quinta-feira, 11 de abril de 2013

MÉTODO DE EVANGELIZAÇÃO





“A ilusão religiosa é a mais implacável e a mais tenaz, ela vincula uma pulsão e está próxima aos delírios psiquiátricos" (Freud, 1927)


Explorando os mitos.

1. Pessoas não se juntam as seitas. Elas são recrutadas.

2. Pessoas são recrutadas por um método e não por uma mensagem.

3. Pessoas não se mantêm nas seitas porque elas não tem nada melhor para fazer com suas vidas, mas porque coerção psicológica as mantém lá.

4. Seitas tencionam escravizar as pessoas por toda a vida, ou tão pelo máximo de tempo possível que estas tiverem valor para a seita. E isto não é um interesse passageiro ou uma fase.

5. Pessoas normais oriundas de famílias normais são recrutadas por seitas.

6. Os lideres das seitas deveriam ser culpados pelos problemas causados, e não individualmente os membros, ex-membros ou suas famílias. (Síndrome da culpa da vitima). Isto pode acontecer com qualquer um.

7. Os membros das seitas são sinceros (vitimas sinceras, mas sinceras).

8. Os membros das seitas são vitimas e precisam ser tratados com amor. Eles são pessoas que precisam de ajuda, e não hostilidade.

9. As seitas recrutam pessoas de todas as idades, e não somente pessoas jovens.

10. Os recrutamentos das seitas são dificilmente identificados visualmente. Eles normalmente se parecem com pessoas totalmente normais que parecem ser muito amigáveis.

11. Qualquer pessoa pode se tornar uma vitima das técnicas de coerção psicológicas das seitas.

12. Informações precisas sobre as seitas não são obtidas tentando-se uma infiltração nos cultos. Isto é muito perigoso.



 Predisposição para a conversão religiosa

1. Tensão: Uma discrepância entre o que alguém acha de si mesmo e o que esse alguém quer ser

2. Tipos de perspectivas de solução de problemas: perspectivas psiquiátricas, políticas e religiosas estão disponíveis, porém, a maioria escolhe as religiosas.

3. Buscadores: Religiões convencionais parecem inadequadas, então a pessoa se vê como um explorador religioso

4. O Ponto de Retorno: Alguém se sente estando em um estágio crítico de sua vida, então abraça o sentimento de que um importante passo ou mudança está para vir.

5. Circulo de Afetividade das Seitas: Uma amizade ou algum tipo de companheirismo com algum membro de uma seita pode ser estabelecido para que a conversão aconteça. Em um estudo 84.7% dos membros das seitas foram primeiro introduzidos na seita por um amigo ou conhecido de algum grupo.

6. Circulo de Amigos além da Seita: Amizades com pessoas que tem opiniões negativas sobre a seita devem ser enfraquecidas ou pelo menos serem mais fracas do que as amizades com as pessoas da seita.

7. Intensa Interação: Isto separa a conversão "verbal" da conversão "total". Esta interação com o convertido "verbal" é geralmente para que ele se torne um convertido "total" através de uma maior interação com o convertido "total".


 Tipos de Conversão

1. Intelectual: a pessoa estuda a organização sem qualquer participação na organização. Ele é basicamente um crente a partir do momento que ele começa a participar.

2. Mística: A conversão de São Paulo é um exemplo. Esta conversão surge a partir de um poder que vem de fora do individuo com pouca ou nenhuma pressão social envolvida.

3. Experimental: a pessoa participa de uma organização para ver se ela gosta ou se isto é o que ela estava procurando.

4. Afetiva: Uma amizade com um membro da seita é o principal motivo para a conversão.

5. Reavivamento: Uma profunda experiência ocorre em meio a grande emoção no meio de pessoas, isto é suficiente para causar uma conversão.

6. Coerciva: O indivíduo é forçado, sabendo ou não, a se converter. Sete passos são usados:

a. controle total do ambiente da pessoa.

b. incertezas - por exemplo, ser elogiado ou punido por fazer as mesmas coisas em diferentes tempos

c. Isolamento do mundo exterior.

d. Tortura mental e/ou física.

e. Debilitação física e exaustão.

f. Humilhação pessoal.

g. Certificação da culpa individual.



 Conversão Ativa versus Conversão Passiva

O ponto principal de discussão atual no campo da conversão por seitas é se um convertido tem um papel ativo em sua conversão, ou se ele é influenciado para se converter. Mas na parte II nós podemos ver que as duas opções estão corretas - depende de qual tipo de conversão nós estamos falando. Mística, reavivamento, afetiva, e conversão coerciva todas tem largos degraus de influencia sobre a maior parte das conversões passivas, já a conversão intelectual e a experimental são na maioria das vezes eventos realizados pelo próprio convertido. 



Observador Participante

Um importante ponto a observar é que os pesquisadores obtém suas informações sobre seitas quase que totalmente de entrevistas com membros atuais ou antigos de seitas.

Isto está começando a mudar hoje, quase nenhum entrevistador tem experiências diretas dentro de um culto. Informações de segunda mão são frequentemente mal interpretadas, e isto pode ser notado no desenvolvimento de uma pesquisa.

Por exemplo, num artigo objetivando verificar se os membros do Hare Krishna tinham algum prejuízo psicológico por envolverem-se com a seita. Infelizmente, a amostra de membros escolhida foi influenciada pelo próprio movimento Hare Krishna, o que geralmente distorce os resultados. Os Hare Krishnas poderiam esconder aqueles membros que eram psicologicamente instáveis, e de fato há evidencias que muitas seitas simplesmente rejeitam as pessoas que desenvolvem qualquer dificuldade mental.

Então, enquanto os estudiosos não encontram nenhum prejuízo na amostra, não se prova nada exceto a respeito daquelas poucas pessoas estudadas.


Pesquisadores, então, devem querer ou tornar-se um observador participante ou admitir que suas evidências não podem explicar o que acontece dentro de uma seita. Até um observador participante tem dificuldades em mostrar o seu imparcialismo. Usar ex-membros também é problemático porque eles podem tentar mostrar o grupo pior do que realmente é.



METODOS DE REFORMULAÇÃO DO PENSAMENTO

1. Controle do Meio

Envolve "controle da comunicação humana"

a. Controle de comunicação com o exterior - com quem você fala

b. Controle sobre o que você pensa internamente (ex. rejeição a dúvidas, introdução do medo quando algum pensamento "errado" acontece).

"Ele é privado da comunicação externa e da reflexão interna algo que qualquer um necessita para testar a realidade do meio em que vive e manter uma medida de identidade separada desse meio. Ao contrário, ele é doutrinado para fazer uma absurda polarização entre o real (a ideologia da seita) e o irreal (qualquer coisa além)"

2. Manipulação Mística

Feita para produzir "espontaneidade planejada". Os seguidores criam misticismos sobre o grupo e seus objetivos - que é apresentado como a ultima verdade que veio de Deus, ou qualquer outro apelo. O grupo e os seus objetivos são vistos como mais importantes do que qualquer coisa. "qualquer pensamento ou ação que questione os ensinamentos é considerado como sendo estimulado por um mau propósito.

3. Demanda por purificação

O mundo é sabiamente dividido entre puros e impuros. Coisas puras são aquelas inclusas na política do grupo. Todas as impurezas devem ser eliminadas. "A mais importante crença é que a absoluta pureza é atingível, e qualquer coisa feita a alguém em nome dessa pureza é altamente moral". É claro, na verdade ninguém pode atingir absoluta pureza, nisto resulta vergonha e culpa. O grupo é onde você ganha "perdão" desta culpa. A culpa provém do contato com o mundo impuro, então a pessoa se afunda mais e mais dentro do grupo.

4. Culto de confissão

Confissão é um método usado para se livrar da impureza.

a. Você deve freqüentar a seita para purificação.

b. Você deve abrir a mente para a seita para se purificar.

c. Sua mente torna-se propriedade da seita

d. Confissão torna-se uma habilidade após um tempo.

e. Alguém pode aprender como manter segredos com o objetivo de ter alguma identidade. Mas isto leva a tensão e culpa. 
 

5. A "Ciência Sagrada"

A seita proclama ter absoluta precisão científica - não há dúvida que sua afirmação é verdadeira. Duvidar significa ser "anti-cientifico" ou maluco. Não há necessidade da busca pela verdade, e de fato tal busca é um desvio da verdade e a negação dela (qualquer um pode ver porque há tão pouca preocupação com a educação).

6. Incorporando a linguagem

"O mais estudado e complexo dos problemas humanos são as crenças, altamente restritivas, frases interiorizadas, facilmente memorizáveis e expressadas" (p.429).

Costuma marcar os membros do grupo - você "conhece o linguajar". 

7. Doutrinação pessoal

As histórias de uma pessoa são transformadas de acordo com a doutrina da seita. Todos têm que se adaptar aos dizeres da doutrina. Se a experiência de alguém contradiz a doutrina, uma elaboração racional irá explicar a discrepância e provar que a doutrina está certa e a experiência está errada.

Um excelente exemplo disto ocorreu em 1844. William Miller convenceu milhares de que Cristo voltaria no dia 22 outubro. Os crentes vestiram-se de roupas brancas e subiram colinas para esperar sua volta. Como Cristo não retornou, Miller admitiu que tinha errado, desculpou-se, e nunca profetizou novamente.

Mas Ellen G. White, uma seguidora de Miller, declarou que Cristo tinha realmente feito um grande ato - Ele tinha ido neste dia na biblioteca do céu para começar o julgamento sobre o destino dos mortos. A partir desta argumentação surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

8. Dispensa da existência

Pessoas de fora são vistas como incompletas. Eles estão perdendo algum aspecto de suas vidas que os membros da seita têm. Então há esperança para os de fora se eles se juntarem a seita, a menos que elas já tenham participado e rejeitado a mensagem. A seita decide quem é uma pessoa real e quem não é.

"O totalitarismo ideológico... invoca emoções destrutivas, produz opressão intelectual e psicológica, e priva a pessoa de tudo o que é mais sublime e imaginativo - sob a falsa promessa de eliminar todas as nossas imperfeições as quais ajudam a definir a condição humana"


ANTÍDOTOS

1. Saiba quem você é e porque você é do jeito que você é. Você é único e poderia ser uma perda para você eliminar sua identidade em favor de um grupo que não encoraja você a formular questões profundas.

2. Veja em você um modelo. Deixe esta pessoa ser alguém que você conhece bem, respeita e admira. Esta pessoa irá ajudar você a atravessar os momentos difíceis e irá inspirar você durantes os bons momentos.

3. Saiba o que os cultos estão vendendo. Entenda estes assuntos antes que você tenha um dialogo com eles.

4. Esteja atento as pessoas que querem ser seus melhores amigos em seu primeiro encontro, quem quer que você compartilhe seus detalhes pessoais e individuais com ele, quando você nem bem o conhece nem ele a você.

5. Esteja atento aos grupos ou pessoas que subitamente separam você de seus amigos e família e substituem seu grupo familiar.

6. Todos nós temos coisas que não gostamos em nós mesmos. Isto nos faz mais vulneráveis porque as seitas são especialistas em identificar estes problemas e providenciar rápidas e fáceis respostas para eles.

7. Todos nós crescemos. Como parte disso nós tentamos nos livrar da autoridade de nossos pais. Alguns são mais rebeldes do que outros. Não deixe que este tempo seja um tempo onde você troca o controle de seus pais por um controle mais forte e mais exigente de uma seita que não irá lhe permitir autonomia e individualidade.

8. "Isto não irá acontecer comigo" são freqüentemente as ultimas palavras que alguém diz antes que isto aconteça. Quando suas defesas estão em baixa você está mais vulnerável do que o normal.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

AS 95 TESES DE LUTERO


[Essas teses foram afixadas na porta da igreja do Castelo de Wittenberg a 1o de outubro de 1517. Era esse o modo usual de se anunciar uma disputa, instituição regular da vida universitária e não havia nada de dramático no ato. Lutero confiava receber o apoio do papa pelo fato de revelar os males do tráfico das indulgências.]

Uma disputa do Mestre Martinho Lutero, teólogo, para elucidação da virtude das indulgências.

Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, o façam por escrito. Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

1. Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo em dizendo "Arrependei-vos, etc.), afirmava que toda a vida dos fiéis deve ser um ato de arrependimento.

2. Essa declaração não pode ser entendida como o sacramento da penitência (i. e., confissão e absolvição) que é administrado pelo sacerdócio.

3. Contudo, não pretende falar unicamente de arrependimento interior; pelo contrário, o arrependimento interior é vão se não produz externamente diferentes espécies de mortificação da carne.

4. Assim, permanece a penitência enquanto permanece o ódio de si (i. e., verdadeira penitência interior), a saber, o caminho reto para entrar no reino dos céus.

5. O papa não tem o desejo nem o poder de perdoar quaisquer penas, exceto aquelas que ele impôs por sua própria vontade ou segundo a vontade dos cânones.

6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoado os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações a culpa permaneceria.

7. Deus não perdoa a culpa de ninguém sem sujeitá-lo à humilhação sob todos os aspectos perante o sacerdote, vigário de Deus.

8. Os cânones da penitência são impostas unicamente sobre os vivos e nada deveria ser imposta aos mortos segundo eles.

9. Por isto o Espírito Santo nos beneficia através do papa, mas sempre faz exceção de seus decretos no caso da iminência da morte e da necessidade.

10. Os sacerdotes que no caso de morte reservam penas canônicas para o purgatório agem ignorante e incorretamente.

11. Esta cizânia que se refere à mudança de penas canônicas em penas no purgatório certamente foi semeada enquanto os bispos dormiam.

12. As penitências canônicas eram impostas antigamente não depois da absolvição, mas antes dela, como prova de verdadeira contrição.

13. Os moribundos pagam todas as suas dívidas por meio de sua morte e já estão mortos para as leis dos cânones, estando livres de sua jurisdição.

14. Qualquer deficiência em saúde espiritual ou e amor por parte de um homem moribundo deve trazer consigo temor, e quanto maior for a deficiência maior deverá ser o temor.

15. Esse temor e esse terror bastam por si mesmos para produzir as penas do purgatório, sem qualquer outra coisa, pois estão pouco distante do terror do desespero.

16. Com efeito, a diferença entre Inferno, Purgatório e Céu parece ser a mesma que há entre desespero, quase-desespero e confiança.

17. Parece certo que para as almas do purgatório o amor cresce na proporção em que diminui o terror.

18. Não parece estar provado, quer por argumentos quer pelas Escrituras, que essas almas estão impedidas de ganhar méritos ou de aumentar o amor.

19. Nem parece estar provado que elas estão seguras e confiantes de sua bem-aventurança, ou, pelo menos, que todas o estejam, embora possamos estar seguros disso.

20. O papa pela remissão plenária de todas as penas não quer dizer a remissão de todas as penas em sentido absoluto, mas somente das que foram impostas por ele mesmo.

21. Por isto estão em erro os pregadores de indulgências que dizem ficar um homem livre de todas as penas mediante as indulgências do papa.

22. Pois para as almas do purgatório ele não perdoa penas a que estavam obrigadas a pagar nesta vida, segundo os cânones.

23. Se é possível conceder remissão completa das penas a alguém, é certo que somente pode ser concedida ao mais perfeito; isto quer dizer, a muito poucos.

24. Daí segue-se que a maior parte do povo está sendo enganada por essas promessas indiscriminadas e liberais de libertação das penas.

25. O mesmo poder sobre o purgatório que o papa possui em geral, é possuído pelo bispo e pároco de cada dioceses ou paróquia.

26. O papa faz bem em conceder remissão às almas não pelo poder das chaves (poder que ele não possui), mas através da intercessão.

27. Os que afirmam que uma alma voa diretamente para fora (do purgatório) quando uma moeda soa na caixa das coletas, estão pregando uma invenção humana (hominem praedicant).

28. É certo que quando uma moeda soa, cresce a ganância e a avareza; mas a intercessão (suffragium) da Igreja está unicamente na vontade de Deus.

29. Quem pode saber se todas as almas do purgatório desejam ser resgatadas? (Que se pense na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal).

30. Ninguém está seguro na verdade de sua contrição; muito menos de que se seguirá a remissão plenária.

31. Um homem que verdadeiramente compra suas indulgências é tão raro como um verdadeiro penitente, isto é, muito raro.

32. Aqueles que se julgam seguros da salvação em razão de suas cartas de perdão serão condenados para sempre juntamente com seus mestres.

33. Devemos guardar-nos particularmente daqueles que afirmam que esses perdões do papa são o dom inestimável de Deus pelo qual o homem é reconciliado com Deus.

34. Porque essas concessões de perdão só se aplicam às penitências da satisfação sacramental que foram estabelecidas pelos homens.

35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.

36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plenária tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de perdão.

37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem cartas de perdão.

38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina.

39. É muito difícil, mesmo para os teólogos mais sábios, dar ênfase na pregação pública simultaneamente ao benefício representado pelos indulgências e à necessidade da verdadeira contrição.

40. Verdadeira contrição exige penitência e a aceita com amor; mas o benefício das indulgências relaxa a penitência e produz ódio a ela. Tal é pelo menos sua tendência.

41. Os perdões apostólicos devem ser pregados com cuidado para que o povo não suponha que eles são mais importantes que outros atos de amor.

42. Deve ensinar-se aos cristãos que não é intenção do papa que se considera a compra dos perdões em pé de igualdade com as obras de misericórdia.

43. Deve ensinar-se aos cristãos que dar aos pobres ou emprestar aos necessitados é melhor obra que comprar perdões.

44. Por causa das obras do amor o amor é aumentado e o homem progride no bem; enquanto que pelos perdões não há progresso na bondade mas simplesmente maior liberdade de penas.

45. Deve ensinar-se aos cristãos que um homem que vê um irmão em necessidade e passa a seu lado para dar o seu dinheiro na compra dos perdões, merece não a indulgência do papa, mas a indignação de Deus.

46. Deve ensinar-se aos cristãos que – a não ser que haja grande abundância de bens – são obrigados a guardar o que é necessário para seus próprios lares e de modo algum
gastar seus bens na compra de perdões.

47. Deve ensinar-se aos cristãos que a compra de perdões é matéria de livre escolha e não de
mandamento.

48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que de dinheiro contado.

49. Deve ensinar-se aos cristãos que os perdões do papa são úteis se não se põe confiança neles, mas que são enormemente prejudiciais quando por causa deles se perde o temor de Deus.

50. Deve ensinar-se aos cristãos que, se o papa conhecesse as exações praticadas pelos pregadores de indulgências, ele preferiria que a basílica de São Pedro fosse reduzida a cinzas a construí-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51. Deve ensinar-se aos cristãos que o papa – como é de seu dever – desejaria dar os seus próprios bens aos pobres homens de quem certos vendedores de perdões extorquem o dinheiro; que para este fim ele venderia – se fosse possível – a basílica de São Pedro.

52. Confiança na salvação por causa de cartas de perdões é vã, mesmo que o comissário, e até mesmo o próprio papa, empenhasse sua alma como garantia.

53. São inimigos de Cristo e do povo os que em razão da pregação das indulgências exigiam que a palavra de Deus seja silenciada em outras igrejas.

54. Comete-se uma injustiça para com a palavra de Deus se no mesmo sermão se concede tempo igual, ou mais longo, às indulgências do que a palavra de Deus.

55. A intenção do papa deve ser esta: se a concessão dos perdões – que é matéria de pouca importância – é celebrada pelo toque de um sino, como uma procissão e com uma cerimônia, então o Evangelho – que é a coisa mais importante – deve ser pregado com o acompanhamento de cem sinos, de cem procissões e de cem cerimônias.

56. Os tesouros da Igreja – de onde o papa tira as indulgências – não estão suficientemente esclarecidos nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57. É pelo menos claro que não são tesouros temporais, porque não estão amplamente espalhados mas somente colecionados pelos numerosos vendedores de indulgências.

58. Nem são os méritos de Cristo ou dos santos, porque esses, sem o auxílio do papa, operam a graça do homem interior e a crucificação, morte e descida ao inferno do homem exterior.

59. São Lourenço disse que os pobres são os tesouros da Igreja, mas falando assim estava usando a linguagem de seu tempo.

60. Sem violências dizemos que as chaves da Igreja, dadas por mérito de Cristo, são esses tesouros.

61. Porque é claro que para a remissão das penas e a absolvição de casos (especiais) é suficiente o poder do papa.

62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o sacrossanto Evangelho da glória e da graça de Deus.

63. Mas este é merecidamente o mais odiado, visto que torna o primeiro último.

64. Por outro lado, os tesouros das indulgências são merecidamente muito populares, visto que fazem do último primeiro

65. Assim os tesouros do Evangelho são redes com que desde a Antigüidade se pescam homens de bens.

66. Os tesouros das indulgências são redes com que agora se pescam os bens dos homens.

67. As indulgências, conforme declarações dos que as pregam, são as maiores graças; mas "maiores" se deve entender como rendas que produzem.

68. Com efeito, são de pequeno valor quando comparadas com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69. Bispos e párocos são obrigados a admitir os comissários dos perdões apostólicos com toda a reverência.

70. Mas estão mais obrigados a aplicar seus olhos e ouvidos à tarefa de tornar seguro que não pregam as invenções de sua própria imaginação em vez de comissão do papa.

71. Se qualquer um falar contra a verdade dos perdões apostólicos que sejam anátema e amaldiçoado.

72. Mas bem-aventurado é aquele que luta contra a dissoluta e desordenada pregação dos vencedores de perdões.

73. Assim como o papa justamente investe contra aqueles que de qualquer modo agem em detrimento do negócio dos perdões.

74. Tanto mais é sua intenção investir contra aqueles que, sob o pretexto dos perdões, agem em detrimento do santo amor e verdade.

75. Afirmar que os perdões papais têm tanto poder que podem absolver mesmo um homem que – para aduzir uma coisa impossível – tivesse violado a mão de Deus, é delirar como um lunático.

76. Dizemos ao contrário, que os perdões papais não podem tirar o menor dos pecados veniais no que tange à culpa.

77. Dizer que nem mesmo São Pedro e o papa, não podia dar graças maiores, é uma blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc. como em 1 Co 12.

79. É blasfêmia dizer que a cruz adornada com as armas papais tem os mesmos efeitos que a cruz de Cristo.

80. Bispos, párocos e teólogos que permitem que tal doutrina seja pregada ao povo deverão prestar contas.

81. Essa licenciosa pregação dos perdões torna difícil, mesmo a pessoas estudadas, defender a honra do papa contra a calúnia, ou pelo menos contra as perguntas capciosas dos leigos.

82. Esses perguntam: Por que o papa não esvazia o purgatório por um santíssimo ato de amor e das grandes necessidades das almas; isto não seria a mais justa das causas visto que ele resgata um número infinito de almas por causa do sórdido dinheiro dado para a edificação de uma basílica que é uma causa bem trivial?

83. Por que continuam os réquiens e os aniversários dos defuntos e ele não restitui os benefícios feitos em seu favor, ou deixa que sejam restituídos, visto que é coisa errada orar pelos redimidos?

84. Que misericórdia de Deus e do papa é essa de conceder a uma pessoa ímpia e hostil a certeza, por pagamento de dinheiro, de uma alma pia em amizade com Deus, enquanto não resgata por amor espontâneo uma alma que é pia e amada, estando ela em necessidade?

85. Os cânones penitenciais foram revogados de há muito e estão mortos de fato e por desuso. Por que então ainda se concedem dispensas deles por meio de indulgências em troca de dinheiro, como se ainda estivesse em plena força?

86. As riquezas do papa hoje em dia excedem muito às dos mais ricos Crassos; não pode ele então construir uma basílica de São Pedro com seu próprio dinheiro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos fiéis?

87. O que o papa perdoa ou dispensa àqueles que pela perfeita contradição têm direito à remissão e dispensa plenária?

88. Não receberia a Igreja um bem muito maior se o papa fizesse cem vezes por dia o que agora faz uma única vez, isto é, distribuir essas remissões e dispensas a cada um dos fiéis?

89. Se o papa busca pelos seus perdões antes a salvação das almas do que dinheiro, por que suspende ele cartas e perdões anteriormente concedidos, visto que são igualmente eficazes?

90. Abafar esses estudos argumentos dos fiéis apelando simplesmente para a autoridade papal em vez de esclarecê-los mediante uma resposta racional, é expor a Igreja e o papa ao ridículo dos inimigos e tornar os cristãos infelizes.

91. Se os perdões fossem pregados segundo o espírito e a intenção do papa seria fácil resolver todas essas questões; antes, nem surgiriam.

92. Portanto, que se retirem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "paz, paz", e não há paz.

93. E adeus a todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "a cruz, a cruz", e não há cruz.

94. Os cristãos devem ser exortados a esforçar-se em seguir a Cristo, sua cabeça, através de sofrimentos, mortes e infernos.

95. E que eles confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.

                                  -o0o-


Este documento contendo as 95 teses foi logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas se haviam espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses, por toda a Europa. Este foi o primeiro episódio da História em que a imprensa teve papel fundamental, pois facilitou a distribuição simples e ampla do documento.


REFORMA LUTERANA O IDEÁRIO LUTERANO

Estas 95 teses encontraram dois tipos de reação: a excitação dos nobres, que viam no ataque à Igreja uma possibilidade de avançar sobre as terras católicas, e a indignação de Roma que em represália acabou decretando a excomunhão de Marinho Lutero, o exmonge uma atitude audaciosa queimaria a bula papal em público.

Estava declarada a guerra contra a sua antiga fé. Uma série de encontros ocorreria entre Lutero e seus discípulos e a Igreja Católica (Dieta de Worms: Dieta de Augsburgo), onde o reformador apadrinhado pelos príncipes do Sacro-império defenderia a criação de uma nova igreja (chamada pelos católicos de protestante) e a elaboração de uma nova interpretação da doutrina crista. Veja alguns pontos deste doutrina:

A) - A LIVRE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA:
Um dos aspectos mais importantes a serem notados no ideário luterano seria a convicção de que as sagradas escrituras eram a única fonte de verdade cristã. Os livros que compõem a Bíblia foram originalmente escritos em aramaico e grego, àquela altura os textos eram lidos em latim (idioma dominado praticamente pela Igreja Católica apenas) o que garantia que a interpretação de seu conteúdo fosse um privilégio dos elencos. Martinho Lutero discordava desta condição, pregava que a cada cristão estava reservado o direito de ter a sua interpretação individual dos evangelhos, para tanto traduziu a Bíblia para o alemão, ato considerado herético por Roma.

B) A TEORIA DE SALVAÇÃO:
A Igreja Católica era defensora de que os bons homens se salvam por suas obras, caracterizando a teoria do “livre arbítrio” segundo a qual Deus deu aos homens a faculdade de escolher entre o caminho do bem e do mal, este pensamento foi criticado por Martinho Lutero que o contrapôs com a defesa da “predestinação”, onde todos os homens já tinham sua salvação garantida ou a danação decretada no ato da criação. Os luteranos acreditariam na “salvação pela fé”, uma vez que a manifestação de uma vida regrada seguidora dos ensinamentos bíblicos seria o maior indicio da “escolha divina”.


C) A CONFISSÃO DE AUGSBURGO (1530):
Algumas das transformações propostas por Martinho Lutero estão resumidas neste documento, redigido por seu seguidor Felipe Melanchton, a seguir iremos resumir alguns dos principais elementos:

• Negação da autoridade e da infalibilidade papal.
• A Abolição do celibato sacerdotal.

• Abolição do culto dos santos e da Virgem.

terça-feira, 9 de abril de 2013

QUE HOMENS JÁ FORAM CONSIDERADOS MESSIAS, ANTES E DEPOIS DE JESUS?

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Praticamente todas as grandes religiões do mundo têm uma figura messiânica, que virá para combater o mal e a injustiça, restaurando o paraíso sobre a Terra. A palavra "Messias" deriva do termo hebraico mashiah, que significava originalmente "ungido", indicando alguém marcado na testa com óleo sagrado para realizar cerimônias religiosas. Com o passar do tempo, seu sentido passou a descrever uma figura semidivina que deveria vir à Terra para resgatar seu povo - um salvador. Para os judeus, ele deveria ser um rei descendente de Davi (que reinou no antigo Israel entre 1000 a.C. e 962 a.C.), com a missão de livrar os israelitas da opressão estrangeira e implantar um mundo de justiça e salvação. 

Quando o Novo Testamento foi escrito, em grego, no primeiro século da era cristã, a expressão mashiah foi traduzida como christos e tornou-se o título de Jesus - ou seja, dizer "Jesus Cristo" é o mesmo que dizer "Jesus, o Messias". Mas, como dissemos no início, o conceito de Messias não se limita ao judaísmo e ao cristianismo. Veja a seguir alguns homens que, em épocas, culturas e lugares variados, foram considerados como encarnações do Messias.

Exército da salvação Todas as maiores religiões possuem figuras equivalentes ao Messias


JESUS
RELIGIÃO - Cristianismo
ÉPOCA - Século 1
De início, foi reconhecido como Messias por grupos judeus que viram nele a encarnação de profecias do Velho Testamento, apontando para a vinda de um salvador. Mais tarde, ao pregar a existência de um mundo mais justo onde todos poderiam ser salvos por mérito próprio, foi considerado Messias por seus seguidores, que dariam origem a uma nova religião, o cristianismo.







SIDARTA GAUTAMA
RELIGIÃO - Budismo
ÉPOCA - Séculos 6 e 5 a.C.
Conhecido como Buda Sakyamuni ("o sábio do clã Sakya"), foi um líder espiritual no que hoje é o Nepal. Abandonou a vida nobre para buscar a salvação da humanidade. Séculos mais tarde, influências da religiosidade chinesa fizeram com que Sidarta fosse representado como um homem gordo - mas ele vivia como mendigo.









IBN TUMART
RELIGIÃO - Islamismo
ÉPOCA - Século 12
A religião aceita a existência de um líder com inspiração divina, o mahdi. Nascido em 1080 no atual Marrocos, Ibn Tumart foi reconhecido como mahdi por seus seguidores ao pregar uma rigorosa doutrina jurídica e religiosa baseada no estudo cuidadoso do livro sagrado, o Alcorão. Não há desenhos dele porque o islamismo veta a veneração de imagens.











KRISHNA
RELIGIÃO - Hinduísmo
ÉPOCA - Século 5 a.C.
Embora sua existência real seja controversa, Krishna teria sido um pastor que viveu no que hoje é a Índia, tendo dedicado sua vida inteira à luta para proteger a virtude e expulsar da Terra os espíritos do mal. Foi reconhecido como Messias por várias correntes do hinduísmo e também pelos adeptos da RELIGIÃO - bahaísta, nascida no atual Irã.













SIMÃO BAR KOKHBA
RELIGIÃO - Judaísmo
ÉPOCA - Século 2
Líder de um movimento político que virou revolta contra os ocupantes romanos de Jerusalém, foi reconhecido como Messias e rei pelos principais rabinos do judaísmo da ÉPOCA - por seu papel na luta contra a opressão. Deflagrou uma guerra contra os romanos entre 133 e 135, mas foi morto, e seu movimento acabou derrotado.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A PAPISA JOANA







JOANA PAPISA 

Vide, também este nome – seu verdadeiro nome: Gilberta (Nome de batismo). E seu apelido: - Anglica – por ter nascido na Inglaterra. Vários livros – e todos Católicos – tratam da vida desta mulher. Papisa Joana, que nos idos de 848 chegou ao altíssimo e supremo cargo de Suma Pontífice da Igreja Romana.



Era inteligentíssima menina inglesa. Fugiu de casa, travestida de homem (vide “Papisa Joana”, edição Católica devidamente autorizada pela antiga e exigentíssima Cúria Romana, de autoria do Monge Wernero Besllevinsh, contemporâneo da Papisa, no seu livro: - “Fasciculus Temporum Aetatis”, do ano de 850 – V. VI, existente em todas as bibliotecas do mundo – e em algumas livrarias). Aqui, pois, neste verbete, não há – nem poderia haver – sectarismo religioso. Há na verdade: - o fato – relatado por vários autores e numerosos livros – e todos católicos, e anteriores a 1555, data em que o Papa proibiu que tais livros fossem disseminados.



A Papisa Joana chegou às púrpuras cardinalísticas no ano de 848. De Cardial passou a Papa – apesar de ser mulher. E, assim, como Sumo Pontífice, reinou durante 2 anos, 5 meses e 4 dias, do primeiro milênio da nossa época. Repetimos: ano 848, e 2 anos, 5 meses e 4 dias, de duração de seu pontificado.






HISTÓRICO

As mulheres, àquele tempo, eram consideradas “coisas”, eram escravas por assim dizer. Não podiam sequer frequentar escolas, o que, aliás, chegou o nossos dias, até ao século findo, século XIX, pois somente agora no século XX, a mulher virou quase homem, e até já vestem calças... Assim, pois a futura Papisa Joana, não podendo aos 15 anos, frequentar escolas públicas, e o pouco que sabia aprendeu em casa, resolveu, travestida de homem, fugir para a Grécia – e, ali, onde ninguém a conhecia como tal (mulher) e, sim, como rapaz, vestida que estava de homem, afinal, era “homem” e com o nome de João (embora, como acima ficou dito, seu verdadeiro nome fosse Gilberta) encontrou, certo dia, nas ruas de Atenas, um frade pedindo esmolas para o seu convento. O nome do frade era Frumêncio.



A mulher-homem, a futura papisa Joana, simpatizou-se com o também jovem frade Frumêncio, fez-se amigo dele e convidou-o a deixar seu claustro.



O convento de Frumêncio era chamado “Convento de Fula”. Aquiescendo, o frade, foram ambos, já amancebados morar juntos, e logo a futura papisa lhe foi dizendo que estava vestida de calças mas era mulher e não homem! Ambos jovens, fortes e vigorosos... assim conviveram algum tempo.



Frumêncio, porém, ao que se crê, já cheio de suas luxúrias, foi a Roma pedir perdão ao Papa a fim de – só assim – poder voltar para um outro Convento. Enquanto isso, “João” – a futura papisa – já suficientemente enfronhada (por Frumêncio) dos segredos dos Conventos – dos modus faciendi para as internações, não teve nenhuma dificuldade em se fazer frade do Convento de São Martinho, mais conhecido por Mosteiro. Daí, após longos estudos, saiu “frade” para correr mundo... Depois de longa peregrinação pela Itália, acabou (dado seus altos dotes intelectuais) auxiliar o Papa Leão IV, e, ao fim de longos anos, seu “secretário” de confiança. Com a morte deste Papa, ele mesmo, o Papa, antes de morrer, indicou para seu substituto o seu “Secretário” – embora, como era de praxe, a homologação tivesse de ser feita – como foi – pelo Clero, Nobreza e Povo.



Foi eleito Papa como o nome de João VIII. Fez ser secretário um Cardeal – Cardeal Floro. Mas certo dia... (Ah! a carne é fraca) – viu-se na contingência de lhe dizer (ao secretário) que era mulher!



Estarrecido, o Secretário quase desmaiou de pânico pelo imprevisto da revelação e pela surpresa!... o que não o impediu, todavia, de muito logo conviver com a Papisa. Mas num dia de calamidade pública (2 anos, 5 meses e 4 dias depois de sua ascensão) em que “várias pestes assolavam Roma”, além de uma “nuvem de gafanhotos”, Roma inteira conclamava a presença do Papa para fazer milagre, e sair à rua a fim de pedir a Deus clemência para a cessação da calamidade.



Mas a Papisa estava grávida de 8 meses para 9 e, por isso, estava refugiada na quinta papal, no alto sertão. Coagida, todavia, pelo Clero e pelos Embaixadores, teve que sair de seus esconderijos, da casa de campo, e vir à rua, a cavalo, pois, ao tempo, não havia a “Cadeira Gestatória.” Foi quando teve a dor do parto nas imediações da Igreja de São Clemente (junto ao marco de Nero) e ali mesmo teve a criança morrendo, ambos, no meio da praça!







É tudo da história romana, autêntica, em livros dos cardeais que assistiram ao parto, livros em latim, e não lendas. Está nos livros! Mas o povo fanático, ontem como hoje, dizia que, com a graça de Deus, “o papa virou mulher” e, assim, “era mais um milagre de Deus”... E erigiram, de logo no local uma estátua para mãe e filho! (A estátua era ela com o filho ao colo nos braços...) Por estranho que pareça, tal estátua durou 7 séculos, e perpetuou a “glória dessa mulher” 700 anos!



Ali esteve a estátua, até que... já no ano de 1568 (quando o Brasil comemorava seus 68 anos) o Papa Pio V, que então reinava no Vaticano, inteligentemente mandou arrancar tudo (estátua e seus dizeres).



Da Papisa Joana ainda existe um busto comemorativo de seu pontificado feminino, mas não em Roma, e, sim, em Toscana, Itália, na catedral de Siene. Dito busto está entre os Papas Benedito III e Leão IV.



Vasta é a bibliografia a respeito para quem quiser ler. A cadeira giratória com um orifício do centro para se ver, de fato, apalpado por cardeais no ato da posse, se, depois, da Papisa Joana outras mulheres se inculcariam “papa” – esta cadeira é público e notória está ainda, no Museu do Vaticano, e é de conhecimento bibliográfico universal. E está no seu Museu (da Santa Sé) em Roma, para quem quiser ver.



Mas, convenhamos, àquela época tudo isso era cediço, comum, mercê de uma ignorância geral, não há, pois, neste evento, nenhum desdouro para a atual Religião Católica.



A Igreja – no caso a Cúria Romana – nega peremptoriamente a existência da Papisa Joana – atribuindo essa lenda a uma perfídia dos Protestantes. E, quanto a estátua de uma mulher com um filhinho no colo, precisamente no local onde Joana teria tido a sua criança, a Cura diz que “era uma estátua de uma divindade pagã com uma criança no colo, e que um papa mandou jogar no Tibre.”



E, quanto a existência de uma cadeira furada (de mármore) na Basílica de São João Latrão, que depois passou para o Museu, “era proveniente, das Termas”.



Nada temos a opor a estas assertivas. Cumpre-nos apenas registrar que a religião Católica nega. Mas só nega agora, há 50 anos para cá. Entretanto o busto da Papisa Joana está na Catedral de Sienne; onde ainda agora, em 1923, vimos Joana Papisa em bronze entre os bustos de Leão IV e Benedito III.



Fonte

PEQUENO DICIONÁRIO HISTÓRICO E ELUCIDATIVO DE ASSUNTOS POUCOS VULGARES.

Autor – Desembargador Alfredo de Castro Silveira
Rua Djalma Ulrich, 271 – Apto. 503
Copacabana – Guanabara.


Sobre o primeiro esboço deste Pequeno Dicionário escreveu Brito Broca no “Correio da Manhã” e no “Município” de Guaratinguetá, o seguinte:

“O Autor deste Pequeno Dicionário contou com tão poucos colaboradores no seu trabalho, que, sem favor, pode ser ele considerado (neste particular) o mais notável feito por um só homem. E, como já dissemos em crônica anterior, de 10 de setembro de 1960, - tê-lo compondo centenas de verbetes que integram o livro, sempre claros e explícitos na sinonímia. – Enfim, uma tarefa exaustiva e meritória, da qual se desobrigou com maestria.”

Nota do Editor
Brito Broca, autor da “Vida Literária de 1900”, foi um dos críticos mais imparciais e o publicista mais notável da imprensa carioca e paulista destes últimos trinta anos.






domingo, 7 de abril de 2013

CARTA ABERTA A FREI BETTO




 Deixo claro que trago o texto abaixo não para falar mal do petismo, embora eu também esteja descontente com alguns métodos de jogo político do PT, mas sim para tornar mais público o protesto de Gerardo contra a ateofobia de Frei Betto.


por Gerardo Xavier Santiago

Senhor Carlos Alberto Libânio Christo, escrevo esta carta para manifestar a minha profunda indignação com o seguinte trecho de seu artigo publicado na Folha de São Paulo em 10 de outubro deste ano de 2010, intitulado “Dilma e a fé cristã”: “nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar com violência os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.”


Como sempre, o seu domínio da língua de Camões é perfeito, o senhor realmente escreve com uma clareza solar. No afã de defender a sua candidata a presidente da República, cuja campanha enfrenta óbvias dificuldades, o senhor compara a prática hedionda e inumana da tortura ao ateísmo militante. Eu sou ateu militante, membro colaborador da ATEA, uma associação brasileira de ateus e agnósticos. O senhor me comparou a um torturador!


Senhor Carlos Alberto, eu nunca pertenci a nenhuma organização totalitária, como a Juventude Hitlerista, por exemplo. E não o faria nem que me pendurassem no pau-de-arara, me dessem choques, me afogassem e me matassem. Com dezessete anos de idade dava o lombo aos cassetetes e respirava gás lacrimogêneo nas ruas para que o senhor fosse anistiado e para restaurar as liberdades democráticas no Brasil. Ajudei a construir o PT e a levar o seu amigo Lula ao Planalto. Felizmente há três anos estou rompido com esse partido e esse governo, que prostituíram os meus sonhos de juventude na lama dos mensalões e na aliança com gente como o ex-presidente Collor e outros similares.


Ao agredir dessa forma infame e injusta aos que não partilham de sua crença em um deus, o senhor mostra a sua intolerância e os seus pendores totalitários. Uma vez li algo que o senhor disse ou escreveu (talvez em seu livro “Calendário do poder”), no sentido de que não é por ser um frade dominicano que o senhor teria que carregar nos ombros a culpa pelas atrocidades da Inquisição. Pelo seu artigo percebo que é verdade. O senhor traz consigo o espírito da Inquisição sem nenhuma culpa por isso.

Gerardo Xavier Santiago, advogado, militante do PT entre 1980 e 2007, ateu, atualmente sem partido

sábado, 6 de abril de 2013

O QUE É A LENDA DO SANTO GRAAL?

É uma lenda que atribui poderes divinos a um cálice sagrado, que teria sido usado por Jesus na última ceia. Essa, porém, é uma versão medieval de um mito que surgiu muito antes da Era Cristã. Na Antiguidade, os celtas - povo saído do centro-sul da Europa e que se espalhou pelo continente - possuíam um mito sobre uma vasilha mágica. Os alimentos colocados nela, quando consumidos, adquiriam o sabor daquilo que a pessoa mais gostava e ainda lhe davam força e vigor. 

É provável que, na Idade Média, tal história tenha inspirado a lenda "cristianizada" sobre o Santo Graal. Na literatura, os registros pioneiros dessa fusão entre a mitologia celta e a ideologia cristã são do século 12. "As lendas orais migraram para textos de cunho historiográfico, desses textos para versos e dos versos para um ciclo em prosa", diz o filólogo Heitor Megale, da Universidade de São Paulo (USP), organizador do livro A Demanda do Santo Graal, que esmiúça esse tema.

Ainda no final do século 12, o escritor francês Chrétien de Troyes foi o primeiro a usar a lenda do cálice sagrado nas histórias medievais que falavam sobre as aventuras do rei Artur na Inglaterra. A partir daí, outros autores, como o poeta francês Robert de Boron, no século 13, reforçaram a ligação entre os mitos do cálice e do rei Artur descrevendo, por exemplo, como o Santo Graal teria chegado à Europa. Foi Boron quem acrescentou um outro nome importante nessa história: o personagem bíblico José de Arimatéia. Nos romances de Boron, Arimatéia é encarregado de guardar e proteger o Santo Graal. Apesar das várias referências cristãs, essas histórias não são levadas a sério pela Igreja Católica. "O cálice da Santa Ceia tem o valor simbólico da celebração da eucaristia. Já seu poder mágico é só uma lenda", diz o teólogo Rafael Rodrigues Silva, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Poderosa ou não, o fato é que essa relíquia cristã jamais foi encontrada de fato.

A jornada do cálice Romances medievais contam que, de Jerusalém, ele teria sido levado para a Inglaterra
 
1. Em Jerusalém, durante a última ceia com os 12 apóstolos, Jesus Cristo converte o pão e o vinho em seu corpo e seu sangue - esse sacramento, denominado eucaristia, é um dos pontos máximos dos rituais cristãos. O cálice usado por Cristo nessa ocasião é o chamado Santo Graal

2. Após a última ceia, Jesus é preso e crucificado. Um judeu rico que era seu seguidor, José de Arimatéia, pede autorização para recolher o corpo e sepultá-lo. Antes, porém, um soldado romano fere o corpo de Cristo para ter certeza de sua morte. Com o mesmo cálice usado por Jesus na última ceia, José de Arimatéia recolhe o sangue sagrado que escorre pelo ferimento

3. Após sepultar o corpo de Cristo, José de Arimatéia é visto como seu discípulo e acaba preso, sendo recolhido a uma cela sem janelas. Todos os dias uma pomba se materializa no local e o alimenta com uma hóstia. Mesmo após ser libertado, Arimatéia decide fugir de Jerusalém e ruma para a atual Inglaterra na companhia de outros seguidores do cristianismo. Ele cruza a Europa levando o Graal

4. José de Arimatéia funda a primeira congregação cristã da Grã-Bretanha, onde se localiza a atual cidade de Glastonbury. Nos romances medievais, nessa mesma região ficava Avalon, o lugar mítico que guardaria depois o corpo do rei Artur. Arimatéia prepara uma linhagem de guardiães do Santo Graal, pois o cálice dá superpoderes a quem o possui. Seu primeiro sucessor nessa missão é seu próprio genro, Bron

5. Com o tempo, o Santo Graal e seus guardiães se perdem no anonimato. Quem tenta reencontrar o objeto é justamente o rei Artur, que tem uma visão indicando que só o cálice sagrado poderia salvar sua vida e também o seu reino de Camelot - que ficaria onde hoje há a cidade de Caerleon, no País de Gales. Leais companheiros de Artur, os cavaleiros da Távola Redonda saem em busca do cálice, sem jamais encontrá-lo


Monarca fictício Histórias sobre o rei Artur se popularizaram no século 12
 
A cultura celta foi o ponto de partida não só do mito sobre o cálice sagrado, como também do personagem que tornou o Santo Graal popular no mundo inteiro. A criação do lendário rei Artur pode ter sido inspirada num homem de verdade, um líder celta, que teria vivido na Inglaterra por volta do século 5. Mas foi só a partir do século 12 que os primeiros textos com as aventuras de Artur e sua busca pelo Graal fizeram sucesso.

 Formas imaginárias O objeto já foi descrito das mais diferentes maneiras
 
Simples e redondo
A primeira vez que ele aparece num romance medieval é em Le Conte du Graal ("O Conto do Graal"), do francês Chrétien de Troyes, no século 12. Ele é descrito não como um cálice, mas como uma tigela redonda e simples

Luxuoso e talhado
Em outros textos, que permanecem de autoria desconhecida e são datados entre os séculos 12 e 13, o Graal aparece na forma de um cálice bastante luxuoso, talhado em 144 facetas incrustadas de esmeraldas

Divino e intocável
Em The Queste Del Saint Graal ("A Busca do Santo Graal"), texto do século 13 creditado ao francês Robert de Boron, o cálice é descrito como um objeto divino sem forma. Somente alguém puro e casto poderia tocá-lo