiva e certa, embora realizada no sofrimento e na morte.

Para esse fim ele lança mão de um recurso literário muito usado entre os judeus desde há dois séculos aproximadamente, do qual se pode ver um exemplo no livro de Daniel. Esse gênero literário foi chamado gênero apocalíptico, porque apresenta aos olhos do leitor uma série de visões, ou revelações muito simbólicas, tendo um sentido oculto. Não se trata de dar uma descrição antecipada de acontecimentos futuros, mas de apresentar uma mesma realidade sob vários símbolos diferentes. Essas visões se supõem outorgadas a um personagem que, dessa maneira, recebe comunicação das intenções divinas sobre os destinos do mundo.

Tudo isso é feito numa linguagem intencionalmente figurada e misteriosa, para provocar uma atenção mais viva no leitor.

Sua leitura será menos desconcertante, se desde o começo for indicado o simbolismo de várias dessas imagens empregadas, por exemplo:

O cordeiro simboliza o Cristo; a mulher, a Igreja Cristã; o dragão, as forças hostis ao Reino de Deus; as duas feras (capítulo 13) o império romano e o culto imperial; a fera (capítulo 17) simboliza Nero; Babilônia, a Roma pagã; as vestes brancas, a vitória; o número 3.1/2 coisa nefasta ou caduca.

Entretanto, esses símbolos não são exclusivos: o Cristo é às vezes mostrado como o “Filho do homem” ou um “cavaleiro”.


O Apocalipse não deve, portanto ser tomado como uma história contemporânea escrita no “tempo futuro”, (verbo); ele não é tampouco uma revelação clara e definitiva do futuro; é uma mensagem sobrenatural (velada em símbolos, representando tanto o passado, como o presente e o futuro), concernente a um período indefinido que separa a ascensão de Jesus de sua volta gloriosa. Ele anuncia aos fiés a impossibilidade de escapar à luta e ao sofrimento, as perseguições e ao fracasso aparente no plano terrestre, à realidade da salvação que lhe será concedida no meio de suas obrigações, e a vitória final, obra de Cristo ressuscitado que venceu a morte.



OUTRA VISÃO DO LIVRO APOCALIPSE PELA MESMA IGREJA CATÓLICA


PARÓQUIAS DE PORTUGAL

DIFUSORA BÍBLICA


Apocalipse é um termo grego que significa "revelação". "Revelação" é, na verdade, o título com que o último livro da Bíblia aparece em algumas edições. O estilo deste livro é estranho para a cultura ocidental, mas enquadra-se perfeitamente na mentalidade semita. 

As raízes desta literatura encontram-se no Antigo Testamento (Isaías, Zacarias, Ezequiel e sobretudo Daniel), mas também em vários livros judeus que não entraram na Bíblia: Henoc, 2 Esdras e 2 Baruc. Estes últimos já foram escritos depois da destruição do Templo. Foi principalmente nestes livros que se inspirou o autor do APOCALIPSE DE JOÃO.


GÉNERO LITERÁRIO É uma literatura própria das épocas de crise e de perseguição, em que se procura "revelar" os caminhos de Deus sobre o futuro, para consolar e encorajar os justos perseguidos, dando-lhes a certeza da vitória final. Era muito comum no fim do AT e mesmo no tempo em que foi escrito o NT, pois vivia-se um ambiente apocalíptico. 

Estava-se no "fim dos tempos", isto é, adivinhava-se uma revolução global, com uma radical mudança no modo de ser e de viver. Para isso, muito contribuiu a decadência do Império Romano e as guerras da Palestina, que levaram à destruição do Templo e de Jerusalém, no ano 70. Daí os três textos apocalípticos dos Evangelhos Sinópticos, directa ou indirectamente ligados à destruição de Jerusalém: Mt 24-25; Mc 13; Lc 21.


LIVRO Caracteriza-se por imagens grandiosas e simbólicas, constituídas por elementos da natureza, apresentadas em forma de visões e "explicadas" ao vidente por um anjo. Tais imagens são tiradas do AT, dos apocalipses judaicos, dos mitos e lendas antigas.

Assim, o papel dos anjos (7,1-3); o livro selado (5,1); o livro para comer (10,1-11); as trombetas (8,2); as taças (15,7); os relâmpagos e trovões (4,5; 10,3).

Estas imagens sugerem mais do que descrevem, e grande parte delas nada tem a ver com a realidade. Trata-se de puros símbolos (1,16; 5,6; 21,16), que podem referir-se a pessoas, animais, números e cores, deixando ao leitor um espaço para alguma criatividade e "inteligência" (13,18; 17,9).

As visões simbólicas são projectadas no Céu, para dizer que pertencem ao mundo espiritual, da fé e o que nelas se revela acontece também na terra. Duas forças antagónicas estão em luta permanente: o Dragão - a possível personificação do império romano, no tempo de Domiciano (81-96 d.C.) - e o Cordeiro: Cristo, Cordeiro pascal, é o vencedor de todas as forças do Mal. 


OCASIÃO, FINALIDADE E AUTOR - A perseguição a que se refere o APOCALIPSE poderia ser a que açoitou as igrejas da Ásia no tempo do imperador Domiciano, por volta do ano 95. Também havia as perseguições internas, isto é, as heresias, sobretudo os nicolaítas (2,6.15), os marcionitas e os que prestavam culto ao imperador. 

O livro pretende responder à questão: "Quem manda no mundo? Os tiranos, os senhores da Terra, ou o Senhor do Céu?" Este paralelismo entre o Céu e a Terra assegura aos crentes que Deus os acompanha a partir do Céu, e a História segue o seu curso na Terra sob o controlo de Deus e não sob o controlo dos poderes maus. O "vidente" vive na terra, mas vê o que se passa no Céu e transmite aos seus irmãos sofredores a certeza de que Jesus está com eles e a sua vitória está para breve.

O simbolismo, por vezes irracional, de que o autor se serve para transmitir esta esperança aos perseguidos, assegura aos cristãos que o Reino de Deus ultrapassa a História que eles estão a viver, e ao mesmo tempo é uma linguagem secreta para os perseguidores.

O autor apresenta-se a si mesmo como João e escreve em Patmos - pequena ilha do Mar Egeu - onde se encontra desterrado por causa da fé (1,9). A tradição identificou este João com o Apóstolo João, mas não existem argumentos suficientes para o comprovar (Mt 4,21; Jo 21,1-14).


ESTRUTURA E CONTEÚDO O APOCALIPSE apresenta diversas hipóteses de estrutura. Propomos uma divisão em duas partes, depois de uma Introdução (1,1-20): 

Introdução (1,1-20):
Introdução e saudação: 1,1-8;
Visão do Ressuscitado: 1,9-20.

I. Cartas às Sete Igrejas (2,1-3,22):
Sete cartas às igrejas: Éfeso, Pérgamo,
Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.


II. Revelação do sentido da História (4,1-22,5):
O trono de Deus: 4,1-11;
Sete selos: 5,1-8,5;
Sete trombetas: 8,6-11,19;
Sete sinais: 12,1-15,4;
Sete taças: 15,5-16,21;
Queda da Babilónia: 17,1-19,4;
Triunfo de Cristo. Nova Jerusalém: 19,5-22,5.


Epílogo (22,6-21).

TEOLOGIA O APOCALIPSE exprime a fé da Igreja da "segunda geração cristã", isto é, do tempo dos discípulos dos Apóstolos. A doutrina do Corpo Místico (Jo 15,1-8; 1 Cor 12,12-27) recebe aqui nova dimensão: Cristo está no meio dos sete candelabros (1,13) e tem na mão direita as sete estrelas (1,16), símbolos das sete igrejas, que personificam a Igreja universal; Ele é apresentado no mesmo plano que Javé e com os mesmos atributos: é "o Senhor dos senhores e Rei dos reis" (17,14; 19,16), aquele que tem um "nome que ninguém conhece" (2,17; ver 1,8.18; 2,27; 3,12; 14,1; 15,4; 19,16).

Deus é o único Senhor da História, apesar das forças conjugadas de todos os senhores deste mundo; por isso, acontecimentos do AT, como o Êxodo, as pragas do Egipto, teofanias, destruições... servem de pano de fundo das novas intervenções de Deus na História do presente.

No meio desta História, a Igreja aparece como espaço litúrgico onde o Cordeiro tem presença permanente, fazendo da comunidade "o céu" na terra. Isso não impede que as forças do Mal estejam em luta constante com ela (e com o Cordeiro: 2,3.9.10.13; 3,10; 6,9-11; 7,14).

Por isso, o APOCALIPSE não pretende predizer nem "revelar" pormenores sobre o futuro da Igreja e da Humanidade, mas conferir a certeza absoluta na bondade de Deus, que se manifestou em Cristo. Também não "fecha" a Bíblia; mas abre diante do leitor crente um caminho de esperança sem fim: "Eu renovo todas as coisas." (21,5) "Eu venho em breve (...). Vem, Senhor Jesus!" (22,7.20).            


FONTE
http://www.paroquias.org/biblia/index.php?m=13



Quem diz que os livros santos não dizem exatamente aquilo que claramente dizem é porque a vergonha, a dúvida, ou ambas, começaram a corroer os alicerces da fé.

 O medo e a fé alimentam a crença de que o fim do mundo está próximo

Quem primeiro desenvolveu o conceito do Apocalipse, com a vinda de  um messias e a redenção  da humanidade, foi o  Zoroastrismo – uma religião que surgiu na Pérsia  durante a Idade Antiga  (aproximadamente no século VII a.C.). Seu sistema teológico era dualista: o Bem, representado pelo deus Ormuzd, vivia lutando contra o Mal, simbolizado pelo deus Ariman.

Do estudo comparativo entre os dois textos acima publicados, nota-se que nem a própria Igreja oferece uma explicação uniforme deste livro cabeludo, o Apocalipse, que só foi acostado ao cânone do Novo Testamento no ano 397, por decisão do Concílio de Cartago. Comparando o lapso temporal com a nossa história é como se a invasão holandesa entrasse na grade curricular das nossas escolas neste ano de 2013. Isto é, só agora iríamos ensinar nas escolas a nossas crianças que a Paraíba tinha sido invadida pelos holandeses.

Enquanto coroinha da Igreja Católica, não lembro sermões de padres amedrontando os fiés com a leitura do livro Apocalipse, mas os cristãos protestantes, pentecostais, neopentecostais e outras seitas cristãs de denominações outras usam de forma abusiva os versículos do livro maldito do Apocalipse para fomentar o medo e colher mais dízimos.

Vez por outra lemos publicação escrita por dirigentes de igrejas onde a razão prevalece em detrimento à fé. Foi o caso do padre Massey Hamilton Shepherd, sacerdote da Igreja Episcopal, autor de vários livros entre eles “A Liturgia da Vida” e do “Culto da Igreja.

O padre Massey parece ser um daqueles que não acredita em verdade revelada, para ele, o livro do Apocalipse é muito antigo, data de pelo menos 4.000 anos, é egípcio e zoroástrico, não se podendo precisar a sua autoria. Afirmou o Massey que se pode encontrar vários nomes de lugar alegóricos tais como "Jerusalém" e "Israel" no livro do Apocalipse.

Por fim, Massey afirma que o Apocalipse relaciona a legenda de Zaratustra/Zoroastro. A forma comum deste texto foi atribuído por Churchward ao escrevente de Horus, Aan, cujo o nome nos foi transmitido como "João" ("John").37 (Horus foi baptizado também por "Anup o Batista," quem se transforma em "João, o Batista."38).

A Reforma Protestante promovida por Martinho Lutero tinha como um dos objetivos retirar do cânone do Novo Testamento o Livro Apocalipse por não conter nenhum detalhe ou drama histórico. Com isso Édouard Dujardin concorda.

Mas há quem também afirme que desvendou todos os mistérios do livro Apocalipse por se achar todo iluminado pelo Espírito Santo. Infelizmente os cristãos seguidores “desses iluminados” não podem contestar quando o ensinamento sai da voz de um pastor hipócrita e os fiés são coagidos a aceitar a “verdade da autoridade pastoral” em detrimento da razão. E o mais nocivo é a falta da leitura da bíblia pelos cristãos de todas as denominações.

Vejamos alguns versículos deste livro que se diz ser uma revelação de Jesus Cristo a seu servo João, para divulgar a seus servos as coisas que brevemente devem acontecer. (Apo. 1:1)

Como se pode notar o primeiro versículo deste livro deixa claro que o fim do mundo está próximo, o que de logo se confronta com o conteúdo dado pela Igreja Católica, quando afirma que (...) “ele não é tampouco uma revelação clara e definitiva do futuro; é uma mensagem sobrenatural (velada em símbolos, representando tanto o passado, como o presente e o futuro), concernente a um período indefinido que separa a ascensão de Jesus de sua volta gloriosa.”

 Interessante é quando o livro Apocalipse faz uma lista dos salvos. A descrição é taxativa quando diz quem são, limitativa quando diz quantos são e restritiva em relação aos salvos que serão assinalados.

“Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel”:

- da tribo de Judá foram selados doze mil;
- da tribo de Rúben, doze mil;
- da tribo de Gade, doze mil;
- da tribo de Aser, doze mil;
- da tribo de Naftali, doze mil;
- da tribo de Manassés, doze mil;
- da tribo de Simeão, doze mil;
- da tribo de Levi, doze mil;
- da tribo de Issacar, doze mil;
- da tribo de Zebulom, doze mil;
- da tribo de José, doze mil;
- da tribo de Benjamim foram selados doze mil.


CONFIRAM EM SUAS BÍBLIAS

Apocalipse 7:4
E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel.

Apocalipse 14:1
E OLHEI, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai.

Apocalipse 14
3 E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra.

4 Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro.

Cada seita explica estes versículos dentro da corrente teológica que pregam dentro de seus templos. Devo dizer que não há unanimidade de pensamento, mas para mim, pobre mortal que não se acha iluminado por nenhum Espírito Santo, parece-me dizer que apenas 144 mil serão salvos da danação eterna, todos são judeus, não há nenhum brasileiro, todos são homens “não contaminados por mulher”, todos virgens.


Corrobora com esse pensamento cristão os ensinamentos do evangelho apócrifo de Tomé, o Dídimo. Segundo Tomé, Simão Pedro teria dito: "Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da vida." Tendo Jesus respondido: "Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vós machos. Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do Céu."

É interessantíssimo saber que os incircuncisos NÃO entrarão na Jerusalém celestial.
*
A Jerusalém celestial será habitada apenas DEPOIS do Julgamento Final.
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"Tem grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel" (Ap 21,12).
*
Claro que só entrarão os circuncidados, os descendentes das doze tribos! Só judeus.
*
Como só tem doze portas, cada uma com o nome de uma das doze tribos, católicos, evangélicos, pentecostais, e outros grupos de cristãos... NÃO entrarão. NÃO há porta para eles. NÃO há a décima terceira porta.

Apo 21:8 - Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.


Apo 22:15 - Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.

Apocalipse: "Quem matar à espada importa que seja morto à espada" (Apoc. XIII, 10).


Apocalipse 13:10

Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos.

Ouro enferruja! TIAGO [5:3] E pode ser transparente como vidro! APOCALIPSE [21:21]


Apocalipse 2:9 e 3:9 - Os que se dizem Judeus e não crêem em Jesus são membros da "sinagoga de Satanás"

Sai fora do raciocínio correto acreditar que existe um Deus onisciente que escreveu ou inspirou alguém a fazê-la.

A hermenêutica desses versículos deixa alguma dúvida a respeito da salvação cristã?


NEM OS CACHORROS ESCAPAM.

Bernardo Bastres, Bispo da Igreja Católica, incentiva o povo de Punta de Arenas, no extremo sul do Chile, a matar os cachorros de ruas citando base bíblica.

Outra controvérsia criada pelo bispo Bastres aconteceu às vésperas do esperado dia 21 de dezembro, quando o sacerdote participou de um programa da televisão regional de Magallanes, em um debate sobre a profecia maia. Na ocasião, Bastres afirmou que os fiéis católicos que acreditavam no apocalipse deveriam deixar seus bens materiais aos cuidados da Igreja Católica antes de esperar o fim do mundo.

É bom recordarmos as palavras de S. João, no fim do Apocalipse: "Se alguém cortar qualquer das palavras do livro desta profecia, Deus lhe cortará sua parte do livro da vida e da cidade santa, e do que está escrito neste livro” (22, 19).


O BUDISMO NO CRISTIANISMO

No Apocalipse sua definição se estende do início ao fim, quando utiliza a 1ª e a última letra do alfabeto grego, revestida de extremo poder: "Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso" (Apocalipse 1,8).

Para Buda, Deus é algo impessoal, e não se interessa em defini-Lo como Criador, Sustentador, Reformador ou qualquer outro atributo usado muito no Hinduísmo. Seu desinteresse teológico nestas discussões é completo, não significando dizer que O negue: "Além da morada de Brahma, há um poder estável e Divino, existente antes do princípio e não terá fim." (KHARISHNANDA, O Evangelho de Buda, 1998, p.87).




Recomenda-se a leitura dos livros ou sites quando indicados como fontes. Os posts contidos neste blogger são pequenos apontamentos de estudos.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

INQUISIÇÃO NO PIAUÍ

Por Claucio Ciarlini Neto

A história do Brasil é mergulhada em mitos e silêncios. Um destes foi de que não houve Inquisição no Brasil, devido ao fato de não ter havido um tribunal atuando em terras brasileiras, porém esta interferiu bastante na vida colonial durante mais de dois séculos, atingiu as regiões mais distantes e perseguiu portugueses residentes no País e brasileiros natos, através de seus visitadores, comissários, bispos, vigários locais e “familiares”. Quem era pego pelos “olhos e ouvidos” desse tribunal logo era conduzido para Portugal, e lá recebia sua sentença.

Os elementos mais visitados foram os cristãos-novos, acusados de praticarem secretamente rituais judaicos. As investigações abrangiam, também, culpas de sodomia, bruxaria e blasfêmias contra a Igreja católica, incluindo luteranos e judaizantes. Os jesuítas, assim como os vigários locais, ajudavam na busca dos culpados e suspeitos.

  No Piauí colonial, vários foram os “pecadores” julgados por essa instituição, segundo o Pesquisador Luiz Mott em seus achados na Torre do Tombo: “Ao todo, conseguimos localizar na Torre do Tombo (Lisboa) 23 nomes de moradores do Piauí denunciados ao Tribunal de Lisboa: 15 por desvios relacionados à fé e 8 por crimes sexuais, entre estes 7 sacerdotes. Apenas um destes processos mereceu rápida menção na ainda insuperada Cronologia Histórica do Piauí, de Pereira da Costa: portanto a presença inquisitorial nestes sertões é um tema ainda praticamente virgem na historiografia nacional”. 

O primeiro morador do Piauí a ser capturado pela Inquisição foi Dionísio da Silva, natural da Paraíba. Vinha de uma família de cristãos novos que, secretamente,  realizavam algumas práticas cerimoniais próprias da religião judaica. Cristão novo era a designação dada em Portugal, Espanha e Brasil a judeus convertidos ao cristianismo. Luiz Mott, brilhante pesquisador e antropólogo, em suas abundantes investigações na Torre do Tombo (Lisboa), encontrou, e catalogou, vários casos de moradores capturados pelo Tribunal Inquisitorial em muitos estados do Nordeste, dentre eles Pernambuco, Bahia, Maranhão, Ceará e Piauí, e é Mott que nos relata sobre o ocorrido com a família de Dionísio, em artigo intitulado “Inquisição no Piauí”:

“Seu pai, José Nunes, lavrador de mandioca, demonstrava inclusive certa hostilidade à religião de Cristo, tanto que fora visto desrespeitar uma imagem de Nossa Senhora agredindo-a com uma faca, repreendia seu filho quando o via rezar o rosário e costumava dizer ‘que não devia adorar a um Deus que foi açoitado e morreu’.

Por tais dizeres e práticas proibidas, quase toda sua família foi presa e sentenciada pela Inquisição: a partir de 1729 foram presos seu pai, três tios e uma sobrinha, sendo condenados a abjurar seus erros judaicos e usarem perpetuamente o sambenito – aquela humilhante capa, tipo um escapulário, identificador dos condenados pelo Santo Ofício. Foi sua tia Joana  do Rêgo quem o denunciou: naqueles tempos de terror, para salvar a própria pele, filhos denunciavam seus pais; pais acusavam seus próprios filhos, pois esconder os crimes alheios implicava penas ainda maiores para os réus”.

Em meados de 1730, Dionísio fugiu da Paraíba para o Piauí, foi morar na Fazenda das Éguas, na Ribeira dos Guaribas, distrito da Mocha. Instalou-se como vaqueiro na propriedade. Depois de onze anos, a Inquisição conseguiu encontrá-lo, delatado por seu vizinho, assim como sua “covarde tia” havia feito anos antes com sua família, e o Juiz Ordinário da Mocha, na ocasião, efetuou sua detenção, cumprindo ordem por determinação inquisitorial.

Para instrumentalizar o processo, não havendo até então representantes do Santo Tribunal no Piauí, para lá se dirigiu o Juiz Comissário Frei João da Purificação, do convento carmelitano do Maranhão, que gastou 41 dias entre viagem e inquirições; despendendo a soma de 40$000 com tal diligência, o equivalente ao valor de 16 bois, concluindo com a informação de que ‘todas as testemunhas eram de verdade e crédito, dizendo o mesmo unani­memente”.

 Em 23 de janeiro de 1744, Dionísio recebeu sua punição: “é colocado no “potro” – uma espécie de cama de  madeira onde o réu era amarrado, tendo suas pernas e braços apertados por correias de couro até provocar insuportáveis dores e hematomas.

Diz o documento que o  pobre Dionísio “no potro gritava por Jesus e a Virgem Nossa Senhora do Rosário”. Ouviu sua sentença no Auto de Fé de 21 de junho do mesmo ano, sendo condenado a abjurar seus erros judaicos, a cumprir algumas penitências espirituais, como rezar salmos, comungar e confessar nas principais festas litúrgicas do ano e usar o sambenito para sempre. Teve seus bens confiscados”.

No mesmo ano da prisão de Dionísio, ocorreu mais um caso registrado na Torre do Tombo sobre um morador do Piauí. Foi na freguesia de Nossa Senhora do Livramento de Paranaguá, onde um sacerdote abusou de sua autoridade e recebeu a punição do Santo Oficio, tratou-se de Padre José Aires, 40 anos, natural do Recife, formado em teologia pela Universidade de Coimbra, que ao constatar uma série de denúncias de desvios pertencentes à jurisdição inquisitorial, exagerou no uso de seus poderes, ordenando algumas prisões “em nome do Santo Ofício”, comportamento severamente punido pois apenas aos Inquisidores era dado o poder de prender e julgar os que pecavam contra a fé.

Mais uma vez Mott: “Quem fez a denúncia foi o próprio vigário de Paranaguá, o padre Francisco Xavier Rosa: disse que o padre visitador chegando à fazenda das Traíras, a duas léguas da Matriz, exigiu que os fregueses viessem buscá-lo debaixo do pálio (aquela espécie de guarda-sol utilizado nas procissões solenes para proteger o Santíssimo Sacramento), e após poucos dias da abertura à visita, mandou prender e seqüestrar os bens do próprio Vigário Rosa, proibindo que lhe falassem na prisão e impondo-lhe restrita dieta.

 A acusação que pesava contra o Vigário de Paranaguá era de ter revelado o segredo da confissão. Culpa grave mas que somente com ordem expressa de Lisboa é que o Comissários ou familiares do Santo Ofício poderiam efetuar a prisão do faltoso. Ao reclamar ao Santo Tribunal das arbitrariedades do Padre Visitador, o Vigário Rosa diz ter sido  preso com uma corrente no pescoço e levado a uma cadeia  na vila de Mocha, e dali para São Luiz, achando-se há 13 meses no cala­bouço.”  Já preso e em Lisboa, Padre José Aires confessou e pediu perdão por seus desmandos, recebendo como sentença o degredo por três anos para o extremo sul de Portugal, nos Algarves.

 Outro caso registrado foi o de  Joaquim de Santana,  sapateiro, natural da Bahia, que mudou-se para Jaguaribe com medo de ser denunciado, pois havia casado uma segunda vez, sendo sua primeira mulher ainda viva. O crime de bigamia era considerado um “pecado horrendo” aos “olhos” da Igreja católica, pois ia contra os preceitos desta, contra o discurso instituído quanto religião, pois depois de casados, ou seja, depois de terem recebido as bênçãos católicas, um casal não poderia se separar, pois dessa forma estariam quebrando uma ordem imposta pela Igreja.

 Porém um dos casos mais tenebrosos registrados sobre as “Vítimas” da Inquisição no Piauí Colonial foram as confissões de duas escravas negras, como bem relata Mott: “Em 1758 registra-se o episódio de feitiçaria mais fantástico da história do Piauí, quiçá um dos mais espantosos de todo nordeste brasileiro: a confissão de duas mestiças da Mocha envolvidas com o diabólico ritual do “sabá”, i.e., uma reunião de demônios com feiticeiras, muito semelhante ao relatado na Europa medieval e moderna, mas rarissimamente documentado na América Portuguesa…”.

“Eu, Joana Pereira de Abreu, mestiça, agora escrava do Capitão Mor José de Abreu Bacelar, e moradora nestas Cajazeiras, Fazenda do dito meu Senhor, Freguesia de Nossa Senhora do Livramento, da Vila de Paranaguá… denuncio e me vou a denunciar a Vossas Excelências Reverendíssimas que haverá oito anos, com pouca diferença, vivendo eu na Mocha, donde nasci e fui criada na casa do dito primeiro meu senhor acima dito, já defunto, uma mestiça forra da mesma vila, chamada Cecília, não estou bem certa no sobrenome, mas cuido que Cecília Rodrigues, bem conhecida na vila por Cecília e tem uma filha chamada Mariana, se me fez Mestra ela e também uma minha irmã mestiça, chamada Josefa Linda, mais velha e que então vivia comigo na mesma casa e depois veio comprada para estas Cajazeiras dois anos antes de eu vir também comprada pelo dito agora meu Senhor Capitão Mor.

Estas foram as duas Mestras que eu tive para tudo o que de mim e delas denunciarei abaixo, pedindo para mim ao Santo Tribunal compaixão pois já o faço arrependida e com prometimento de não tornar a semelhantes erros como os que tem sido em mim…   Um mês antes, me contou a dita Mãe Cecília, que o Demônio tinha torpezas com as mulheres. E que se eu queria falar e ter com ele, ela me ensinaria. Aceitei eu, como rapariga de nenhuns miolos e por outra parte de costumes de pouca ou nenhuma boa educação.

Então me disse ela que eu havia de ir nua à porta da igreja da mesma vila da Mocha, em que vivíamos, e na qual igreja da vila se conserva sempre o Santíssimo Sacramento, que ali havia de bater com as partes prepósteras assim nua umas  três vezes na porta da Igreja indo sempre para trás, e havia no mesmo ponto de chamar por este nome e vocábulo: Tundá,  o qual vocábulo nem eu lhe sei bem decifrar a significação inteira e cabal, mas julgo ser nome do Demônio. E que dali havia de endireitar nua para umas covas de defuntos que estão a um lado da vila, a onde chamam o Enforcado, por se ali ter enforcado algumas vezes alguns delinqüentes. E que ali me havia de aparecer um moleque e que eu pondo-me na postura de quatro pés, ele me havia de conhecer pela parte prepóstera…”.

 Temendo os castigos da Inquisição, Joana Pereira de Abreu delatou ao “Santo Oficio”, a também escrava Cecília que, segundo ela, a teria convencido a fazer parte de um Sabá, ritual de bruxaria em adoração ao Demônio.

A partir da primeira Inquisição, a iconografia cristã passou a representar o “Arcanjo Decaído” não mais como um arcanjo, mas com a aparência de deuses pagãos, como Pã, um deus dos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores na mitologia grega e Cernunnos, Deus Cornífero, por ser muitas vezes representado como um homem com chifres adornando a cabeça. Era o Deus da fertilidade, da abundância e patrono da caça para os povos antigos, às vezes era representado alimentando animais; também podia mudar de forma e aparecer como cobra, lobo ou veado.

Tal fato levou, séculos após, à suposição de que bruxas eram adoradoras do demônio, o que não faz sentido, uma vez que a figura do demônio faz parte do dogma cristão, não pertencendo às crenças pagãs e nem existindo personagem de caráter equivalente ao diabo em qualquer panteão pagão. O uso alternativo do nome Lúcifer para designar o mal encarnado, na visão cristã, agravou a ignorância a respeito do culto das bruxas, uma vez que o nome Lúcifer, pela raiz latina, representa portador/fabricante da luz (Lux Ferre), inescapável semelhança ao mito grego de Prometeu, que roubou o fogo dos céus para trazê-lo aos homens.

Concluindo este artigo, foi encontrado por Mott um caso relacionado à suspeita na Fé, fato que os Regimentos Inquisitoriais rotulavam de proposições heréticas (a proposição herética encerrava uma parte de verdade, e era perigosa para a fé porque apresentava essa parcela de verdade como a verdade toda, como por exemplo, quando se diz que é verdade que Cristo é Deus e homem, mas para a Igreja é heresia afirmar que Cristo é apenas Deus ou apenas homem).

Mott transcreveu e analisou com maestria esse episódio ocorrido na Parnaiba do periodo colonial: “Trata-se de um morador da Vila de São João da Parnaíba, José Francisco Souto Maior, natural de Pernambuco, acusado de ter proferido as seguintes heresias: “que Deus tinha obrigação de salvá-lo posto que o criara; que os mártires eram tolos, pois devemos defender à vida acima de tudo; que homem nenhum do mundo não se deixou cair no 6º mandamento,  e perante o Santíssimo Sacramento dizia: eu vos adoro se aí estais…”.

Tal delação traz à data 29 de janeiro de 1802, a única ocorrência de um morador do Piauí já no século XIX. Como as demais denúncias, também esta ficou arquivada no Secreto do Tribunal da Inquisição de Lisboa, sem que este Monstro Sagrado ordenasse qualquer medida punitiva contra o irreverente sertanejo. Já nesta época, o Santo Ofício estava moribundo, e também no Piauí as novas idéias dos iluministas da Revolução Francesa tinham seus adeptos e divulgadores”.

No dia 31 de Março de 1821 foi extinta a Inquisição em Portugal, por uma sessão das Cortes Gerais da Nação Portuguesa. Um “mundo da razão” pedia passagem e certos tipos de radicalização da fé não poderiam mais ser bem aceitos, pois afinal de contas, as revoluções que o capitalismo necessitava, e assim impulsionava, ocorriam já há décadas e o Brasil acabaria por não ficar de fora, mesmo que na forma de um Império herdado por um filho de sua antiga metrópole.

sábado, 15 de junho de 2013

INQUISIÇÃO - BRANCA DIAS



Branca Dias foi uma descendente dos antigos judeus portugueses, que a memória regional identificava como uma cristã-nova vítima da ação do Tribunal da Inquisição entre os séculos XVII e XVIII.

Há três Brancas, explica o professor de história religiosa Carlos André. Uma delas já tem a existência histórica comprovada: viveu em Pernambuco e foi processada pela Inquisição como judaizante no século XVI. Há uma outra que teria vivido em Apipucos (hoje município do Recife), segundo a escritora pernambucana Joana Maria de Freitas Gamboa em o “drama histórico” “Branca Dias dos Apipucos”, cuja narrativa versava sobre uma rica cristã-nova, moradora perto do Recife, que teria sido presa pela Inquisição quando da Guerra dos Mascates (1710-1711), mas sem documentação comprobatória de sua existência. A Branca que nos interessa teria vivido em Gramame, Paraíba, no século XVIII.

Há ainda uma quarta Branca Dias. Esta teria nascido em Viana, no Minho em Portugal, que no final dos anos 1520, casou-se com um cristão-novo chama Diogo Fernandes. Denunciada pelo crime de judaísmo em 1540 por sua própria mãe e uma irmã, em face da pressão do Santo Ofício. Depois de confessada a culpa ficou presa durante cinco anos. Ao conseguir a liberdade, Branca Dias fugiu para o Brasil com seus filhos (3 meninos e 8 meninas) desembarcando na cidade do Recife onde seu marido em Olinda onde era comerciante de tecidos e senhor de engenho. (Dicionário Mulheres do Brasil - Maria Aparecida Schumaher, Érico Vital Brasil)

Se Branca Dias não é comprovada historicamente, se ela não existiu historicamente e realmente ela não tem comprovação de existência ou qualquer documentação, nos interessa, no entanto, como um objeto básico de memória e como uma exposição essencial daquilo que a sociedade imagina como tendo sido o Tribunal do Santo Ofício. É memória no sentido aristotélico.

 Branca Dias é a “personagem” histórica – ainda que ficcional – mais controvertida da Paraíba. A biografia dela é repleta de fatos contundentes. Sua própria existência é posta em dúvida. Branca foi, segundo o “Livro de Branca”, de J. Abreu, uma judia vitimada pela Inquisição. Naquela época – século XVIII – os judeus viviam sob o terror da conversão forçada decretada desde o século XV, obrigando os “filhos de Israel” a se tornarem cristãos na marra. Até o Papa chegou a questionar tal obrigatoriedade, mas acabou se deixando levar pelas pressões do Império Português. Com a conversão, o judeu – que pensava se livrar da perseguição após ter se convertido – passava a ser tido como cristão-novo ou criptojudeu, ou seja, cristão nas aparências públicas, mas ainda judeu nos hábitos e no coração.

A memória atual do ficcional caso de Branca Dias, na Paraíba, demonstra a força deste passado.


BRANCA DIAS


A história de Branca é paradigmática. Teria sido vítima da paixão anormal de um padre que desejava a judia a qualquer preço. Em nome do amor que tinha pelo noivo, também judeu, Branca resistiu a todas as pressões. A história é marcada pelos mitos que formam o imaginário da nossa gente. Tendo ou não ocorrido, sob a narrativa heróica está o mitologema mais caro da alma luso-brasileira: a “saudade do impossível”. Esta saudade conduz Branca ao embate suicida contra os inquisidores. Ela sabe que não poderá ter uma vida normal ao lado do seu amado. Sabe que poderá perder tudo para o confisco inquisitorial. Sabe que só lhe restará “lembrança do que TERIA SIDO a vida sem a Inquisição”. Mesmo assim, Branca não se entrega às pressões do padre... e morre queimada por causa de seu destemor.

Nós, brasileiros, buscamos este paradigma heróico em nós mesmos, nos nossos políticos, nos nossos artistas e até nos jogadores que representam o “país do futebol” na Copa do Mundo. Branca, tendo ou não existido, leva em si um pouco da nossa alma. Ou, para usar o termo científico forjado por Arnold Toynbee (um dos maiores historiadores deste século), Branca Dias diz muito do “espírito de uma época e de um povo”.

Este esforço intelectual pela elaboração de um panteão de heróis especificamente paraibanos podia ser encontrado, inclusive, em discursos de políticos. Pinheiro menciona conferência proferida pelo presidente do estado, Castro Pinto, no Rio de Janeiro, por ocasião  da comemoração do aniversário da cidade da Paraíba do Norte em 05 de agosto de 1920. No discurso ele afirma que:

“A qualidade fundamental que encontro no povo parahybano é a vontade  heróica, a firmeza de caracter, a inflexibilidade na linha de conducta, o saber querer para agir com acerto, a consciência do dever norteando os seus actos de vida (...); sirvo-me [para provar a tese] dos grandes nomes  representativos da evolução da Parahyba, desde os primórdios do povoamento até hoje.” (apud Ferreira, 2002, p.165).

 Dentre os inúmeros nomes que cita, a exemplo de Branca Dias, José Peregrino de Carvalho, Antonio Borges da Fonseca, D.Vital, Manuel de Arruda Câmara, Epitácio Pessoa, e outros, o presidente Castro Pinto destaca André Vidal de Negreiros, que, segundo ele, fora superior a todos os heróis de sua época.

Branca teria sido a realização de uma das características do imaginário colonial brasileiro muito bem definidas pelo antropólogo francês Gilbert Durand. Ele diz que o nosso imaginário é composto de vários mitologemas e dois desses mitologemas vão nos interessar especificamente para o estudo da Inquisição.

 O professor Carlos André em palestra proferida no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, falando sobre as famílias descendentes de judeus que aqui na Paraíba viveram, destaca os membros da família de João Inácio Cardoso Darão. Esse, segundo o professor, conseguiu fugir aqui das perseguições, foi para o Ceará e lá se casou com uma moça da família Alencar, em Barbalha. Depois volta e se refugia em Mari do Seixas, saindo de lá para Pombal. Era uma família de artesãos, que passaram a arte da ourivesaria para os filhos.

Era uma família pequena. João Inácio era casado com Catarina Liberato de Alencar. Deles descende o professor Inácio Tavares de Araújo e José Romero Araújo Cardoso, que é escritor e professor de Geografia em Mossoró. O interessante dessa família é que eles conservaram na memória familiar a sua ascendência judaica e conservam viva  na memória a história de Branca Dias, da Branca Dias da Paraíba.

Segundo o professor Inácio, na memória da família (não tem documento) João Inácio e Francisco se diziam que eram filhos de Simão Dias Cardoso de Araújo, morador no Engenho Velho, nas margens do Gramame. Ora, esse Simão Dias aqui da margem do Gramame é dado, embora não tenha documentação, como pai da própria Branca Dias. Estou apenas passando aquilo que colhi na família.

Outro paraibano ilustre que defende a cidadania paraibana de Branca Dias é o Irineu Ceciliano Pereira da Costa, da cidade de Pocinhos e aluno do padre Rolim  em Cajazeiras, tendo mais tarde mudado o seu nome para Irineu Jofily.

Irineu Jofily foi promotor público em São João do Cariri (1867), Juiz de Direito de Campina Grande, Deputado provincial pelo Partido Liberal, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Jornalista (A Gazeta do Sertão), deputado geral em 1889, cuja posse foi impedida pela Proclamação da República voltando para Campina Grande no mesmo anos onde acompanhou as definições dos limites do território paraibano.

Irineu Jofily em seus escritos afirma que a tradição nos diz que Branca Dias, de alta posição na sociedade colonial pela ilustre família a que pertencia e pela opulência em que vivia no seu engenho próximo a cidade da Parahyba, o que contrastando com o seu miserando fim, resultado da perseguição que lhe moveu o terrível Tribunal, influiu de tal modo na imaginação popular, que o seu nome tem atravessado três séculos.

Outro artigo de Irineu sobre o tema foi publicado no jornal A União, em 24 de agosto de 1901. Neste texto, Joffily lembra os gracejos que ouvira, quando estudante de Direito no Recife, dos colegas de outras províncias:

“Há quarenta anos, pouco mais ou menos, quando fazia o meu curso de preparatórios na cidade do Recife, ouvia freqüentemente entre os colegas, e em reuniões familiares, pronunciar o nome de Branca Dias, célebre paraibana de raça judia e vítima da inquisição. „A Paraíba é a terra de Branca Dias, os paraibanos descendem de judeu, não comem toucinho, etc., dizia-se geralmente nessas ocasiões, pilheriando com os filhos desta terra (JOFFILY, I., 1977: 445)”.

 No mesmo artigo, Joffily escreve: “Desde tenra idade que ouço falar nessa célebre mulher [Branca Dias] e tão célebre que o seu ruidoso processo e deplorável fim nas fogueiras do Santo Ofício, deu lugar que os paraibanos seus patrícios ficassem suspeitos de judaísmo pelos habitantes das capitanias vizinhas (JOFFILY, I., 1977: 177)”.

O bacharel afirma que “a curiosidade e o interesse que me desperta o assunto, obriga-me a encará-lo com o fim de convidar a quem quer que o possa esclarecer, a vir a público JOFFILY, I., 1977: 177)”.

Quatro anos depois, no jornal A União, Joffily recuperava o convite e transcrevia a única resposta obtida após o primeiro apelo, do Cônego Bernardo de Carvalho Andrade:

“Li no „Commercio de Pernambuco de 21 de março findo seu bem lançado artigo sobre a célebre Branca Dias, e muito agradeço a fineza de mo ter enviado, porque seria por mim ignorado, desde que não assino aquele periódico.

“Pouco adiantarei ao que sabe o meu amigo da história da célebre heroína paraibana, pois jamais pude obter documento escrito que se referisse à vida e fim trágico que teve. Mas, ainda que ao nome dessa paraibana célebre ligue o preconceito popular um histórico fabuloso e fatídico que não traz a luz precisa à sua biografia, não se pode pôr em dúvida ter ela existido na Paraíba, pois disto dão testemunho o território e as ruínas do engenho que lhe pertenceu, e onde residiu.

“Até o ano de 1880, quando o meu caro amigo tomava assento na Assembléia daquela Província, hoje Estado, era aquela propriedade respeitada de tal sorte pelo povo ignaro, que dela não cortavam sequer uma tabica para açoitar cavalos, por terem por malditos os próprios matos que ali vegetavam, e se alguém mais desabusado atrevia-se a fazê-lo, os demais vaticinavam a morte dele ou do cavalo, que se morressem de velho seria a morte sempre atribuída à imprudência de se ter servido da tabica daqueles matos.

“Depois do ano memorável de 1877 projetei mudar-me do Sertão por causa do flagelo da seca, e amigos nossos da capital procuravam convencer-me que seria de vantagem minha colocação naquela zona próxima ao litoral.

“Um desses amigos, o Tenente João Pinto de Vasconcellos, que então vivia e era senhor de propriedade que pertencera à heroína de que se ocupa, ma ofereceu por venda, que não se realizou por não assentar a mulher do mesmo Pinto, que a houve por herança de antepassados.

“Não visitei aquela propriedade por não ter efetuado a compra, mas sei que é situada à margem do Rio Gramame, ao S. da capital da Paraíba, não longe da foz do mesmo rio. Sei mais que são bem visíveis os destroços das edificações que ali existiam e que o preconceito dos ignorantes não tem servido de inteira garantia à propriedade, porque os poucos escrupulosos se têm apossado de parte de seus terrenos.

“O finado Comendador Dr. Lindolpho José Correia das Neves, de talento tão robusto e cultivado, que faz honra à terra aonde nasceu, sabendo que eu pretendia comprar aquela propriedade me garantiu ser de ótimos terrenos para a agricultura, e que se conservava coberta de matos. Seu espírito ativo e aguçado a criticar com jocosidade, não perdeu o ensejo de dizer-me: - „Espera por certo encontrar o terreno de Branca Dias, pois de outro modo não se explicaria pretender V. comprar aquela propriedade inculta e sazonática. Não duvido que alguns dos seus descendentes desconhecidos entre o povo e depositários do segredo lho tenham revelado. Não haverá entre os de sua família alguém daquela procedência?

“Isto motivou larga conversação sobre o assunto, dizendo-me ter visto notas sobre o auto-de-fé daquela notável paraibana, notável não somente pela origem de sua ascendência, de quem houve a grande fortuna que possuia, como pelo faustoso e principesco tratamento que ostentava (JOFFILY, I.,1977: 445-447)”.

Ignoraria o nome do engenho visitado pelo cônego Bernardo, não fossem as pistas dadas por Zilma Pinto. A propriedade era o Engenho Velho, e a mulher do tenente Vasconcelos, Alminda Manoelita Cavalcanti d’Albuquerque.

Existe a hipótese, aventada pela autora, de que este engenho tenha sido levantado no século XVI por certo Jorge Thomas, “senhor do distrito de Gramame”. Há um Jorge Thomaz (ou Thomas) Pinto cristão-novo, depoente na visitação inquisitorial de 1591-5, a primeira que o Santo Ofício delegou à América Portuguesa.

Zilma Pinto arrisca, portanto, que o engenho Velho foi criado e habitado por cristãos-novos desde o século XVI (PINTO, 2006: 164-165)
.
Porque relacionada à história da Inquisição na capitania, a Branca Dias paraibana engendra uma questão histórica: a presença cristã-nova na região e sua relação com a suposta mártir local. Escrita no século XIX, embora só publicada na íntegra em 1912, a História da Província da Parahyba, de Maximiano Lopes Machado, talvez seja um dos primeiros livros de história escritos na Paraíba que trata da lenda de Branca Dias.

 No quarto capítulo do tomo II, Machado discorre sobre as “fogueiras da Inquisição [que vieram] agravar ainda mais a sua sorte [da Paraíba]” na época colonial. Sob orientação do bispo do Rio de Janeiro e delegado do Santo Ofício, D. Frei Francisco de São Jerônimo, “os familiares [do tribunal] se poseram em  O Tribunal do Santo Ofício de Lisboa – ao qual o Brasil era subordinado – realizou pelo menos três “visitações” a partes da América Portuguesa: a Bahia, Pernambuco, Itamaracá e Paraíba (1591-1595), à Bahia (1618-1620) e ao Grão-Pará e Maranhão (1763-1769).

Os documentos sobre o casal de proprietários do engenho em 1877, citados pela autora, estão no Arquivo da Catedral Basílica da Paraíba.

Paraibano nascido em 1821, Maximiano Machado, assim como Joffily, também cursou Direito em Pernambuco. Depois de formado, exerceu cargos de magistratura e delegacia, se envolveu na Revolução Praieira – teve de se esconder até a decretação da anistia dos revoltosos, em 1851 –, chefiou o Partido Liberal em Campina Grande nos anos 1850 e foi deputado provincial na Paraíba entre 1858 e 1861. Maximiano Machado ocupou o cargo de orador do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano. Faleceu em 1895.

Diz Maximiano Machado que “A Parahyba foi uma das [capitanias] mais tributadas neste gênero de imposição ao tremendo tribunal. Sem averiguações [...] foram arrancadas dos braços das famílias e da pátria, de 1731 em diante, as seguintes pessoas [...]

(MACHADO, 1912: 427)”. Em três páginas, com base na pesquisa de Varnhagen – paradigma da historiografia brasileira no século XIX – sobre os “brasileiros” condenados pela Inquisição lusa, Maximiano Machado cita os habitantes da Paraíba vítimas do Santo Ofício, de 1731 em diante. Mas, quanto a outros nomes que, supõe o autor, se perderam na história, um é digno de menção pelo bacharel:

“Se não desapareceu com as listas, é bem provável que á este arbítrio [o autor se refere ao fato de que os nomes dos penitenciados que saíam em autos-de-fé privados não constavam nas listas] se deva a omissão do nome da formosa e gentil donzella Branca Dias, que a tradição de mais de um século refere como sendo arrebatada aos desoito annos de edade do regaço materno para ser arremeçada aos carceres negros dos Estáus em Lisboa. Não lhe valeram formosura, innocencia, família, lagrimas, nem a consternação d‟estranhos, para desapparecer, depois do supplicio da corda, na fogueira expurgatoria da Inquisição, como as duas infelizes relaxadas em carne, Guiomar Nunes e Isabel Henriques! Quaes seriam as culpas de Branca Dias naquella edade de innocencia e de amor? Não se sabe, porque os processos da justiça eram feitos de conformidade com a sentença que se pretendia dar” (MACHADO, 1912: 430-1).

Guiomar Nunes, relaxada em carne, é uma das “pernambucanas ilustres” que Henrique Capitolino Pereira de Mello insere em seu livro sobre as heroínas pernambucanas (MELLO, H., 1980). Natural de Pernambuco, moradora no engenho de Santo André, na Paraíba, casada com o latoeiro Francisco Pereira, Guiomar foi condenada como convicta, negativa e pertinaz no crime de judaísmo, sendo relaxada ao braço secular no auto-de-fé de 17 de junho de 1731. Isabel Henriques, cristã-nova solteira, de 41 anos, natural de Portugal e moradora no engenho Velho – o mesmo engenho que, conforme o testemunho do cônego Bernardo, o povo acreditava ter sido a morada de Branca Dias na Paraíba –, foi condenada a cárcere e hábito penitencial perpétuo, e não relaxada em carne, como quer Machado. (Crítica de FERNANDO GIL PORTELA VIEIRA)

 Ainda assim, são duas personagens históricas que marcam a história da ação inquisitorial na Paraíba no século XVIII (MACHADO, 1912: 427-8; MELLO, H., 1980: 113-114; NOVINSKY, 2002: 228).

O crítico Fernando Gil Portela Vieira prossegue nos seguintes termos: “Mas é a forma pela qual Machado se refere à figura de Branca Dias que impressiona. Seu livro também não fornece respostas documentais sobre a existência da personagem. Pelo contrário, Branca Dias é tratada de modo bem romântico – “donzela”, “formosa”, “gentil”, cheia de “inocência” e “amor”. Qualidades que, se compartilhadas pelos demais paraibanos, faria qualquer suposto descendente da conversa se orgulhar de antepassada tão virtuosa. Ao afirmar que a tradição sobre a morte de Branca Dias pela  Inquisição é de “mais de um século” – o que, na pior das hipóteses (a partir do ano da morte do autor, 1895), remonta até pelo menos o final do século XVIII –, o livro de  Machado também descarta a possibilidade de a lenda ser criação literária. Vivia na memória dos paraibanos e, como toda memória, tinha um aspecto presencial. A personagem continuava presente na região, mesmo tanto tempo depois de seu suposto martírio.”

É o que se depreende da questão proposta por Joffily no Commercio de Pernambuco: “Diz-se que uma das mais distintas famílias da Paraíba é descendente de BRANCA DIAS. Será exato? Pergunta Fernando Gil Portela Vieira.

 A historiografia tem destacado a participação dos cristãos-novos na colonização da Paraíba, para além das primeiras etapas de povoamento, no século XVI. É certo que da conquista da capitania participou o cristão-novo João Nunes, tido como o “tesoureiro” da comunidade de cristãos-novos de Olinda. Nunes e seu irmão, Diogo Nunes Correia, construíram quatro engenhos na Paraíba; Diogo, aliás, morava na capitania. Fernanda Lustosa destaca o comportamento, mais que “judaizante”, crítico da religião católica e de seus dogmas, manifestado pelos conversos paraibanos ainda no século XVI (LUSTOSA, in GORENSTEIN; CARNEIRO, 2002: 134-137; FEITLER, 2003: 29; 150-152).

Argumenta Fernando Gil que o grupo de cristãos-novos judaizantes que persistia na lei mosaica aqui na Parahyba, foi desbaratado a partir de 1726, quando uma primitiva denúncia levou à prisão de cinqüenta pessoas, duas das quais morreram na fogueira – uma delas, Guiomar Nunes – e oito pereceram no cárcere (LUSTOSA, in GORENSTEIN; CARNEIRO, 2002: 139-143). Nenhum destes presos, porém, foi a “gentil donzela” Branca Dias da tradição paraibana.

A perseguição aos cristãos-novos judaizantes da Paraíba no século XVIII é que situou a personagem Branca Dias naquela centúria. O histórico deste grupo é a principal evidência explicativa da datação apontada por Machado para a prisão de Branca Dias, em meio aos conversos presos nos Setecentos. É necessário, a propósito, destacar dois pontos: o caminho que Irineu Joffily propunha para provar a existência de Branca Dias na Paraíba e a explicação para o fato de o bacharel, em meio ao turbilhão das atividades políticas e jornalísticas, fazer da busca de Branca Dias uma verdadeira meta paraibana.

A razão do primeiro ponto está no valor tributado por Joffily à história como meio legítimo de conhecer o passado. Se Irineu acreditava que Branca Dias realmente existira e vivera na Paraíba, isto não o demitia da obrigação de provar a realidade desta personagem. Para isso, só haveria um caminho: que fossem empreendidos estudos históricos em seu Estado. No artigo publicado no Commercio de Pernambuco em 1897, Joffily acatava a necessidade de uma pesquisa nos arquivos da Inquisição em Lisboa para investigar o assunto. Esta é uma realidade válida ainda hoje para os pesquisadores do Santo Ofício. Mesmo o estudo de um único processado pelo tribunal da fé residente no Brasil requer a pesquisa nos acervos da Torre do Tombo. Como afirma Ronaldo Vainfas, “Estudar a fundo a Inquisição portuguesa, seja sua atuação no Brasil, seja noutras partes, é tarefa que exige visita ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa (TAVARES et alii, 2005).

Se hoje, com o número extenso de pesquisas realizadas nos arquivos inquisitoriais, esta necessidade continua insuperável, quanto mais em fins do século XIX. No artigo citado acima, Joffily relata a ajuda que pedira ao historiador pernambucano Francisco Augusto Pereira da Costa. Em artigo publicado na Revista do Instituto Arqueológico de Pernambuco, Costa havia mencionado o nome de todas as vítimas da Inquisição em Pernambuco conhecidas àquela altura. Uma destas vítimas era filha de certa Branca Dias. Irineu – vemo-lo leitor de publicações historiográficas –, intrigado com a questão, escrevera a Costa pedindo esclarecimentos sobre quem era esta Branca Dias. O pernambucano respondeu:

“O fato que refiro no meu trabalho, da prisão de Brites Fernandes, filha de Diogo Fernandes e de Branca Dias, que teve lugar em Pernambuco, em 1601, é referido por Borges da Fonseca na sua Nobiliarquia, mas com relação especial a BRANCA DIAS, o que sei, consta de uma tradição muito vulgar entre nós e já com foros de cidade [sic] por mais de uma publicação e eu mesmo já utilizei dela em um livrinho que publiquei em 1884, o Mosaico Pernambucano (...) [Costa faz uma referência que intriga Joffily:]

BRANCA DIAS seguiu para Portugal e lá morreu nas fogueiras da Inquisição de cujo auto de fé existe um quadro no Convento de São Francisco na cidade da Paraíba (RIHGB, 1966: 178.

Pereira da Costa diz acreditar que essa Branca Dias fosse realmente a mãe de Brites Fernandes e mulher de Diogo Fernandes – hipótese que seria comprovada no século XX por historiadores como Gonsalves de Mello (MELLO, G., 1996,  especialmente a parte dedicada ao casal de cristãos-novos Diogo Fernandes e Branca Dias) –, o qual, feitor do engenho de Camaragibe, poderia ter comprado um engenho nas terras de Apipucos, junto ao riacho da Prata, que seria, segundo o historiador, o engenho Dois Irmãos (RIHGB, 1966: 179). Irineu, todavia, objetou que só o fato de existir um quadro do auto-de-fé de Branca Dias no Convento de São Francisco, na Paraíba, mostrava que a vítima era paraibana, não pernambucana.

Este era um dos motivos para situar Branca Dias na Paraíba; os outros, a tradição popular no Estado, as piadas que Irineu ouvira na faculdade no Recife e nas conversas familiares... Não faltavam razões para supor que Branca Dias fosse paraibana. Ou melhor, faltava uma: encontrar um documento que o comprovasse.

Irineu adotará uma postura bem mais incisiva quanto à pesquisa histórica sobre Branca Dias quatro anos depois, no jornal A União. Neste texto, após reproduzir a carta do cônego Bernardo (transcrita acima), o bacharel escreve: “O estudo de um fato histórico vale por si só muito mais do que todas as efêmeras produções literárias [...] semelhantes a essas nuvens róseo-douradas do fim do dia, que um momento alegram a vista e logo desaparecem nas trevas da noite (JOFFILY, I., 1977: 447)”. Não poderia ser mais clara a referência a romances, peças, contos, enfim, textos ficcionais, que, se romanceavam a trajetória de personagens históricas, sublimavam a pesquisa documental. Tendo em vista o contato com historiadores do Nordeste, como Pereira da Costa, e a carreira de magistrado – a mesma de seus contemporâneos Henrique Pereira de Mello e Maximiano Machado, membros do Instituto Arqueológico e Histórico pernambucano (MELLO, H., 1980: s/p) – não terá sido impossível que Joffily tivesse um contato com algumas obras ficcionais sobre a cristã-nova Branca Dias.

De todo modo, Irineu descarta a literatura para elucidar o problema da existência de Branca Dias na Paraíba. Os contos e as estórias ouvidas até ali sobre o assunto, se “alegram a vista”, logo deixam o bacharel nas “trevas da noite”. Assim sendo, “Passada a idade juvenil [...] quando a razão entra no seu completo desenvolvimento, o homem tem o dever de empregar-se em estudos mais sérios, de resultados reais, e nenhum mais importante do que os históricos (RIHGB, 1966: 447 ”. finda com estes termos o crítico literário Fernando Gil Portela Vieira.

 Compactuo da ideia de que não há autor nem livros superados, se pensados em determinadas épocas e contextos da escrita, sendo assim, “a história é necessariamente escrita e reescrita a partir das posições do presente, lugar da problemática da pesquisa e do sujeito que a realize”. Portanto, a discussão historiográfica relativa a Branca Dias deve ter como base de análise o entendimento daquilo de Michel de Certeau (1982) chamou de lugar social, ou seja, a inserção do autor no contexto de produção da sua escrita e das suas escolhas teóricas e metodológicas, para assim, entender o discurso histórico construído pelo autor.


 
Loja Maçônica Branca Dias, João Pessoa, Paraíba, Brasil





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